A Nightmare escrita por nsilvac


Capítulo 14
Adeus, Gale


Notas iniciais do capítulo

Outra fic com Myprerrogative: http://www.fanfiction.com.br/historia/249857/You_Got_Me



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Estávamos caminhando quando comecei a sentir a arena voltar a girar. O mesmo vento forte e o chão tremia. Apaguei.

Acordei em uma ruína de guerra. Vi que era no Distrito 13 quando olhei para uma placa que indicava o mesmo.

Olhei em volta e vi Cato. Como ele veio parar aqui? Me rastejei até ele para ver se estava acordado.

– Ei, acorda! – disse sacudindo ele.

– Mudamos de novo? – ele se levantou do chão estendendo a mão para mim.

– Sim, agora temos que achar os outros e... Tomar muito cuidado com a Cara de Raposa. – me levantei batendo as mãos na roupa para tirar a poeira.

Começamos a andar pela nova arena para conhecer melhor e poder procurar os outros. A arena era horrível, cheia de escombros e pedaços de casas.

– Dessa vez não demoramos pra nos achar, não é? – pude reconhecer a voz de Gale de longe. Fiquei feliz, mais uma proteção.

– Acho que não. - disse com um sorriso – Você viu Peeta e Annie? – perguntei olhando para todos os lados.

– Não, mas vamos achá-los. – disse Gale.

– E a Johanna? - perguntou Cato

– O que tem eu? - falou Johanna saindo de trás de um muro dando o maior susto na gente.

– AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH! - gritamos os três.

– Sua maluca, não faz mais isso! - falou Cato abraçando ela. Hm ai tem.

– Não me aperta tanto! – disse Johanna saindo dos braços de Cato. - Ok, vamos procurá-los e cuidado com a Cara de Raposa.

Andamos pelas ruinas e as vezes ouvimos explosões, o que nos deixava com mais medo. A Cara de Raposa podia estar sozinha, mas ela tinha boas estratégias e podia matar todos nós sem a ajuda nenhuma e com a maior facilidade.

Passamos a manhã toda procurando-os e fazia tanto calor que tirei minha blusa e calça, ficando com uma regata preta e um shorts preto, me deixando bem mais livre e refrescada. Continuei com as armas presas pela roupa que tinha compartimentos para tudo.

– Bem melhor agora! – disse aliviada me abanando com uma mão.

– Pra quê isso? – perguntou Johanna.

– Eu estava com calor. – expliquei para ela.

– Fala logo que você quer chamar atenção! – ela me olhou dos pés a cabeça.

– Não quer... – tentei falar, mas Cato me interrompeu.

– Não discute, ignora. – ele deu uma risadinha.

– Cuidado! Campo minado! – disse Gale que andava em nossa frente prestando atenção em tudo, barrando todos nós.

– Katniss! – escutei o grito de Annie que vinha do outro lado do campo verde e aberto bem na minha frente.

– Annie! – fiquei feliz em ver que ela estava amarrada junto com Peeta, um de costas para o outro.

– Alguém tem que passar para desamarrá-los. – Johanna disse.

– Eu vou. Treinei bastante disso. – Gale tomou posição na nossa frente.

– Cuidado com o campo minado! - gritou Peeta - Cuidado onde pisa...

Gale estava indo muito bem, ele era ágil e rápido. Pisava com precisão e cuidado nos espaços sem bombas. Ele estava indo realmente muito bem, ninguém melhor poderia ter ido. Eu por exemplo, já teria explodido esse lugar inteiro. Gale estava nos centímetros finais para chegar em Peeta e Annie quando de repente... BUM! Ouvimos uma explosão e todos voaram. Uma fumaça cobriu todo o lugar, limitando a visão de todos. Esfreguei os olhos para ver se conseguia enxergar melhor, enquanto a fumaça abaixava, minha visão melhorava. Alguma coisa tinha amortecido minha queda. Alguma coisa não, alguém.

– Sai pra lá garota! – disse Johanna me empurrando para o lado.

– Gale? Gale, cara, cadê você? - perguntou Peeta espremendo os olhos.

– Ele pisou errado! - falou Annie com a voz chorosa. Vi que ela estava com o braço sangrando.

–Vocês estão bem? - perguntei olhando para Peeta, Annie e depois olhando os pedacinhos do copo de Gale espalhados pelo campo, mas desviando o olhar logo depois fazendo cara de nojo.

– Mais ou menos, minha panturrilha dói muito. – disse Peeta com cara de dor.

Era isso, Gale tinha morrido. Agora era eu, Cato, Johanna, Rue, Finnick, Peeta e Annie do nosso grupo, eu acho.

Levantamos do chão e corremos até onde estavam Peeta e Annie.

– Vem vamos achar Finnick e Rue. - falou Cato desamarrando-os e pegando Annie no colo.

– Mas e o Gale? – perguntei em estado de choque com a cena dos pedaços de Gale espalhados em volta de mim.

– Já era Katniss, ele morreu. – disse Peeta com voz de dor ainda sentado no chão. Ajudei ele a levantar e ficou apoiado em mim.

Ficamos procurando Finnick e Rue até ao anoitecer. Peeta estava fazendo toda a força em cima do meu ombro, estava começando a pesar, mas eu não queria falar nada.

Ninguém disse uma palavra sobre hoje de manhã e nem sobre Gale, parecíamos que estávamos num funeral... Entre partes estávamos, mas uma hora ou outra nós íamos nos matar, então. Eu estava em estado de choque por conta dos pedaços de Gale no chão, a pior cena que já vi na vida.

– Meu braço dói! – exclamou Annie no colo de Cato.

– Annie? - ouvimos Finnick sair de trás de um dos muros das ruinas se aproximando de Cato.

– Finn... – disse Annie com voz de dor.

– Vocês estão bem? – perguntou ele pegando Annie do colo de Cato. - Cadê o Gale?

– Morreu em uma explosão de um campo minado. - explicou Peeta fazendo cara de dor. – Só não toca muito nesse assunto. – Peeta fez menção com a cabeça para mim.

Finnick nos guiou para um lugar onde parecia seguro. Colocou Annie e Peeta sentados no chão, encostados numa parede e começou a examinar os dois enquanto Johanna caçava e Cato tomava conta de Rue, que dormia. Nunca ouvi Rue falar nada, mas ela era boa em achar água, ela foi a única que conseguiu achar água com mais facilidade que todo o grupo.

Fiquei montando guarda um pouco longe deles. O silêncio que estava naquela arena dava medo, mas me fez pensar em muitas coisas. Me sentei no degrau do resto de umas escadas que tinham ali e coloquei as mãos na cabeça. Escutei o hino da Capital, provavelmente a homenagem para Gale, eu não queria olhar, mas não consegui. Vi o rosto de Gale lá no alto e senti orgulho. Gale tinha sido ótimo naquela arena, tenho certeza que seus pais estavam sentindo o mesmo. Depois do rosto de Gale e do hino, o silêncio voltou, ainda mais intenso que antes.

Pensei no Distrito 12, nos meus pais. “Estariam eles me assistindo agora?”... E então me lembrei de que aquilo estava para acabar... Eu não queria perder ninguém que estava ali. Eles eram meus amigos, cada um deles. Gale era meu amigo e ele se foi... Se eu fiquei assim por causa dele, imagina quando Finnick, ou Peeta, ou Annie e até mesmo a Johanna forem? Se Snow soubesse a raiva que eu tenho desses jogos e ainda mais dele por criar essa coisa toda... Aquele cara não tem coração? Não tem família?

– Katniss? Você pode vir aqui? – perguntou Finnick me dando um susto e me tirando dos meus devaneios.

– O que foi? Está tudo bem? – perguntei me levantando da escada preocupada.

– Mais ou menos... Os dois estão muito mal e quando eu digo mal, é mal. – isso me deixou MUITO preocupada. - Você conhece sobre plantas medicinais? – Finnick me levou até Peeta e Annie. – Eles precisam com urgência.

– Sim, minha mãe tem um boticário, ela me ensinou essas coisas. – me bateu saudades da minha mãe, mas logo superei.

– Você pode achar alguma planta para queimadura? Vamos precisar de algumas. – perguntou Finnick como um médico.

– Sim, de quantas você precisa? – perguntei me preparando para sair pra procurar as plantas.

– Cinco no mínimo.

– Tudo bem, vou procurar. – disse me retirando do lugar.

– Acorde Cato para ir com você, não é bom você andar por aí com a Cara de Raposa ainda viva. – disse ele.

Acordei Cato e fomos procurar as ervas medicinais que Finnick tinha pedido. Andamos por aquela nova arena que eu ainda não conhecia parte nenhuma, o lugar era seco, parecia não ter água ou qualquer coisa do tipo. Não tinham árvores e folhas, o que me preocupava. Mas as arenas desses jogos surpreendiam.

Depois de muito tempo de procura comecei a correr, eu estava desesperada. Peeta e Annie dependiam de mim agora.

Avistei um campo, verdinho, parecia até uma miragem no meio de todos aqueles escombros e parei.

– Eu vou até lá? – perguntei para Cato fazendo-o parar também.

– Só toma cuidado, vamos chegar mais perto pra eu ver. – disse Cato começando a andar e me puxar.

Paramos na frente daquele campo grande que Cato olhou com cuidado.

– E então? – perguntei.

– Parece seguro, pode ir. – Cato me deu um empurrão que me fez parar quase no meio do campo.

Achei duas Aloe Vera, mais conhecida como Planta da Queimadura, ela cura a queimadura quase 100%, mas como eu disse, só tinha achado duas.

– Você acha que vai dar para os dois? - Cato perguntou.

– Não... – falei friamente, não queria demonstrar medo naquela altura dos jogos.

– O que você vai fazer? – perguntou ele preocupado.

– A única coisa que dá pra eu fazer... – olhei para Cato segurando algumas lágrimas que estavam pra sair, mas tenho certeza que ele percebeu. – Vou ter que escolher um deles.

Cato ficou em silencio e voltamos a andar para o lugar onde estavam os outros. O caminho demorou e fomos até lá no maior silêncio.

Chegamos lá e Finnick estava andando de um lado pro outro.

– Vai fazer um buraco no chão assim... – Cato tentou brincar, mas Finnick o olhou com raiva. – Foi mal! A coisa tá tão feia assim?

– Eles tão piorando, não dá mais pra esperar. – disse Finnick.

– Só tinham duas Finnick. - falei com a voz embargada.

– Você vai ter que escolher Katniss... – disse Finnick parecendo sentir a mesma coisa que eu.

– Eu não posso fazer isso. – tentei adiar isso, mas sabia que não dava.

– Sinto muito Katniss, mas você vai ter que escolher. – Finnick segurava uma de minhas mãos.

Olhei para Peeta e Annie que estavam deitados nos sacos de dormir, suando e tremendo. Me aproximei de Peeta e o beijei. Afastei meu rosto do seu molhado de suor, passei as mãos nos fios de cabelos que caia em seus olhos e demorei para responder, não queria escolher um deles.

– Katniss, a gente não pode esperar muito tempo. – Finnick me apressou.

– Sinto muito Peeta, mas... - falei começando a chorar.

– Katniss, ela é sua irmã, eu vou ficar bem. – falou Peeta com a voz fraca entre tosses.

Com um aperto no coração, entreguei a planta para Finnick e expliquei o que ele teria que fazer. Peeta falou que ia ficar bem, mas eu sabia que não ia, como Finnick disse, se não tivesse a planta, ele iria piorar cada vez mais até... Você sabe o que.

Sai dali o mais rápido que pude porque eu não queria ver Annie melhorar e Peeta piorar.

Voltei para os degraus e sentei perto da parede para encostar a cabeça e poder descansar.

Aquele dia estava sendo o pior, eu não queria aceitar que Peeta ia morrer, aquela ideia me apavorava.

– Me ajuda! – sussurrei para mim mesma, com a intenção de uma câmera estar me filmando naquele exato momento.

Fechei os olhos e respirei fundo. Depois de um tempão ali, senti uma coisa gelada em minhas pernas. Abri os olhos e peguei o objeto. Era um paraquedas prateado. Um paraquedas prateado! Levantei das escadas em um pulo e sai correndo em direção a Finnick.

– Finnick! Finnick! - sai correndo com o paraquedas na mão e um sorriso no rosto.

– Katni... – Finnick tentou começar a falar, mas interrompi.

– Olha! – estendi o paraquedas para ele.

– O que é? – perguntou ele confuso.

– Finnick! Você sabe o que é! – larguei o potinho em sua mão.

– Não... Não... – vi um sorriso começar a sair em seu rosto. - Como você conseguiu? – ele ficou feliz que nem eu e foi disparado na minha frente correndo até onde estava Peeta.

– Peeta, cara, conseguimos remédio pra você. – Finnick agachou ao lado de Peeta.

– Isso... É... Bom... – a voz de Peeta estava fraca e ele também, ele estava realmente mal e sua respiração bem devagar.

– Agora você vai melhorar. – sorri e sentei do outro lado dele segurando sua mão.

– Isso pode doer um pouquinho. – disse Finnick tirando uma pasta de dentro do paraquedas.

Finnick passou a pasta na panturrilha de Peeta que apertou minha mão e tentou segurar um grito de dor, mas não conseguiu. Pude sentir a dor de Peeta pelo aperto que ele deu em minha mão.

Depois, a dor pareceu ter aliviado e ele deu um sorriso que logo saiu de sua boca. Fiquei um tempo ao lado dele, segurando sua mão, até que ele soltou. Olhei para seu rosto apavorada. Peeta estava pálido e tinha parado de suar. Olhei para seu peito e o movimento de respiração não tinha mais. Aproximei minha cabeça de seu nariz e o ar quente que saia de lá tinha sumido. Nada, Peeta não fazia mais nada.



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Notas finais do capítulo

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