As Quatro Casas De Hogwarts - Ano 2 escrita por Larissa M


Capítulo 17
Capítulo 17 - Memórias


Notas iniciais do capítulo

Incrível como eu em semana de testes, cheia de trabalho pra fazer, consigo escrever mais do que quando eu estou quase a toa. Não dá pra entender... Anyway, enjoy the chapter ^^



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Como prometido, Daniel só comemorou a uma distância que julgava ser a suficiente de Ellen. Não queria ficar cantando vitória perto de sua amiga, quanto menos aquela vitória em questão. O único fator que o fizera ganhar fora o balaço de Kyle. Se este não houvesse ocorrido no momento exato, Ellen possivelmente venceria-o poucos segundos depois.

- Foi justo. Nem tente ir culpando Kyle, Dan, porque eu sei que era isso o que você estava prestes a fazer... – Ellen avisou-o, assim que o viu depois da partida.

- Eu não ia fazer isso. – ele mentiu. Depois, emendou, para disfarçar – Ia simplesmente estender minha mão a você pela partida, como um educado oponente faria...

Ellen apertou a mão estendida de Dan, comentando:

- Ande, pode jogar a vitória na minha cara...

- E quem disse que eu faria isso?

- Está morrendo de vontade.

- Não estou. E como prova disso não vou falar de Quadribol por uma semana perto de você.

- Não senhor, porque senão deixa de ser uma punição só sua e passa a ser minha também! – Ellen exclamou. – Não conseguiria ficar uma semana sem falar de Quadribol...

- O que de tão interessante você veem nesse jogo? – Alice perguntou, sem ver sentido no que Ellen acabara de confessar. Ela vinha seguindo a frente dos dois com os outros quatro amigos, e não pudera deixar de ouvir que a conversa de todos não se desviara do jogo de Quadribol nem por um segundo.

- Nem me digno a responder essa pergunta, Alice. – Daniel retrucou, e depois se virou para Ellen, a fim de continuar a conversa.

Os dois amigos continuaram o caminho entre o campo de Quadribol e o castelo, sempre seguindo um pouco atrás do resto do grupo, num dos raros momentos aquele dia em que Daniel não estava sendo parabenizado por todos, recebendo tapinhas nas costas ou congratulações verbais. Porém, nada fez tanto alarde quanto o próprio time de Quadribol o carregá-lo por alguns minutos nas costas, logo depois do mesmo ter descido da vassoura.

- Tenho que confessar, não estava confortável lá em cima, com todos me olhando... – ele falou, fazendo referência ao ocorrido.

- Pare de reclamar e curta sua glória! – Ellen respondeu. – Dá próxima vez, serei eu, então aproveite enquanto pode. – ela riu.

- Quem é que estava mesmo reclamando do quanto eu estava convencido antes da partida?

- Se não fosse o balaço de Kyle... – ela lamentou. – Sinceramente, eu temi que você fizesse uma loucura daquelas que você fez certa vez, se jogar na minha frente.

- Eu me quebrei todo pra te manter inteira e você ainda me chama de louco?! – ela retrucou.

- Foi loucura. – ela sentenciou.

- Foi loucura mesmo. – uma voz vinda de trás concordou. – É, Potter, eu tinha ouvido falar dessa sua proeza, mas não estava achando que fosse verdade. – Kyle exclamou – Quem em sã consciência faria algo do tipo? A não ser que o certo indivíduo estivesse apaixo...

- Sabia que é considerado uma característica de fofoqueiro ficar ouvindo conversas alheias? – Daniel o interrompeu, ácido. – Já é a segunda vez, Kyle.

- Ora, seja mais agradecido comigo, Potter. Pelo meu balaço.

- Kyle, eu o tolero no campo porque você está no meu time. Nada me dá a mesma garantia de o fazer aqui fora...

- Calma, amigo, deixe de ser pavio curto. – dessa vez, foi Derek, andando junto de Kyle, quem comentou. Estendia as mãos num sinal de rendição. – Kyle, seu fofoqueiro, sinceramente, pare de ouvir a conversa dos nanicos senão daqui a pouco terá um voando no seu pescoço. Mas que infortúnio. – ele falou, com uma ponta de sarcasmo.

- Não encha você também, Derek.  – Kyle dispensou o amigo, e disparou na frente dele, deixando Ellen e Daniel para trás no caminho.

- Não o levem tão a sério. – Derek comentou, agora com a voz desprovida de qualquer sarcasmo. – Ele só está insatisfeito porque todo mundo está dando crédito pra você, Potter, e para Albus, Potter também, pelo jogo. O balaço foi dele, afinal, mas Kyle sempre foi um metido.

- Não te aconselharia a falar mal de seu amigo pelas costas.

- Eu só falo pelas costas o que já tive coragem de dizer de frente. Acredite, Kyle sabe disso tudo pela minha boca, mas se recusa a acreditar. – Derek deu um suspiro visivelmente fingido. – Porém, se tem uma coisa que ele sabe fazer, é brigar, e comprar briga. Se eu fosse você, Potter, pararia com esses seus insultos que não valem de nada.

- Olha quem fala. – Ellen retrucou, sem acreditar em uma só palavra de que Derek dizia.

Ele deu um sorrisinho, e respondeu:

- Sou cínico e sarcástico por natureza, sei disso. Vocês não. Dá pra ver no semblante de vocês que fazem mais o tipo do seu amiguinho da Lufa-Lufa ali: bonzinho, gentil e agradável. Perfeitinhos. – ele zombou, mas, desta fez, Ellen viu que ele, no fundo, estava falando sério. Se ela parasse para refletir tempo o bastante a respeito do que Derek viera lhes dizendo desde o início, ignorados os deboches, poderia encontrar alguma verdade sobre o garoto. Tudo o que viram até então fora ele superficialmente.

Desta vez, quando Derek saiu em busca de Kyle, os dois não o olharam com desprezo, mas sim com intriga. Quem seria aquele aparentemente desgostoso, debochado e cheio de escárnio garoto que eles primeiro tiveram a impressão de conhecer?

Charles Hunnigan não fez a menor questão de esconder o seu descontentamento frente a todos. O incidente de Hogsmeade rapidamente se espalhara pela escola, e nisso incluso todo o corpo docente, ou a maior parte (que se importava) dele. A saída enfurecida de Hunnigan do pub, e Stuart em um estado lamentável de alcoolização, sem falar na natureza misteriosa daquele encontro, resultaram num longo assunto e material que os fofoqueiros de plantão necessitavam para alimentar suas conversas.

Hunnigan sabia que estava sendo alvo da maioria das conversas quando cruzou sua sala de aula, alguns dias depois do jogo de Quadribol. Quase todos os alunos cessaram a conversa ao vê-lo na soleira da porta, para o estranhamento do professor. Estava acostumado a ter respeito, mas nunca houvera uma ocasião em que o silêncio perdurasse enquanto ele percorria o corredor, muito menos os olhares fugazes lhe lançados por cada aluno. Isso já vinha acontecendo em várias turmas, mas Hunnigan ainda não chegara a se acostumar.

A turma era da Corvinal, do segundo ano. Hunnigan particularmente gostava de suas aulas com aquela turma, em especial por serem de sua casa favorita. Porém, a mescla de opiniões divergentes contidas nos olhares, e tudo o que viera acontecendo com Hunnigan ultimamente o fizera quase temer avançar para frente de uma classe e dar uma aula como o regular.

As repreensões de Margaret Norien ao se encontrar com Hunnigan logo depois de saber do ocorrido não poderiam receber nada menos do que a classificação de agitadas e ansiosas, e veementes a ponto de se tornarem quase tediosas. Era nelas que Hunnigan pensava ao avançar para frente da classe.

“- Imprudente, para dizer o mínimo, Charles. – vinha dizendo Margaret Norien, enquanto andava pelas ruelas de Hogsmeade acompanhada de Hunnigan. – Você havia me prometido que resolveria o problema, e, ao contrário disso, complica ainda mais!

- O que eu posso fazer, Maggie? Não me culpe, eu não tenho culpa...

- Já não sei mais de quem é a culpa, já que vocês dois nunca chegam a um consenso... Conseguem complicar ainda mais esse caso! – ela suspirou.

Eles continuaram andando por certo tempo, em silêncio. Foi Margaret quem o quebrou, dizendo:

- O maior problema é que me digno a me preocupar contigo, e você me desaponta de tal maneira! Te aconselhei, fiz o que pude; ao menos disso me sirvo para manter minha consciência limpa...

- Maggie...

- Eu não terminei, Charles, ainda não. – ela o interrompeu. – Resolva-se com Stuart, por Merlin. Venho pedindo isso a mais tempo do que consigo recordar, e você só faz é piorar a situação...

- Realmente, Margaret, não foi a minha intenção que o nosso encontro ocorresse daquele modo. – ele disse em sua defesa.

- Sua cabeça quente é que sempre atrapalha. – ela lamentou, sem dar ouvidos ao que ele falava.

Os dois continuaram caminhando em silêncio pelas ruas do povoado, ambos demasiado absortos em seus próprios pensamentos tumultuosos para dar atenção a seu companheiro.”

De volta ao presente e sua agora intimidante aula de Transfiguração, Hunnigan suspirou, cansado, e, como de hábito, deu bom-dia a todos e se dirigiu ao quadro.

Alice sabia em primeira-mão o que acontecera com o professor no fim de semana de Hogsmeade, e fora uma dos únicos alunos o qual não virou a cabeça para encará-lo na hora em que entrou. Depois de tudo o que acontecera até então, chegava a sentir uma ponta de pena pelo professor. Sabia que suas intenções não poderiam ter sido más (ao menos assim ela pensava), pois ele até mesmo já havia defendido Daniel e Ellen, certa vez. Não chegava a gostar de Hunnigan, mas o respeitava.

De costas para todos, Hunnigan escreveu manualmente, sem uso de magia, um dever para todos os alunos se ocuparem; não estava com a mínima vontade de discursar sobre um assunto que decerto ninguém ali estava propenso a ouvir com atenção, muito menos gostar. Sabia que um dever também não era do agrado da maioria, mas ao menos lhe daria certo tempo para ficar quieto e não ter que falar nada.

Envolto em memórias mais antigas do que as anteriores, Hunnigan se deixou levar pelo passado, relembrando os seus anos de estudante na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts:

Quando a professora deu o sinal para que os alunos pudessem sair, o alarde foi completo. Todos estavam ansiosos para se verem livres do último tempo de Transfiguração de uma sexta-feira a tardinha.

- E lembrem-se, todos, o dever de casa é para a próxima semana, sem falta! – gritou McGonagall, sentada em sua escrivaninha, tentando fazer-se ser ouvida pela turma.

Charles Hunnigan guardava seu material em sua mochila, calmo, e alheio ao movimento ao seu redor. Tinha o hábito de se deixar levar por seus pensamentos nas aulas de Transfiguração, matéria em que tinha um incomum talento, ao invés de prestar atenção. Era tão fácil que ele conseguia pegar a prática na primeira tentativa, quanto mais nas revisões que McGonagall vinha fazendo para ajudar a todos nos NIEM’s, naquelas matérias que ele já havia aprendido.

- Sr. Hunnigan. – Minerva McGonagall o chamou, ainda impassível em seu assento.

- Sim, professora?

- Uma palavra, por favor.

Hunnigan cobriu a pequena distância do fundo da sala até a frente, enquanto os alunos passavam. Apenas ele restou na sala.

- Sr. Hunnigan, eu sei que não me diz respeito um assunto desse porte, mas, já que o senhor se mostra tão à vontade em minha aulas, tomarei a liberdade de lhe dizer algumas palavras...

- Pois não.

- É sobre o Sr. Stuart. – Hunnigan suspirou e desviou o olhar, à menção do nome de seu amigo. – Como capitão do time da Grifinória, minha casa, e com o jogo de amanhã na cabeça de todos, me sinto no dever de lhe pedir que se resolvam, Hunnigan. O mais rápido o possível.

- Professora, eu...

- Eu não terminei. – ela o interrompeu. – Ele é o batedor. Você é o artilheiro. Está vendo onde quero chegar? Eu não faço ideia de como os senhores chegaram ao ponto em que estão, e nem me interessa saber, mas resolvam-se. Tanto eu como você sabemos da propensão do Sr. Stuart a não segurar a mão ao atingir aquele balaço.

- Eu não quero nem planejo atiçá-lo a me atingir com um balaço outra vez, professora. Confio em minhas habilidades no ar.

- O senhor que sabe. Só não quero ver o aluno com mais capacidade – ou devo dizer, o único – de passar nos NIEM’s de Transfiguração com uma exímia nota aleijado.

- Obrigado... eu acho. – ele respondeu incerto.

- Pode ir. Mas saiba que eu ainda torço pela Grifinória, a despeito disso.

Hunnigan deu um sorriso compreensivo, e garantiu-lhe que continuaria se esforçando para ganhar o jogo.

Charles fez o seu caminho em direção à saída da sala de aula de McGonagall, preocupado e cheio de ideias a cabeça. Mal viu quando seu caminho no corredor foi diretamente interrompido por uma moça alta de cabelos negros, alguns anos mais nova que o próprio Charles.

 - Charles, eu estava te procurando! Porque essa demora? – Maggie Norien perguntou.

- McGonagall. – ele resmungou em resposta.

- O que ela queria com você? É algo a respeito dos NIEM’s? Mas você é o melhor aluno! Só não se empenha tanto assim, e, acredite, se o fizesse seria imbatível...

- Você está irritantemente parecida com a professora que eu acabei de deixar sozinha naquela sala, Margaret. Toda aula ela me dá o mesmo conselho que você.

- Não me chame de Margaret. – ela pediu, enquanto tentava acompanhar os passos rápidos do amigo no corredor. – E pode dizer que sou irritante, mas você sabe que eu estou certa. Se McGonagall o diz, é porque tem um fundo de razão. Mas, Charles, você ainda não me respondeu: a conversa foi ou não sobre os NIEM’s?

- Não foi sobre os NIEM’s, Maggie. – ele respondeu, enfatizando o apelido, para satisfazê-la.  – Ela me chamou para falar de Stuart. Aconselhou-me a falar com ele.

- Scott? Oh, Charles, eu já lhe avisei mais de cem vezes para você se resolver com ele... Se até uma bruxa como McGonagall lhe pediu isso, quem é você para contestar?

- Eu sou Charles Hunnigan, e sei o que faço.

Maggie ficou uns momentos em silêncio, antes de responder:

- O que você tem de inteligência em Transfiguração e talento em Quadribol, peca quando se trata de relacionamentos. – ela suspirou.

- Eu tenho que ir. – ele anunciou. – Aula de Poções nas masmorras.

- Eu vou com você, estou indo para a minha Sala Comunal.

- Para quem entende bastante de relacionamentos, não percebeu que eu gentilmente sugeri que precisa passar um tempo sozinho. – Charles falou, virando-se para ela antes dos degraus que levavam ao subsolo.

Margaret se deu por vencida, sorrindo amarelo para Hunnigan. Ele retribuiu vagamente, e se virou para ir embora.

- Espere. – ela pediu.

- O que foi?

- Seu cenho está franzido. Ele está sempre franzido, como se você tivesse um fantasma de preocupação te seguindo para todo lado. – ela observou, preocupada com ele.

Charles relaxou a expressão, e conseguiu sorrir com mais ânimo que antes.

- Você tem uma estranha propensão a reparar nos detalhes mais esdrúxulos possíveis, Maggie. Venha, vamos para as masmorras. – ele a chamou, mudando de ideia repentinamente.

- Professor. Professor Hunnigan. – a mesma voz feminina repetia o chamado pelo último minuto, na vã esperança de que o professor a ouvisse.

Por fim, Hunnigan acordou de seus devaneios, e viu que Srta. Hills o chamava, com o braço estendido no ar.

- Sim? – ele perguntou.

- O senhor não deu a matéria dos exercícios no quadro. Não sabemos nem o feitiço correto. – Hunnigan observou aqueles olhos azuis safira lhe encarando, cuja dona estava certa do que dizia.

- Mas que distração a minha. Pois bem, o que vinham estudando mesmo?

Embora estranhasse muito a pergunta, Alice lhe ditou a matéria.

- Sim, claro... Onde ando com a cabeça? – ele resmungou para si mesmo. Depois, folheou o livro até achar os exercícios corretos. – Agora sim. Ocupem-se com esses por um tempo.

Hunnigan voltou a se sentar em sua cadeira, apoiando o queixo em ambas as mãos, fechadas, e tornou a se lembrar do passado. O lance do jogo entre Grifinória e Sonserina no sábado passado o fizera recordar-se de quando era ele quem jogava. Por sorte ou habilidade, ele não soube dizer, a amiga daquela garota loira que acabara de levantar a mão – Ellen Green, não era esse o nome da apanhadora? – conseguira-se desviar-se do balaço a tempo. Sorte...?

Alice, de onde estava sentada, na segunda fileira, lhe lançava olhares uma vez ou outra, sempre se questionando o que estaria se passando na mente do professor...


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Eu até escreveria mais, mas ia ficar meio grande demais o capitulo. Não que eu tenha escrúpulos em escrever monstrengos de 4 mil palavras, mas prefiro evitar...



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