As Quatro Casas De Hogwarts - Ano 2 escrita por Larissa M


Capítulo 14
Capítulo 14 - Verdades e Mentiras


Notas iniciais do capítulo

Desculpem-me, eu estava com um maldito Writer's block que não passava!! Deixei de postar por duas semanas, isso é mt diferente doq eu estou acostumada a fazer... Anyway, estou de volta com outro cap, e espero q eu mantenha a minha rotina de sempre!



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No castelo, Ellen e Alice se sentavam do lado da cama de Daniel, pacientemente esperando o garoto acordar. Vieram cedo, logo depois de que deixaram os amigos no corredor do terceiro andar. Erick já havia se despedido, e seguira para o povoado, assim como Albus. Restavam as duas e Daniel.

A conversa ali seguia aos sussurros, para não perturbar Srta. Pomfrey:

- Como você acha que eles estão indo lá no povoado? – Ellen perguntou.

- Não sei... Fiquei com um mau pressentimento ao deixá-los hoje cedo. Você sabe que uma dupla como Ryan e Nathan não é muito confiável no quesito de manter o plano e não fazer nenhuma imprudência. – Alice retrucou pensativa.

- Mas Nate foi contra essa ideia! De quem eu duvido é Ryan.

Daniel, acordando pelo cochicho incessante das duas, não pôde deixar de ouvir as últimas frases trocadas. Resolveu comentar, agora completamente desperto:

- Que feio, meninas, não deviam estar falando mal dos dois pelas costas.

- Daniel! – exclamou Ellen, surpreendendo-se por vê-lo acordado. – Fica falando da gente, mas quem é que estava ouvindo a conversa enquanto fingia dormir? – Ellen contra atacou.

- Quer que eu volte a dormir? O farei com prazer, estou com tanto sono... – ele respondeu bocejando.

- Não, seu bobo. – ela falou. Depois continuou, a despeito da repreensão do amigo. – Espero que estejam bem.

- Eu também. – Alice acrescentou.

- Queria ter ido, sabem, mas essa maldita doença que não passa... E essa minha bendita amiga preocupada... – ele brincou, referindo-se a Ellen.

Ela, sem se deixar abalar ou se sentir culpada, respondeu:

- E fez certo em me ouvir e ficar aqui!

- Eu tinha escolha eu ir ou não? Pensei que fosse ser atacado por um Petrificus Totalus no momento que ousasse sair da cama...

- Eu só precisava falar com você. – Ryan continuava falando a seu pai, em tom de desculpas.

Robert ainda olhava de um a outro, em choque. Rapidamente, virou o rosto para trás e para os lados, vendo se havia sinal de qualquer pessoa houvesse notado. Depois, encarou Ryan de frente, claramente exigindo uma explicação. Abriu e fechou a boca duas vezes antes de finalmente dizer:

- Ryan. Eu não vou perguntar por quê, e nem quero saber como. Só queria que soubesse o tamanho risco que está correndo...

- Eu sei, pai, eu sei. Mas eu precisava vir aqui! – suplicou Ryan pelo entendimento do pai – Vai me dizer que você nunca quebrou uma regrinha sequer?

- Bem, eu... – perante o engasgo que Robert deu depois de dizer isso, Ryan assumiu que o pai, assim como ele, quebrara as regras. – Mas isso não é motivo para você se espelhar em meu comportamento e vir a Hogsmeade. Você deve ter no mínimo quebrado cinquenta regras para estar só respirando o ar daqui, Ryan.

- Mas... – Ryan abriu a boca para contestar, porém se calou no minuto seguinte. Não adiantaria ele continuar uma discussão que já estava ganha. Ele e Nathan haviam quebrado as regras de Hogwarts, e nada do que dissessem tornaria o fato um pouco mais aceitável. No entanto, Ryan continuou a falar, em busca de não ser completamente reprovado pelo pai. – Eu sei que eu fiz errado, mas por favor não me puna, nem...

- Mas é claro que não, acha que eu quero que você seja expulso?! Por mais que eu desaprove isso, Ryan, eu não vou ver meu filho saindo de Hogwarts por um motivo tão ridículo. Sinceramente, se você for expulso, que faça valer a pena...

Ryan suspirou aliviado. Sabia que aquilo era o máximo que iria conseguir de seu pai, e estava satisfeito.

- Obrigado, pai. – Ryan falou.

- E você, Mattew, não pareceu surpreso quando o seu irmão se materializou do nada...

- Eu não me materializei, eu só...

- Já disse que não gostaria de saber como. – cortou-o Robert. – Estava ouvindo toda a conversa, não é mesmo? E Mattew como seu cúmplice.

Os dois irmãos se entreolharam, o bastante para Mattew transmitir um olhar de desaprovação, ao passo que Ryan apenas expressava desculpas. Depois, ambos olharam para o pai, sem nada a responder. Ele estava certo.

- Pois bem, agora sabem da verdade. – ele falou, suspirando.

Não muito distante dali, a apenas um certo número de cadeiras de distância, estava Charles Hunnigan. Já passava das três; na verdade, a hora já ia muito avançada quando Stuart deu as caras no pub do povoado. Sabia como Hunnigan se sentia com atrasos – quaisquer que fossem – mas não havia programado aquilo para acontecer daquele jeito. Seu acaso fora meramente ocasional, no entanto, mal interpretado por Hunnigan. Aquilo já fizera seu humor murchar desde o início do encontro.

- Rosmerta, dois uísques de fogo, por favor. – Stuart pediu ao mesmo tempo em que tomava o lugar exatamente defronte à mesa que Hunnigan escolhera. Era o canto direito do bar, logo próximo à janela, de modo que qualquer um passasse poderia vê-los.

Madame Rosmerta se aproximou dos dois com uma sobrancelha erguida.

- Como é? – ela fez questão de perguntar. Sua relação de longa data com ambos os professores (ia desde quando eram alunos) a fazia tratá-los diferentemente dos outros clientes.

- Isso mesmo, Rosmerta. – Hunnigan respondeu, enquanto olhava feio para Stuart. – Dois uísques de fogo, por favor. – ele ecoou.

Com um olhar confuso para os dois, a garçonete se foi, voltando logo em seguida e servindo-os. Olhava em questionamento de um a outro, mas nenhum deles se prontificou a responder.

- Então... - começou Stuart.

- Atrasado, Scott. – Hunnigan o cortou, tomando um gole de sua bebida.

- Argh, Charles, você e suas manias de pontualidade... aliás, não é só isso, parece que tudo você quer uma ordem.

- E você sabia disto. – Hunnigan disse em sua defesa, em claro tom acusatório.

Stuart mexeu os ombros em desdém, tomando um grande gole de seu uísque. Estava tendo um bom dia até ali, e não deixaria que o outro o enraivecesse. Olhando ao redor percebeu que grande parte do pub olhava na direção dos dois, sem conseguir conter a curiosidade, e deixando os olhares furtivos de lado. Stuart os ignorou, e se dirigiu a Hunnigan:

- Charles. Eu prometi algo a você.

Do canto do olho, Hunnigan poderia ver o olhar curioso e atento de Rosmerta do outro lado do local, atrás da mesa do bar. Imitando o gesto de seu companheiro, ignorou-a, e passou a prestar atenção no que viera ali para fazer.

- Exatamente. Prometeu-me certas respostas.

- Uh hum. – fez Stuart, despreocupado.

- Então, estou esperando por elas.

- Mas como se eu nem sei...

- Ah, você sabe do que eu estou falando! Do acidente, é claro! De você empinando o nariz para mim e virando as costas quando eu precisava de você...

Stuart franziu o cenho, como se fizesse força para se lembrar. Claro como uma fonte de água cristalina, o seu passado voltou numa enxurrada de imagens mentais, sucedendo-se quase em ordem cronológica. Ele lembrava-se muito bem do que Hunnigan estava descrevendo, porém... não era bem daquele modo.

- Vá com calma. – Stuart pediu, erguendo a mão. – Você está me acusando de empinar o nariz e, principalmente virar as costas para você?!

- Mas é claro que sim, foi o que você fez, Scott, não negue... – Hunnigan contra-atacou, indignado com a audácia de Stuart ao negar.

- Okay, está bem, eu empinei um pouco o nariz, sim...

Hunnigan deu um sorriso vitorioso, servindo-se de mais uísque. No entanto, fechou o rosto segundos depois, admitindo o semblante chateado e sóbrio que vinha tendo.

- Mas porque, Scott? Por quê? – ele perguntou.

- Porque o que? – o outro retrucou sincero.

- Porque você fez aquilo comigo?

Stuart, confuso, olhou bem para Hunnigan antes de responder. O outro não estava de brincadeira; falava sério, e terrivelmente sério. Era uma mescla de acusação com indagação o que estava expressando. Scott não soube o que pensar de Hunnigan. Os mililitros de álcool correndo pelo seu organismo não o ajudaram a focar direito no seu raciocínio.

- Você me prometeu respostas. – repetiu Hunnigan, ao ver que o outro não estava disposto a dizer nada.

- O problema é que eu não sei o que responder. Eu acho que foi tudo mal compreendido.

- Então essa é toda a verdade. Os motivos que mamãe teve para ir contra nós na realidade diziam respeito a ela própria... – ponderou Ryan, repetindo o que seu pai acabara de explicar.

- Isso mesmo. – concordou Robert.

- E onde está nossa mãe? – perguntou Mattew, olhando para a porta do pub a todo minuto, como se Allyson fosse entrar por ali a qualquer momento.

- Podemos encontrar com ela, deve estar em algum lugar aqui do povoado...

- Então ela veio. – concluiu Ryan. – Pensava que tivesse ficado em casa.

- Meninos, a mãe de vocês não faria isso. – Robert retrucou. – Tudo bem, ela pode até não ter vindo aqui debater esse assunto em questão (o nosso passado) com vocês, mas certamente não seria algo agradável para nós dois. Entenda nosso posicionamento no meio disso tudo, é uma questão delicada.

Do canto da mesa, cada vez mais achando que estava invadindo algo privativo, estava Nathan. O garoto se encolhera o máximo possível para o canto, e tentava não prestar atenção na conversa que se desenrolava a sua frente. Ryan até se esquecera da presença do amigo ali, mas nem se importava. Nate receava que, se ele ousasse se mexer, Ryan quisesse voltar para dentro da capa, o que seria impossível com ele longe.

Embora soubesse disso, Nathan não poderia ficar ali. Era tamanha invasão de privacidade que ele resolveu se arriscar: atravessou o salão com a capa, e se postou num canto um pouco afastado, mas ainda assim próximo o bastante para entreouvir a conversa entre Hunnigan e Stuart. Se Ryan desse algum sinal de que necessitava retornar ao esconderijo da capa, ele iria correndo de volta.

Na mesa onde os Cooper se reuniam, a conversa continuava:

- Sim, nós compreendemos. – respondeu Mattew, por Ryan.

- Mas então está tudo resolvido? Você não vão mais reclamar? Podemos mesmo ser uma família normal? – dizendo aquilo, Ryan parecia de novo ter onze anos, senão dez. Já estava com doze, o que não era uma grande diferença considerando algebricamente; porém, levando em conta maturidade, Ryan certamente mudara muito de um ano para o outro. Mas que filho seria se não desejasse se reconciliar com seus pais com a inocência de uma criança de dez anos?

- Sim, Ryan. – respondeu seu pai, com um sorriso despontando nos lábios.

- Mal compreendido? – perguntou Hunnigan, enraivecido, ao entender Stuart errado. Achava que Scott estivera falando que suas atitudes houveram sido mal compreendidas, e que na verdade ele era inocente. Na cabeça de Hunnigan, naquele estado, era óbvio que o outro estava mentindo.

- Isto, compreendemos mal...

- Não, não, eu sei muito bem o que aconteceu!

A este ponto, a sombra invisível de Nathan se esgueirou pelo pub, parando bem ao lado dos professores. Nate se arrependia mais ainda de ter aceitado ir no lugar de Daniel: a culpa o consumia por dentro.

Stuart olhou para o outro com raiva. Teimava que estava certo, e Scott odiava quando não era bem ouvido pelos outros, quanto mais interrompido no meio de uma frase.

- É mesmo, Hunnigan? Então, se me lembro bem, você foi um babaca ao simplesmente me ignorar depois do acidente...

- Não me venha com acusações, Stuart! – Hunnigan respondeu ácido. Os dois professores haviam deixados os nomes de lado; preferiam usar o sobrenome nesse ataque e contra-ataque que não cessava. – Sabe muito bem que tive razão!

- Então você admite? – retrucou Stuart, com ar vitorioso.

Hunnigan baixou a cabeça e apertou as têmporas com força, de tanta raiva que estava. Aquele encontro não fora nada como o planejado, aliás, fora o contrário do que estava esperando. Segurava-se para não dar continuidade àquela discussão mal posicionada, que não deveria estar acontecendo. Sempre lógico, Hunnigan optou por se calar e engolir a raiva assim como sempre fazia. Em meio tempo, as cenas de seu passado iam voltando-lhe à mente...

- Foi o que eu ouvi dizer, Charles. – falara Margaret Norien, há muitos anos atrás, no sétimo ano de Hunnigan e Stuart, e quarto ano da futura professora.

- Não é possível. – Charles argumentara. – Eu lembro de tê-lo visto lançando o balaço, perfeitamente... Lembro-me de tudo. Mas simplesmente me deixar para trás? Não é do feitio dele...

Suspirando, Margaret repetira mais uma vez ao seu teimoso amigo:

- Eu falei com ele, Charles. Ele disse isso na minha cara.

Insistindo ainda, Hunnigan retrucou, mesmo sem ter razão:

- Não é do feitio de Scott...

- Não era de seu feitio. – sem perceber, o professor repetiu a frase de seu passado para o Scott Stuart que sentava a sua frente, raivoso e sem parar de bebericar seu uísque.

- Pare de balbuciar coisas sem sentido...

Suspirando, assim como Margaret fizera anos antes, Hunnigan falou, agora já livre de sua raiva, expirada enquanto refletia:

- Scott, isso nunca daria certo, não sei porque pensamos nisso em primeiro lugar. Nós dois sentados num pub conversando nunca será algo nem plausível. Aqui estão os galeões por meu uísque... Que você fique sozinho com suas mentiras, porque você foi culpado e eu sei.

Levantando-se sem esperar resposta do outro, Hunnigan atravessou depressa o pub agora cheio, sobre diversos olhares curiosos. No ato, quase esbarrou em Nathan, que o evitou apenas por poucos centímetros. Ainda estava encostado na parede, encolhido no canto só ouvindo.

O que Charles não ouviu foi Scott murmurar:

- Eu não sou culpado de nada...

Nathan voltou para a mesa assim que Hunnigan quase deu um encontrão nele. Ele ficou tempo o suficiente para ouvir as últimas palavras de Stuart, mas não fazia ideia do que ambos os professores estavam tentando dizer um para o outro. Na realidade, a conversa fora tão confusa para Nathan, um espectador, quanto para o próprio Hunnigan e o próprio Scott. Nathan nem sequer sabia como iria transmitir o que os professores conversaram para seus amigos.

Deslizando para a cadeira ao lado de Ryan, Nate notou aliviado que a conversa ali tomara um rumo mais ameno, e acreditava que Ryan nem sequer havia percebido sua ausência. Melhor assim. Porém, ainda preocupado se o amigo seria ou não descoberto, Nathan não parava de olhar nervosamente para todos os lados do pub. O lugar que Matt escolhera era perfeito para qualquer um passar despercebido.

- Então, Ryan... – ia dizendo Robert, no momento em que Nathan chegou. – Eu nunca tive a chance nem de ver seus amigos adequadamente. Cada um de uma casa diferente...?

- Pai, não se sinta acanhado em dizer que ele – falou Mattew, apontando para o irmão – é louco, porque até hoje não sei como é que eles conseguem se manter juntos!

- Sim, pai, somos cada um de uma casa, mais ou menos. – Ryan falou, sem se sentir ofendido por ter sido chamado de louco por Mattew, mas ignorando o comentário do irmão. – Alice é da Corvinal; Ellen da Sonserina e Daniel da Grifinória. Da minha própria casa eu conheço o Nathan...

Nesse momento, Ryan se lembrou de súbito de que Nathan deveria estar ali ao seu lado, o tempo todo. Tentando disfarçar, continuou o seu discurso, mas agora dando olhadelas deveras desnecessárias para sua esquerda.

- É meio difícil mesmo encontrar com os outros durante a maior parte do dia, mas sempre tem as aulas de duas casas. Tem até bastantes dessas, se quer saber.

- Eu concordo com Matt: não faço ideia de como vocês conseguem... – Robert estava tentando ser o mais agradável o possível. Não era um esforço para ele, mas temia que pudesse dizer algo errado, que fosse estragar a relação recentemente adquirida com seus filhos.

Nathan, aproveitando que Robert se virara para chamar a atenção de Madame Rosmerta, sussurrava o nome de Ryan, colocando a mão sobre o seu ombro assim que percebeu que o amigo o ouvira.

Entendendo que era Nathan quem estava ali, apesar do grande susto que tomara, Ryan olhou para Mattew, sussurrando:

- Invente uma mentira. Eu vou retornar para o castelo. Se mamãe passar por aí, diga a ela que eu a perdoo.

Ryan procurou a ponta da Capa da Invisibilidade com os dedos, e puxou-o para cima do próprio corpo. Cobrindo-se bem, assistiu o espanto de seu pai ao ver que seu filho sumia. Depois, não hesitou em sair porta afora do pub. Perguntava a si mesmo se não iria se arrepender de ter saído tão cedo... Estava gostando tanto da conversa...

Assim que chegou ao porão da Dedosdemel, porém, Ryan não teve escolha senão ficar calado diante o sermão que Nathan o passava. Deixou o amigo falar por quanto tempo quisesse: tinha razão. Ele fora imprudente. Porém, não se arrependia. Só queria ver a reação das duas amigas quando elas soubessem...


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Notas finais do capítulo

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