As Quatro Casas De Hogwarts - Ano 2 escrita por Larissa M


Capítulo 18
Capítulo 18 - Trégua


Notas iniciais do capítulo

Segundo ano chegando ao fiiiim... Mas calma, ainda tenho algumas coisas pra resolver né. Porém, vão se preparando, pq o terceiro já está todo resolvido... hehe...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/227147/chapter/18

- Metido. – Margaret o condenou. – Elimine esse tom de voz de sabe-tudo quando for falar com Scott.

Hunnigan suspirou, cansado. Estava sentado com Margaret a margem do Lago Negro, na manhã de sábado, extremamente cedo. A maior parte dos alunos ainda dormia calmamente em seus dormitórios, aguardando o jogo de mais tarde. Grifinória versus Corvinal. Não era o clássico de Hogwarts, mas seus jogadores tinham tal fama que prometia ser o maior jogo da temporada. Em especial Scott Stuart e Charles Hunnigan, conhecidos rivais.

- Eu não pretendo falar com Scott da mesma forma que falo com você.

- Bem, o assunto que falará com ele é o mesmo que estava falando comigo. – ela retrucou.

Ele revirou os olhos e não respondeu. Estava cansado daquela insistência de Margaret, mas também estava grato por ela se preocupar com ele. No fundo, sabia que ela e McGonagall estavam certas, e que ele havia feito bem em chamar Scott ali. Porém, não queria admiti-lo, ao menos não em voz alta.

Hunnigan percebeu o quanto era teimoso e irritadiço há não mais do que vinte anos atrás. Perguntou-se se ainda o era, mas não achou resposta que o satisfizesse. Levantando os olhos para a turma, viu a tranquilidade que geralmente se instalava quando ele pedia algum dever. Algumas conversas aqui e ali, como sempre, mas nada fora do ordinário...

- De qualquer forma eu agradeço seu esforço, Maggie. – ele admitiu, mas com o olhar fixo na superfície cristalina e tranquila do lago.

- Não há de que, Charles. – ela respondeu, com um sorriso que ele não notou. – Se você não liga pra você mesmo...

- Não sou displicente com a minha própria pessoa. – ele afirmou.

- Mas é indulgente e esnobe com Scott. Dá no mesmo, se levar em conta que ele vai agir do mesmo modo para com você. – ela deu de ombros.

- Porque você sempre tem um argumento para superar os meus? – Charles perguntou, indignado. – Você está no quarto ano...

Margaret se limitou a sorrir, sem falar nada, encarando o comentário dele como um elogio. Depois de um tempo em silêncio, ela disse:

- O que você espera do jogo?

- Além do óbvio?

- Sim... Na questão profissional.

- Os jogadores são razoáveis. O goleiro não é dos melhores, especialmente depois da substituição do outro... Scott é realmente o melhor que eles têm. Então, eu acho...

Charles, ao pousar o olhar continuamente no lago a sua frente sem dar espaço para notar o que acontecia ao seu redor, limitando sua visão ao apoiar o queixo nos joelhos, mal notou quando uma silhueta conhecida abriu espaço pela bruma que cobria os arredores do Lago Negro, se aproximando dos dois alunos sentados no chão. Deu o tempo exato de a figura ouvir as últimas frases de Hunnigan.

- Eu sou? Estou grato em saber que pelo menos a opinião um tanto óbvia, mas positiva, de mim você ainda conserva. – Scott Stuart comentou.

Charles se virou com rapidez para trás, encarando Scott. Maggie convenientemente falou, ao perceber que dos olhares dos dois quase saíam faíscas:

- Então eu o vejo mais tarde, não é Charles?

- Isso. Te encontro depois do jogo. – ele acenou com a cabeça em despedida, e ela se foi.

Depois de observar Margaret se afastar, Scott se jogou na grama alguns metros afastado de Hunnigan.

- Sempre gostou de lugares enfadonhos como esse... O que há de mais no Lago Negro? – ele debochou. – E aquela não era a pequena Maggie Norien? – ele apontou para o contorno difuso da aluna, que já havia se afastado bastante.

- Sim, Scott, era Maggie, você a conhece... Costumava até a falar com ela.

- Sim, porque ela era uma sombra que te seguia por aí, e eu não tinha escolha. Sabe que eu acho que ela o estima demais, não é?

- Pra você qualquer me estime já está errado. – Charles retrucou. Ainda continuava com os olhos fixo no lago, dando olhadelas periódicas para Stuart.

- Não, eu admito que talento para Quadribol você tem, para Transfiguração.... Resumindo, você é um aluno exemplar. – ele deu uma ênfase à palavra que não agradou a Hunnigan.

Depois de uma longa pausa, Scott deu continuidade a sua fala, embora mudasse de assunto:

- Então, qual o motivo que você quis me chamar? Sabe que nós vamos nos encontrar mais tarde no campo, não é?

- Sei muito bem, e é sobre isso que queria conversar. – dessa vez, Hunnigan se virou para o amigo. – Sobre o jogo. Queria uma trégua, Scott.

- Hm, trégua... Essa palavra soa tão estranho nos seus lábios quanto nos meus. – ele retrucou. Porém, sem dar chance para Hunnigan respondeu, acrescentou – No entanto eu posso considerar...

- Deixe de besteiras, não acredito que seu ódio seja tão grande quanto seu precioso ego.

- É por esses e outros atrevimentos que você próprio contribui para ambos aumentarem. – Scott resmungou em resposta. Não parava de ajeitar seu cabelo, que, aos dezessete anos, crescia além da conta, e fazia com que a franja se estendesse até quase atrapalhar sua visão.

- Me diga uma coisa, que vem me intrigando nos últimos tempos. – olhando para Stuart e vendo que ele o observava esperando pela continuação, Hunnigan falou, com um sorrisinho na ponta dos lábios. – Sobre Maggie. Você gosta dela, não é mesmo?

- Que tipo de insinuação é essa?

- Como amiga, Scott, não vá pensar bobagens.

- Nem como amiga. – o outro sentenciou, esperando ter colocado um ponto final naquele assunto. Porém, seu rosto o denunciava.

- Não gostou por ela ter ficado ao meu lado, não é mesmo? Mal fala com você. O evita...

- Eu pensava que você estava querendo uma trégua, meu amigo.

Hunnigan ficou calado. Não era sensato o que estava fazendo. Lembrando-se do que Maggie cansara de repetir, ele engoliu o orgulho e se desculpou. Depois, tornou a voltar ao assunto de antes:

- Então... Trégua?

Embora à contragosto, Stuart concordou.

- Trégua.

Na próxima vez em que Daniel viu Mattew Cooper, decidiu perguntar-lhe o que viera lhe preocupando nos últimos dias. Já estava farto da atitude de Kyle White e Derek Morre para com ele, e agora que se lembrava de que o comentário de Matt a respeito dos dois fora realmente no sentido depreciativo...

- Mattew. – ele chamou o irmão de Ryan, ao encontrá-lo na sala comunal da Grifinória. – Gostaria de falar com você.

- Sim? – o garoto respondeu.

- É sobre Derek.

- Se você está me pedindo pra acertá-lo com um balaço, faço com prazer, se for com uma azaração, também... – ele comentou, com um sorrisinho de desprezo.

- Não é nada disso... Não tenho nada agressivo em mente.

- Era brincadeira. Mas enfim, o que você quer? – Mattew perguntou.

- Bem, sobre aquilo que você me disse dos dois... Kyle e Derek. – Daniel, sem querer, acabou virando seu olhar para onde os dois garotos estavam sentados, um pouco distante, o bastante para não ouvirem a conversa entre Dan e Mattew. – Você mencionou algo sobre os sobrenomes...

- Sim, White. – Mattew repetiu. – Não lembra o que isso significa?

- Não faço ideia. Estou no escuro por dias, tentando entender o que você quis me dizer com isso.

Mattew suspirou por cansaço. Não estava com humor para contar histórias, mas o olhar de pura curiosidade que o amigo de seu irmão lhe lançava não lhe permitiu escolhas. Mais dois pedidos para que Mattew dissesse o que sabia foram o suficiente para fazê-lo abrir a boca. Estava estranhamente começando a gostar cada vez mais de Daniel.

- Então você quer dizer que o pai de Kyle foi um Comensal da Morte? – Ryan repetiu assim que ouviu Daniel dar a chocante notícia.

- Exatamente.

- Não posso acreditar. Os Comensais da Morte em sua maioria eram da Sonserina... – Alice ia dizendo, quando notou a expressão no rosto de Ellen, e parou imediatamente. – Quero dizer, não que eu quisesse insinuar algo...

- Todas as casas tiveram suas cotas de Comensais. – Ellen afirmou, e não foi contrariada por ninguém. – Bem, retornando à questão quer realmente importa...

- O que mais Mattew te falou? – Ryan perguntou, sensatamente desviando do assunto delicado de antes. – Não faço ideia de como meu irmão tomou conhecimento desse tipo de coisa.

- Ele contou parte da história da família White. Disse que era tudo o que conhecia. E – Daniel acrescentou antes que alguém pudesse responder – ainda me informou que suspeita que a família de Derek também não seja cem por cento inocente quando o assunto é magia das Trevas.

Daniel foi rodeado pelas expressões de espanto dos seus três amigos, que se sentavam ao seu redor numa das mesas da biblioteca. À medida que eles foram absorvendo a informação, as expressões foram relaxando, porém ainda mantinham a curiosidade.

- Derek também? – Ryan perguntou. – Sabia que havia algo de tenebroso nesses dois.

- Descendentes de Comensais da Morte... Quem diria. – Alice comentou.

- Mas tomem cuidado com o preconceito, gente, não é porque eles descendem de Comensais que necessariamente são iniciados nas artes das trevas ou algo do tipo...

- Então você duvida que Kyle ou Derek o sejam? Especialmente Derek. Aquele sorriso sarcástico e sagaz esconde alguma coisa... – Daniel retrucou, relembrando-se das suas últimas conversas com os dois.

- Não estou dizendo exatamente isso... – Ellen retrucou sem muita convicção. Brincava com um cacho de cabelo, sem perceber, enrolando-o no dedo sem parar. Em sua ânsia de defender a Sonserina e seus alunos, ao buscar por igualdade, acabara defendendo também Kyle e Derek. Não estava de todo errada, mas não poderia argumentar contra o que Daniel acabara de dizer: de fato ambos eram um tanto esquisitos.

Os quatro entraram numa silenciosa reflexão.

- Estou começando é a sentir pena deles. – Ryan afirmou. – Isso que você falou, Ellen, da questão do preconceito... Não deve ser fácil descender de Comensais da Morte.

- Isso pode até mesmo justificar porque Kyle não simpatiza conosco, em especial com Albus... O pai dele é um dos mais renomados aurores da histórias, e nós somos amigos de Al. – Alice concluiu o pensamento de Ryan.

- Mais isto não é motivo para ser rancoroso. – Ellen disse em contrapartida. – Eu compreendo que deve ser difícil resistir a todos sabendo que é fato público que sua família é adepta das artes das trevas, mas mesmo assim, se a reação de Kyle for essa que você sugeriu, está de certo modo errada...

- É, mas cada qual tem seu jeito de reagir de um modo diferente. – Daniel respondeu, com um suspiro. – Quem sabe este não é o dele?

Ellen assentiu, dizendo:

- Partilho de sua pena, Ryan.

- Por que de repente todos se tornaram piedosos? Esqueceu-se do que eles disseram da Sonserina, Ellen? – Alice perguntou, olhando pelo lado mais frio da situação.

- Não, lembro-me perfeitamente. Porém, se eu fosse parar para odiar a qualquer um que levantasse uma palavra contra a Sonserina...

- Nem nós estaríamos completamente isentos de seu ódio, querida. – Ryan completou. – Me perdoe, mas antes de conhecer você, você todos, aliás, eu não estava muito alegre com a ideia de poder parar na Sonserina.

- Eu entendo...

- Mas eu só estava avisando vocês, hein, tratem de deixar esse assunto pra lá... Quanto menos nos envolvermos, melhor.

- Está ficando mais sensato, Dan. – observou Alice.

- E desde quando é que eu não sou?

- Desculpe, mas, desde o momento em que vocês dois resolveram colocar aquela façanha de Hogsmeade em prática, eu perdi certo respeito e estima que tinha por vocês. – Alice sentenciou.

Ellen riu das expressões indignadas de Daniel e Ryan, sentados logo a sua frente. Eles ainda não admitiam o erro. Apoiando o queixo em sua mão, ela deu um longo suspiro.

Os quatro mais uma vez ficaram em silêncio, até Alice se dar conta de algo, ao perceber que segurava sua pena de escrever no ar, sem usá-la.

- Os deveres! Viemos aqui para fazê-los...

- Deixe de ser estraga prazeres, estou é cansado. – reclamou Daniel. – Não precisava ter lembrado.

- Então tudo bem, da próxima vez, vou lembrá-lo assim que estiver prestes a entrar na sala do Hunnigan. – ela retrucou sarcástica.

- Talvez assim você ganhe um agradecimento, Alice. – Ellen falou, mais uma vez rindo.

- Por falar em Hunnigan... – Alice começou, mas foi logo interrompida por Ryan.

- Olha, eu até compreendo que meus deveres como aluno nunca vão cessar, ao menos num futuro imediato, mas será que essas más notícias também não vão? – ele suspirou.

- E quem disse que é uma má notícia? Deixe de ser apressado. – ela retrucou.

- Então é uma boa notícia?

- Hm, não exatamente... – ela disse, deixando a frase morrer.

Os outros três nem precisavam pedir, seus olhares falavam por si próprios: pediam uma explicação.

- Ele anda tão ausente ultimamente. Trinta centímetros de pergaminho sobre um feitiço que já aprendemos faz certo tempo. – ela levantou o dever que estivera fazendo a pouco, para ilustrar seu argumento. – Isso não é normal para ele.

- Definitivamente não. – Daniel concordou.

- Então o que pretende, pará-lo no corredor para expressar sua preocupação? – Ryan retrucou com um tom inconfundível de ironia.

- Ellen tem certa propensão a encontrá-lo nos corredores. – Daniel sugeriu, sorrindo.

- Há-há, imaginem que diálogo mais agradável seria esse... – a própria Ellen respondeu com sarcasmo.

- Eu só queria saber... – começou Ryan, adotando novamente um sério tom de voz. – Como é que alguém cresce e se torna uma pessoa tão amargurada quanto Hunnigan? Porque, sinceramente, esta foi a primeira impressão que tive dele, e continuo mantendo-a a mesma.

- Alguma decepção. Algum rancor, algo no passado. – Daniel sugeriu, dando de ombros. Depois acrescentou com morbidez. – Alguma morte.

- Não seja tão pessimista. – Ellen o repreendeu.

- Não estou sendo. Gostaria de ser chamado de realista.

- Há certa diferença entre dois, em que no primeiro caso você só pensa no pior, e no segundo você pensa na realidade.

- Muito obrigado pelas definições que já sabia, - ele retrucou. – Porém continuo achando a mesma coisa...

- Teimoso.

- Sabe-tudo.

- Convencido.

- Irritante. – Daniel sorria, se divertindo.

- Debochado...

- Podem parar vocês dois?! – Alice pediu, após ter trocado diversos olhares com Ryan no ínterim da discussão entre os outros dois amigos.

Rindo de Ellen, enquanto ela mesma fechava a cara e se voltava para o seu pergaminho, escrevendo furiosamente, Daniel devagar pegou sua pena, e começou a rabiscar no papel um trabalho que não fazia a menor ideia por onde começar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gostaram? Reviews?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "As Quatro Casas De Hogwarts - Ano 2" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.