As Quatro Casas De Hogwarts - Ano 2 escrita por Larissa M


Capítulo 9
Capítulo 9 - O Novo Apanhador


Notas iniciais do capítulo

Disclaimer: este capítulo trás acontecimentos previsíveis que pode deixar a história um tanto enfadonha, o que eu sinceramente espero que não seja a opinião de vocês =3



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Daniel e Ellen chegaram ao campo de Quadribol às pressas, correndo para chegarem na hora. Era 11:45, de acordo com o relógio de Daniel, era provável que Albus ainda nem tivesse começado os testes de apanhador, já que o amigo prometera deixá-lo por último.

Os dois amigos só cessaram os passos ligeiros quando chegaram à porta do vestiário. Ellen apressou Daniel para dentro, mas não sem antes o garoto perguntar:

– E a minha vassoura?! Ellen, eu deixei-a no dormitório!

Pensando rápido, Ellen se recordou do feitiço convocatório, o qual havia lido em algum lugar... Se pedisse à Albus, que estava no quarto ano, ele poderia realizá-lo.

– Relaxe, eu cuido disso. Ande, siga lá pra dentro; eu vou estar nas arquibancadas.

– Tudo bem. – Daniel confirmou, mas antes que a garota pudesse dar meia volta e seguir caminho, ele a puxou de encontro a si num outro abraço, repetindo as palavras de reconciliação. – Muito obrigado, El, não sei o que faria sem você.

Ellen retribuiu o abraço em silêncio, e depois virou as costas e seguiu caminho, com o rosto um tanto corado.

– Albus, Albus! – a garota ia chamando, ao chegar ao campo, se aproximando do amigo mais velho. Por sorte, ele estava com os pés firmes ao chão, mas parecia prestes a levantar voo novamente. Ao avistar Ellen, desceu da vassoura e atendeu a seu chamado:

– Ellen, o que foi? Onde está Daniel?

– No vestiário. – ela disse, com um sorriso.

– Stuart o liberou mais cedo?

– Não foi isso, é que... Deixe, eu explico mais tarde. Gostaria de te pedir mais um favor, Al. – o garoto assentiu, esperando ela falar. – Pode, bem, convocar a vassoura de Daniel até aqui? Usando aquele feitiço, Accio, você sabe do que estou falando.

– Sim, eu posso. Só me diga onde está... E devo acrescentar que vocês chegaram bem na hora. Estava para começar os testes de apanhador. Pode se juntar ao grupo, vai ser fácil achá-los...

Ellen assentiu efusivamente, e virou a cabeça para procurar pelos seus amigos nas arquibancadas. Não foi difícil achá-los, assim como Albus havia dito: cada qual com a roupa de uma cor – azul e bronze, verde e prata e amarelo e preto – sentavam-se Alice, Holy, Ryan e Nathan, respectivamente, num dos bancos mais altos.

Ellen subiu apressada até onde eles estavam, ignorando os muitos olhares atravessados que recebia tanto dos grifinórios que estavam fazendo o teste quanto dos que o estavam assistindo. Ela tinha certeza de que Albus já havia recebido reclamações, pois sempre havia alguém que era mais implicante quando se tratava de todas as outras casas assistindo aos testes.

– Ellen, Daniel está vindo? Diga que sim! – perguntou Ryan.

– Diga que vocês se reconciliaram; isso é o que importa. – comentou Nathan, olhando em expectativa para Ellen.

– Ambos! – ela exclamou, tomando o lugar ao lado de Alice. – Daniel está no vestiário; Albus trará sua vassoura... Quanto a nós, bem, acho que devo contar a história toda.

– Então conte! – pediu Alice.

Enquanto a ordem demorava a se estabelecer no campo abaixo, Ellen ia narrando os acontecimentos dos últimos minutos, desde sua ideia, seu encontro com Hunnigan até o desfecho no corredor. Os jogadores lá embaixo iam de um lado a outro, trocando dizeres com Albus, com os outros, complicando a função do capitão do time de estabelecer ordem e continuar com os treinos, especialmente tendo um feitiço nada fácil para realizar. Haviam acabado de descer do ar os últimos goleiros e artilheiros, e os apanhadores se preparavam no chão, indignados por terem sido deixados por último. Em meio tempo, nada de Daniel aparecer no campo.

– Eu não acredito no que está dizendo! – exclamou Ryan, boquiaberto.

– Hunnigan? – igualmente Nathan estava com dificuldades em acreditar. – Ora, mas que surpresa!

– Agradável surpresa, aliás. – completou Holy.

Eles continuaram dando seus palpites quanto aos motivos do professor, que no todo giravam em torno da rixa entre ele e Stuart. Era quase certo que Hunnigan fizera aquilo para prejudicar o outro professor, mais os amigos ainda tinham dificuldade em descobrir os reais motivos que Hunnigan tinha para fazê-lo. Ainda estavam completamente na sombra quando se tratava do passado dos dois.

– Mas gente, vocês estão aqui desde quando? – Ellen perguntou – Não podiam ter certeza de que Daniel viria!

– Estamos aqui desde o teste de Rose. – Ryan explicou. – Queríamos vê-la jogar, e queríamos ver meu irmão... - ao receber um olhar surpreso de Ellen, continuou - Sim, eu fiz as pazes com ele, depois eu conto os detalhes. Mas é verdade, não sabíamos se Daniel viria, mas esperávamos por ele.

– Quando você entrou correndo no campo, não soubemos o que pensar, mas esperávamos o melhor... – Nathan continuou com a explicação.

– Foi incrível o que você fez Ellen, me senti bem idiota depois disso. – Alice falou. – Nós ficamos aqui parados enquanto você estava percorrendo a escola, e do lado de Hunnigan...

– Foi sorte eu ter me encontrado com ele. Minha ideia inicial era bem besta, aliás. Por mais estranho que seja afirmar isso, devemos o teste de apanhador do Dan à Hunnigan.

– De fato. O professor ajudou muito, mas talvez pelas razões erradas, não se sabe. – concordou Holy. – Mas foi inteligente você ter se lembrado da regra.

Ellen agradeceu, mas logo o assunto do que ela havia feito não perdurou muito; logo os quatro ouvintes de Ellen viraram a sua atenção para o que Nathan tinha frisado como o mais importante: a reconciliação de Daniel e dela.

– Eu falei que você dois iriam voltar a se falar! – exclamou Holy, sorrindo.

– Claro, depois que Stuart falou mal de nós e da “querida sonserina” de Dan... Ai! – Ryan falou, recebendo uma forte pisada de Nathan. O rubor sempre voltava ao rosto de Ellen no momento em que ela ouvia o adjetivo.

– Ele não fez referência alguma a isso, não temos confirmação se foi verdadeiro ou não... – ela falou, virando o rosto em direção ao campo.

Alice segurou o riso, e entrou em defesa da amiga:

– É verdade. Olhem, os testes de apanhador estão iniciando, onde é que está Daniel?

Como se adivinhasse a pergunta da amiga, a tantos metros de distância, Daniel não tardou a aparecer no vão da porta do vestiário, trajando o uniforme rubro e dourado da grifinório, com os devidos apetrechos de apanhador. Ele acelerou o passo para se aproximar de Albus, que estava de pé quase no centro do campo, segurando sua vassoura e a de Dan, ao mesmo tempo em que aumentava o tom de voz para falar com os outros colegas no campo. Daniel se lembrou de sempre agradecer ao amigo mais velho depois que os testes estivessem encerrados.

Por todo o tempo em que estivera sentado na sala junto de Stuart, Daniel remoera suas escolhas passadas, tendo dificuldade em acreditar que perderia sua chance de entrar para o time, e que sua única chance de fazê-lo novamente seria no próximo ano. Entediava-se ao extremo preso na sala, mas seu remorso era pouco. Defendera seus amigos na crença de que estava fazendo o correto, e ainda tinha certeza de que fora o certo a fazer, embora tenha lhe custado caro. Poderia ter sido um tanto mais cuidadoso na hora, mas Daniel não conseguia se visualizar naquela situação sem que levantasse a voz com Stuart. O aparecimento repentino de Ellen e Hunnigan na sala surpreendera-o, e ainda pensava em como a garota conseguira fazer tal coisa. Todavia, as preocupações que percorriam sua mente no momento em que cruzava o campo, tentando achar seus amigos nas arquibancadas, não eram referentes ao professor. Agora que estava pisando na grama verde do campo, e logo após na areia macia, Daniel ansiava e temia a hora em que não mais sentiria o chão sob os seus pés, e que seu futuro dependeria de suas habilidades de apanhador. Arrependeu-se de não ter voltado ao campo nos dias passados, mas ao mesmo tempo sabia que não o fizera porque não estava com vontade de treinar. Quadribol lembrava-lhe muito Ellen, e treinar sem a garota parecia uma ideia incabível para ele.

Ele achou o grupo nas arquibancadas, e acenou em reconhecimento. Viu que Ellen já havia se juntado a eles, o que significaria que Albus possivelmente estava com sua vassoura. Chegando perto do capitão do time, Daniel o cumprimentou com a cabeça, e já foi logo expressando seus agradecimentos. Albus o interrompeu, dizendo:

– Sem mais, Daniel. – um sorriso despontou em seu rosto, pois estava um tanto aliviado em ver alguém tão dócil quanto Dan depois do caos que se formava dentre os outros jogadores. – Pegue sua vassoura e me mostre o que já sei que você é capaz. – chegando mais perto, Albus segredou a ele: - Sinceramente, estou louco para que você seja aprovado logo... o resto dos jogadores é tão competitivo e alguns um tanto agressivos... Além do mais, Ellen iria ficar desapontada se você não entrasse para o time. – Albus deu uma piscadela, devolveu a vassoura de Dan e se afastou pelo campo.

Na mente do garoto mais velho, estava meramente dando um pouco mais de força de vontade para Dan ao comentar aquilo, quando na realidade gerou no mais novo um pouco mais do que o esperado. Daniel ficou ainda mais nervoso do que antes; era o preferido de Albus, mas o amigo jurara que seria justo. E se realmente houvesse outro apanhador que fosse melhor do que ele? Poderia ser competitivo, poderia ser agressivo, mas se fosse melhor a posição dele seria inegável. Quanto aos pares de olhos castanhos sentados quase no lugar mais alto das arquibancadas, que por decerto não perderiam um movimento seu, apenas causaram mais desconforto em Dan. Ellen torcia por ele; e ele sabia disso.

Respirando fundo, Daniel caminhou para a orla do campo, e pacientemente esperou por sua vez. Lá em cima, o grupo continuava com a conversa, agora voltada para a atividade no campo:

– Nossa! Aquele apanhador é horrível...

– Acho que é falta de treino.

– Que falta de treino nada, é de habilidade mesmo!

– Coitado, quase caiu da vassoura nesse lance...

Os comentários se seguiam no mesmo tom, às vezes tendo pena dos apanhadores, às vezes falando mal dos mesmos, ou até admitindo que fossem realmente bons. No entanto, a maior parte, aos olhos de Ellen, não passou de razoável. A garota poderia ter nascido trouxa, mas certamente já adquirira conhecimento de certas técnicas, e sabia identificar um bom apanhador. Já que era a posição que tinha mais interesse, era a que mais conhecia.

Daniel foi um dos últimos a fazer o teste. Era também um dos mais novos ali. Apenas outro garoto do segundo ano viera fazer o teste também, e não fora nem razoavelmente bem aos olhos de Ellen, e do próprio Daniel. O garoto sentiu-se um tanto mais aliviado após ver os outros, mas ainda assim seu estômago revirou quando Albus chamou seu nome.

– Daniel Potter! – Albus subiu o tom de voz, pois já estava montado em sua vassoura, a metros de distância. – E Derek Moore!

Daniel montou em sua vassoura sem hesitar, alçando voo logo depois. Circundou o campo algumas vezes, a procura do pomo que recentemente havia sido solto por ali por Albus. O amigo mais velho sentava-se ereto em sua vassoura, ganhando altitude para poder ver os movimentos de Daniel com perfeição. Ele sorriu para Dan, encorajando-o.

Do outro lado do campo, Derek Moore, um garoto que aparentava ser anos mais velho do que Daniel, talvez um quintanista ou quartanista, imitou os gestos de seu oponente, e levantou voo também. Seus cabelos negros e espetados cintilavam à luz do sol, e esvoaçavam com o vento. Seu olhar era duro, e apesar de estar longe, Daniel via o quanto era encarado pelo oponente. Lamentou não ter visto qual era o tipo da vassoura do outro, mas deixaria para julgar seu desenvolvimento depois.

Respirando fundo e deixando o nervosismo para trás, Daniel acelerou a vassoura; seu olhar aguçado na caça do pomo de ouro.

Nas arquibancadas, Ellen, juntamente dos outros quatro, torcia a favor de Daniel. O olhar dela circundava todo o campo, na procura incessante de algum brilho dourado, de algum vulto colorido que batesse as asinhas velozmente, e fulgurasse a luz do sol. Agora os comentários cessaram; todos prendiam o olhar em Daniel, ou varriam o campo, sem saber bem o motivo, pois mesmo que achassem o pomo, cabia a Daniel vê-lo também, e capturá-lo em seguida.

Circundar o campo de novo e de novo não pareceu a Daniel a melhor das técnicas que ele já havia visto, porém, Moore não parecia estar se saindo muito melhor do que ele. No entanto, o olhar no rosto de Dan denunciava o quanto estava inseguro de si, ao passo que Derek mantinha o mesmo cenho franzido e olhar gélido toda a vez que Daniel passava veloz por ele. Não conseguira identificar o tipo da vassoura do outro, mas decerto era pior do que a sua própria.

Daniel olhou para as arquibancadas mais uma vez, encontrando o olhar de seus amigos. Uma das únicas que não estava encarando de volta era Ellen. Do contrário, a garota olhava fixamente para algum ponto do campo, ansiosamente. Chamou a atenção de Alice e falou algo para a garota, apontando logo em seguida. Sem nem hesitar, Daniel inclinou a vassoura na mesma direção, já sabendo o que o aguardava.

Daniel não acelerou tanto; ainda não queria que Derek descobrisse suas intenções. O outro garoto voava fora da vista de Dan, mas decerto não estava perto das balizas do lado oposto ao campo: o lugar onde Daniel vira Ellen apontar.

Todavia, no momento em que o novo apanhador visse o pomo, não hesitaria em acelerar o máximo que pudesse.

Das arquibancadas, a posição do pomo já correra de boca a boca, e todos olhavam em direção às balizas do lado direito do campo. Por vezes, alguém perdia-o de vista, para logo depois achá-lo. O pomo de ouro batia as asinhas freneticamente, subindo e descendo as balizas no seu característico ritmo, tendo sua posição denunciada por sua inconfundível cor, tão procurada pelos apanhadores.

Tudo o que os espectadores puderam ver foi um borrão vermelho e dourado partir quase em linha reta para alcançar seu objetivo. No centro do campo, mas incrivelmente no alto, Derek não tardou a ver o movimento brusco de seu oponente, e disparou em sua cola.

Daniel estava incrivelmente à frente, mas ainda não havia atingido seu objetivo. Seus amigos vibravam torcendo por ele, e temiam o momento – se é que esse viria a acontecer – em que Derek o alcançaria. Tão logo Daniel atingiu as balizas, curvou bruscamente a vassoura, disparando numa ávida perseguição, um vaivém pelo campo de incomparável interesse causado nos espectadores, ornamentado de voltas e viradas, de subidas aceleradas e descidas mais vagarosas, porém com todos os movimentos meticulosamente precisos. Derek Moore tentava copiá-lo, mas sua vassoura já ia um tanto ultrapassada, e sua desenvoltura não era comparável à de Daniel.

O desfecho da perseguição se fez na metade do campo, a vista de todos os espectadores, numa tão desejada e ansiada captura do pomo de ouro. Daniel não tirava os olhos da pequena bolinha dourada a sua frente, tão ligeira e quase imprevisível; entretanto a apenas centímetros de seus dedos. Daniel se permitiu um olhar fugaz para trás de si, apenas para ver que Derek seguia a metros atrás, ainda não desistindo de seu objetivo. Voltando seus olhos para frente, agora sorrindo, Daniel fechou sua mão ao redor do pomo de ouro.

– Eis nosso novo apanhador! – bradou Albus, ao assistir Daniel descer da vassoura, batendo palmas.

Daniel desceu da vassoura triunfante, como pomo bem seguro em sua mão. Estava aliviado e contente, logo iria saber do veredicto de Albus. Embora o garoto já o houvesse dito levianamente, Daniel gostaria de ouvi-lo oficialmente.

Os espectadores nas arquibancadas se mexiam, descendo as escadas num ritmo lento, a espera das palavras do capitão, e igualmente os jogadores lá embaixo no campo se mexiam, aproximando-se do centro, onde Albus havia pousado a vassoura.

Apontando a varinha para a própria garganta, o capitão da Grifinória murmurou:

Sonorus. – Albus continuou, agora falando para todo o campo. – Por favor, estejam atentos os jogadores os quais eu chamar o nome. Formaremos o novo time da Grifinória:

“Rose Weasley, Theodore Williams, e eu mesmo, como artilheiros. Kyle White e Mattew Cooper, como batedores. Daniel Potter, como apanhador. Sem mais; minha decisão do time está feita. Avisarei a data de nosso primeiro treino quando esta se aproximar a todos os componentes do time, e lhes peço dedicação sempre. Obrigado!”.

Os nomes chamados celebravam, cada um a seu modo. A animação pela nova posição ganha por Daniel no time só foi aplacada por certa surpresa ao ver que Albus havia escolhido Mattew como batedor. Todos, exceto Daniel e Ellen, em que a surpresa fora maior, haviam visto o treino do irmão de Ryan, enquanto este lhes contava as novidades. Souberam que ele havia ido bem, mas não estavam esperando a mesma aprovação da parte de Albus. O capitão do time não possuía um bom histórico como irmão de Ryan, mas a despeito disso, escolhera-o para entrar no time.

Daniel correu para se encontrar com os cinco amigos, mas não sem antes agradecer ao capitão. No caminho de volta ao vestiário, porém, esbarrou com Derek, e ouviu do garoto, ao passar por ele:

– Voou bem. – ao se virar para trás, deparou com os mesmo olhos negros, gélidos, que vira antes. O garoto lhe estendia a mão. Apertando-a, Daniel agradeceu. – Até o próximo ano, e espero que faça jus ao dia de hoje quando jogar.

No resto do caminho, Daniel ainda tinha dificuldades em acreditar que ele seria o próximo apanhador a jogar contra todos as casas de Hogwarts, e que poderia ser o responsável pela vitória ou pela derrota da Grifinória. Quando achou seus amigos, porém, parte disso foi esquecida.

– Daniel, você foi brilhante! – ele ouviu a voz de Ryan soar, assim que deixou o vestiário para trás.

– Obrigado. – ele agradeceu, abraçando o amigo. Os outros se sucederam quase no mesmo padrão. Exceto no caso de Ellen, em que o “obrigado” de Daniel valeu também por ela o ter livrado da detenção naquele dia.

– Obrigado. – ele repetiu mais uma vez, ao abraçá-la. Ela o compreendeu, mesmo sem Daniel dizer mais nada.

– Vamos andando, novo apanhador, Alice quer se encontrar com Erick. – Ellen falou, sorrindo.

– Sim, sim, ele deve estar na biblioteca. – ela concordou, tomando a dianteira pelos jardins. – E sei que eu sou um pouco suspeita pra dizer isso, mas não me meto mais em brigas por causa de Quadribol, e espero o mesmo de vocês.

– Sim, Alice, eu concordo. – falou Ryan. – Mas estou livre pra brigar o quanto quiser com meu irmão se ele deixar um balaço acertar o Dan, não é?



Longe dali, dentro das paredes de pedra do castelo, dois indivíduos travavam uma conversa, numa alternância incomum de tons de voz: hora um aumentava a voz, carregado de energia, repreendendo o outro, hora baixava a voz, soltando uma risada nervosa ou sarcástica logo depois. A diferença drástica com que tratavam um ao outro era inusitada se vista de fora; porém ambos a viam com familiaridade, e se compreendiam como ninguém, embora há muito deixaram a amizade para trás.

Tratava-se de Scott Stuart e Charles Hunnigan.

A silhueta altiva do último percorria o cômodo enregelado pelos ventos outonais, que entravam livremente pela janela aberta, gesticulando ao mesmo tempo em que falava um tanto serenamente se comparado aos tons usados por seu interlocutor:

– Scott, eu não mais me perturbo por suas acusações deveras infundadas.

– Infundadas? Então você está me dizendo – disse o outro, sua boca crispada num sorriso carregado de ceticismo; igualmente na sua voz. – que você ajudou aqueles dois puramente por ser seu dever como professor?

– Correto, Scott. – disse o outro, ignorando o sorriso cético e mantendo o tom calmo. – Não há nada nisso que diz respeito a você, a não ser o erro cometido...

Scott riu. Sua risada ecoou pela sala, alta e característica, mas não causada pelo divertimento de seu dono.

– Então está certo, Hunnigan, você nem quer queimar minha imagem nem nada do tipo, não é?

– Não, não quero. Devo admitir que a possibilidade seja um tanto tentadora, mas não foi essa a minha intenção.

Sob o olhar continuamente cético de Scott, ele continuou:

– Foi um gesto puramente profissional. Mas na verdade, sim, eu tinha segundas intenções.

Stuart sorriu de um modo superior, que dizia que já sabia ler o outro.

– Estava pensando em relembrar você dessa regra em questão. Sabe que foi você mesmo que causou o transtorno para criá-la.

Numa bela evasiva, Stuart emendou, muito satisfeito por ter feito o outro admitir:

– Charles, isso fica para os dois uísques, está lembrado? Aí poderemos dissecar o assunto que tanto o atormenta.

Foi a vez de Hunnigan de ficar numa má posição.

– Soube que há um passeio para Hogsmeade logo no início de Novembro.

– Está marcado.

Com um amplo gesto, Stuart indicou a saída de seu escritório para Hunnigan.



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Notas finais do capítulo

Então, reviews? Prometo que o final de Outubro não tarda a chegar...



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