– Quem é você? – perguntei.

Ele me olhou sem entender.

– Como assim quem sou eu? – perguntou – Isso é algum tipo de brincadeira?

Tornei a me afastar um pouco dele, assustada.

– Diga-me! Você some por dois meses inteiros, volta e ainda pergunta quem eu sou? – falou começando a ficar irritado.

Olhei ao redor a procura de Rose e Ikari.

– Natsu-san, você está a assustando! – repreendeu Wendy.

– Você quer realmente brigar com ela, de novo, depois de tudo? Você quer que ela suma novamente? – perguntou a ruiva.

– A-ano... Creio que vocês estão me confundindo com alguém – falei nervosa.

– Não estamos! Bom... o cabelo está mais curto, mas o cheiro é o mesmo – falou Levy.

– Ela está brincando com nós! – falou Natsu irritado.

– Ela deve continuar irritada com o Natsu – comentou alguém.

Balancei a cabeça.

– Meu nome não é Lucy – tremi. Eu estava nervosa e com bastante medo. – Meu nome é Shine.

Todos olharam para mim, confusos.

– Não, você está irritada comigo e por isso está mentindo! – Natsu começou a se aproximar de mim enquanto eu tentava me afastar.

– Eu não estou mentindo – falei tremendo.

– Esta sim – Natsu agarrou meus ombros e trouxe rosto para próximo do seu – Olhe nos meus olhos e diga se você não me reconhece.

Eu o encarei. Eu comecei a me sentir algo por ele. Algo que eu não conseguia identificar. Seria nostalgia? Ou algo mais profundo...

– N-não – gaguejei enquanto lágrimas vieram aos meus olhos

Natsu começou a grunhir, por um segundo ele me olhou nos olhos ferozmente enquanto eu tremia. Eu não conseguia me mexer muito menos desvencilhar do aperto nos meus ombros. Então eu fui parar ao lado de Rose e Ikari no outro canto da guilda.

– Você está bem? – me perguntou Ikari.

– S-sim – falei ainda tremendo um pouco, depois me virei para Rose – Obrigada, Rose.

– Não tem por que Nee-chan – respondeu.

– EI! Devolva a Lucy – gritou Natsu.

Ikari passou por mim e se prostrou na minha frente em uma posição protetora. Ele estava visivelmente irritado.

– Tente pega-la – provocou.

Natsu começou a pegar fogo, literalmente. Ikari se preparou e Rose foi parar ao lado dele.

– Ikari, não – pedi chorosa. Eu não queria que ele se machucasse ou que não machucasse ninguém, principalmente o Natsu. Eu não podia culpa-lo de estar com raiva. Mesmo assim eu não queria que os dois lutassem por que o Ikari era forte. Ele usava um tipo de magia invisível que seus oponentes não podia ver seus ataques. Mas não era isso que o deixava forte e sim a sua experiência em batalha.

– Me devolva a Lucy, nos devolva a nossa nakama – Natsu disse enquanto avançava.

Ikari deu um passo a frente. Segurei o braço dele.

– Não... pare – pedi.

Ikari me olhou e sua expressão mudou. Ele respirou fundo e olhou diretamente a Natsu.

– Se ela fosse sua nakama de verdade, você não faria nada para deixa-la com medo, tremendo ou até chorando por sua causa – Ikari falou rispidamente.

Natsu parou, lançou um olhar em direção a mim e então suas chamas apagaram.

Levy saiu do meio da multidão, ignorando o chamado dos outros. Ela se aproximou e parou na frente de Ikari. Ele olhou para ela e depois para mim.

– Não se preocupe não vou tentar nada – disse Levy.

Ele acenou com a cabeça e depois saiu da minha frente e foi para o meu lado. Levy se aproximou de mim e pegou minhas mãos, e as segurou.

– Você realmente não sabe quem eu sou? De quem somos nós? – perguntou.

Eu senti o olhar dos outros em cima de nós. Estavam ansiosos.

– Não, desculpe.

Levy começou a chorar. Então ela me abraçou. Assim que ela fez isso eu senti algo por ela. Como o amor de irmãos, igual o que eu sentia por Rose. Era tudo tão... Nostálgico. E eu estava me sentindo assim desde o momento que eu entrei na guilda para procurar a Levy. Era como uma lembrança antiga.

Eu retribui o abraço dela, também chorando,

– Eu realmente sinto muito – pedi.

Um trovão soou. Começou a chover. Levy chorou mais.

– Por quê? – perguntou – por que tinha que ser assim? Isso é muito pior do que você ter sumido. – ela me soltou e me olhou.

Um gato azul voou em nossa direção chorando também. Ele voou até os meus braços. Levy voltou a me abraçar.

Um por um, aos poucos vieram se juntar. Primeiro a Wendy, depois a maga de armadura e por assim seguiu. O único que não se juntou foi o Natsu que ficou em um canto observando. Por alguns segundos nós trocamos olhares, mas ele desviou.

Outro trovão soou. Minha cabeça começou a doer e comecei sentir tontura. Minha visão borrou, meus braços e pernas fraquejaram.

– Lu-chan? – chamou Levy distante.

Minhas pupilas pesaram e então cai no chão, desmaiada.

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– Lu...cy... – chamou uma voz distante – Lucy...

Eu abri meus olhos e me deparei com um garoto de cachecol.

– N-Natsu?

Ele sorriu aliviado.

– Você... você consegue...

– Não, eu não me lembro de você – falei.

Olhei ao redor. Não consegui reconhecer o lugar.

– Onde eu estou?

Natsu abriu a boca para responder.

– Na enfermaria da guilda – falou Ikari entrando na minha visão.

– Ikari! – me levantei e fui até ele o abraçando.

– Ei, cuidado você pode...

Antes de ele terminar a frase eu senti uma tontura repentina.

–... ficar tonta – disse Ikari.

– Bom, eu acho que eu vou... – começou Natsu.

– Não – Ikari o interrompeu – Eu preciso avisar o pessoal que você acordou e que está bem. E vocês precisam conversar...

– Ikari...

– Não, está tudo bem – ele se aproximou de mim e bagunçou meus cabelos. Depois olhou para Natsu rapidamente e saiu.

Eu queria saber o que ele estava pensando.

– Então... – Natsu começou coçando a cabeça – Desculpe-me.

Eu pisquei e olhei para ele.

– Uh?

– Por ter... Sabe... te assustado. É que eu estava com raiva por você ter me preocupado depois de ter sumido e depois aparece dizendo que não se lembra de nada.

– Eu não estava mentindo – falei – Vocês devem estar me confundindo.

Natsu balançou a cabeça.

– Eu sei que você é a Lucy – disse determinado

– Meu nome não é Lucy! – falei irritada.

Natsu se afastou.

– Foi por causa dessa atitude que brigávamos todos os dias – comentou.

– Você é sempre tão chato?

– E você é sempre tão estressada?

Dei as costas para ele. Por que ele tinha que ser tão... irritante? Ugh.

Natsu suspirou.

– Desculpe – pediu novamente.

– Tudo bem – falei e por algum motivo não consegui ficar irritada novamente.

– Então – recomeçou – você e aquele cara...

– Ikari.

– Sim, você e aquele cara estão... saindo? – perguntou

– Não – falei

– Ah – fez aliviado. Por que ele estava aliviado?

– Estamos namorando – falei sorrindo e fazendo pose.

– O-QUÊ?

– Huhu por que você ficou aliviado antes? Oh – me virei o encarando – Não me diga que você...

– Não diga coisas idiotas! – falou corando.

–Uhm... você é igualzinho ao Ikari.

– Já falei para você não dizer coisas idiotas – disse irritado.

– Eu só disse o que eu acho. A minha sincera opinião.

– Tch, você é sempre tão chata?

– E você é sempre tão estressado?

Que estranho, eu estava me dando tão bem com ele. Comecei a rir.

– O que foi? – perguntou Natsu.

– Nada não, nada não – falei ainda rindo.

Natsu começou a rir também.

– Hã? Por que está rindo?

– Por que realmente você continua a mesma Lucy de sempre. A Lucy engraçada e estranha.

Aquilo fez meu coração disparar me fazendo corar. Que diabos! Eu mal o conheço, mas sinto que ja o conhecia. O modo como estávamos nos dando muito bem, e o modo que ele falava de mim com tanta convicção como se realmente me conhecesse. Isso era o que chamavam de amizade verdadeira?

Minha primeira opinião sobre o Natsu era que ele era um monstro. Mas depois eu o achei um tanto fofo, ele era como uma criança, como uma lembrança para mim. Um estranho conhecido.

Era assim que o Natsu era para mim. Um estranho conhecido