A Nightmare escrita por nsilvac


Capítulo 9
Tresh


Notas iniciais do capítulo

Outra fic com Myprerrogative: http://www.fanfiction.com.br/historia/249857/You_Got_Me



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Me virei pra ver quem atirou a faca e dou de cara com Gale. Ele é bom de mira e um concorrente difícil pela precisão que atacou a faca.

– Vem Katniss, vem comigo. – disse ele me puxando para fora da fortaleza.

Do lado de fora da fortaleza, vi mais torres e muitas arvores altas.

– Onde estamos indo? – perguntei correndo junto.

– Temos aliados, lembra? Estamos indo procurar os outros.

– E quem estamos procurando? – me agachei junto a ele atrás da parede de umas das torres.

– Peeta, Annie, Finnick e os outros do distrito dele. Vamos. - Ele levantou e eu fui atrás dele. – Para! – ele me empurrou para dentro de uma das torres. – Sobe, sobe, sobe!

– O quê?! – perguntei correndo nas escadas.

– Os Carreiristas... Vamos ficar no topo da torre. – ele me empurrava para subir mais rápido.

No topo da torre, agachei dando pra olhar pela janela os sete carreiristas andando cheio de armas. Vi que tinha alguém machucado. Clove estava com um enorme corte na perna, com dificuldade de andar. Cato a levava nos braços com sangue por todo o corpo.

– Prepara seu arco. – Gale cochichou. – Atira nele. – Gale apontou para o moreno ao lado de Cato.

Mirei uma flecha em quem ele pediu. Marvel.

– Por que eu tenho que atirar nele? – perguntei sem querer mata-lo.

– Estamos no Massacre Katniss, você vai ter que matar pessoas para sobreviver. – disse Gale ofegante.

– Tudo bem. – me preparei e mirei a flecha em sua cabeça. Respirei fundo e me acalmei. Contei até dez para diminuir o ritmo da minha respiração já cansada de correr nas escadas.

– Muito bom! – Gale exclamou quando viu Marvel caindo no chão com a flecha cravada na cabeça.

Abaixei para sair da janela e não ser vista. É estranho matar uma pessoa, mesmo fazer isso para sobreviver.

– Quantos tributos você matou hoje? – perguntei de olhos fechados.

– Quatro. – Gale respondeu na maior naturalidade.

– Você é bom... – brinquei.

– Temos que achar os outros. Vamos seguir para a floresta. – ele levantou e estendeu a mão para me ajudar.

Levantei e Gale olhou pela janela para ver se a área estava limpa. Corremos de volta para baixo e entramos na floresta. Gritos para todos os lados, barulhos de explosões e um chamando ao outro de seu distrito. Era pior que um filme de terror.

– Katniss! Katniss! – uma voz grossa gritava meu nome, mas não conseguia reconhecer quem era. Virei a cabeça para todos os lados e não encontrava ninguém. – Katniss! Corre! Corre! – vi uma pessoa vindo em minha direção com cara de desespero. Finnick correndo com Rue e Tresh atrás dele, fugindo de uns quatro enormes cachorros marrons famintos por carne. – Corre Katniss! Corre! – minha reação foi correr.

Gale e eu corremos até um campo verde aberto e então um impulso me fez parar. Coloquei o braço para barrar os outros de passarem. Estranhei o campo aberto. Alguma coisa de estranho tinha lá.

– Esperem! – exclamei barrando-os.

– O que foi Katniss?! – Finnick gritou comigo por estar com pressa. – Não temos tempo para parar e descansar! Corre logo!

– Não podemos! – parei Finnick de novo.

– Por que não?!

– Porque ali, bem ali no meio tem um capo de força! Você não vê? – apontei para o campo de força invisível.

– Campo de força? Campo de força? Você está brincando comigo, não está? – Finnick riu.

– Por que eu estaria?

– Campos de força são invisíveis Katniss! – o sorriso se desfez de seu rosto.

– Eu sei que são, mas uma das coisas que a Cara de Raposa me ensinou nos treinamentos, é que em todo campo de força tem uma falha, e a falha desse está bem ali no canto esquerdo. – apontei para a falha do campo.

– Quem é Cara de Raposa? – Finnick perguntou tentando sair correndo dali.

– É uma garota do 5. Você não vai sair daqui! – exclamei voltando a colocar o braço para impedi-lo de sair.

– O que é aquilo? – Gale perguntou apontando para a frente.

Todos os tributos começaram a rodear o campo aberto no formato de um círculo por estarem fugindo dos cachorros também. Consigo ver Peeta do outro lado do campo de força junto com Annie. Minha reação era sair correndo para falar com eles, mas algo me impediu. Um vento forte começou a bater e tudo começou a girar. Finnick se jogou sobre mim para me proteger. O chão começou a tremer e o vento era tão forte que mal conseguia ficar com os olhos abertos. Dei uma ultima olhada em volta e vi todos os tributos no chão e Peeta lutando contra um dos cachorros. Tentei fazer algo para ajuda-lo, mas não conseguia me mover. A minha última visão foi tudo branco e me apaguei.

Acordei em o que parece ser uma praia. Areia clara para todo o lado e água. Muita água rodeava essa ilha. Conseguia ver a cornucópia no centro da água num tubo de vidro transparente. Sentei e fiquei pensando por um grande tempo do por que a arena ter mudado de local até que caiu a minha ficha. É uma arena que mutável. Ela muda em algum espaço de tempo. Olhei de novo envolta e vi Finnick ao meu lado junto com Gale, Rue e Tresh.

– Vocês estão bem? – perguntei passando a mão na cabeça para tirar a areia.

– Estamos... Mas o que aconteceu? – Gale perguntou.

– A arena muda. Não sei direito de quanto em quanto tempo.

– Não entendi... – Gale limpava as roupas com as mãos.

– A arena muda Gale. Estávamos em uma fortaleza. Depois de certo tempo de luta, a arena mudou para essa praia e daqui a outro tempo, vamos mudar para outro lugar.

– Precisamos achar Annie e Peeta, onde eles foram? – escutei Tresh pela primeira vez e sua voz era mais grossa ainda que a de Gale.

– Eu os vi antes de virmos para cá. Estavam do outro lado do campo de força. – percorri os olhos pela nova arena para me acostumar e ver seus ambientes.

– Vamos para lá. – Finnick apontou para a multidão de árvores que tinha no meio da ilha.

Finnick foi em nossa frente e todos com armas preparadas atrás dele. A floresta da ilha estava muito silenciosa. Um estouro me pegou de surpresa. Alguém estourou uma bomba e o cheiro de queimado chegou logo em nós.

– Tem alguém perto. Vamos nos apressar. – Finnick preparou seu tridente e uma faca nas mãos e todos corremos.

Passamos o resto da tarde correndo e fugindo para procurar abrigo e água. Depois de um longo tempo, achamos um lugar escondido com bastante arvores.

– Vamos descansar aqui. Tivemos um dia cheio e precisamos repor as energias. – propôs Tresh.

– Temos que montar guarda. Os que estão menos cansados. Eu e Katniss. – Finnick disse. Mas eu estava cansada e clamando por um pouquinho de sono que fosse. – Gale, Rue e Tresh montem o acampamento sem fogueira e descansem.

– Qualquer coisa, como nos comunicaremos? – Tresh perguntou.

– Eu estouro uma bomba e vocês saberão que precisaremos de ajuda. – Finnick se preparava para escalar uma arvore. – Katniss, suba naquela. – ele apontou para uma arvore grande, alta e cheia de galhos.

Escalei a árvore com muita dificuldade, pois o cansaço estava tomando conta de mim, precisava dormir. Cheguei ao topo e enfim, silêncio. Comecei a pensar na minha família e se estão me assistindo agora. Estou com saudades deles. Abri a mochila que peguei na cornucópia e dentro encontrei outro casaco térmico, uma corda de mais ou menos 3 metros, um kit básico de primeiros socorros e uma garrafa de agua, que com esperança de estar cheia, viro, mas estava vazia. Coloquei tudo de volta na mochila e a fiz como travesseiro. Me encostei no tronco da árvore para dormir, relaxei, fechei os olhos e quando estava quase dormindo, Finnick atacou uma pedra em mim da árvore que ele estava. Dei um pulo me desiquilibrando da árvore, mas me segurando.

– Não dorme Katniss! – sussurrou ele.

– Que saco Finnick! – me desencostei da árvore deixando a mochila cair lá embaixo. – Olha o que você fez!

– A mochila é sua! Você que deixou cair! – ele começou a falar mais alto.

– A culpa é sua! – aumentei a voz mais ainda.

– Shhhhhh!

– Shhhhhh? Como você fala pra eu ficar quie...

– Shhhhhh Katniss! – ele fez cara de atenção e eu parei de falar.

Depois que fiquei quieta, escutei passos embaixo de mim, passos de uma pessoa machucada, mancando. Tentei respirar mais devagar para não fazer tanto barulho.

– Não consigo mais andar. – era a voz de Annie e estava fraca.

– Então vamos parar aqui. – disse Peeta. Peeta! Desci da árvore em um pulo.

– Vocês! Como vocês estão? Precisam de ajuda? – abracei os dois.

– Ai Katniss! Cuidado aí! – disse Annie e então olho para sua barriga ensanguentada.

– Desculpa! Como você fez isso? – perguntei a pegando pelos braços e levando para o abrigo.

– Cato, numa briga. – disse ela com voz de dor.

– Tresh! Aqui! Preciso de água! – chamei Tresh para ir atrás de agua.

– Quanto de água Katniss? – ele levantou em um pulo.

– Encha isso. – peguei a garrafa em minha mochila e dei para ele.

– Katniss, não faça barulho! – disse Finnick descendo da árvore.

– Quieto Finnick! Pega o kit de primeiros socorros aí dentro. – joguei a mochila nele. - Deita aqui Annie. – a deitei no casaco térmico. – Me dá isso aqui. – puxei o kit da mão de Finnick.

– Você não sabe fazer isso, deixa comigo. – Finnick foi até o lado de Annie.

– Cuidado! – exclamei.

– Quieta! – disse ele.

Fiquei observando Finnick trabalhar em Annie. Ele tirou sua blusa a deixando de top e observou o corte em sua barriga. Era fundo e largo. Annie tremia de frio e suava.

– Preciso de água. Água agora! – disse ele enquanto abria um pote com um líquido.

– Tresh foi buscar... – Peeta tentou falar.

– Mas eu preciso para agora! – disse ele aplicando o líquido na barriga de Annie que gritava de dor.

– Shhhhh, não grita Annie, vai melhorar, vai melhorar. – disse Finnick passando a mão em seus cabelos como se a conhecesse há anos. – Eu vou fazer isso melhorar.

– Vamos procurar água. – levantei e fui até o abrigo acordar Gale. – Vamos procurar água, rápido, levanta! – disse para ele o puxando. – Peeta, avisa Finnick que estamos indo buscar água e para ele olhar Rue.

– Finnick, estamos indo buscar água e olhe a Rue! – gritou Peeta.

Pegamos nossas armas e saímos do abrigo para procurar água. Andamos, andamos e nada de água. Uma arena daquele tamanho e nem uma gota de água.

– Para ser mais rápido, vamos nos dividir. Eu fico sozinho e você que é garota, fica com o Peeta. – disse Gale. – Vou para a praia e vocês ficam por aqui.

– Mas você consegue ficar sozinho? – perguntei preocupada.

– Sim Katniss, não se preocupe comigo... – disse ele. – Nos encontramos no abrigo daqui 2h! – afirmou ele se afastando de nós.

– Agora vamos. – disse Peeta.

Rodamos cada extremidade da floresta atrás de água com as armas prontas para qualquer imprevisto. Percebi que Peeta estava com dificuldade de andar.

– Por que você está andando assim? – perguntei parando em sua frente.

– Assim como? – ele tentou fingir.

– Não minta pra mim Peeta. O que aconteceu?

– Só preciso sentar, pra descansar. – ele desabou no chão.

– Peeta! O que você tem? – agachei ao sei lado.

– Dor! – ele levou a mão no ombro direito.

– Dor aonde? Por que dor?

– Na outra arena, quando eu lutei contra aquele cachorro, ele me lançou no chão e bati com o ombro que estava machucado no chão. – disse ele com a voz rouca.

– Ai meu Deus! Seu ombro! O que você quer que eu faça? – perguntei desesperada.

– Nada Katniss, só preciso descansar. – Peeta fechou os olhos.

– Tudo bem. – sentei no chão perto de uma árvore para poder encostar, coloquei sua cabeça em meu colo e fiquei passando a mão em seus cabelos loiros que caiam nos olhos.

Peeta adormeceu num segundo. Fiquei o tempo que ele dormia o observando para qualquer coisa que ele precisasse. Ele tremia e suava frio por causa da dor. Passaram-se duas, três, quatro horas e Peeta não acordava. Estava começando a ficar preocupada e não dormia a quase dois dias.

– Peeta... – resolvi acordá-lo.

– Katniss, preciso de água. – cochichou ele com a voz entrecortada.

– Você precisa voltar para o acampamento. Levanta. – ajudei ele a se sentar.

– Mas eu não consigo. – disse ele olhando para mim.

– Consegue sim, eu te ajudo. – levantei e estiquei a mão para ajuda-lo. – E você é um Mellark lembra? Você vivia me dizendo quando pequeno que os Mellark não desistem! – sorri para ele.

– Tudo bem. – ele levantou e colocou a mão no obro de novo forçando um sorriso.

– Deixa eu ver seu ombro. – disse tirando sua blusa.

Seu ombro estava com um curativo, provavelmente posto antes de ele vir para a arena. Tirei o curativo rasgado e com sangue para ver o machucado. Toda a região do ombro estava roxa e com o corte na parte de traz cheio de sangue.

– Meu Deus Peeta, isso está horrível! – disse jogando o curativo no chão.

– Eu sei! Dói demais Katniss! – ele olhou para o ombro.

– Isso não pode ficar aberto se não piora. – tirei minha jaqueta térmica.

– O que você está fazendo?

– Vou amarrar minha camisa no seu ombro. – tirei minha blusa e amarrei em seu ombro. Fiquei com uma blusa sem manga que eu tinha colocado mais parecida com o top de Annie.

– Você não pode ficar sem! Vai passar frio. – disse ele.

– Shhhhh... – dei sua camisa para vestir e em cima coloquei a jaqueta térmica. – Você está quente e coberto, agora vamos.

– Mas Katniss, você vai passar fri...

– Não me importo, nós vamos chegar logo. – interrompi Peeta.

– Por que você está fazendo isso? – perguntou ele com os olhos azuis vidrados nos meus.

– Porque eu me preocupo com você... – minhas bochechas começaram a queimar. – Agora vamos.

– Você se preocupa comigo e eu me preocupo com você, não quero que você passe frio... – ele se aproximou de mim pegando em minhas mãos.

– Mas eu não estou passando frio, estou de blusa. – olhei para ele me aproximando mais e o beijei. – Agora vamos? – sorri.

– Agora vamos! – disse ele com um sorriso no rosto.

Estávamos indo de volta para o acampamento sem água. Peeta estava apoiado em meu ombro para não fazer tanto esforço. Demoramos porque ele precisava parar para recuperar fôlego a cada quilômetro que andávamos.

– Quer esperar mais? – perguntei parando de andar.

– Não, vamos. – disse ele continuando a andar.

– Peeta, eu não vou passar frio! Você precisa descansar.

– Vai sim! – ele parou e virou para mim - Antes eu peguei na sua mão e estavam geladas. Você está morrendo de frio! Seus lábios estão roxos! – disse ele olhando para meus lábios. – E você acha que pode ficar andando por aí no frio com blusa curta para mostrar essa barriguinha? – ele riu. – Dá pra ver na sua cara que você está morrendo, MORRENDO de frio!

– Não estou não! – cobri a barriga com as mãos

– Vamos! Anda mais rápido Katniss! Ou eu tiro o casaco! – ele continuou virado para mim e andando de costas para a direção do acampamento até que tropeçou em alguma coisa e caiu.

– Olha por onde anda Peeta! Quer machucar o outro ombro? – corri em sua direção.

– Ahhh! – ele gritou de susto quando viu que caiu de cara para um corpo.

– Quem é? – perguntei agachando ao seu lado.

– É o Tresh! – exclamou ele levantando em um pulo.

Virei o corpo de Tresh que estava de bruços e olhei seu rosto totalmente desfigurado e não pude deixar de perceber que tinha muitas unhas por todo seu corpo. Estava todo ensanguentado e irreconhecível. A pior cena que já vi quando percebi que faltava um de seus braços.

– Morto. – disse automaticamente pensando em Rue, sua irmãzinha.



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Notas finais do capítulo

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