Acordei no dia seguinte com o sol e o calor invadindo o quarto. Senti meu corpo e cabeça doerem. Me sentei devagar na cama e acostumei minha visão na claridade. Estava meio desnorteada, de toalha e minha cabeça girava. Olhei para o chão do quarto e tinha alguns travesseiros espalhados pelo chão, roupas e sapatos. Apoiei a mão na cama e senti-a úmida, aí que me lembrei da noite passada. Andei até o banheiro, me olhei no espelho e notei algumas marcas roxas no meu pescoço, abri a toalha e vi nos meus seios e barriga e mais algumas espalhadas pela perna. Deixei escapar um sorriso quando em lembrei de exatamente tudo. Apoiei minhas duas mãos na pia e fechei os olhos, por um momento, pareceu que tudo que aconteceu na noite passada, estava voltando.

- Bom dia. - Peeta disse se encostanto no batente da porta do banheiro.

- Bom dia. - olhei assustada para ele.

- Dormiu bem? - pude notar um sorriso malicioso em seu rosto enquanto ele se aproximava de mim.

- Sim. - tentei ser breve nas palavras.

- Vamos tomar café? - Peeta me pegou por trás.

- Vamos. - sorri.

Saímos do banheiro, descemos as enormes escadas da casa e fomos direto para a cozinha. Olhei para a mesa que estava cheia de comidas gostosas e reparei em alguns pãezinhos de queijo, todos preparados por Peeta.

- Você que fez isso tudo? - me virei para encará-lo.

- Uma parte sim. - ele sorriu torto.

- E a outra parte?

- A outra parte eu pedi para trazerem.

- Você fez o pão de queijo... Estou certa?

- Certíssima. - Peeta se inclinou e me deu um selinho estralado.

Sentamos na mesa, um de frente para o outro e começamos a comer. Eu devia estar parecendo uma morta de fome pelo jeito como Peeta me olhava enquanto efiava três pãezinhos de uma vez dentro da boca.

- Que fome, não? - Peeta riu.

- Bastante. - falei de boca cheia.

- Katniss, Katniss... Desse jeito parece que não te deram educação.

- Claro que deram. - coloquei mais um pãozinho na boca. - É que eu estou com fome.

- Percebi. - ele deu uma gargalhada contagiosa.

Voltamos a comer e eu literalmente detonei a comida, estava morrendo de fome e comi praticamente tudo o que tinha em cima da mesa. Quando terminei, andei até a porta balcão da sala e abri para olhar a piscina e o mar. Senti o bafo quente bater na porta e me deu vontade de ir até a praia. Suspirei fundo e senti as mãos de Peeta me abraçarem por trás.

- Quer ir lá? - ele perguntou baixinho no meu ouvido.

- Quero.

Subi no quarto e coloquei uma roupa de banho, Peeta me esperava no andar de baixo. Quando desci, ele já estava sem camiseta, me esperando sentado no sofá. Apareci de biquini na sua frente e ele me olhou dos pés a cabeça.

- Não me olha assim, você me deixou marcas.

- Eu percebi. - ele parecia preocupado.

- Não se preocupa... - me aproximei dele. - Eu gostei. - dei uma piscadela pra ele antes de irmos em direção à praia.

Caminhei até a beirinha da água para molhar os pés e olhei com o cantinho do olho Peeta parado ao meu lado. Apreciei por um tempo aquela vista e a companhia silenciosa de Peeta, então, me virei para ele.

- Eu te amo. – falei sincera, Peeta me olhou em silêncio por um tempo e sorriu.

- Te amo também. – ele veio até mim e me abraçou.

**********

Um Ano Depois

- Há quanto tempo estamos aqui?

- Não sei, quase um ano eu acho... – Peeta disse. – O que você tem? – ele perguntou meio preocupado.

Fiquei um tempo andando de um lado para o outro no quarto e me relembrando de quantas vezes eu e Peeta transamos naquela pequena estadia no Brasil e achei impossível acontecer o que eu temia. Namoro, casamento tudo bem, mas filhos? Essa ideia me abomina a cada dia que passa. Afinal, pra quê eu vou colocar filhos num mundo como esse, que ao invés de melhorar, só piora?

- Katniss... Tem como me responder? – Peeta chamava minha atenção estralando os dedos na frente do meu rosto.

- Desculpa, estava pensando em algumas possibilidades. – falei e me senti tonta.

- Que possibilidades Katniss, você não tá bem não. – ele disse me ajudando a sentar na cama.

Nesse tempo no Brasil, conhecemos a cidade do Rio toda e participamos do carnaval, que por sinal é muito divertido. Rio é uma cidade muito linda, fui nas praias, Pão de Açúcar, Cristo Redentor a dei uma volta pela cidade, realmente achei incrível. Prolongamos demais, pois queríamos ver como é morarmos sozinhos por um tempo, mas acabamos ficando tempo demais.

- Você tá pálida, tá tudo bem?

- Acho que sim...

- Nós podemos voltar amanhã se esse é o problema. – ele se sentou ao meu lado pegando minha mão e olhando o anel no meu dedo, dando um sorriso torto.

- Não é nada com esse lugar, muito pelo contrário, aqui é tudo muito lindo. – sorri de volta pra ele.

- Então o que você... – Peeta foi interrompido pelo telefone.

- Alô? – perguntei.

- Katniss? Sou eu, Annie...

- Oi Annie, quanto tempo! – fiz cara de surpresa pro Peeta, pois não esperava aquela ligação. – O que me conta de bom?!

- Quando vocês voltam?

- Não temos um dia ainda! Mas queremos ir visitar...

- É que eu e Finnick temos uma surpresinha pra vocês...

- Surpresa?

- Não gosto muito de surpresas... – Peeta disse baixinho para que só eu pudesse ouvir.

- Sexta que vem, nosso filho vai completar 1 ano.

- É verdade! Você não quis que a gente fosse para aí quando ele nasceu... Já tinha quase me esquecido! Vou conhecer meu sobrinho!

- Sim! Então, posso contar com a presença de vocês? Nick quer muito conhcê-los.

- Claro que sim! Vamos o mais rápido que pudermos!

- Obrigada mana! Estou morrendo de saudades!

- Também... Então, até sexta?

- Sim, claro! Te amo.

- Te amo.

Desliguei o telefone e me virei em silêncio para Peeta, olhando para ele com um ar de suspense.

- Então... O que é?

- Nick vai fazer um ano na sexta... Vamos voltar para o Distrito 12!

- Vamos! – Peeta abriu os braços e eu me joguei nele.

Na quinta...

- Vou fazer surpresa, tenta não fazer barulho. – sussurrei para Peeta, subindo as escadas da casa de Annie.

- Tá bom.

Abri a porta devagar, para não fazer barulho e entrei na casa com Peeta nos meus calcanhares. Caminhamos até as escadas e subimos. Vi a porta do quarto entreaberta, Annie deitada na cama e Finnick no banheiro, pude escutar o barulho do chuveiro e deduzi que era ele quem tomava banho.

- Olha, deixando a porta assim aberta, é fácil fácil de alguém assaltar essa casa. – disse entrando no quarto.

Não deu tempo de eu falar mais nada, Annie estava pulando em meus braços, me abraçando forte e me beijando no rosto.

- Você não avisou que chegava hoje! – ela ainda me abraçava.

- Queria fazer uma surpresinha!

- E você? Nem me disse nada também! – ela abraçou Peeta.

- Visitas são boas de vez em quando... – Finnick saiu do banheiro e eu corri para abraçá-lo.

- Que saudades que eu senti de você! – falei ainda abraçando ele.

- Fala Peeta. – ele disse saindo do meu abraço e estendendo a mão para Peeta.

- E aí Finnick. – os dois se cumprimentaram e então descemos para a sala.

- E o Nick, cadê? – perguntei curiosa querendo conhecer o tão falado garotinho.

- Na casa da Johanna, ele não sai mais de lá... – Annie disse na maior naturalidade.

- Casa da Johanna? – Peeta e eu perguntamos juntos e surpresos ao mesmo tempo.

- As pessoas mudam maninha, muita coisa mudou por aqui.

- Você não tem ideia! – Finnick deu uma gargalhada contagiosa.

- E o que ele tá fazendo lá?

- Isso mesmo o que você tá pensando. – Annie deu uma piscadela pra mim.

- Isso não é possível... – comecei a rir. – Johanna cuidando de crianças?

- Logo, logo, você pode receber más notícias Annie. – Peeta começou a rir junto comigo.

- A Johanna mudou! Depois que ela ficou grávida, muitas coisas mudaram.

- A Johanna tá grávida?

- Ops.

- Annie e sua boca grande. – Finnick disse rindo ainda mais.

- Não fala que eu te falei, se não vai estragar a surpresa. – ela deu uma longa pausa e deu uma risadinha. – A Johanna tá grávida de gêmeos.

- Meu Deus! – disse surpresa olhando pra Peeta que parecia surpreso também.

- Por essa eu não esperava. – Peeta disse começando a sorrir.

Peeta e eu ficamos um tempão na casa de Annie conversando e colocando todas as notícias em dia, praticamente até tarde da noite, confesso que fiquei enrolando um tempinho para ver se conseguisse ver meu sobrinho, mas não consegui, pareceu que ele ficou para dormir na casa da Johanna e só voltará amanhã pra festa.

Chegamos em casa e subimos com nossas malas para desfazê-las.

- O que você achou do Brasil? – Peeta perguntou me abraçando por trás.

- Ótimo. Eu voltaria pra lá se pudesse.

- E por quê não podemos? Quem sabe... – ele disse antes de me dar um selinho estralado e entrar para tomar banho.

Terminei de desfazer minhas malas e coloquei minha roupa de dormir. Me deitei na cama que agora é de casal e esperei Peeta sair do banho. Comecei a pensar em tudo o que aconteceu, fui até minha bolsa e peguei o caderninho que tinha pego no avião e voltei a escrever. Me relembrei de várias coisas e passei tudo pro papel. Acabei adormecendo em cima do caderno, na cama mesmo.

Acordei de madrugada alinhada no peito nu de Peeta, que dormia apenas de shorts com um braço em baixo da cabeça. O quarto estava escuro e vi que ele tinha colocado meu caderno na mesinha de canto. Comecei a me sentir mal, então fui até o banheiro e me tranquei lá. Abri a gaveta e peguei a caixinha que Annie tinha colocado na minha mala antes de Peeta e eu partirmos para a lua de mel. Abri e peguei o teste de gravidez. Hesitei um pouco para fazê-lo, mas logo o fiz. Sentei no vaso sanitário e esperei o resultado.

- Não era pra demorar tanto. – falei para mim mesma.

**********

- Bom dia. – Peeta disse esfregando os olhos quando me viu sentada na beirada da cama.

- Bom dia. – falei sem me virar para ele.

- Você tá bem? – ele me pareceu preocupado.

- Sim.

- Não parece. – senti suas mãos na minha nuca, tirando os fios de cabelo e dando um beijo no meu pescoço.

- Preciso te contar uma coisa. – me virei para ele e peguei sua mão, abaixando a cabeça e encarando o lençol da cama.

- Katniss, tá me deixando preocupado, fala logo. – Peeta pegou meu queixo com uma das mãos e me fez encará-lo.

- Peeta... – dei uma pausa longa e olhei no fundo daqueles olhos azuis. – Eu estou grávida.