Depois De Um Final Feliz escrita por Gabi Alves


Capítulo 3
Baixinha medrosa


Notas iniciais do capítulo

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Sentei-me na cama, esperando. Até que Jacob pulou pela janela para dentro do meu quarto.

Ele se sentou na minha frente e acariciou meu rosto.

Abracei-o forte.

– Desculpa por te chamar, é que quando estou com você eu não tenho pesadelos... E eu não quero ter pesadelos...

– Nunca, jamais peça desculpa por me chamar, estar com você é como se você estivesse me dando um presente. – Ele sorriu de lado. – Porque não tem pesadelos quando está comigo? – Ele semicerrou os olhos.

– Por que... – Eu olhava para baixo brincando com os dedos dele – De alguma forma, eu me sinto protegida quando estou com você.

Senti meu rosto ruborizando. Droga, porque eu estava corando? Céus, que ele não tenha percebido.

– Ou, porque você é uma baixinha medrosa – Ele riu.

Fechei a cara.

– Não sou baixinha, sou quase do tamanho da minha mãe!

Ele bufou,

– Grande coisa. Sua mãe também é baixinha – Ele sorriu.

– Qualquer um é baixinho para você – Eu o lembrei.

Ele deu de ombros, presunçoso. Eu ri.

– Você tem que dormir logo – Ele me lembrou.

Deitei-me e apaguei o abajur.

Senti Jacob se deitando ao meu lado.

– Meu Deus, você dorme com cinco cobertores? – Ele perguntou alarmado.

– Moramos no Alasca, lembra? Mas, como você está aqui, apenas o edredom será o suficiente.

– Viu? Eu sou útil. – Ele riu.

Deitei minha cabeça em seu peito e esperei o sono vir.

– Quer que... Eu conte uma história?

– Não tenho mais cinco anos, Jacob – Eu o lembrei.

– Aé – Ele acariciou meu cabelo, até que cai num sono tranqüilo e sem pesadelos.

Ainda na inconsciência, senti o cheiro da minha mãe perto de mim. Senti mãos frias acariciando minha testa. Sorri de leve.

– Bom dia, mãe.

– Bom dia filha! Feliz aniversário! – Ela se levantou rapidamente e abriu a janela. A luz clara invadiu meu quarto, tapando minha visão. Cobri meu rosto com o travesseiro.

– Parece que foi ontem que você nasceu... Dá para acreditar? Minha filha já tem doze anos!

– Mãe, que piegas, você diz isso todo ano. – Eu disse rindo.

– È que você não sabe o quanto é importante para mim – Ela disse sorrindo.

– Imagino... Você morreu por minha causa. – Cobri meu rosto com o travesseiro e reprimi a tristeza que me invadia.

Ela permaneceu imóvel, em silencio.

– Nunca... Nunca mais repita isso. – Ela disse chocada e ressentida.

Olhei fundo nos olhos dela.

– Mas é verdade... Eu matei você. Matei aquela encantadora humana da foto. Quebrei os ossos dela um por um... Eu sou um monstro.

Ela me olhou fixamente com uma expressão que eu nunca vira. Era de uma tristeza e fúria, que não parecia minha mãe ali. Ela estava sem palavras.

Senti meu pai atrás de mim na cama e tentei pensar em outra coisa. Não queria que ele ficasse me invadindo daquele jeito. Eles pensavam o que? Que eu não sabia de nada? Que eu não era culpada por nada que aconteceu com a minha mãe?

Senti meu pai se enrijecer.

– Você, jamais ache que é culpada por alguma coisa... Quantas vezes já dissemos? – Meu pai disse ríspido.

– Você quer dizer, quantas vezes vocês mentiram, não é? – Eu disse no mesmo tom.

– O que?! – Meu pai disse nervoso – Nos respeite, não tem o direito de nos chamar de mentirosos!

– Mas eu tenho o direito de saber a verdade! – Eu disse alto.

– È decepcionante que você pense assim. – Meu pai disse mais calmo.

– Eu sei, por isso não digo o que penso – Olhei os olhos dele se derreterem – Finja que eu não disse nada.

– Feliz aniversário – Ele disse saindo do quarto com a mão na cintura da minha mãe, que ainda estava em silencio.

Tapei o rosto com as mãos, o choro subindo por meu peito.

“Desculpe, pai, eu sinto muito” – Eu pensei o mais forte que pude. “Eu chateei minha mãe, nunca me perdoarei por isso”

Em menos de meio segundo ele estava no meu quarto novamente, me abraçou enquanto eu chorava.

– Renesmee, eu não me importo, contanto que você conte o que você está pensando... Que você nos diga toda a verdade, eu não me importo. Eu só não concordo com o que você pensa mais não pode tentar esconder as coisas para não nos chatear.

– Mas eu chateei minha mãe quando eu disse aquilo.

– Não a chateou, ela só não concorda. Nós achamos que você está encarando tudo com uma perspectiva muito diferente. Não há razão para se culpar pelo que ocorreu.

– Mas pai... – Me intriguei de repente – Como assim, dizer o que eu penso? Pensei que você soubesse de tudo... Você lê mentes. – Eu disse devagar.

– È ai que está o problema. – Ele suspirou pesadamente, como se não quisesse tocar no assunto.

– Como assim?

– Sua mente está ficando cada vez menos clara para mim... È como se aos poucos... Seus pensamentos ficassem tão confusos a ponto de eu não entender nada.

Arregalei os olhos surpresa. Por essa eu não esperava.

– O que acha que é?

– Não faço a mínima idéia... Vou esperar Carlisle chegar. Não vou ter nenhuma conclusão sem antes falar com ele.

– Por falar nisso... Será que eles chegarão a tempo para a festa?

– Não tenho certeza, filha. Tio Emmett teve alguns problemas e talvez eles atrasem, eu sinto muito.

–Tudo bem... Mas o que houve com tio Emmett?

– Também não sei ao certo... Sua tia Alice vai subir daqui cinco minutos e se você não estiver pronta ela vai dar um chilique.

Eu ri,

– Tudo bem, vou me arrumar.

Ele saiu devagar do meu quarto. Passei no banheiro para escovar os dentes e no caminho olhei para dentro do quarto de Jake. Ele estava dormindo, ainda, é claro.

Coloquei uma camiseta qualquer e uma calça jeans, desci para tomar café da manhã.

Desci a escada e a mesa já estava posta. Eu estava morrendo de fome, sentei-me rapidamente para comer.

Minha tia Alice beijou-me na bochecha.

– Feliz aniversário, Nessie. – Ela disse sorridente.

– Obrigada.

– Feliz aniversário!!! – Tia Rosalie me pegou em um abraço esmagador.

– Não... Consigo... Respirar – Ela me soltou rapidamente e eu ri.

– O que a aniversariante vai querer para o café da manhã? – Meu pai perguntou de bom humor. Senti-me aliviada por não tê-lo chateado.

– Hummm... Que tal ovo? Sua especialidade. – Eu disse rindo.

– Está subestimando a capacidade culinária do seu pai. – Minha mãe disse rindo.

Meu pai fingiu estar ofendido.

– Já que você acha que só sei fritar ovos... Vou fazer panqueca hoje – Ele disse com falso ultraje.

– EEEE!!! – Comemorei a vitória do dia.

Escutei Jacob descendo, sonolento, a escada.

– Bom dia, dorminhoco – Anunciei olhando atentamente para as panquecas.

Ele me tomou nos braços em um só movimento e começou a me girar.

– feliz aniversário!

– Jake me solta!!! Eu vou cair! – Eu dizia entre gargalhadas.

– Só vou parar de girar quando você disser “Eu sou uma baixinha medrosa”! – Jacob disse diabólico.

– Não vou dizer isso!

– Ótimo – Ele começou a me girar mais rápido, comecei a gritar, rindo.

– EU SOU UMA BAIXINHA MEDROSA! – Soltei por fim.

Ele riu e me colocou no chão.

– A panqueca está pronta. – Meu pai disse rindo – Dona baixinha medrosa.

Fechei a cara para ele.

– Foi você que disse. – Ele riu.

Peguei um pedaço de panqueca e coloquei na boca. Estava deliciosa.

– Tudo bem, nunca mais, vou duvidar de suas habilidades culinárias.


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Notas finais do capítulo

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