The Boy With The Thorn In His Side escrita por KingTrick


Capítulo 14
Capítulo 13




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/234205/chapter/14

- Ryan? Ryan, acorda - A voz de Brendon invadiu meu cérebro e me tirou da escuridão do sono. Com certeza, ainda era muito cedo pra isso.

- O que foi? - Abri os olhos e me sentei na cama, pontos pretos atrapalhando minha visão. Com o tempo, eles sumiram, revelando Patrick Stump em um belo casaco cinza, calça escura e camisa azul claro, combinando com a cor de seus olhos. 

- Não lembra? Amanhã é a feira de Detroit, cabeça oca.

- Ninguém mais fala cabeça oca, Patrick. E eu já sei disso tudo.

- Então levanta essa bunda murcha dai e coloca um casaco porque a gente vai voar daqui a uma hora.

- O quê? Por quê? - Brendon grunhiu do meu lado, tão surpreso quanto eu com a notícia - Nosso voo é só à noite.

- Esse voo foi cancelado, George. Não me pergunte o porquê. Nós vamos agora. Andem, vocês têm vinte minutos pra se vestir, ou eu vou vir aqui e vesti-los eu mesmo. 

E assim, ele saiu, fechando a porta com violência. Dava para perceber que ele também não estava feliz com a abrupta mudança de planos. Brendon e eu levantamos imediatamente e nos vestimos o mais rápido possível. Eu acabei escolhendo uma camiseta listrada azul/amarela e calça marrom e Brendon, uma camisa social branca e jeans claros. Vestimos nossos - Meus, na verdade - casacos, arrumamos o cabelo e saímos do quarto. Patrick esperava por nós no corredor, Boris no colo. O cachorro usava uma colheira vermelha e parecia bem deprimido pela perda de sono.

- Vamos, pombinhos - Ele seguiu para a sala e nós o seguimos.Na sala, nossas malas já estavam postas próximas à porta, esperando. Pete comia o resto de um pacote de biscoitos no sofá, vestindo um hoodie preto, calça jeans e um par de tênis. Assim que ele terminou, saímos do apartamento.

O sol nem tinha saído quando pegamos o táxi para o aeroporto. O motorista era um antigo conhecido de Pete, que por sinal, nem Patrick nem eu conhecíamos, e parecia ainda ter a cama grudada nas costas. Temi pelas nossas vidas dentro daquele carro.

Chegamos ao aeroporto junto com os primeiros raios de Sol. Brendon e eu ficamos esperando enquanto Patrick e Pete faziam o check-in e davam cabo das malas. Brendon parecia agitado, ansioso e não conseguia ficar quieto na cadeira do saguão. 

- Brendon, quer ficar parado? Não aguento mais.

- Desculpa. Estou nervoso. Na última vez que eu andei de avião, eu vomitei e daí-

- Eu realmente não quero saber. De verdade.

- E você? Não está ansioso para falar com os seus fãs?

- Não.

- Ouch. Por quê? 

- Eu não gosto de atenção, Bren. Todas aquelas pessoas me deixam em pânico total. Sabe, a maioria dos meus pesadelos quando criança eram em estádios lotados. As pessoas falavam comigo, não, gritavam e chegavam cada vez mais perto de mim... Era horrível.

- Uau. M-mas... Eles só querem bater um papo com você; saber que você é real e se importa. Não acho que queiram te fazer mal.

- É o que Patrick diz.

- Ele está certo.

- Eu sei... É-é difícil, tá? Mas eu tento, juro.

Patrick e Pete finalmente chegaram e nossa conversa morreu ali. Ainda tinha tanta coisa minha que Brendon não sabia e que eu queria dividir com ele... Já foi difícil contar aquilo para Patrick, imagine agora. 

Nosso voo foi anunciado quase uma hora depois. Patrick tinha nos colocado em fila no avião, Brendon e eu e Pete e ele. Muito criativo.

Uma moça loira com uniforme azul marinho e batom vermelho-vivo anunciou que seria nossa aeromoça durante a viagem. Indicou todas as saídas de emergência e cumpriu todo o protocolo regular. Alguns minutos depois, começamos a nos mover. No mesmo instante, Brendon agarrou minha mão, que repousava em minha perna e apertou forte. Seus olhos estavam arregalados e o medo era legível em seu rosto. Cheguei o mais perto que os asentos permitiam dele e sussurei em seu ouvido que tudo ficaria bem. Senti-o relaxar um pouco, mas dava para ver que ele não estava bem. Seu rosto estava pálido e sua mão suava por cima da minha. 

Olhei para o lado do corredor e vi que Patrick tinha os fones nos ouvidos enquanto lia uma revista e Pete dormia tranquilo. A visão me deu uma ideia. Chamei a atenção de Brendon, que ainda mantinha o olhar assustado e indiquei os fones acima de nós. Com a mão livre, ele agarrou os dele e os puxou para baixo. Fiz o mesmo. 

- O que quer ouvir? Qual é a sua banda favorita?

- B-blink. Qualquer c-coisa deles serve.

A tela se acendeu na minha frente e eu procurei por alguma coisa que o fizesse relaxar. 

- Que tal? - Os primeiros riffs de Kaleidoscope eccoaram em minha mente. Brendon apenas sorriu, concordando com a cabeça. Sua mão ainda estava junto da minha, mas eu sentia que a tensão havia ido embora.

O resto da viagem foi tranquilo. Brendon conseguiu se acalmar e tudo ocorreu bem. Desenbarcamos em Detroit de madrugada e corremos para o hotel que a editora tinha reservado para mim. Nossos quartos eram vizinhos e, após desfazer nossas malas no guarda-roupa, Brendon e eu fomos para o quarto ao lado. Patrick e eu conversamos sobre assuntos aleatórios enquanto Pete e Brendon faziam jogos da velha em cima dos lençóis. O sol ainda não tinha saído.


                                                 --


Às nove em ponto, saímos do hotel e pegamos o ônibus da Fueled, que já esperava por nós, em direção à feira. Sentei junto à Gabriel Saporta, Brendon ao meu lado. Gabe, ou Gaybe (como o chamávamos pelas costas), estava elétrico. Ele era um dos mais polêmicos escritores da casa e tinha mais de mil processos nas costas, mas todos pareciam amá-lo.

De onde eu estava sentado dava para ter uma visão nítida de Patrick, que conversava com Bob Bryar. Bob era um cara legal. Não fazia mais parte da Fueled, mas continuava a ir a todas as convenções conosco. Ele fazia mais o meu tipo, reservado, sem muita paciência para festivais como esse. Apenas cumpria seu papel como uma peça qualquer do tabuleiro.

Pete estava ao lado de Patrick, olhando para a janela. Brendon segurava a minha mão, mas tinha atenção voltado para todos, menos à mim. Seus olhos brilhavam com todas aquelas pessoas em volta. 

Chegamos à feira uma hora e vinte e quatro minutos depois. O galpão onde ela estava sendo realizada era enorme - Pertencera a aeronáutica há alguns anos atrás. Milhares de pessoas esperavam a abertura das portas principais sentadas no chão, fantasiadas de seus personagens favoritos. Entramos pela porta dos fundos e caminhamos até o estande da Fueled. Nele, várias mesas de madeira estavam postas em pontos estratégicos e livros espalhados por todo o lugar. Patrick e eu nos acenamos para que Pete e Brendon saíssem - Eles teriam de ficar perambulando pelo lugar até que nosso horário terminasse - e nos sentamos lado a lado em uma das mesas ao fundo. Bob estava em pé próximo a nós, o crachá de visitante preso à blusa escura, olhando para Michael e Gerard Way, à nossa direita. À nossa frente, estavam Gabe e provavelmente Alex Suarez. À direita deles, Blake Harnage e Sierra Kusterbeck, a única garota da trupe e o novo diamante bruto da editora. Eu já tinha lido um artigo sobre ela onde a chamavam de "nova rainha de Marte". Nunca entendi isso direito.

Quarenta e dois minutos depois, ouvimos os gritos abafados se tornarem mais claros quando as portas se abriram. Minha garganta fez um nó e eu segurei a mão de Patrick, que estava distraído desenhando alguma coisa na mesa. Ele retribuiu o aperto e apenas sorriu para mim. Pessoas começaram a chegar ao nosso estande. Gabe ria como uma hiena e Sierra tirava várias fotos com crianças vestidas de alien. Ao nosso lado, Gerard desenhava para uma garota de cabelo verde e rosa.

De repente, um grupo de meninas chegou a nossa mesa. Patrick sorriu para todas e eu fiz o melhor que pude para acompanhá-lo. Assinei tudo o que colocaram na minha frente e tirei algumas fotos. Patrick fez um esboço meu e entregou para uma das garotas, que saiu do estande rindo. Aos poucos, fui me acostumando com os barulhos e as fotos. 

Outro grupo foi chegando e outro e outro e outro até o ponto em que eu não conseguia mais sentir minha mão. Patrick, por outro lado, a cada pessoa que passava por nós, perguntava se queria um desenho ou uma foto. Ele sorria para todos e todos sorriam para ele, hipnotizados. 

No final do dia, estávamos acabados. Patrick e eu fomos até a cantina pegar um lanche qualquer - Não tínhamos comido nada ainda. Pete e Brendon nos encontraram lá. Compramos quatro sanduíches e uma garrafa grande de suco e voltamos para o ônibus. Pete passou um braço pela cintura de Patrick e Brendon e eu apenas demos as mãos. O sol não estava mais no céu, mas seus raios alaranjados ainda brilhavam intensamente. Logo seria noite.

No ônibus, todos aproveitavam para almoçar e jantar em um silêncio cúmplice. Os irmãos Way dividiam uma fatia de bolo, Bob e Sierra, um pedaço de pizza; Gabe, Alex e Blake, uma caixa de biscoitos e nós três degustávamos nossos sanduíches de presunto - Nem sem o que Patrick colocou no dele. 

Voltamos para o hotel em silêncio. Trocamos desejos de boa-noite e entramos nos quartos. Brendon e eu trocamos de roupa e deitamos na cama, exaustos. Ele chegou perto de mim, apoiou a cabeça no meu peito e entrelaçou os dedos das nossas mãos, sorrindo. Não demorei para dormir.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!