POV Beck

Ela havia me traído, uma vez que eu pedi para ela ficar longe dele. Eu acreditei e confiei nela, uma vez que eu soube que não podia. Ela mentiu, me enganou e me magoou. Mas dessa vez não só a mim, mas Tori também.

– V-você, você quer alguma coisa? – Tori perguntou, de cabeça baixa. Ela estava magoada. Eu não acreditava que era pelo André, ele era um canalha. Talvez o que sintam um pelo o outro não seja algo totalmente concreto, talvez apenas uma queda... Ou não.

Neguei com a cabeça, enquanto me sentava ao seu lado no sofá de sua casa.

Ela suspirou. Eu mordi meus lábios.

Jade.

Eu ainda não acredito que ela fez isso comigo, e que eu ainda me sinto tão mal por ter a xingado. Eu não sei se eu me odeio mais do que eu odeio o André agora.

Eu sentia aquela dor no peito, a mesma dor de quando eu havia a rejeitado pela primeira vez, a mesma dor de quando eu descobri que ela havia me traído bêbada, a mesma dor de quando terminamos por causa daquele estúpido jogo de casais. E cada vez, essa dor vinha mais e mais grande.

Eu havia a perdido de novo.

Mas como? Como que ela escapa de meus dedos facilmente? Como que eu não consigo passar uma tarde sem as suas loucuras? Como que eu não aguento imaginar o que ela está fazendo agora?

Porque eu a amo tanto assim, e as vezes tenho uma maneira difícil de demonstrar isso?

– E-eu, sinto muito. Beck... – Tori começou, desviando os meus pensamentos.

– Eu sei. – Respondi, olhando para o meu colar de compromisso com a Jade.

– Desculpas, se eu simplesmente não tivesse falado para você isso...Eu estava chocada, irritada e chateado ao mesmo tempo, mas se eu não tivesse metido meu nariz onde eu não era chamada... Não estaríamos nessa agora. – Ela começou. A interrompi.

– Porque? Era a verdade, não é? Eu precisava saber,e se você não me contasse passaria semanas se corroendo por causa disso. – Dei o meu melhor para parecer agradável, mas minha voz ainda era séria. Ela suspirou.

– Isso dói. – Ela respondeu. Eu concordei, olhando para os seus olhos castanhos.

Eu me levantei e fui até ela, dando um beijo em seu rosto para ela se reconfortar. Ela se inclinou, me fazendo beijar sua boca. Eu me afastei. Era como beijar minha irmã, minha irmã mais nova.

– Isso é certo? – Perguntei, imagens e lembranças, momentos em pedaços da Jade passando em minha mente agora.

Tori se levantou mais um pouco. Seu rosto a centímetros do meu.

– Vamos descobrir. – Ela respondeu com um sorriso, se inclinando novamente e me beijando. O beijo dela era cheio de incertezas.

POV Andre.

E então era isso. Eu me sinto ao mesmo tempo feliz, e ao mesmo tempo triste. Eu não sei se isso é certo ou se é o que eu queria, eu só senti que precisava de alguém e vi também que a Jade precisava... Foi minha única chance em um único pensamento.

Ela colocou novamente um saco de gelo embaixo de meu olho.

– Ai. – Resmunguei. – Isso dói.

Ela sorriu. – Mas é uma espécie de dor legal, não é?

Ri do seu comentário, como que pude sentir medo dela por três anos?

O celular dela tocou, Jade suspirou, me deixando segurar o gelo sozinho. Ela foi até a mesa de centro da sua sala e pegou seu telefone, vendo o visor. Ela atendeu. Pelo tom de sua voz e por sua expressão irritada, deduzi que era a Cat do outro lado da linha.

– Tá. Tá. Não, Cat. Eu converso com você. É pode ser, aham. Tó livre. E quanto a Robbie? Certo, nos todos. Que horas? É, pode ser. Sim! Eu tenho uma reserva só para você, é são de morango com cobertura de ... Isso! Até. Não Cat! Eu não quero saber sobre seu irmão e seu convívio com balinhas! É, fale sobre seus problemas com Robbie, ele é seu namorado por isso! Tá, ok, tchau! – Ela desligou revirando os olhos e suspirando.

– Pequena e louca criaturinha vermelha? – Eu perguntei, mesmo já sabendo a resposta.

– É, é a Cat. – Jade suspirou. – Você quer vir ao Nozu com a gente e o Robbie hoje as oito?

Eu balancei a cabeça afirmativamente. – Claro, como um encontro duplo de casais?

– É... – Ela pareceu pensar um pouco, depois sorriu de orelha a orelha. – Um encontro duplo de casais.

Jade veio até mim, sentando em meu colo. E depois, o que eu senti foram os seus lábios quentes nos meus. Ela beijava tão bem...

POV Beck.

– Pipoca, limonada rosa e filme! – Tori disse, borbulhante de alegria enquanto colocava as coisas em sua mesa de centro, e ligava o DVD. Ela se sentou ao meu lado,passei meus braços ao seu redor. Éramos um casal.

É, eu sei que pode parecer estranho, eu acabei de terminar com a Jade... Eu ainda sinto tanta falta dela, eu não consigo descrever o que eu sinto sobre isso. Eu sei que eu estou triste e chateado, mas a Tori... A Tori parece querer o meu bem, ela sempre foi legal, e ela também estava precisando de apoio.

Andre havia a magoado, Jade havia me magoado. Nos dois, estávamos juntos agora.

Era provavelmente algum filme romântico e meloso de escolha dela,eu mal havia prestado atenção, sorri com a ingenuidade, eu sempre via filmes de terror com a Jade e... Esquece! Eu não quero pensar nisso.

Tori se mexia em meus braços, tentando procurar algum local confortável. Jade não fazia isso, de algum modo ela parecia se encaixar perfeitamente em meu abraço. Chega! Eu não posso mais pensar nela, estou com Tori agora, e Jade me traiu. Tori é minha namorada. É Tori. Eu tenho que pensar nela. Porque é tão difícil esquecer a Jade?

– Você acha que ficarmos juntos agora é uma boa ideia? – Eu perguntei do nada, fazendo ela pausar o filme e me olhar indignada.

– É, Beck... Eu não sei, em parte, é você que decide... Não é? – Ela perguntou, com suas sobrancelhas entrelaçadas.

– Eu ... Eu acho que sim. – Respondi. – Não sei se é certo isso, talvez devêssemos dar um tempo para cada um pensar e...

– Você está terminando comigo? – Tori gritou, seus olhos imploravam por algo. Eu não sei ao certo o que era, ela parecia feliz comigo.

– A-ah, eu não sei. – Fui sincero, não sabia o que fazer. Ela pensou um pouco, seu rosto ficou passível e meio decepcionado.

– Tudo bem, faça o que você achar melhor. Eu sei que você ainda ama a Jade e quer ela de volta como um louco, eu sei também que eu só vou piorar as coisas ficando com você... E que provavelmente você e Jade estarão juntos daqui a um tempo. – Ela disse, mais eu a interrompi com outro beijo. Um beijo meio romântico e doce, dizendo que eu queria ficar com ela. Mas também, eu nunca discordei do que ela havia acabado de dizer sobre eu e Jade.

POV Tori.

De uma maneira ou outra, eu sempre quis ter Beck comigo. Desde o primeiro dia de aula, sempre o achei o cara mais lindo da escola, eu queria ter ele como um namorado... Até que eu conheci o seu lado amigo, e minha queda se transformou em apenas um desespero continuo por amizade e atenção.Eu sabia que nunca teria um outro amigo com ele... Mas ele sempre pareceu ocupado de mais com a Jade para ser um bom amigo meu.

Isso mudou quando eles haviam terminado. Ficamos mais próximos, e teve um dia que ele tentou me beijar. Eu falei que queria ele apenas como um amigo, e que não dava para ser assim. Eu conheço a Jade,eu sei mais ou menos o que ela sente... Eu sei que eu acabaria com a vida dela se eu beijasse Beck.

E é isso que eu estou fazendo agora. Neste exato momento.

Em parte ela merecia isso. Ela beijou André. Ela traiu Beck.

André. Meu amigo que sempre esteve lá. Quando eu precisava de ajuda, ou de canções para cantar, quando eu precisava de um ombro, de uma resposta ou oportunidade. Ele sempre me deu uma mão. Ele que cuidou de mim, desde que o conheci.

Eu não sei se ele gosta de mim, tanto como antes. Eu tenho certeza de que aquela queda dele com a Jade, voltou maior. E isso é o que eu mais lamento.

Mas o Beck está aqui comigo agora, ele está cuidando de mim e me dando atenção. O que eu sempre quis, mas eu não percebia que já tinha isso há muito tempo e nem percebia.

Eu acho que estou estragando tudo entre a gente.

POV André.

Observei a Jade se sentar ao meu lado,aproveitei a última oportunidade para correr meus olhos pelo seu corpo, que hoje estava com um maravilhoso e justo vestido preto.

– Então, o que você vai me contar? – Cat perguntou a Jade, piscando várias vezes.

– Depois, Cat ... Depois. – Jade respondeu tensa. O nosso jantar continuou divertido. Robbie havia largado Rex, e isso era a noticia que Cat tinha para nos contar. Ela não havia convidado Tori ou Beck para virem, pois Jade havia insistido. Cat não sabia do termino deles, e do começo de nosso namoro.

Jade começou a escrever em um guardanapo com uma caneta preta, apoiando em sua coxa. Ela dobrou e me passou discretamente. Desdobrei e li em uma bonita e bem desenha letra.

Não conte nada sobre ... isso, a ela. Ok?

Concordei com a cabeça. Ela sorriu. Ficamos conversando e jantando a noite inteira, até que a hora de ir embora havia dado.

Deixamos Cat e Robbie em suas casas, deixei Jade na sua.

– E então, foi divertido a noite ...? – Perguntei para ela, Jade estava na varanda de sua casa, olhando sorridente para mim.

– Claro. – Ela sorriu mais ainda. – Obrigado por ter vindo comigo, como um ... Como um casal. – Ela pareceu meio incomoda com isso. Suspirei.

– Tudo bem. Sempre que precisar... Jade. – Eu disse, me inclinando e beijando novamente seus lábios. Eles tinham um gosto tão bom.

Eu me despedi, enquanto a via entrar cautelosamente pela porta. – Uh, André? – Ela me chamou quando eu estava descendo as escadas.

– Oi, Jade? – Perguntei, sorrindo.

– Somos um casal. Ou não? – Ela parou um pouco. – Afinal, eu acabei de terminar com o Beck e...

– Eu não sei. Você quer que sejamos um casal? – Perguntei.Torcendo para que a resposta fosse sim e não ao mesmo tempo.

– Tenho que pensar. Você quer formar um casal comigo? – Ela me pegou de surpresa. Senti todos aqueles momentos com a Tori passarem em um flash rápido em minha memória. Me lembrei dela saindo de mãos dadas com o Beck. Suspirei.

– Ficantes? – Perguntei, com um pingo de esperança na voz.

Ela sorriu. Beleza homem!Boa ideia, você agradou a garota! – Sim. Ficantes.

Sorri, enquanto acenava para ela e me despedia enquanto ela fechava a porta sorridente.

Olhei para o céu. Como as coisas haviam mudado tanto assim? Como que isso tudo aconteceu tão rápido? Como que ela aceitou ficar comigo?

E por quê?