Duo Reality escrita por Warfighter


Capítulo 14
Capítulo 13- Arsenal


Notas iniciais do capítulo

Dingle bells! Feliz natal pra vocês leitores lindos!
AHHHHH 3 RECOMENDAÇÕES! Agradecendo a Pamy que fez uma recomendação super fofa, a Camila, outra fofa e agradecendo DE NOVO a Gabriela, a primeira que recomendou.
EU AMO VOCÊS! Eu não imaginaria uma recomendação, imaginem três! Que loucura!
Enfim. Até eu gostei desse capítulo, então, espero que vocês gostem também XD, e o próximo eu só posto depois do ano novo (e meu aniversário também! Parabéns pra mim XD)
Sem mais delongas, aproveitem a leitura!!! :333



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/231595/chapter/14

Capítulo 13

Arsenal


A meu ver, o laser foi cortando o ar, dirigindo-se ao coração de Thomas em câmera lenta. Porém, este também devia estar enxergando assim, porque conseguiu se desviar um pouquinho, o suficiente para o laser não atingir seu peito, e sim seu ombro, criando um pequeno buraco no paletó – e certamente em sua carne.

Thomas cambaleou enquanto soltava um grito lancinante. Sorri, para parar no segundo seguinte.

Ele se endireitou, e me lançou um olhar penetrante juntamente com um largo sorriso de tubarão.

O furo rosado no ombro do homem foi clareando, pedaços de pele pálida cresceram e taparam-no completamente.

Insanidade. Insanidade era o nome perfeito para se dar a aquela coisa.

– Não esperava por isso não é Dan? - gargalhou doentiamente, enquanto caçoava de meu apelido.

A pele dele se reconstruía. Isso fazia dele imortal? Não. Impossível. Até o rico e tecnológico governo norte tinha seus limites.

Não deixei de notar que Thomas tinha inúmeras semelhanças com Robert. A pele cadavérica, alvíssima; o cabelo platinado - praticamente combinando com a pele; os olhos profundamente negros. Coloquei de lado a simples ideia de serem parentes, porque, apesar de seus “tons” serem parecidos, os dois tinham rostos e personalidades completamente opostas: Robert possuía uma expressão serena, humana. Já Thomas.... mais me parecia uma máquina psicopata. Me lembrar do outro me fez desejar no âmago da minha alma que ele e Millie estivessem bem, ou, pelo menos, em segurança.

Meus devaneios foram interrompidos pela metralhadora de Sarah. Ela atirou incontáveis vezes – o suficiente para matar uma pessoa comum – na barriga de Thomas.

– Traidora! - ele rugia enquanto mais fachos de luz o deterioravam.

A despeito dos ferimentos se curarem praticamente instantaneamente, vi que ele sentia a dor – a pior de todas – diretamente em sua pele. Sabia qual era a sensação. E também concluí que ele perderia a consciência logo.

E estava certo. Com um último gemido, Thomas fraquejou no chão.

– Então quer dizer que o fascínio dela por pernas é só comigo... - falei, em sussurro, quase em pensamento.

Por mais baixo que minha voz tenha se proferido, Sarah captou o som, olhou para mim e levantou um pouco os lábios – vestígios de algo que um dia foi um sorriso.

O chão xadrez preto e branco que outrora estava impecavelmente limpo e reluzente, agora estava com respingos de um líquido avermelhado que certamente saíra de Thomas.

Sangue? Parecia. Entretanto, era meio esquisito, bizarro.

Mas as bizarrices e esquisitices já haviam se tornado corriqueiras para mim há muito tempo.

Me dei conta de que Travis havia saído dali, provavelmente fugindo de toda aquela confusão. Talvez estivesse conseguindo libertar sua mente, afinal.

Ou desenhistas simplesmente não gostam de batalhas.

Sarah leu a minha expressão – ou quem sabe, minha mente.

– Ele está bem – disse ela – vai ficar.

Era mágico ouvir sua voz. Mesmo sendo um pouco fria e metálica, típica de combatente, era como uma sereia das histórias que meu pai contava: me puxava para si, cada vez mais.

– Temos que sair daqui – ela alertou. - você tem uma arma?

Dei um sorrisinho lhano.
     – O governo confiscou minha mochila. - confessei – pena que, - coloquei minha mão em um bolso – eles não revistaram meus bolsos.

Sarah me encarou.

– E por que deixou-se ser torturado quando podia ter explodido tudo?

Boa pergunta. Mas, subitamente, a voz de Millie invadiu meus ouvidos: “Não são de longo alcance, nem muito mortíferas.” A frase se repetia.

Retirei a pistola do bolso e mostrei-a a garota.

– A única coisa que conseguiria com isso seriam mais problemas. - falei.

– Se é que isso é possível, Daniel. - ela falou, quase que para si mesma – Temos que ir ao depósito de armas – dessa vez em alto e bom som.

Ignorei o último pedaço da frase.

– Sabe o meu nome? - não pude esconder a alegria e a surpresa.

Ela ruborizou.

– Daniel Dessman. Qualquer um nesse prédio sabe quem você é. Digamos que... você seja o típico encrenqueiro.

Dessa vez foi o meu rosto que ficou escarlate.

– Vamos logo. - disse, para minha admiração. Contudo, em vez de se virar em direção a saída, foi direto à máquina que Travis mexera outrora.

Minhas memórias! Ela não faria isso, faria? Senti minha face esquentar pela milésima vez.

Mas ao contrário das minhas expectativas, Sarah não assistiu minhas lembranças. A garota fechou o programa rapidamente, digitou algo que eu não compreendi muito bem – talvez uma senha de acesso – e uma fitinha fina saiu.

Sarah jogou-a para mim. De lado era quase invisível, mas parecia incrivelmente resistente.

– Fique com você. Quem sabe aquele babaca não tenha enviado as informações para o sistema.

Deduzi que ela tinha problemas com Thomas, e do jeito que as coisas aconteceram, também havia passado a ter.

– Quanto ódio no coração. - brinquei. Mas notei um pingo de seriedade em minha própria voz.

– Ele só é um fantoche desse lugar que chamamos de lar. - disse, com visível raiva.

– Exatamente como... - desisti de terminar a frase. Mas o erro já fora feito.

– Sim. Exatamente como eu. Mas você, que é inteligente, já deve ter percebido que eu não sou uma voluntária.– seu olhar me fuzilava.

Fiquei envergonhado. Como pudera ter sido tão absurdamente ignorante? Aquilo ali não fora escolha dela. O que fez-me lembrar de Pablo. Ele disse que ela estava se desvencilhando, conseguindo, aos poucos, driblar o chip. Admirei-a por um segundo: ela realmente estava obtendo liberdade.

Eu iria lhe murmurar um pedido de desculpas, mas ela já estava no acesso do cômodo, espiando, para ver se podíamos sair. Contemplei seu longo e brilhante cabelo negro, cuidadosamente penteado e preso em um rabo de cavalo que escorria graciosamente por suas costas.

Ela era mais linda que a melhor imagem que meus sonhos podiam formar.

Sua cabeça se virou repentinamente na minha direção, me analisando com seus grandes olhos esmeralda.

– A barra tá limpa. - começou – o problema é que a sala de armas é no piso 5 negativo.

Deveria significar que era subterrâneo. A pergunta era: em qual estávamos?

– Em que nível estamos? - perguntei me sentindo mal por meu desconhecimento e inutilidade.

Sarah suspirou.

– 7 positivo.

12 andares. 12 andares para descer em um lugar onde todos te conhecem e querem te prender.

– Se usássemos Duo Reality... - comecei.

– Seríamos rastreados. - falou ela, ao mesmo tempo que eu.

De repente, tive uma ideia. Não era infalível, mas talvez, fosse a melhor que tivéssemos.

– Em que piso está a energia? - perguntei

– 8, acho. Sala B. - respondeu, sem entender muito aonde eu queria chegar.

Apenas um acima! Perfeito.

– Vocês com certeza tem elevadores aqui, não é?

– Mas é claro! - assentiu – só que para apenas pessoas com cartão.

– E você não o possui? - indaguei.

– Digamos que... eu tenha perdido o direito de usá-lo.

Era exatamente o que eu queria ouvir. Não que Sarah havia perdido o cartão por motivos desconhecidos – talvez eu lhe questionasse sobre isso em uma hora mais calma – mas sim, o fato de existirem os tais cartões.

– Daniel, o que exatamente você quer fazer? - meus pensamentos foram interrompidos

– É simples. - disse eu. - Subimos de escada até o nível 8, sala B. Cortamos a energia dos leitores de cartões de acesso. Abrimos o elevador dessa sala mesmo. Entramos, descemos até o 5 negativo e pronto! - terminei orgulhoso.

– Eu não chamaria isso de simples, mas já estive em missões muito mais complicadas. Mas... essa sala é estritamente vigiada. Não pode simplesmente entrar e cortar a energia. Além de que, tem as chaves de potência para todos os 20 andares – 15 positivos e 5 negativos – e todas os 500 cômodos do edifício. Não vai ser nada fácil.

Desabei internamente. Não era simples. Era complicadíssimo. Como se eu estivesse hackeando o norte inteiro.

– É o melhor que temos, creio eu. - disse, desanimado.

– Então melhor irmos. - foi sua surpreendente resposta.

Assenti com a cabeça. Ela abriu a pesada porta devagar, como se estivesse movendo um pena. Consegui ver a escada de subida. Estava alinhada exatamente em nossa frente.

Do outro lado de um corredor de 20 metros de largura.

Era desalentador.

Mas tarde demais para desistir.

Porque quando dei por mim, Sarah já estava no segundo degrau.

Com pressa para alcançá-la, atravessei o corredor sem quase nenhuma cautela, apenas devagar o suficiente para meus passos não fazerem barulho.

– Ei! - ouvi uma voz masculina – Ei! Quem é você?

– Ah, droga. - xinguei baixinho. Pelo menos a pessoa não sabia quem eu era. Por enquanto. Vi a cara de pavor de Sarah do outro lado.

Me virei e dei de cara com um... menino. Seus cabelos eram verde claro e seus olhos, rosados. Ele se parecia com aqueles desenhos que não existiam há séculos...

Recordei-me de Pablo e não me deixei enganar: o menino podia ter 50 anos.

– Me desculpe. - disse eu, retirando devagar e com discrição, a pistola do bolso.

– Pelo quê? - ele me perguntou nervoso. Jordan? Acho que sim. Bom, me desculpa Jordan. Talvez ele realmente fosse um menino. Conseguia ouvir o tremelicar de sua voz.

– Por atirar em você. - e atirei em sua perna. Talvez a técnica de Sarah não fosse tão ruim, afinal.

Ele gritava e me olhava com horror, como se dissesse: “que tipo de monstro é você?” Respondi-lhe mentalmente: “Não sou pior do que o lugar onde você trabalha, acredite.” E em seguida, juntei-me a Sarah, e fomos subindo, até não ouvirmos mais nenhum som.

– Acho que ninguém te disse, mas, você tem que olhar para os dois lados antes de atravessar. -falou sarcástica.

– Sarah... eu...

– Se lembra do meu nome? - ela parou e olhou para mim com um brilho esperançoso nos olhos.

– Mas é claro que sim! Pode não parecer, mas descobri-o faz alguns dias – respondi, um pouco confuso. Do que ela estava falando?

– Tem razão. O tempo passa... rápido.

Subimos o resto dos degraus em um constrangedor e absoluto silêncio.

Nos abaixamos quando a nauseante luz começou a assomar-se. Não podíamos ficar ali por muito tempo, alguma hora, alguém iria querer descer e nos viria.

Na frente da escada, a sala A repousava. E a seu lado, sala B.

Com Alexander Jackson de guarda.

– Posso matá-lo? - perguntei a Sarah.

– Se você se cansou de viver e eu me arrisquei por nada, sim, siga em frente.

Arquejei.

– Então, o que sugere? - indaguei meio de mal humor.

Ela se levantou e lançou-me um olhar que dizia para deixar por conta dela.

A garota se aproximou de Jackson, enlaçou seu pescoço com as duas mãos e sussurrou-lhe algo ao pé do ouvido. De alguma forma, ele entrou magicamente com ela na sala A, sem resistir, na verdade, de muita boa vontade.

Tive vontade de vomitar. Não entendi o porquê, mas a simples ideia de Sarah com aquele homem asqueroso me enojou.

Para a minha felicidade – ou preocupação – ouvi o baque surdo de um corpo caindo molemente no chão. Toda a tensão se esvaiu quando vi Sarah, saindo imponente e discreta.

– Venha – ela sinalizou.

A entrada da sala B se abriu facilmente. E por que não deveria? Jackson era grande, corpulento e intimidador. Mas não era forte o suficiente para resistir aos encantos de Sarah.

O lugar era enorme. Muito maior do que qualquer um podia explicar. Senti o cheiro de armadilhas, botões falsos que podiam acionar outras armadilhas e por aí vai. Como se lesse meus pensamentos, Sarah disse:

– Não avisei?

Vários botões a amostra. Mas não deveria ser tão fácil. Nada ali era.

Um holograma situava-se ao fundo. Um código complicadíssimo passava pela tela.

– Isso é com você. - disse Sarah.

Era mesmo. Eu já havia visto aquele código... vasculhei minha mente e soube: a primeira vez que jogara com Victor. Mas qual era o macete?

“Como fez isso?” Victor me perguntava ansioso. Eu ria.

“É muito fácil.” dizia eu. “É só...”

É só copiar o código e colar embaixo! Então o sistema não conseguia ler e travava, exibindo os comandos originais!

Minha memória não estava tão ruim. Copiei o código, e a enorme mesa de botões coloridos foi substituída por uma bem menor, no centro do lugar.

“Corredor 8” estava escrito em baixo de um enorme botão vermelho.

Apertei-o.

– Boa ideia. - elogiou Sarah. E dessa vez, não era sarcasmo.

Os leitores de cartões estavam mais longe, com muitos botões, várias vezes menores.

Apertei o que estava escrito: “todos os andares”

– Só falta o elevador... - eu repetia, enquanto procurava o último necessário para concretizar o plano.

De supetão, ouvi algo vindo dos alto-falantes do corredor.

– Houve uma queda de energia no andar 8, mas a fonte foi detectada, e já há uma equipe de suporte mandada para resolver o problema. Obrigado.

Sarah e eu nos olhamos, com medo, apavorados. Onde estava a porcaria do botão?

– Ali! - apontou ela, com aparente desespero, se fôssemos pegos, já era.

Com um soco vindo de meu punho, o botão desceu, e nós abrimos a porta.

Tudo escuro, a não ser pela pequena fonte de luz vinda de dentro do elevador.

Ouvimos passos e vozes na escada de subida:

– Não acredito que temos que subir tudo isso! Além de não ter energia no 8, os cartões não funcionam! Juro, que quando encontrar o Jackson, o matarei com minhas próprias mãos. - uma mulher falava. Os outros a apoiavam e concordavam.

– Me dê a mão. - era Sarah.

Relutante, segurei-a e corremos como nunca, atravessando o corredor escuro como breu, e em linha reta, até nosso único meio de transporte ali.

Entramos, e antes das portas de metal se fecharem, vi uma garota – mais ou menos da minha idade – no meio do escuro, com olhos prata e cabelos assustadoramente combinando, me encarando, como um lobo faminto e selvagem.

Eu e Sarah nos sentamos no chão emborrachado do elevador. Respirávamos ofegantes e não conseguíamos falar uma palavra sequer. Só quando a porta se abriu, que percebemos que ainda estávamos de mãos dadas.

Ambos coramos, e com o olhar, decidimos esquecer.

O 5 negativo estava totalmente vazio –todos preocupados demais com a queda de energia no 8 – e podemos andar devagar e recuperar nossas forças e fôlego.

Depois de tanto esforço, o prêmio: a sala de armas.

Quando entrei, me deparei com o maior arsenal que já vira em toda a minha vida. O sonho de qualquer gamer como eu. Uma criança na loja de doces.

O problema era que tudo ali era mais que real.

Sarah observava todas as límpidas estantes brancas com um ar profissional. Escolheu uma metralhadora que estava bem no alto, era grande e medonha.

– Sempre quis essa. - confessou para mim.

Mas minha atenção estava direcionada para a última prateleira de todas, no fundo da sala. Letras garrafais ostentavam e formavam a palavra: “ÁCIDO”

Caminhei quase flutuando até ela, e peguei-a com todo o cuidado do mundo.

Segurei a pistola, que encaixava perfeitamente em meus dedos, como se tivesse sido feita para mim.

– Ácido? Tem certeza? - indagou Sarah.

Sorri.

– Todo mundo tem um ponto fraco, não é?




Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gostaram? -pedrada-
Bom, uma coisa aqui. Não sei se vocês vão ler, mas não custa tentar né? XD
Eu queria ter um nome especial pra vocês, por exemplo: quem lê Harry Potter é potterhead, Percy Jackson, demigod, Jogos Vorazes ,tributo e pr aí vai... sou pouco criativa,então o que VOCÊS acham? como devem ser chamados?
Beijooos e até a próxima!