As Quatro Casas De Hogwarts - Ano 2 escrita por Larissa M


Capítulo 10
Capítulo 10 - Rumores de uma Casa a Outra


Notas iniciais do capítulo

ahhhhhh, eu não acredito que fiz 4000 palavras de novo! T.T
Eu não tenho jeito... Me inspirei e bang! De 700 miseras palavras foi pra 4100. Tá, não foi assim. De qq jeito, aproveitem-nas de novo!



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O tempo é algo que, quando se está envolto em problemas e preocupações, quando se está chateado, entediado ou ansiando algo, passa devagar, como que torturando aquele que não se sente bem. Os minutos se arrastam, as horas são contadas, os dias, passados com alívio. No entanto, o traiçoeiro tempo nos dá a impressão de correr apressado, voar mesmo, quando a pessoa se sente bem. E quando partilha essas emoções com seus iguais? Nem se fale! Faz o tempo acelerar ainda mais, e de tão felizes que estão esses indivíduos não percebem sua passagem.

A única coisa que poderia contar como fator que atrapalhasse a harmonia em que os seis estavam vivendo poderia ser o fato de que faziam parte de casas diferentes. O prazer de alguns grifinórios ao voltar para a Sala Comunal no final de dia é partilhar alguns momentos com seus amigos, na aconchegante atmosfera ao redor do local. Idem os alunos das outras três casas, em seus respectivos lugares.

Todavia, este não era o caso dos seis.

Para Ryan havia a companhia de Nathan. Para Alice; Erick e os amigos dele, que acabaram por se acostumar com a presença dela. Para Ellen, Holy, ou mesmo Aaron. Para Daniel, havia seus companheiros de quarto, mas nestes não via a mesma segurança e confiança que via presente nos outros.

Restava-lhe a plenitude de sua Sala Comunal, a escrever cartas, não muito perto do time de Quadribol que agora fazia parte, que se sentava junto, tendo acabado de sair de uma discussão de técnicas de jogo, mas também não tão longe dos seus colegas de quarto.

Os rumores da conversa de Hunnigan com Erick, na boca das outras casas conhecido como “o capitão da Corvinal” passara dele, para os seus amigos, incluindo os seis, para o seu time, e depois, assim como a maior parte dos assuntos em Hogwarts, para as quatro casas do castelo. Naquela noite em questão, chegava aos ouvidos de Daniel, nas conversas em que entreouvia enquanto escrevia sua carta:

- Com nosso novo time, não há como a Sonserina ganhar esse ano! – Sean, o amigo que se sentara ao lado de Daniel naquele dia fatídico, comentou animado. Dos cincos garotos do dormitório, três eram mestiços e os outros dois puros-sangues, fazendo com que o assunto de Quadribol – fosse da escola, fosse dos times oficiais – regularmente aparecesse na conversa deles.

Daniel levantou os olhos de seu pergaminho, a fim de agradecer os elogios que vieram de todos, e se estenderam para os outros membros do time. Prometeu que daria o máximo de si. No entanto, o assunto continuou:

- Mas eu ouvi rumores que o time da Corvinal ganhou vassouras novíssimas! – disse outro.

- Não é possível! Quem as daria? – perguntou Sean.

- O próprio Hunnigan. – Foi Daniel quem respondeu. Não pudera deixar de ouvir a conversas dos garotos, e já perdera o interesse na escrita.

- Como é que você tem certeza? – perguntou o mais cético deles, um puro-sangue, que passou a não simpatizar com Daniel a partir do momento que soube com quem andava. Assim que Daniel soube das razões da antipatia do outro, passara a agir do mesmo modo, mas sem dar tanta importância.

- Eu ouvi de Erick Lavoisier.

- Ah, me esqueci que você anda com eles. – o garoto, que se chamava Paul, deu uma ênfase negativa à palavra.

- Algum problema? – Daniel perguntou, sereno.

- Cuidado, lembre-se do que ele falou pra Stuart. – outro dos meninos, só para provocar a situação entre os dois, falou para Paul.

- Não, ele não vale o esforço. – Daniel respondeu para o mesmo que se pronunciara, causando risos em todos. Era exatamente por aquela razão que não se deixava ficar tão íntimo de todos: estavam sempre num clima propenso a brincadeiras, quando nem sempre o humor de Dan estava no mesmo patamar. – Mas é verdade; todos eles ganharam Thunderbolts.

Como se o fato não o perturbasse, Daniel tornou a olhar para sua carta, molhando a pena no tinteiro. Alguns dos garotos olhavam boquiabertos, mas Sean reafirmou o que Dan dissera:

- Isso mesmo, Thunderbolts. Foi o que ouvi. Mas não sabia que Hunnigan ao menos se interessava por Quadribol.

- Não dá pra entender aquele professor... – falou Daniel, suspirando. Agora erguia a carta em busca de luz o suficiente para lê-la. Logo no dia seguinte poderia enviá-la para seus pais, usando Ícaro mesmo.

- Hunnigan? Mas é claro que Hunnigan se interessa por Quadribol! – comentou Kyle, um dos jogadores do time, batedor, e quartanista, com um arrogante tom de voz, entrando no assunto.

- E porque isso seria tão óbvio assim, Kyle? – perguntou Paul, num tom que desafiava a arrogância do outro. Os dois pareciam se entender, a despeito da personalidade forte presente em ambos. Daniel já vira os dois conversando antes.

- Se não fosse um dos melhores jogadores em Hogwarts do seu tempo até poderia justificar a surpresa de vocês que ele esteja tão empenhado em fazer a Corvinal ganhar a Copa de Quadribol.

- O quê? – perguntou Daniel, surpreso. Agora ele largara a carta de lado, completamente interessado. – Hunnigan jogava Quadribol?

Kyle riu do espanto de Daniel. Sua arrogância estava cada vez mais irritante ao garoto. Kyle agia com imprudência, e já não era a primeira vez que dava nos nervos de algum aluno da Grifinória, quiçá de outra casa, se ele se dignasse a dirigir uma palavra a outrem. Não era uma boa figura de se ter por perto, e fora um dos principais alunos que fazia parte da massa que olhava de nariz empinado para Daniel e os amigos. Àquela altura, já deviam estar se acostumando, mas alguns grupos de bruxos, especialmente puros-sangues, ainda eram presos à antiga crença que fez Salazar Sonserina fundar a Câmara Secreta.

- E se jogava! Infelizmente virou professor da Corvinal. Se fosse da Grifinória era você que estaria montando numa Thunderbolt, Potter.

- Ele não precisa; já tem uma das melhores vassouras do mercado. – Rose o defendeu, sentada do lado Dan, e partilhando a mesa que o garoto usava para escrever a carta. Kyle também se sentava ali.

- Mas espere... Hunnigan era um bom jogador de Quadribol? Eu nunca imaginei...

- É realmente algo difícil de imaginar. – comentou Sean. Estranhava tanto saber que Hunnigan jogava quanto Dan.

- Espera, você não sabia disso, Potter? – entrando na conversa, Derek Moore, que estivera sentado próximo do time e de Kyle desde que o assunto de técnicas surgira, disse. Até então se mantivera calado e absorto num livro, mas pelo visto o assunto despertara seu interesse mais do que as páginas amareladas. – A maior parte dos alunos de Hogwarts já sabe o porquê ele é tão obcecado por ganhar.

Daniel ergueu uma sobrancelha, claramente mostrando que ele não fazia parte dessa maioria.

- O que Derek quer dizer, Dan, - respondeu Rose - é que, segundo rumores, Hunnigan era um dos melhores jogadores da Corvinal, e pensava até em se profissionalizar, se não fosse um acidente que ele sofreu no último ano.

- Eu não fazia ideia de nada disso. – o garoto respondeu de cenho franzido. Aquilo era algo o que pensar.

- Mas são rumores, não a verdade. – Rose avisou, a lançou um olhar a Daniel que o fez lembrar-se da promessa do ano passado.

- Eu acho que seja verdade. – respondeu Kyle. – Hunnigan parece o tipo de babaca que cai da vassoura.

- Só espero que você não seja do mesmo tipo, Kyle. – comentou Rose, com um falso sorriso. – Porque babaca você já é.

Os membros do time, em especial Dan, riram da piada de Rose. A garota sabia que não era bom fazer inimizades, mas tinha lá suas razões para antipatizar com Kyle. Na verdade, eram quase todos ali que sentiam o mesmo por ele.

- É, o que não precisamos é que um batedor caia na frente da Sonserina no próximo jogo. – comentou Mattew, rindo um pouco de Kyle. O garoto se mantivera reservado a noite toda, e vez ou outra flagrava o olhar de Daniel, atento aos movimentos dele. Mattew costumava se encaixar no perfil de Kyle, mas agora era deveras mais pensativo, e sentia saudades de Rachel. Ele, assim como Rose, estava empenhado em terminar seu dever de Transfiguração.

- Não vá fazer vexame logo na frente da Sonserina, Kyle. – disse Derek, porém seu olhar estava fixo em Dan, com um sorriso de escárnio no rosto. Daniel imaginou se aquele olhar não significava que o mesmo valia para ele, em especial por causa de Ellen.

- Não vou. – o garoto resmungou, e logo se virou para Daniel. – Mas já que você anda com aquele capitão da Corvinal, não quer adiantar um pouco o serviço para nós, e buscar uma técnica ou outro que eles irão usar?

- Erick nem sequer começou os treinos ainda.

- Aí já está uma boa informação. – Kyle comentou. – É Potter, você até que pode ser útil nesse quesito. – a pausa de Kyle o fez imaginar se aquilo não era uma ofensa, mas o garoto continuou – sem contar que já é apanhador.

- Eu não vou mentir para Erick em busca de informações do time da Corvinal! Não somos trapaceiros.

- O garoto está certo. – Theodore, o outro artilheiro, falou, quebrando o seu silêncio. Daniel logo de cara viu que reservado, mas correto.

- Isso, Kyle, deixe as trapaças para a Sonserina. – disse Derek, mais uma vez voltando seu olhar para Daniel. – Tome cuidado com sua amiguinha, Daniel. Soube que ela quer entrar para o time da Sonserina. – ele acrescentou, aos sussurros fingidos, fazendo-se audível para quem estava ao redor da mesa.

- Tome cuidado com sua arrogância. – Daniel respondeu, também sussurrando. – Ela pode ser mais trapaceira do que Kyle, e, infelizmente para alguns, ela não está presente no time da Grifinória.

Daniel arrancou risadas de alguns, e isso fez com que Derek sorrisse. O que mais perturbava o garoto quando ele subiu as escadas horas mais tarde foi que ele não conseguia decifrar o que estava por trás daquela expressão.

- Ellen, você não acha que Erick anda meio ansioso ultimamente? – Alice perguntou para a garota, sinceramente preocupada com o amigo, ao vê-lo se afastar às pressas para a sua próxima aula. Já haviam se passado algumas semanas desde os testes de Dan, e mais algumas semanas do corre-corre de sempre entre aulas, Salão Principal, campo de Quadribol e corredores da escola. No presente momento, Alice desfrutava junto da companhia de Ellen um dos raros momentos vagos, tanto da Corvinal, quanto da Sonserina. O horário aquele ano parecia convenientemente mais propenso para eles se encontrarem.

As duas estavam a caminho dos jardins, pensando se seria uma boa ideia fazer uma visita para Hagrid.

- Não notei, Alice. – respondeu Ellen. – De fato ele parece menos tranquilo, mas talvez sejam os jogos se aproximando, ou quem sabe a pressão de todas as matérias que ele tem.

Erick entrara para o terceiro ano, a houvera para ele o acréscimo de algumas matérias, como Adivinhação, Trato das Criaturas Mágicas, entre outros.

- Verdade, pode ser isso. Mas eu não senti uma ansiedade negativa. Parece que ele está esperando por uma data boa, e me incomoda saber que eu não me recordo de nenhuma.

Ellen se pôs a pensar. Não passou por sua cabeça nenhum aniversário, data comemorativa nem nada igual que Erick pudesse estar esperando.

- Ele está quase literalmente contando os dias. – Alice continuou preocupada.

- Hm, eu diria o Baile Anual de Inverno, que acontece em Novembro, mas só os alunos a partir do quarto ano que podem ir.

- Ah, nem me lembre, quando chegar o nosso quarto ano vai começar todo aquele rebuliço de pares. Já basta ouvir isso infectando cada garota da Corvinal acima do quarto ano.

- Sinceramente, você está preocupada com isso? – Ellen perguntou, mas concordou que ela ouvia esse assunto algumas vezes das sonserinas. – Eu estou mais é ansiosa para poder ir nesse Baile.

- Viu só, você está ansiosa. – Alice falou num tom acusatório.

As meninas fizeram uma curva, chegando do lado de fora do castelo, nos jardins. Ao invés de tomar o caminho da cabana de Hagrid elas continuaram no caminho tortuoso para o lago, num entendimento mútuo sem palavras.

- Sim, mas não como Erick. Não é algo para contar os dias. São dois anos ainda até lá e é só uma noite, não pode ser um dia tão maravilhoso assim.

- Nunca se sabe, depende de quem te levar. – Alice olhou sorrindo para Ellen.

- Está vendo, eu disse que você só pensa em garotos! – Ellen retrucou, às gargalhadas, acompanhada de Alice.

- Você sabe que isso é mentira, eu nunca quis insinuar nada. – o sarcasmo estava presente na voz de Alice, mas quase imperceptível.

- Voltando ao assunto da ansiedade preocupante de Erick... – Ellen falou, desconversando, enquanto escolhia um bom lugar à sombra de uma árvore. – Eu acho que sei o que pode ser.

- O quê? – Alice perguntou curiosa, sentando-se ao lado de Ellen na grama.

- Hogsmeade. A primeira viagem acontece na última semana de Outubro. Os alunos do terceiro ano podem ir, pela primeira vez.

- Ah, não! – Alice lamentou. – Isso explicaria. Ele está ansioso para ir, mas ele não quer partilhar comigo porque eu não posso ir.

- Foi isso o que eu pensei.

- Mas que bobeira. – Alice sentenciou, agitando a cabeça em reprovação. – Eu não vou me importar com isso. Quero que ele vá; ele merece.

- Então vamos comentar a viagem da próxima vez... Ei, aquele é Ryan? – Ellen se interrompeu para perguntar, pois avistara um vulto correndo de encontro a elas.

- Só pode ser... Olhe o jeito desengonçado que ele anda. – observou Alice.

- Meninas! Achei vocês! – Ryan falou, parando de andar e deixando-se cair na grama ao lado delas. – Sabia que estariam por aqui. Segunda opção depois da biblioteca.

- Argh, não me fale de livros. – disse Ellen, tombando sua cabeça para trás, no tronco da árvore.

- Ela está bem? – Ryan sussurrou para Alice.

- Depois de uns dias tendo que enfiar o nariz nos livros pra poder fazer as toneladas de deveres de Stuart nem eu quero ver uma biblioteca, Ryan. – ela justificou a amiga.

- Ah, sim, compreendo. Ele está pegando pesado ultimamente.

Alice concordou com a cabeça.

- Onde está Nate?

- Atrás de Elliot. – Ryan respondeu, revirando os olhos. – Terceira vez numa semana que ele perde o paradeiro daquele gato. Ainda bem que meu gatinho não faz o mesmo, só fica dormindo no dormitório, aquele preguiçoso... Mas é não para falar de gatos que vim aqui. Eu venho contar as novas que estão rodando pela boca de todo mundo pela escola, e diz respeito a Hunnigan.

Alice abriu a boca para repreender Ryan por ser fofoqueiro, mas ele a interrompeu antes:

- Não me julgue, eu não tenho culpa de ter um companheiro de quarto que fala pelos cotovelos a noite toda! Sinceramente, isso me irrita. Mas ele pode ser uma fonte de boas informações vez ou outro. Por exemplo, soube que tem um passeio para Hogsmeade no final de Outubro; que o apanhador dos Chudley Cannons vai estar em Hogsmeade, esse eu gostei de saber; que Daniel vem arrumando confusão com uns metidinhos da Grifinória; que o seu amiguinho, Ellen, o loirinho, é um solitário quase sem amigos e que – esse último é um tanto desnecessário comentar, em minha opinião – Stuart tem uma queda por bebidas com alto teor alcoólico.

Alice e Ellen arregalaram os olhos com a quantidade de informações que Ryan havia liberado. O garoto as listara sem cessar, mas sem dar ênfase em nenhuma. A de maior importância estivera guardando para o final:

- Mas parece que o nosso professor querido de Transfiguração vai ao Três Vassouras com... Querem adivinhar? Isso mesmo, o nosso também querido e exagerado nos deveres professor de Feitiços, “ex-BFF” de Hunnigan, no primeiro passeio a Hogsmeade. – e depois acrescentou. – Nossa, eu me senti tão frívolo agora contando todas essas coisas que fiquei com repulsa de mim mesmo.

Ellen e Alice levaram algum tempo processando as informações.

- Que coincidência, estávamos justamente falando de Hogsmeade. – disse Ellen, por fim.

- O passeio que não podemos ir. – Ryan comentou, chateado.

- Mas Erick pode.

- Oh, vocês não estão querendo espionar os dois professores, não é?

- Não era isso que eu estava sugerindo, e concordo que realmente seria muita bisbilhotice de nossa parte fazer isso. – falou Alice. – Mas como assim, os dois professores vão... Juntos?

- Isso mesmo. – Ryan confirmou. – Foi o que ouvi. Vocês tem que concordar que é algo realmente curioso.

- Sim, é, mas não justifica um pedido para Erick ficar observando os dois...

- Ele podia só estar convenientemente na mesma hora no Três Vassouras. – Ryan falou. – Mas, não é aí que queria chegar.

Ryan deu um sorriso misterioso.

- Eu não gostei desse sorriso. – disse Alice.

- Ryan, o que você está planejando? – Ellen perguntou, pois tivera a mesma sensação que Alice.

- Ellen, querida, me desculpe, mas você não tem moral nenhuma pra falar do que eu vou sugerir agora, porque era você quem estava jogando xadrez no dormitório da Grifinória no ano passado.

Ellen indignou-se, mas Ryan continuou inalterado:

- Nós poderíamos ir para Hogsmeade nós mesmos.

No mesmo tom que Ryan usara, Ellen respondeu:

- Ryan, querido, eu posso não ter moral alguma, mas eu tenho razão. Isso é loucura e a chance de nós sermos pegos altíssima. Sem contar no modo como faremos isso.

- Capa da Invisibilidade de Albus. – ele respondeu.

- Você ainda sugere que nós roubemos a Capa?! – Alice perguntou, concordando com Ellen. – Porque não é Albus que vai emprestá-la. Eu nem sabia que isso estava com ele.

- Bem, o pai dele é Harry Potter. É de se esperar que ele carregue uma relíquia dessas. Literalmente relíquia.

- Não, Ryan, isso é loucura. Não há motivos o bastante para que nós nos arrisquemos em Hogsmeade debaixo duma Capa de Invisibilidade que não vai ser cedida com facilidade para espionar os dois professores, e com certeza, porque sei que você vai querer isso, nos divertir pelas lojas.

Ryan fechou a cara, desanimado.

- Querido, não quero ver você pegando inúmeras detenções, se é que o diretor vai ser bonzinho a esse ponto. – Ellen falou docemente. – E quando descobrir que seu neto é cúmplice, então? Vai surtar.

- Eu concordo com Ellen, Ryan, não acho que seja uma boa ideia. Também não quero te ver expulso de Hogwarts no segundo ano.

- Eu realmente gostaria de ver o apanhador dos Cannons.

- Eu peço para Erick dar uma de fã maluco que você é e perturbá-lo até que consiga um autógrafo! – falou Alice, num tom animador.

- Tudo bem... Será que ele pode levar a câmera de Nate e tirar fotos também?

- Não faz o feitio de Erick ficar pagando pau pra um jogador, mas eu posso pedir. – ela respondeu, rindo da idolatria do amigo.

- Tudo bem, você me convenceram. Não vou tentar loucuras porque vocês foram muito fofas dizendo que se importam o bastante e sentiriam minha falta se eu fosse expulso.

- Bem, eu não falei exatamente isso... – falou Ellen, num tom de brincadeira. – Mas, eu realmente sentiria falta dessas suas ideias loucas e da sua cara de pau.

- Eu não sentiria falta da cara de pau, sinceramente.

- Ai, essa doeu. – disse Ryan, deitando a cabeça no colo de Alice. – Mas eu sei que você me ama.

- Aham, continue se iludindo. – ela falou, entre risadas.

A muitos andares acima do castelo, uma figura pálida observava o lago negro, de cotovelos apoiados na borda de uma das janelas do corredor. Estivera de prontidão do lado de fora de uma sala de aula fazia cinco minutos, esperando o término da aula, e um dos alunos que nela estava.

Mattew Cooper ajeitou seus cachos loiros, que lhe caiam por sobre seu olho. Precisava de um corte de cabelo. Bocejando, ele viu lá embaixo na borda do lago três alunos conversando e rindo. Sorriu, satisfeito por saber que lá embaixo estava seu irmão, com seu inconfundível cabelo cor de palha, iguaizinhos aos dele próprio.

Foi com alívio que Mattew ouviu o burburinho dos alunos se mexendo dentro da sala, prontos para sair. Ele se virou e encostou onde antes estava apoiado, observando enquanto cada aluno da Grifinória do segundo ano saía de lá sozinho, em duplas ou grupos maiores, satisfeitos por estarem livre por hora.

Quando avistou Daniel, que por sorte estava sozinho, Mattew não hesitou em sair em seu encalço.

- Você não vai querer fazer inimizades, Potter. – Mattew falou assim que chegou logo atrás do garoto. – Não com Derek e Kyle.

Se virando, Daniel identificou Mattew, para seu alívio. Se assustara com o jeito furtivo com que o garoto se aproximara.

- Eu não os quero como inimigos. – ele respondeu, olhando de cima a baixo o irmão de Ryan, desconfiado.

- Foi Albus que me mandou vir falar com você, mas já estava pensando em deixar isso avisado.

- Ah, bem, obrigado. Não vou fazer inimigos.

- Você afirma isso e no próximo momento não consegue segurar a língua na primeira oportunidade que tem. Me diga, há algum prazer em responder os outros?

- Me responde você, já que parece ter tanta prática. – Daniel falou, ácido.

- Viu só, você não consegue se segurar. – Mattew balançou a cabeça num gesto de desapontamento. – Te provoquei de propósito, pois queria ver sua reação. Albus acha que seu temperamento compulsivo pode causar problemas para o time.

- Só não me jogue um balaço como castigo se Kyle se enfurecer comigo. – Daniel falou sarcástico. – Eu vou tentar parar, prometo. Mas todos o acham um babaca, até Rose falou isso ontem.

- Sim, mas ela é Rose Weasley, queira você ou não, ela tem moral. – Mattew justificou as atitudes de Rose na noite passada. – Derek e Kyle: eles vão mexer com você o quanto puderem. Eu os conheço. Sabe, não são netos dos bruxos mais renomados do mundo.

- São filhos de quem?

- Pense um pouco. – respondeu Mattew. – Derek Moore. Kyle White.

Dizendo isso, Mattew acelerou no corredor, deixando Daniel para trás, enquanto acenava de costas.

O caminho que Mattew seguiu divergiu completamente do de Daniel. O mais novo foi procurar os amigos, descendo as escadas, enquanto o mais velho seguia o caminho para o Salão Comunal da Grifinória. O último tempo de aula já havia terminado (era o que Daniel acabara de ter) e ele procurava descansar um pouco na paz da sala antes do jantar. Ficava tremendamente vazia àquela hora, e era perfeito para Mattew se sentar no seu lugar preferido e ler. Sabia que Rachel deveria estar nos treinos da Lufa-Lufa; ela o avisara naquele mesmo dia.

No entanto, o garoto ainda estava no sexto andar quando foi interrompido por um piado alto, agudo, de uma coruja do outro lado de uma janela. Quando Mattew parou para procurar a origem do barulho, encontrou Marni, voando em círculos do lado de fora, carregando uma pesada carta. Matt acudiu a corujinha, mas logo a mandou embora. Não conseguia se lembrar de seu nome, e ela parecia ansiosa em voltar para o Corujal.

Olhando no verso da carta, ele viu escrito:

Robert e Allyson Cooper...

Logo após, estava o endereço de sua casa, e um papelzinho branco, atado ao envelope. Dentro, lia-se:

À Mattew apenas. Não a mostre a Ryan. Você verá o porquê.

Mattew rasgou o envelope logo em seguida, e se pôs a ler a carta logo ali no corredor.

Finda sua leitura, se sobressaltou com a brevidade da carta. Tinha apenas alguns parágrafos, falando o quanto os pais lamentavam estar nessa situação com os filhos. Depois, lia-se:

Mattew, esteja às três horas da tarde no Três Vassouras, na primeira visita a Hogsmeade, pois estaremos lá. Queremos falar com você pessoalmente. É lamentável que Ryan ainda esteja no segundo ano, pois então seria contra as regras ele visitar o povoado. Por esta razão, pedimos que mantenha sigilo sobre esta carta. Não queremos deixá-lo pensando que foi esquecido, ou algo parecido.

Com amor,

Allyson e Robert.

Mattew espantou o pedido. Não estava esperando tal coisa de seus pais, nem uma resposta tão rápida. Na verdade, já faziam algumas semanas, mas Mattew nem vira o tempo passar. Estivera planejando muito bem um passeio com Rachel pelo povoado, mas agora teria que ajustar os horários de modo que pudesse encontrar com seus pais. Mattew recomeçou a caminhada pelo corredor, ainda olhando para a carta. Sua sorte era que Rachel era compreensiva. No entanto, uma dúvida ainda o corroia. Contaria ou não a Ryan? Atenderia ou não o pedido de seus pais? O que Mattew não sabia era o quanto aquela decisão poderia acarretar sérias consequências.


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Notas finais do capítulo

Hogsmeade trip, WHY U NO COME SOONER? eu sei, tá todo mundo mil vezes mais ansioso pra isso agora. Mas eu prometo que demora um cap ou dois, mas eu faço! Reviews?



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