As Quatro Casas De Hogwarts - Ano 2 escrita por Larissa M


Capítulo 8
Capítulo 8 - Sábado às Onze.


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo ficou MUITO grande. Mas ainda assim não foi o maior que eu já escrevi. Caaara, eu simplesmente precisava de todas essas 4413 palavras pra descrever tudo o que aconteceu. Mas geralmente me dizem que quanto maior melhor, então...



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Daniel continuava a andar pelo corredor fervilhando de raiva, mas calado, retendo-a para si mesmo somente. Fora inconsequente em cada momento que rebatera com uma resposta que, embora fosse verdade, não era o que o momento pedia. Não soubera ficar quieto, mesmo que sua causa fosse nobre, e o professor, errado, e isso lhe custara um tanto caro.

Agora Sábado às onze horas Daniel não estaria mais no campo de Quadribol.

Assim a raiva cessou um pouco no garoto, e este retomou o raciocínio e as duras memórias de poucos minutos atrás, percebeu de repente o tamanho problema que havia causado para si mesmo, sem contar em desapontar Albus, e talvez Ellen...

A reação instantânea em Dan foi virar para a direção contrária de onde estava seguindo as cegas pelo corredor, e marchar diretamente para o local de onde se afastara as pressas apenas momentos atrás. A aula estava quase no fim; não tardaria para que os alunos invadissem o corredor para seguirem para a próxima aula. Daniel teria de ser rápido se quisesse evitar o fluxo sempre inconveniente de alunos, e ainda assim chegar a sua próxima aula.

O caminho era mais longo do que achava. Ele aumentara o ritmo e ferocidade de seus passos à medida que se afastava da sala, e refez o caminho com tanta energia quanto antes. Chegou pontualmente: os alunos saiam das salas aos poucos. Em meio a todos de sua turma, Daniel viu o olhar um tanto assustado que Sean lhe lançara ao passar por ele, porém meramente o ignorou; falaria com Sean depois.

- Professor Stuart. – Daniel chamou-o ao entrar na sala de aula quase totalmente vazia.

- Ah, Sr. Potter, resolveu retornar.

Daniel sabia que estava errado, e que o direito de mudar o horário estava muito longe do que podia fazer e muito longe do professor considerar sua palavra. Mas ele também sabia o quanto o professor se importava com Quadribol.

- Professor, não sei se é de seu conhecimento, mas o treino da Grifinória será no sábado... Às onze.

- Ah, sim, não estava sabendo disso. – o professor falou, realmente sendo franco. – Obrigado por me avisar. Mas, oh, coincide com sua detenção, não é mesmo?

- Sim. – Daniel falou, com uma educação puramente superficial. – O senhor poderia fazer a gentileza de transferir a detenção? Eu gostaria de fazer o teste, e o senhor como sendo professor da Grifinória e tendo jogado Quadribol deveria entender meu ponto de vista...

- Ah, sim, compreendo. – respondeu Stuart. Por um momento, Daniel se sentiu aliviado, acreditando que conseguira se livrar de um grande problema – Porém não poderia satisfazer seu desejo, Sr. Potter. Veja, não possuo outro horário disponível para realizar a detenção... Embora também tivesse vontade de assistir ao treino, creio que não será possível tanto para mim quanto para você.

Daniel segurou a língua para não dar uma resposta que fosse tão perigosa quanto as suas anteriores. Ao invés, apenas deu um mínimo sorriso e assentiu com a cabeça, indo embora logo após.

Ryan e Mattew, antes mesmo do por do sol anunciar sua chegada colorindo o céu, já andavam lado a lado no corredor, seguidos por Rachel, a fim de chegarem ao Corujal antes que desse a hora do jantar. Haviam se encontrado logo depois de suas respectivas aulas, com a promessa de que iriam mandar a carta para os pais. Mattew aprovara cada palavra colocada por Ryan no papel e usara-se de algumas aulas para acrescentar palavras suas. Eles poderiam ter brigas e desentendimentos de longa data, mas aquele era um assunto o qual ambos entraram em um consentimento: atingir a verdade que seus pais lhe deviam.

Chegando ao Corujal, Ryan não hesitou em chamar Marni, a coruja de Alice, depois de tê-la pedido emprestada para a garota, para atar a carta na pata da corujinha. Antes, porém, hesitou um pouco se virando para Mattew:

- Tem certeza?

- Absoluta. Ande logo e mande essa mini coruja entregar a carta. Do jeito que é pequena deve demorar ainda mais...

- Que nada, Marni é rápida. – Ryan falou, acariciando-a antes de lançá-la ao céu poente.

Ele permaneceu algum tempo observando o pequeno animal se afastar cada vez mais, seu contorno se tornando cada vez mais difuso a medida que se afastava, perdendo-se no horizonte. Ryan não sentia remorso em mandar aquelas duras palavras para seus pais, e parado em pé se relembrava do que havia escrito:

Queridos pai e mãe,

Escrevo essa carta para confessar certas coisas, e pedir (creio que o termo melhor talvez seja exigir) respostas de vocês. Primeiro a confissão...

Ryan  contava, ali, que vivenciara as palavras trocados pelos pais naquele tarde de férias, desculpando-se após por ter sido enxerido a ponto de permanecer ali, ao invés de se afastar como seria o melhor a fazer.

Porém, antes mesmo de lhes perguntar o que seria essa tal “verdade” queria reforçar o ponto de vista que mostrei no início do semestre. Eu quero muito que isso acabe logo, mas para isso um de nós precisa ceder. Pode ser até que vocês não gostem de minha opinião, mas por favor, me deixem sozinho com ele.

Depois, ainda houve a parte em que ele escreveu depois de ter conversado com Mattew. Ryan só omitiu a parte em que ele estava aliviado e até mesmo feliz por ter o irmão ao seu lado.

E vocês verão que eu me entendi com Mattew, pra valer. Estamos do mesmo lado agora, e pensamos parecido. Sendo ele Grifinório e eu, da Lufa-Lufa.

Ryan virou-se de novo para Mattew, dando as costas para o por do sol. Sabia que levaria certo tempo para se afeiçoar de novo ao garoto, mas ao menos já estava levando suas brincadeiras debochadas menos a sério. Ryan também gostava de Rachel, que incrivelmente fazia Mattew se reter um pouco nas brincadeiras, tornando sua presença bem mais suportável.

Vendo que o irmão já começava a abraçar a namorada, Ryan falou, se retirando:

- Bem, fiquem à vontade sabe, não vou mais atrapalhar vocês... o que eu já tinha fazer eu fiz. – Ryan saiu sorrindo do Corujal, e foi se juntar aos amigos no Salão Principal.

O tempo se esvaiu rapidamente entre o dia da detenção de Daniel e o dia dos testes para o time da Grifinória. Daniel não recorrera mais ao professor Stuart, e estivera evitando mencionar o fato a Albus. Porém correram vários murmúrios da audácia do garoto naquele dia, e não tardou para que parte da escola estivesse ciente do ocorrido, pois como sempre, havia aqueles alunos os quais estavam a par de tudo que acontecia na escola, e saíam espalhando aos demais. Inclusive o “apelido carinhoso” reservado para Ellen Green se espalhara. No entanto, o rumor nem passou perto dos ouvidos da “querida sonserina”.

- Alice, você conversou com Daniel? – Ellen perguntou para a amiga no jantar daquela mesma noite, temendo a resposta.

- Não o vi o dia todo. – ela respondeu, olhando de relance para a mesa da Grifinória. Daniel se sentava sozinho, rodeados por colegas de seu mesmo ano, mas anormalmente calado. – Fique tranquila, e vá falar com ele amanhã. Aposto que vai escutá-la.

Ellen assentiu cabisbaixa. As duas sentavam-se à mesa da Sonserina, junto de Holy. A garota ainda estava grudada no mesmo livro daquela manhã. Pelo o que Ellen pôde perceber, estava nas últimas páginas.

- Holy, não vai largar o livro nem pra comer? – Ellen perguntou.

Holy não notou a perguntou de tão absorta que estava na leitura.

- Deixa-a pra lá e não reclame, você também faz a mesma coisa. – retrucou Alice. – Onde é que está o Ryan e o Nathan? – a garota voltou a procurar pelo Salão, em vão.

Não havia sinal de ambos os garotos em nenhum lugar do Salão Principal. Nenhuma das garotas os havia visto durante o dia todo.

- Está todo mundo incomunicável agora, que ótimo. – comentou Ellen, sarcástica.

Alice concordou apenas com a cabeça. Olhando de novo para Daniel, ela permaneceu calada, em dúvida. Estava pensando se contava para Ellen ou não o que ouvira de outros alunos. Desde a aula de Stuart, os rumores da detenção de Daniel e da pequena referência à Ellen conseguiram se espalhar pelas quatro casas de Hogwarts no curto período de tempo até o jantar, em especial por conta da briga dos dois em frente a todos no Salão. Alice queria mesmo era ir para a mesa da Grifinória questionar o amigo quanto a veracidade do rumor ouvido, mas não sabia se o próprio tinha se dado conta do quanto seus atos haviam se espalhado pela escola, e não queria ser a pessoa a avisá-lo daquilo. Por isso, ela se mantinha bem sentada na mesa da Sonserina, com a dúvida de falar ou não a corroendo por dentro. Não queria dar esperanças de um rumor que poderia estar errado para Ellen, mas também queria ver a amiga animada de novo. Aquele simples adjetivo, se vindo da boca certa, poderia mudar e muito o modo como ela estava se sentindo.

Entretanto, não foi preciso nenhum esforço, nem mais dúvida alguma da parte de Alice.

Fechando o livro definitivamente, Holy levantou o rosto e por fim encarou as garotas. No seu rosto estava estampado um sorriso, e seus olhos negros brilhavam de emoção.

- Terminou? – Ellen perguntou.

- Sim, é tão lindo! – ela falou. – Mas desculpe-me, vocês por acaso falaram comigo?

Ellen riu, respondendo:

- Não era nada importante, deixe pra lá.

Holy assentiu, revirando o livro em suas mãos. Seu prato permanecia intocado a sua frente, mas ela não ligava. Lembrando-se de algo realmente importante, Holy falou para Ellen, não sem antes hesitar um pouco.

- Ah, falando em coisas importantes... – ela olhou de relance para Alice, imaginando se ela já haveria contado o que estava prestes a dizer – Ellen, você soube do que... Do que aconteceu com Daniel?

Ellen levantou os olhos de seu prato de comida, alarmada.

- Não... O que aconteceu? – ela subitamente admitiu um tom preocupado e consternado, alternando olhares entre Alice e Holy.

- Bem, ela ganhou uma detenção do Stuart... – Holy falou de uma vez. – Num horário bem inoportuno... foi o que eu ouvi, Ellen, são rumores. – Holy avisou, séria.

- Detenção?! – ela perguntou, embora houvesse ouvido Holy com clareza. – O que ele fez? Que horário? E logo Prof. Stuart, da mesma casa? – ela virou a cabeça bruscamente, buscando a figura morena sentada na mesa da Grifinória. O garoto estava de costas, tudo o que ela via era seus cabelos negros, refletindo a luz das velas do Salão.

- Ellen, acalme-se. – pediu Alice.

- Você sabia? – ela questionou a amiga.

- Eu sabia, mas deixe eu me explicar. – ela falou serenamente. – Não estou dizendo que o que Holy fez foi errado, mas eu estava em dúvida se lhe contaria ou não, mesmo porque eu não sabia se era completamente verdade. Eu ouvi de uma das pessoas mais fofoqueiras da escola, e depois da briga de vocês é de se esperar que coisas como essa corram por aí... Então eu hesitei em te contar, Ellen, me desculpe.

- Não há problema. – Ellen falou. – Mas o que uma detenção pode ter a ver com nossa briga? Espere, Daniel não falou de mim, falou? – ela perguntou, sua mente rápida tentando buscar respostas antes que as amigas as oferecessem.

- Mais ou menos. – Alice respondeu. Holy se mantinha calada, arrependida por ter trago um assunto tão delicado sem pensar.

- Bem, já que eu comecei a falar... – ela disse, olhando para Alice incerta. – O que eu ouvi, e até foi um amigo meu que me contou, (ele estava lá, então tomei o que ele me disse como verdade) foi que Daniel tomou uma detenção de Stuart por ter discutido com ele. Discutido mesmo.

- Porque Dan foi fazer isso? – Ellen perguntou, imaginando a situação.

- Aparentemente, - disse Alice – ele discutiu desse jeito porque Stuart insinuou más coisas sobre os amigos dele, e em especial você.

- Eu? – Ellen perguntou, surpresa. – Mas como é que Stuart sabe alguma coisa sobre a gente? Espere um pouco... Daniel me defendeu?

Alice assentiu com a cabeça, dizendo:

- E, bem, usou um termo pra te descrever...

Ao ver a expressão confusa no rosto de Ellen, Alice disse, já prevendo a reação da amiga:

- Bem, ele se referiu a você como “querida sonserina”.

Ellen corou fortemente. Suas bochechas ficaram no tom de escarlate, e ela até mesmo se esqueceu por um momento da briga. A vermelhidão durou por muito tempo, e uma embaraçada Ellen tentou disfarçar ao menos um pouco, em vão. Ela não pôde contar um sorriso que aflorou inesperadamente, sem ela perceber.

- É verdade? – ela perguntou certo tempo depois. O vermelho de seu rosto de reduzira a um leve tom rosado, mas ainda estava presente.

- Foi o que nós ouvimos. – Alice respondeu, sem conseguir segurar um riso. – Agora deixe de ser boba e pensar que algum dia você vai deixar de falar com seu “bravo grifinório”. – Alice riu mais ainda. – Sim, ele tomou uma detenção pra defender a gente...

- Ele não é meu “bravo grifinório” Alice! Ainda estamos brigados... – Ellen retrucou; a vermelhidão de seu rosto aumentando novamente.

- Mas claramente nenhum dos dois quer permanecer brigados. – Holy falou, espertamente. – Não espere por ele, Ellen. E lembre-se do romance. – Holy disse outra vez, olhando novamente para a capa.

- Vou me lembrar. – ela olhou de relance para a mesa da Grifinória. Alice notou o quanto seus olhos brilhavam ao ver Daniel.

- Tem mais uma coisa, Ellen. – disse Holy. – O horário da detenção.

- Essa parte eu não ouvi. – disse Alice, já esperando más notícias.

- Diga, Holy. – Ellen pediu, seu rosto muito menos corado.

- O horário é sábado de manhã, às onze horas e...

- Coincide com os testes de Quadribol. – Ellen completou – Oh não, eu não acredito que Stuart fez isso! Mas Daniel é da mesma casa que ele!

- A discussão deve ter sido feia... – Alice opinou, sabendo que agora Ellen estaria muito mais nervosa pelo amigo do que antes.

Embora tivessem tentado, Ellen e Daniel mal se viram no próximo dia de aula. Cada um estava atarefado com deveres e mais deveres de casa, com aulas que se sucediam sem nem um descanso, e, quando puderam por fim descansar, já era o fim do dia, e uma estava nas masmorras, enquanto outro estava sete andares acima no castelo. A comunicação entre os amigos estava ficando cada vez mais difícil.

Quando sábado chegou, foi para o desapontamento de todos.

Daniel fora dormir na noite passada com uma série de pensamentos avultando sua mente, transtornando-o e impedindo-o de conciliar o sono. Estava preocupado com o treino, com Ellen... Como faria para jogar? Será que Stuart o liberaria a tempo? Havia comentado com Albus na noite passada, e este dissera que infelizmente nada podia fazer. Os testes já estavam marcados há muito, e embora Albus quisesse remarcar e dar uma chance para Daniel, pensando como capitão do time não poderia fazê-lo. O Campeonato das Casas começaria logo, e o novo time teria que treinar. Daniel respondeu que compreendia, e a última coisa que queria fazer era prejudicar a Grifinória. Portanto, estava sozinho para se virar com seus horários. Tudo o que Albus prometeu fazer foi deixar a escolha de apanhador para último, na esperança de que o amigo chegasse a tempo. Daniel se arrependia de ter dito aquelas palavras, mas tinha certeza de que seu significado era verdadeiro.

Quanto a Ellen, a mesma se consternava, sete andares abaixo, enquanto revirava em sua cama, custando a achar o sono. Queria tanto que Daniel tivesse a chance de ao menos tentar entrar para o time, e no mais o queria bem, que tornasse a falar com ela. Nem sequer treinaram na última semana. Não o culpava pela detenção; como podia depois que soubera do apelido para ela reservado? Fora uma consequência, mas como é que Stuart pudera selecionar um horário de tal importância?

Ambos tiveram uma noite ruim, mal sabendo o que os aguardava.

Quando sábado chegou, foi para a alegria de uns, mas de certo a infelicidade de Daniel e Ellen, sem contar os outros amigos. Ryan, Nathan e Erick ficaram cientes de todo o ocorrido na noite anterior.

Ellen levantou tarda da cama, faltando poucas horas para os testes. Não sabia o que fazer, por isso foi à procura de Daniel, ou quem sabe qualquer um dos amigos no Salão Principal. Ao passar pelo Saguão de Entrada, não deixou de notar as ampulhetas com as pedras preciosas. A da Grifinória estava cheia de rubis cintilantes, ladeada pela a da Sonserina, com mais ou menos a metade daquela quantidade, e a da Lufa-Lufa, no segundo lugar. A da Corvinal seguia ao lado, com poucas safiras enfeitando-a. Ellen imaginou como Hunnigan deveria estar se sentindo, pois naquele ano o professor não fizera nada injusto, ao menos com nenhum deles.

Ellen suspirou, tomando o seu café da manhã lentamente, sem encontrar com ninguém. Foi só na saída que ela foi encontrar com Albus Potter.

- Albus! – ela exclamou, chamando a atenção do garoto.

- Olá Ellen. – ele respondeu, parando junto a ela. – Eu sinto já ir perguntando coisas assim, mas é verdade o que estão falando sobre você e Dan?

- Infelizmente. – ela respondeu. – Mas não precisa mencionar esse encontro com ele, deixe que eu pretendo cuidar disso... Acho melhor falar com ele pessoalmente.

Albus assentiu, mostrando que entendera. Ellen continuou:

- Albus, me diga que aquela detenção não é verdade...

- Como eu gostaria, Ellen. – ele respondeu, com um olhar insatisfeito. – Como foi que meu futuro apanhador foi pegar uma detenção logo nesse dia... – ele completou - Shh, não diga a ninguém que ele é meu preferido, embora você já saiba. Tenho que ir agora, não tarda muito para os treinos começarem... Espero muito que vocês se resolvam. Sinceramente, nenhum dos dois parece o mesmo separado. - ele falou, acenando e indo embora.

Ellen permaneceu parada no mesmo lugar por alguns minutos, refletindo no que fazer a seguir. Decidida, disparou pelo corredor, tomando a direção da escadaria de mármore.

A garota murmurava consigo mesma enquanto andava pelo corredor, de cabeça baixa. Não sabia ao certo se encontraria o que estava procurando, mas faria o necessário para tirar Daniel da detenção. Primeiro pensou em visitar Stuart, mas não achou que o professor fosse ouvi-la. Se ele sabia das relações de amizade de Daniel, quem sabe não sabia também da briga? Ainda mais ela sendo da Sonserina, e tendo nenhum argumento para convencê-lo... Por isso resolveu recorrer a fontes com mais influência, certa de que haveria alguma regra escolar proibindo tal coisa...

Quase defronte a gárgula de pedra, Ellen por pouco não esbarrou numa figura alta que andava com passos rápidos, vinda dali. Olhando para cima, se deparou com Charles Hunnigan.

- Nos encontramos outra vez pelo corredor, Srtª. Green. – ele disse, evitando colidir com a aluna.

- De fato, professor, parecemos ter uma inclinação a nos encontramos pelo castelo. – ela comentou, recuperando-se do susto. – Com licença, mas eu preciso seguir em frente.

Ellen desviou do professor, mas foi parada por suas palavras antes de dar um passo sequer.

- Porque tanta pressa, Srtª.? – ele perguntou – Parece transtornada ao extremo.

- Sim, estou transtornada, professor. Nada que o senhor possa fazer. – ela respondeu, acrescentando novamente. – Com licença.

O professor Hunnigan assistiu Ellen cobrir a distância entre ele e a gárgula, e logo depois parar em frente à mesma. Notando seu erro, Ellen falou ao professor ainda ali:

- Há uma senha, não é? Lógico que sim. – ela mesma respondeu sua pergunta. – Estive aqui ano passado, que tolice a minha...

- Parece que seus problemas estão atrapalhando seu raciocínio. – o professor comentou.

- O senhor veio dali. – ela falou, ignorando o comentário dele.

- Sim, eu estava numa visita ao diretor. – ele informou-a. – Não está sugerindo que eu lhe dê a senha de livre e espontânea vontade, está Srtª. Green?

- Bem, o senhor poderia.

- De fato. – ele disse. – Porque deseja chegar tão urgentemente ao diretor, senhorita?

- Eu preciso falar com ele, pois me parece que falar com um professor – Ellen evitou mencionar o nome de Stuart, lembrando-se de quem era seu interlocutor – não seria o bastante. Preciso ajudar um... Amigo.

- São questões tão sérias a ponto de ser preciso chamá-lo?

- Professor, corrija-me se eu estiver errada: - ela falou, mas uma vez ignorando a pergunta de Hunnigan. – há por acaso alguma regra que diz respeito a detenções, ou mesmo horários de detenções? Digo, se porventura interromper algo como um treino, ou um jogo de Quadribol...

- A senhorita está tentando livrar Sr. Potter de ter que permanecer detido com Stuart, não é mesmo?

- Céus, será que todo mundo nessa escola está sabendo do ocorrido?! – ela falou, perdendo um pouco do controle.

- Bem, sinto-lhe informar, mas a senhorita tem que admitir que você e Sr. Potter não foram exatamente discretos quanto aos seus assuntos pessoais. – o professor falou. – E sim, a senhorita está correta: há uma regra, e foi o diretor anterior ao atual que a instituiu, limitando a liberdade das detenções. O alarde do time da Grifinória na época foi tanto quando seu batedor foi detido que o diretor fez a gentileza de criar esta regra específica, claro, com consentimento dos professores... – percebendo que estava falando em excesso com demasiados detalhes, o professor parou antes de Ellen o quanto estava familiarizado com o caso em questão. Não queria que a garota deduzisse que o havia presenciado.

- Sim, sim, professor, era o que eu precisava! – ela exclamou, subitamente animada. – É necessária a presença do diretor ou apenas eu mesma poderia fazer o favor de lembrar Stuart desse pequeno detalhe?

- Vamos, senhorita. – ele falou, reiniciando sua caminhada pelo corredor.

- O que, o senhor vai junto? – ela perguntou, espantada, mas acompanhando o passo de Hunnigan.

- Não estou me mexendo à toa. – o professor retorquiu.

- O senhor está me ajudando? – ela perguntou, sem conseguir acreditar.

- Nunca fui; não sou e nunca serei seu inimigo, Srtª. Green. – ele falou, sem olhá-la. – Por mais irritante que isso seja, qualquer assunto que se refira a você e seus amigos envolve todas as quatro casas de Hogwarts, tão logo, com a Corvinal inclusa. E devo acrescentar que minha devoção à casa não é pequena. Ande logo, precisamos tirar Sr. Potter da sala mofada de Stuart.

 Ellen suspeitou que por debaixo de toda aquela solicitude a ajudá-la, havia ainda uma ponta de satisfação ao ver que Prof. Stuart não sairia bem daquilo tudo.

O Prof. Hunnigan bateu a porta de Stuart com toda a educação que a situação pedia. No entanto, foi Daniel quem abriu a porta, surpreso ao ver aqueles dois indivíduos parados ali; a última dupla que esperaria ver àquela hora. Ellen inicialmente evitou olhá-lo, assim como ele ela, mas passados alguns segundos em que os dois flagravam-se olhando um para o outro, ambos desistiram.

Hunnigan entrou no escritório acompanhado de Ellen, recebendo um cumprimento de Stuart:

- Charlie, a que devo a honra dessa visita? – a voz do professor estava carregada com a ponta de deboche usual.

Daniel tapou sua boca com a mão, disfarçadamente, esforçando-se para não cair no riso ao ouvir o nome “Charlie” referente à Hunnigan.

- Scott, creio que houve certo engano.

Passada a graça, Daniel voltou seu olhar para Ellen. Nele, passavam diversos sentimentos, mesclando arrependimento, indagação, certa felicidade, tudo direcionado para a mesma garota. Ela lhe devolveu o olhar com a mesma intensidade. Em meio tempo, os professores dialogavam:

- Certo erro? Poderia explicar-me? – pediu Stuart, com o cenho franzido.

- Mas é claro, Scott. – Hunnigan disse, apontando para Daniel. – Veja bem, aqui está o Sr. Potter.

- Sim.

- E lá fora estão acontecendo os testes da Grifinória.

- Correto.

- Então porque que é que o Sr. Potter não está lá fora fazendo teste para...

- Apanhador. – Daniel completou, estranhando a situação.

- Para apanhador? – repetiu Hunnigan. – Se me recordo bem, uma regra foi instituída no passado, e você também deve lembrar-se bem, que detenções não podem ser feitas no mesmo horário em que testes, jogos, ao quaisquer outras atividades extraescolares ou porventura referentes à Quadribol. – sentenciou Hunnigan, sério.

O sorriso sumiu do rosto de Stuart. A contragosto, disse para Daniel:

- Prof. Hunnigan está correto... Vou transferir a detenção, mais tarde lhe informo o horário, está livre para ir.

Daniel se levantou da cadeira e se dirigiu a porta da sala, seguido de Ellen. Antes, porém, a garota falou a Hunnigan, embora ainda estivesse confusa quanto a situação:

- Obrigada. Mas... – ela quis perguntar por que, mas achou que não seria o momento ideal, muito menos que teria uma resposta satisfatória. – Apenas obrigada.

Ellen fechou a porta quando saiu, deixando os dois professores sozinhos.

Do lado de fora, Daniel a aguardava. Ela olhou para ele acabrunhada, e disse:

- Eu sei que Hunnigan ter te ajudado foi estranho, mas eu não recorri a ele inicialmente...

- Não importa. – ele respondeu. – Ellen, uma vez eu te prometi, ano passado, não sei se você recorda... Bem, eu lhe prometi que faria o que pudesse para manter nossa amizade. Eu não me esqueci disso.

- Eu também não me esqueci...

- Então você me desculpa? Nunca devia ter discutido com você, quando eu olhei pra trás e vi o que tinha dito, tudo o que me veio foi arrependimento! Que coisa quase sem razão alguma...

- Mas é claro que eu te desculpo, Dan. – Ellen deu um passo à frente e abraçou o amigo com força. Daniel retribuiu o abraço, dizendo:

- Eu estava sentindo sua falta já.

- Eu também. Me desculpe por ter dito aquilo de Poções.

- Deixe isso pra lá, eu que fui o idiota em ter começado a discussão, Ellen. – ele soltou o abraço, olhando para ela. - Só você mesmo pra fazer Hunnigan virar pro nosso lado e me tirar de uma detenção...

Ela sorriu para o amigo, mas a urgência com que viera buscá-lo logo abateu sobre ela, fazendo-a dizer:

- Dan, temos que ir, senão você perde os testes!

- Depois de todo o esforço que te deu... Vamos logo, mas Ellen, me diga: como foi que você fez Hunnigan virar para o nosso lado?

- Segundo o próprio, ele nunca foi nosso inimigo. – ela falou, enquanto ambos andavam apressados pelo corredor.

- Coisa difícil de acreditar.

Juntos, os dois se apressaram pelo castelo, quase correndo para alcançar o Campo de Quadribol.


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Notas finais do capítulo

Gostaram?? Eu só não sei como é que eu vou adiar esse romance... (pq a essa altura está mais do que óbvio né) T.T
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