A Nightmare escrita por nsilvac


Capítulo 13
O Plano


Notas iniciais do capítulo

Outra fic com Myprerrogative: http://www.fanfiction.com.br/historia/249857/You_Got_Me



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Não sabia quanto tempo eu fiquei ali até ela encostar em mim. Ela passou a mão em meus cabelos e rosto.

– Quem é? – ela perguntou com a voz alta. Não respondi com a esperança de ela desistir. – Quem é? – ela perguntou gritando e me sacudindo.

– Katniss Everdeen. – eu disse com medo.

– Distrito 12? – ela me soltou.

– Sim. – disse enquanto sentia uma coisa gelada e pontuda no meu pescoço. Era uma faca.

– Me acompanha até a luz. – disse ela me puxando pelo braço pressionando mais forte a faca.

Desci as escadas da casa junto dela e acendemos as luzes. Só aí que pude ver como a casa era feia. Vi Peeta na ponta das escadas e fiz um gesto para ele se esconder.

– Você está sozinha aqui? – ela continuava com a faca em meu pescoço.

– Sim. - disse e ela tirou a faca. – O que você quer de mim? – senti minhas pernas começarem a tremer.

– Um acordo, talvez... – Cara de Raposa ainda me segurava pelos braços.

– Que acordo? – eu não conseguia mais ficar em pé.

– Você me dá o bonitinho do Distrito 1.

– Por que você quer ele? – perguntei e sabia que ela falava de Cato.

– Eu prometi a Clove que eu cuidaria dele e levaria ele de volta para casa. – ela apertava cada vez mais meu braço.

– Você era aliada dela? – falei com um fio de voz e comecei a suar de nervoso.

– O que isso importa agora? Ela está morta... Eu só estou cumprindo a minha promessa. – ela me empurrou e eu cai no chão.

– É só isso que você quer? – perguntei me arrastando para longe dela no chão úmido e me levantando.

– Sim, você me ajuda a procurar ele e...

– Eu estou com ele. – interrompi ela. Não era pra eu ter falado, mas quando me dei conta, as palavras já tinham saído. Eu e minha grande boca.

– Como é que é? – ela se aproximou de mim com raiva, muita raiva que pude sentir sua respiração quente no meu rosto.

– Eu estou com ele, só não disse antes porque eu estava com medo. – rebati.

– Você deveria estar com medo agora! – ela estava vermelha de tanta raiva. – Vá busca-lo para mim... AGORA! – ela gritou.

Não esperei nem um segundo a mais, quando vi, já estava de volta ao andar de cima da casa. Entrei no quarto onde estava Peeta e Cato.

– Faz o seguinte. Vocês precisam se reunir e sair daqui, agora, o mais rápido que puderem. – sussurrei para todos que já estavam juntos no mesmo quarto.

– Mas o que... – Peeta tentou falar.

– Não temos tempo. Eu vou entregar o Cato para ela e depois damos um jeito de mata-la e pegar ele de volta.

– Eu? – Cato perguntou confuso.

– Sim, você... Daremos um jeito de te pegar de volta, ela só que te proteger, nada de mais, segundo ela, é uma promessa que ela fez para a Clove.

– Eu não quero ir! – ela tentava sussurrar, mas nem isso saia de sua boca.

– É pro seu próprio bem, idiota. – Johanna disse sem paciência.

– Agora vocês têm que sair daqui enquanto eu levo ele para a Cara de Raposa. – disse apontando para a janela.

– Vamos sair daqui. Só que sem fazer barulho. – disse Gale.

– Você, vem comigo. – ajudei Cato a se levantar e paramos na porta do quarto.

– Até daqui a pouco. – disse Peeta tocando meu ombro.

– Eu encontro vocês. – abracei Peeta e apaguei todas as luzes do andar de cima.

Desci devagar com Cato apoiado em meus ombros até onde estava a ruiva que borbulhava de raiva.

– Por que a demora? – ela perguntou impaciente.

– Ele está machucado se você é cega. – eu que estava começando a ficar irritada.

– Cuidado com as palavras. – disse ela pegando Cato pelo braço machucado tirando um grito de dor dele.

– Cuidado com meu braço! – Cato disse com dor.

– Agora vamos. Vou deixar ele descansar, cuidar dele e espera-lo melhorar. – ela caminhava até a porta com Cato nos braços. – Eu vou voltar.

Ela tinha feito um acordo comigo, ela não iria quebra-lo, certo?

O que eu tinha que fazer naquele momento era encontrar os outros para procurar a Cara de Raposa e mata-la.

Voltei para o andar de cima da casa e olhei pela janela embaçada do frio que fazia lá fora. Esperei a Cara de Raposa sumir na neblina com Cato para poder sair daquele lugar nojento.

Já na rua silenciosa, o frio parecia estar cortando todas as partes do meu corpo, minhas bochechas estavam queimadas e eu nunca quis tanto um casaco na minha vida, nem a jaqueta térmica me esquentava naquela hora. Caminhei por muito tempo encolhida e sem armas. Fiquei um bom tempo me escondendo e andando para ninguém me encontrar. Eu estava sozinha e totalmente desarmada. O frio finalmente tomou conta de mim até eu não mais me aguentar em pé. Escolhi um dos prédios que estavam apagados para eu subir. Fui pelas escadas da frente, já que não sobravam muitas pessoas na arena. Eu estava em um hotel, e no último andar, estava o maior quarto. Me arrastei pelas escadas porque o elevador não funcionava. Então, cheguei no quarto. Tranquei a porta e me joguei num dos grandes sofás que tinha na sala. Estava tão cansada e com frio que nem escutar eu conseguia. Alguma das luzes estava acesa e eu vi a sombra de alguém no chão do corredor, mas eu não conseguia me mexer, estava acabada, literalmente. Uma pessoa se aproximou de mim, minha visão estava embaçada, eu não conseguia ver quem era. Senti um toque em minhas mãos, esquentando-as, só aí reconheci que era Peeta. Forcei um sorriso que mais pareceu uma careta. Finalmente alguém para me ajudar.

– Katniss, você está congelando. – Peeta falava enquanto esfregava suas mãos nas minhas.

– Eu sei. – sussurrei.

– E suas bochechas estão queimadas. Vem comigo. – ele me pegou no colo porque eu não conseguia mais andar e me levou pra uma das camas que tinham no quarto. Ele me deitou lá e colocou um cobertor grosso sobre mim.

– Aqui tá tão quentinho. – disse enquanto ele saia pela porta. – Aonde você vai?

– Chamar Annie. – ele sumiu.

Fiquei um tempo deitada naquela enorme cama esperando Annie.

– Você está péssima, irmãzinha. – disse Annie atravessando a porta.

– Não brinca. – tentei sorrir.

– Vai tomar banho e veste isso. – ela estendeu uma pilha de roupas. – Alguém da Capital que mandou.

Não pensei duas vezes. Annie me ajudou a ir até a porta do banheiro. Me tranquei no lá, tirei as roupas sujas e ensanguentadas e entrei debaixo do chuveiro. No banho, pude ver claramente todos os meus machucados, inclusive o que Gale havia feito em mim com uma flecha que ainda estava enfaixado. Tirei a faixa na minha perna para poder ver como estava o ferimento. Deixei a água bater em todo o meu corpo me deixando relaxada. Senti todos os meus músculos reclamarem, senti cada extremidade do meu corpo dolorido. A água que corria pelo chão estava vermelha. Soltei a trança de meus cabelos e massageei minha cabeça. Naquele momento, ali, debaixo do chuveiro, eu não me sentia na arena, parecia que eu estava em casa. Mas logo Annie me trouxe a realidade.

– Não demora aí Katniss! – disse ela batendo na porta.

– Já sai Annie. – fechei o chuveiro e me enrolei em uma toalha e enrolei outra em meu cabelo.

Peguei as roupas que Annie havia me dado em cima da pia e sai do quarto ainda na toalha. Fique um bom tempo sem falar nada. Coloquei a calcinha e o sutiã que estavam junto com as roupas. Tirei a toalha de meu cabelo, Annie veio até mim com uma outra faixa.

– Você vai precisar disso. – ela estendeu a faixa apontando para minha perna que sangrava um pouco.

– Obrigada. – disse enquanto olhava Annie enrolar a faixa na minha perna.

– Agora descansa um pouco que nós vamos ficar acordados. – disse Annie enquanto eu colocava as novas roupas.

– E o Finnick, como ele tá? – perguntei me sentando debaixo do edredom que estava estendido na cama.

– Está melhorando. – ela deu um sorriso.

– Hm, o que mais Annie... ? – disse e ela caminhou até a porta parando no vão.

– Eu te falo disso depois, agora descansa. – ela sorriu mais ainda.

– Chama o Peeta pra mim? – pisquei pra ela.

– O que mais Katniss? – ela me imitou. – Eu chamo. – ela saiu do quarto e eu escutei sua risada.

As roupas eram iguais as que eu usava antes, só que essas estavam limpas e cheirosas. Me senti melhor e com toda certeza, bem mais limpa.

– Me chamou? – ele apareceu encostado no vão da porta.

– Sim... – sorri. – Quero que você fique comigo aqui. – disse.

– Tudo bem. – ele atravessou o quarto até a cama em que eu estava sentada.

Me encostei na cabeceira da cama e em todos aqueles travesseiros. Sem exagerar, devia ter uns dez travesseiros me rodeando.

– Senta aqui. – bati na cama ao meu lado.

– Como você tá? – ele sentou ao meu lado me puxando para perto.

– Bem. – disse encostando em seu peito.

– Bem como? – ele massageava meus cabelos. Gostava quando ele fazia aquilo.

– Só bem. – estava tão aconchegada ali, que não queria mais levantar.

– Fazia tempo, não é? – ele disse.

– Tempo de que? – perguntei distraída.

– Que a gente não ficava assim. – ele sorriu. – Na tranquilidade, antes que você fale alguma coisa.

– Sim, fazia mesmo. – me aconcheguei mais em seu peito, podendo escutar todas as batidas de seu coração.

Fiquei ali escutando o barulho das batidas até adormecer. Eu estava realmente cansada, desde que entrei na arena, não pude descansar nem um pouco. Acordei minutos depois de adormecer e Peeta não estava mais do meu lado. Como não senti ele sair dali? Olhei para a beira da cama e ele estava sentado lá com os cotovelos nas coxas e as mãos na cabeça.

Engatinhei até ele na cama e parei atrás dele.

– Tá tudo bem? – perguntei abraçando as grandes costas dele.

– Sim... Só quero voltar para casa. – disse ele com a voz rouca.

– A gente vai sair daqui, eu te protejo e você me protege, lembra? – fiquei de joelhos na cama a centímetros dele.

– Lembro. – ele se virou e me encarou.

Me aproximei dele e passei as mãos em seus cabelos. Pela primeira vez desde que entramos na arena, vi Peeta sorrir. Fiquei um tempo olhando para ele até ele me beijar.

Senti uma coisa chacoalhar bem dentro de mim e eu só tinha sentido aquilo uma vez. Na noite antes de entrarmos pra arena, no quarto de Peeta.

Peeta me beijava ainda mais ferozmente que da outra vez. Senti o lençol da cama em minhas costas e vi que Peeta havia me deitado e estava em cima de mim apoiado em seus braços, para não ficar todo o seu peso sobre mim. Ele desceu os beijos até o meu pescoço e orelha.

– Opa, opa, opa! – a voz de Johanna veio da porta. Peeta olhou para a porta sem sair de cima de mim e sorriu abaixando a cabeça. – Não podem esperar, não?

– O que você quer? – Peeta perguntou olhando para ela que estava encostada no vão da porta.

– Vocês não podem esperar pra essas coisas? – ela riu.

– O que você quer? – eu perguntei, Peeta saiu de cima de mim e sentou na cama.

– Não é hora nem lugar de vocês reproduzirem! – ela gargalhava.

– O QUE VOCÊ QUER?! – Peeta perguntou sem paciência.

– Annie pediu pra eu avisar que nós vamos atrás do Cato! – eu me sentei na cama ao lado de Peeta. – Só se vocês quiserem ficar aí se amassando e reproduzindo... Eu não vejo problemas. – ela gargalhou mais alto ainda.

– Que engraçada! – Peeta fingiu sorrir. – Vamos rir com ela Katniss, é engraçado.

– Qual é! A culpa não é minha se vocês queria começar a fazer de porta aberta... Tenham privacidade pelo menos né... – ela colocou a mão na boca para segurar a gargalhada.

– Já acabou a graça. – levantei da cama puxando um dos grandes braços de Peeta. – Vamos.

Nos reunimos na sala do apartamento para planejarmos como iríamos pegar Cato de volta.

– Eu tenho tudo pronto. – Gale levantou do sofá.

– Como assim? – Annie perguntou sem entender nada como eu.

– Eu tenho um plano. – ele começou a caminhar de um lado para o outro na sala. – Eu distraio ela enquanto você ajuda ele a sair de lá. – Gale apontou para Peeta.

– Mas não é muito arriscado? – Finnick perguntou.

– Não, eu pensei em tudo, não tem como dar errado. – ele parou de costas para nós.

– Você tem certeza disso? – perguntei.

– Sim... Depois disso, será cada um por si, certo? – ele virou. – Porque são só dois vitoriosos.

O clima naquela sala ficou tenso e silencioso. Caiu a fixa de todo mundo que não seríamos aliados para sempre, que depois de pegarmos Cato, iríamos ter que nos matar até sobrarem só dois. Olhei para Peeta e pude ver que ele também estava com medo assim como eu e todos que estavam lá.

Nos preparamos para sair de lá. Armas prontas e mochilas arrumadas. Saímos do quarto e descemos do prédio.

Já na rua, que estava vazia, o frio continuava e minhas bochechas queimavam mais ainda.

Eu daria tudo, TUDO, pra voltar pro quarto do hotel, onde tudo estava tranquilo e quentinho. Onde estava com Peeta e tranquila, pois só com ele me sentia completamente segura.



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Notas finais do capítulo

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