Duo Reality escrita por Warfighter


Capítulo 15
Capítulo 14- Reviravolta


Notas iniciais do capítulo

Olá Realitycs! (obrigada aos lindos: Alice e Mateus por terem sugerido esse mesmo nome :*)
Mais um capítulo pra vocês!
MEU DEUS! 4 RECOMENDAÇÕES E 100 COMENTÁRIOS! Super obrigada especial a Just Me, pela recomendação linda!
Eu nunca imaginei isso! Obrigada a todos! -abraça vocês-
PS: as reclamações do Daniel em relação a sua própria sorte são inspiradas em um review antigo do Mateus, que dizia que Daniel deve ter nascido sendo puxado pelo pé esquerdo. E é verdade!
PSS: To vendo que tem uns fantasminhas por aí! Não se acanhem! Apareçam! Sorriam! Deixem um review! XD
Bom. Chega. BOA LEITURA PESSOAL!



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Capítulo 14

Reviravolta


Sarah era inteligente: percebeu muito bem o que eu queria dizer.

Queria destruir Thomas completamente.

E talvez, Jackson.

Mas principalmente Thomas.

O laser podia ferir a sua pele, podia lhe causar a pior dor de todas.

Só que o ácido poderia exterminar as partes de sus corpo, matando-o e o eliminando completamente.

Pelo menos, era isso que eu esperava.

– Hum... você está bem? - Sarah me perguntou hesitante.

Olhei meu reflexo no cano argênteo de meu revólver.

Não. Eu não estava bem. Aquele não era Daniel Dessman. Não era Dan.

Meus olhos castanhos estavam brilhantes, meu sorriso – eu estava sorrindo? - era demente e assustador.

Semelhante a um encanto – como se ele se quebrasse quando eu percebesse o que estava acontecendo – meu rosto voltou a ser familiar. As feições foram se suavizando e o sorriso se desfez, deixando em seu lugar a expressão com a qual eu realmente estava: medo.
Toquei minha pele clara e gélida com dois dedos e percorri toda a sua extensão. O que fora aquilo?

Olhava Sarah de relance e percebi que ela parecia estar com mais medo do que eu.

Mas por quê? Ela já deveria ter se acostumado com coisas horripilantes – e eu nem estava tão medonho assim.

– Sarah? - chamei.

– Eles conseguiram. - sua voz tremia.

– O quê? - perguntei, apesar de já ter uma leve ideia. E não era nada bom.

Ela não prestou muita atenção.

– Eles conseguiram. - repetiu – Thomas não é tão burro como pensei – sua voz soou baixinho.

Não. Não podia ser.

– Quer dizer que... - eu comecei, um pouco aflito pelo que viria a seguir.

Sarah me agarrou pelos ombros e me chacoalhou.

– Quer dizer que Thomas mandou suas memórias ao sistema. Quer dizer, que alguém soube que nós fomos os responsáveis pela queda de energia. Quer dizer que tem alguém manipulando suas lembranças e seu cérebro. E isso não vai parar até sairmos daqui. Entendeu?

A imagem da garota prateada me veio a cabeça.

Droga.

Por que será que eu sempre me ferro?

– E o que eu posso fazer? – interpelei desanimado.

Ela me olhou nos olhos.

– Evite o seu reflexo.

Não seria tão difícil. Eu já estava começando a evitá-lo, não queria ver meu rosto sujo, triste e amedrontado. Não queria afrontar – literalmente – a realidade.

– Então é melhor sairmos, não é? - indaguei.

– Tenho uma ideia melhor. - falou ela, com uma tentativa de sorriso – vamos acabar com quem está fazendo isso com você. Aí sim, poderemos sair em paz.

– E você sabe quem é? - inquiri esperançoso.

Sarah ciciou.

– Não. Mas tenho meus palpites.

Ficamos um pouco taciturnos, enquanto procurávamos por mochilas e munição.

Abri com um pouco de dificuldade um armário alto cinza chumbo e vi dezenas de contentores de um líquido verde amarelado, quase âmbar.

Ácido.

Peguei alguns deles e acostei-os delicadamente de encontro ao chão de azulejos luzidios. Eram pesados, não podia ficar segurando. E se quebrassem? Não, obrigado.

Sarah apareceu e me arremessou uma mochila negra, muto parecida com a que Millie havia me entregado em sua casa.

– Recuperei sua mochila, estava escondida bem aqui – apontou ela, atendendo às minhas expectativas. - e acho que não seria saudável você ficar com uma das bolsas dos combatentes.

Olhei para a que estava em suas mãos. Era cromada, como os uniformes.

Ou seja, criavam reflexos.

Não era para mim.

Abri a minha, e percebi que não haveria espaço para todos os cilindros de ácido. Talvez eu tivesse que tirar alguns suprimentos dali. Entrevi alguns pãezinhos, água, geleias, e frutas desidratadas. Pra quê desperdiçar?

– Quer comer? - perguntei a Sarah. Não me importei com o fato de querer me alimentar em um momento crítico como aquele.

Ela olhou para mim com um semblante melancólico.

– Não preciso comer. Nunca.

O amarelo é energia.” Lembrei-me do que Robert dissera.

– Mas você deve sentir saudade do gosto, não é? - perguntei.

– Sinto saudade de muitas coisas, Daniel.

– Que tal tirar um item da lista? - disse eu, me sentando no chão frio, ao lado da mochila e dos tubos de ácido.

Finalmente ela havia cedido. Se posicionou de pernas cruzadas ao meu lado.

– Sabe, Daniel, é meio imprudente querer comer em uma hora dessas – alertou enquanto passava geleia de morango em uma torrada.

– É necessário. - expliquei, levando um pouco de água à minha boca seca – senão os cilindros não cabem na bolsa.

Ela não respondeu. Percebi que ela estava entretida demais em seu lanche. Eu também estaria, se fosse ela. Quanto tempo sem uma refeição sequer? Tentei calcular: por seu rosto, ela parecia um pouco mais nova; mas sua fala e experiência não enganavam: ela devia ter minha idade e ser combatente há pouco mais de um ano.

Me imaginei sem nada no estômago durante trezentos e sessenta e cinco dias. Não sentiria fome, é claro. Teria um chip para cuidar disso.

Mas eu troca, teria um para cuidar dos meus pensamentos.

Meu transe foi interrompido subitamente. Reparei que Sarah olhava para mim com curiosidade e nossos rostos estavam perto demais.

Nos afastamos um do outro rápida e envergonhadamente.

– Hum... acho que já tem espaço suficiente, não é mesmo? - disse ela tentando cortar o constrangedor momento.

Consenti com a cabeça e fui apanhar os contentores.

Tudo aconteceu demasiado rápido: era o último, minhas mãos estavam escorregadias, e eu já estava um pouco cansado.

O tubo caiu de minhas mãos, indo de encontro ao chão rígido. Parecia que não iria acontecer nada. Parecia, que eu tinha dado sorte.

O problema era que sorte nunca fora meu sobrenome.

Começou na base. Uma linha fina e branca, que foi ficando cada vez mais longa. Percorreu toda a extensão do cilindro, criando muitas ramificações.

E de repente, quebrou.

Ao contrário do que eu pensava, aquilo era como melado, e se espalhava vagarosamente pelo plano.

Ele começou a borbulhar, como se fervesse, e a corroer, destruir o piso.

Então vieram as sirenes.

Sarah bufou.

Você não para? Tome. - ela me deu a minha mochila, já fechada. - E lembre-se: nada de reflexos!

Assenti e me dei conta de que ela tinha razão. Eu era um encrenqueiro.

Saímos pela porta, sem nos importar com o que estaria do outro lado. O que entrasse em nosso caminho, aniquilaríamos.

Era um pensamento meio sanguinário, mas e daí? Nossas fichas não estavam mais limpas há muito tempo.

Incrivelmente, não tivemos problemas em relação a isso. Quando viram nossas armas – a mais moderna das metralhadoras e uma pistola de ácido altamente corrosivo – os combatentes correram para as escadas, e saídas de emergência. Menos uma.

A garota prateada.

– Ora... se não é Sarah Noir defendendo o namoradinho... Que fofura! - disse com a voz carregada de sarcasmo – pena que eu não gosto de fofuras.

Então sacou o inesperado: um espelho.

Não teve jeito. Estava na minha frente e não consegui me desviar a tempo.

Todos eles. Todas as pessoas de quem eu gostava – Robert, Millie, Sarah, Victor, Seb, minha mãe e até mesmo meu pai. - conversavam juntos, riam, se divertiam. E, de repente, uma chuva de puro ácido começou a cair. Eles pediram por socorro, agonizam, soltavam gritos agudos e lancinantes.

Daniel” todos repetiam no mesmo tom, ao mesmo tempo.

E seus ossos começaram aos poucos, a aparecer, e o ácido se espalhando cada vez mais por seus corpos.

Recebi um tapa na cara.

Toquei meu rosto quente e suado. Ouvi um murmúrio de desculpas vindo de Sarah.

– Maldita! - a prateada gritou – estava quase lá!

– É uma pena, não é Feather? - disse Sarah, rindo de seu próprio trocadilho.

– O quê? - gargalhou debochadamente.

– Que eles deram supervelocidade a mim, e não a você... - Ela já estava atrás de Feather tirando sua consciência com uma coronhada apenas.

Andei até minha companheira.

– Vamos matá-la?

Sarah olhou bem a garota. Refletiu rapidamente.

– Não. Deixe-a aí.

Ela deveria ter algo com a garota prateada. Amigas? Não fazia ideia. Ela não queria eliminá-la e deveria ter um bom motivo para tal.

– Vamos à Thomas agora? - indaguei, já sorrindo.

– Acho que devíamos deixar sua vingança de lado, pelo menos por enquanto. - respondeu-me.

Fiquei um pouco decepcionado, mas que a verdade seja dita: não estava em condições para um combate com Thomas.

– Então para onde vamos? - lhe perguntei, como uma criança ansiosa.

Sarah enrolou algumas mechas negras de seu cabelo no dedo e pensou por uns dois minutos.

– Quem estaria controlando sua memórias? Thomas seria óbvio. Travis, igualmente. Combatentes não tem preparo. Só nos resta uma pessoa.

– Quem? - perguntei curioso.

Ela respirou fundo.

– Steven. - disse por fim.

O governante do norte. Quem mais seria? Cada divisão tinha seu próprio, mas quem se preocuparia com o sul? Talita era o nome dela. Não tínhamos armas, o que faríamos? Atiraríamos melancias?

O centro tinha mais poder. Podia fazer bombas biológicas, mesmo sendo proibido manter doenças em laboratório.

Mas o norte? Era outra história. Era Steven. Era o homem que estava me torturando psicologicamente.

Era o homem que eu iria confrontar.

– Em que andar é o escritório dele? - perguntei.

– Hum, por questões de segurança... - ela começou.

– Fale logo. - cortei.

– Bom, - suspirou – é nesse.

E não tinham guardas? A sala do homem mais poderoso do lado ocidental era assim? “Entrem, por favor! Querem um biscoito?”

Sarah foi andando na minha frente até o fim do corredor. Disse-me que não havia problema: a sala dele era antirruídos.

Quando chegamos a entrada, recomendou:

– Destrua a máquina. Eu cuido dele.

Concordei silenciosamente. E, com um chute vindo das fortes pernas de Sarah, a porta se abriu com um estrondo.

A sala era grande, mas não majestosa. Steven era alto e negro, com os cabelos cortados rente a cabeça. Estava no lado oposto, e a máquina, convenientemente perto de mim.

O ácido jorrou livremente por cima do aparelho, fazendo-o virar uma pilha de circuitos corroídos em segundos.

Sarah falava com Steven, e ele sorria. Não conseguia ouvir nada, parecia que sussurravam algo.

Por que ela o fazia?

Subitamente, ela estava parada na minha frente.

Mas, não parecia ela. Seus olhos estavam em um tom de verde mais profundo e brilhante, como se cintilassem. Seu rosto estava tomado por uma expressão peculiar.

– Eu tenho que concluir o meu verdadeiro objetivo – disse ela, olhando firmemente para mim.

– E qual é? - perguntei, devolvendo-lhe o o olhar.

Ela sorriu psicoticamente.

– Te matar.


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Notas finais do capítulo

BAM! Acho que ninguém esperava por essa XD
E aí? o que acharam da Feather? -nova personagem, amo-
Ah, eu mudei a censura pra 16, porque sei lá, minha irmã me disse que tava meio agressivo XD
Enfim. Vejo vocês nos reviews!