Zayn:

Subi e arrumei minhas coisas. No quarto ao lado ouvia os baixos soluços de Manuela. Partiu meu coração.

“Preciso ir para Bradford amanha. Não sei quando volto. Boa noite. Beijos Xx Zayn.”

“Bradford? Mais por quê? Xx Perrie.”

“Problemas. Não se preocupe. Não são comigo. Mais aproveito e vejo minha família.”

“Manuela? Boa viagem. Beijos.”

“É, as coisas andam meio complicadas demais para ela e ela precisa de mim.”

“Sei, eu já percebi. Vocês andam precisando demais um do outro.”

“Vai começar com ciuminho bobo é? Nem para me entender.”

“Tem razão. Eu não entendo mesmo. E depois quem fica com fama sou eu. De verdade Zayn? Já mal gostavam de mim. Ai os boatos apareceram e parece que esse ódio das suas directioners só aumentou. Por que ainda insistimos nisso?”

“Quem reforçou os boatos foi você. Andando de mãos dadas com seu amiguinho lá. Acha que nunca me julgaram, me disseram que você estava me traindo, mais eu me forcei a acreditar em você. E você sempre soube que a Manuela é como uma IRMÃ para mim.”

“O Sam é GAY. Que droga. E acha que nunca disseram para mim que você me traia com ELA? Não se esqueça Zayn que vocês não são irmãos de sangue.”

Não respondi mais. Fui dormir.

–Zayn anda logo, a mãe dela já está esperando vocês! – Louis me chacoalhava.

–Que merda, para com isso.

–Anda logo. Ela tá lá embaixo esperando vocês.

–E a Manuela?

–Parece estar melhor. Acabei de acorda-la. – Assenti e fui correndo tomar um banho. Não fiz o “ritual” com o meu cabelo. Desci. Manuela ainda não estava lá.

–Bom dia Zayn.

–Bom dia, Helena. – Meia hora depois eu vi Manuela descer as escadas.

–Você está bem?

–Estou. Desculpe-me por ontem. – Me abraçou. Nós entramos no carro e partimos.

(...)

–Bem, eu tenho que ir. Vou perder meu voo. – Manuela a abraçou forte.

–Eu te amo mãe.

–Te amo também filha. Adeus Zayn. – Lhe dei um abraço e a vimos partir.

–O que quer fazer? Estamos aqui a algumas horas, você não fez nada.

–Vem, eu quero procurar uma coisa. – Me arrastou até o sótão. Sentamos-nos no chão, abrimos livros velhos, encontramos discos de vinil que talvez nem funcionassem mais, uma vitrola, um violão que talvez o pertencesse quando tinha a nossa idade. Documentos, cartas de amor que me fizeram rir. A vi pegar um livro.

“Dádivas de uma monótona vida.” – Sorriu.

–Ouça isso.

“Quando se encontra algo como eu encontrei? Nunca. Helena estava maravilhosamente bela. Sentada na última mesa naquele salão de baile. Meu coração bateu fortemente, escondi minhas mãos trêmulas no bolso para que não percebesse meu nervosismo. ‘Você está linda.’ Sorriu com o meu elogio. Me desconcentrei por alguns instantes naqueles belíssimos lábios bem vermelhos pelo batom. ‘Não gostaria de dançar?’ Assentiu. Assim que chegamos ao centro do salão Love Me Do - The Beatles começou a tocar. Seus braços envolveram meu pescoço e minha mão a sua cintura, nossos pés dançavam no mesmo ritmo. Ela fechou os olhos e reencostou a cabeça em meu ombro. Foi ai que eu percebi que aquela mulher seria minha. Pelo resto da minha vida. Eu estava apaixonado. Apaixonado por Helena Frazzen.”

–Uau. – Ela sorriu. – Eles eram assim? – Negou com a cabeça.

–Alguma coisa aconteceu. Tem mais. – Folheou um pouco antes de parar.

“O dia mais feliz da minha vida foi hoje. Ela de branco, eu a esperava, em cima do altar. E fomos abençoados. O sim me tirou do rosto o maior sorriso que eu já dera, e ela me fez o homem mais feliz do mundo. Ela dorme tranquila ao meu lado, meu amor, meu anjo, pela primeira vez nesses últimos anos eu a tenho só para mim, sozinha, sendo minha.”

–Eles... – Não acreditei.

–Talvez o amor fosse mais forte que a vontade daquilo, minha mãe sempre foi clichê com essas coisas também, lendo romances do século quinze como fazia.

“Olhei pelo vidro. Linda, lindos, tão pequenos, indefesos, meus filhos. FILHOS, presentes desse bom Deus para mim, para me fazer mais feliz do que eu já mais me imaginara ser. Duas pequenas sementinhas. Manuela e Josh. Gêmeos, lindos, perfeitos, dormiam nos braços da bela mãe tranquilos, nada os tocaria, nada de mal acontecerá com eles, não se eu puder evitar.”

Lágrimas corriam pelo seu rosto.

–Pode ler para mim? – Me entregou o caderno.

“Esta noite meu príncipe virou anjo. Está melhor que eu estou com certeza, eu não tenho o que dizer. Verdadeiras palavras de conforto para me segurar. Ainda tenho Manuela, o que vai me fazer querer viver por mais um tempo. E ao mesmo tempo que eu recebo a noticia que meu filho não estará mais ao meu lado, eu acabo por descobrir que também estou prestes a ir.”

–Zayn... Ele sabia? Sabia que ia morrer? – Assenti levemente com a cabeça. Ela se deitou no chão empoeirado e ali ficou. Eu desci correndo, peguei o violão que havia no quarto de Josh.

–O que está fazendo?

–Espere. – Eu o afinei.

(http://www.youtube.com/watch?v=7hZpo1ZJDxM&feature=related)

– A drop in the ocean

A change in the weather

I was praying

That you and me

Might end up together

It's like wishing for rain

As I stand in the desert

But I'm holding you

Closer than most

'Cause you are my heaven

Ela deu um fraco sorisso e continuou:

– I don't wanna

Waste the weekend

If you don't love me

Pretend

A few more hours

Then it's time to go

As my train rolls down

The East coast

I wonder how

You'll keep warm

It's too late to cry

Too broken to move on (…)

Eu terminei de cantar. Quando vi ela havia adormecido. A levei até o seu quarto.

Acordei, ela não estava no quarto. Desci. A encontrei com uma xícara de chá na cozinha.

–Eu estou indo ao cemitério. – Apenas assenti. Subi e me troquei rapidamente.

(...)

Ela parou em frente á uma lápide.

–Parece tão... Bom, estar ai. – Gelei.

–Manuela...

–Zayn, me deixe sozinha.

–Não está falando sério não é?

–E se estiver? Você virá com aquelas palavras clichês de que precisa de mim, de que tudo vai ficar bem, mais nunca fica, no ultimo mês, nos últimos anos, tudo o que eu tenho procurado é um sentido para a minha vida, eu não quero palavras bonitinhas Zayn, eu só não quero mais palavras nenhumas, o que vai acontecer? Eu vou viver baseada no fato de que um dia tudo vai mudar, que eu vou ser feliz, mais só de imaginar... Zayn, sabe o quanto dói saber que as pessoas que eu mais amo na vida estão indo embora sem se importar com a minha dor? E se você for embora? E se a minha mãe, se os meninos... Deus o que eu estou dizendo? Me deixe sozinha Zayn, por favor. – Eu sentia lágrimas pelo meu rosto.

Manuela:

Encontrar um sentido para viver. Seu pai está morto. Seu irmão está morto. Sua mãe se foi. O amor da sua vida erra e espera que você corra atrás dele. ÓTIMO. Será que mais alguma coisa de ruim poderia acontecer? Vi Zayn seguir em direção ao carro e ficar lá, sem dar a partida. Apoiando a cabeça no volante. Minhas palavras deviam te-lo machucado. Me sentei de frente á lápide.

Frederick Frazzen. – 18-02-1960 Á 22-07-2012

Joshua Frazzen – 05-03-1994 Á 10-04-2010

Abraçando minhs pernas fiquei imaginando como meu nome ficaria naquela lápide. Olhei para frente, para Zayn, que continuava apoiado com a cabeça no volante, me levantei, enxuguei as lágrimas e saí. Eu não faria algo assim, por Zayn e pela minha mãe eu continuaria vivendo. Seguiria á diante.

Não dissemos uma palavra até a casa. Quando entramos me tranquei no quarto.

Zayn:

Ela subiu correndo para o quarto e ficou lá. Desceu cambaleando as escadas com as malas. Pegou a chave da casa no balcão e entregou na minha mão.

–É sua.

–Eu não...

–Sim. Você vai. Essa casa só vai me fazer sofrer ainda mais. Fique com ela. Faça o que quiser com ela. Ainda te devo por ter cuidado tão bem de mim nos ultimos meses.

–Vamos embora. - Peguei as malas e as coloquei no carro. Eu tinha um destino para essa casa, com certeza. Mais isso eu veria depois. Passamos uma noite na casa dos meus pais antes de voltarmos para Londres.