– Além do mais Lucy ficou mais estranha com esse cabelo curto – disse Natsu.

– O quê? Eu estou feia? – questionei passando as mãos pelos cabelos.

– Ah, não... está er... linda – falou ficando um pouco vermelho.

– Obrigada – sorri – E meu nome não é Lucy.

– E como sabe o meu nome? – perguntou me fazendo arquear as sobrancelhas.

– Por que a Wendy falou – respondi.

– E como sabe o nome da Wendy.

– Por que a Levy falou!

– E como sabe...

– Por que a minha cliente falou! – falei alto.

– Calma! Sua estranha – disse.

Eu olhei para ele e me levantei da cama. Aproximei-me dele devagar.

– Me responda, Natsu – falei de modo provocador – Como você pode confirmar que eu sou a Lucy, sua preciosa nakama?

Natsu se afastou.

– Por que eu sei que é você – falou nervoso.

– Me prove que eu não sou a Shine – disse – Que meu conceito sobre mim mesma está errado.

Parei de andar e ele também. Natsu estava encurralado, eu sabia.

– O seu cheiro – falou me olhando.

– Meu cheiro? A Wendy mencionou a mesma coisa.

– Somos Drangon Slayers, temos um faro bom – disse fazendo pose.

– Éééh? E qual o meu cheiro? – Andei mais um pouco fazendo se afastar. Ótimo, agora ele estava encostado na parede. Eu já estava fazendo força para não rir.

– S-seu cheiro é de... – ele respirou fundo – Rosas, quando chove ao mesmo tempo o cheiro de uma brisa fresca na primavera... Seu cheiro é tão estranho quanto você.

– Meu cheiro é bom? – Aproximei-me. Agora eu podia sentira respiração dele.

Natsu engoliu em seco.

– É...

– É? Sim ou não? – dei mais um passo.

Natsu me olhou de cima a baixo.

– Sim.

– Uhm, isso quer dizer que você ama a Lucy? – perguntei inocentemente.

– Sim... quer dizer, NÃO! Você é estranha e... – gaguejou corando.

– Éh? Estou mentindo?

Natsu me olhou um pouco assustado, ainda vermelho. Não aguentei mais e comecei a rir caindo de joelhos no chão.

– O-o que foi Lucy? – perguntou Natsu ainda abalado.

– Quem diria que aquele que me deixou assustada eu podia fazer o mesmo – falei ainda rindo.

– Hã?

– Eu queria ver se eu podia assustar você – falei.

Ele suspirou.

– Que maneira mais estranha de assustar a pessoa.

– Eu sou estranha, não sou? – falei me levantando. Então fui até ele e peguei a mão dele.

– V-você está tentando me deixar envergonhado agora? – perguntou.

– Não. Eu prometo a você, Natsu, que irei encontrar a sua Lucy – falei o olhando nos olhos.

– M-mas você...

Balancei a cabeça.

– Não. Eu irei encontra-la, traze-la de volta e vocês poderem se acertar. Custe o que custar. – sorri.

Natsu corou. Então abriu a boca para responder mais nada saiu. A porta da enfermaria se abriu. Ikari, Rose, Levy, Wendy, a maga de armadura, os gatos e um cara sem camisa apareceram. Todos olharam para nós surpresos. A cena: Natsu e eu de mãos dadas, ele vermelho e eu sorrindo.

– Ah... – fez Natsu mais vermelho. Eu ri.

– Lu-chan, você se acertou com o Natsu? – perguntou Levy.

– Não. Eu prometi a ele que encontraria a Lucy dele e a traria de volta – disse olhando para Ikari que não me olhava nos olhos.

– Mas, você não é a Lucy? – perguntou Happy.

– Eu... – olhei para eles e senti que não devia mentir. Percebi Ikari balançando a cabeça em concordância.

Respirei fundo.

– Na verdade eu não sei de nada. Eu não tenho memorias sobre quem sou eu – suspirei.

Natsu me lançou um olhar por um segundo.

– Por favor, não me levem a mal – pedi – Eu tenho certeza que eu acha-la.

Natsu abriu a boca para responder e de novo nada saiu.

– Mas eu sei que você é a Lucy – o gato azul voou para cima de mim e chorou.

– Happy... – ouvi Natsu suspirar.

Pisquei e olhei para o gatinho.

– Happy – o gato azul levantou o rosto – Seu nome é Happy?

– Aye!

Eu cambaleei. Ikari me segurou.

– O que foi, Shine-nee? – Rose correu para o meu lado. Wendy também.

Levei a mão a minha cabeça.

– Flash – sussurrei para Ikari e Rose.

– Suas memorias – Ikari falou me entendendo. Rose balançou a cabeça.

– E-eu já ouvi esse nome em algum lugar – disse alto.

Todos os presentes nos encararam sem entender.

– Lucy-san... quer dizer S-Shine-san, por favor, deixe me tentar cura-la – falou Wendy – minha magia pode fazê-la melhor.

– Sério?

– Hai, eu sou a Dragon Slayer dos céus. Eu uso magia de cura – ela sorriu.

– Uau! – Rose, Ikari e eu falamos ao mesmo tempo.

– Shine-san, deixe-me cura-la – pediu a garota mais uma vez.

– Claro.

Sentei-me na cama. Wendy respirou fundo.

– Não se esforce muito – falou a gata branca.

Wendy balançou a cabeça.

– Quem sabe as lembranças da Shine-san voltam? Eu vou me esforçar bastante – falou Wendy determinada.

– Você consegue Wendy – disse Levy.

Wendy concordou e voltou a respirar fundo. Ikari sentou do meu lado e Rose ficou em pé ao lado da Wendy. Apesar de Rose e eu temos a mesma idade, ela era do mesmo tamanho da Wendy, só que um pouco maior.

Wendy levantou as mãos em minha direção e ela começou a brilhar. A tontura que eu ainda sentia se fora. Eu me sentia muito bem. Até que os flash de memorias começaram a aparecer, mais e mais fortes. Por uns segundos eu conseguir lembrar tudo. Do que aconteceu, de todos os meus amigos e da família. E pelo mesmo jeito que as memorias chegaram, elas foram embora, como se nada tivesse acontecido. Como uma lembrança.

Pisquei por alguns segundos. Esperei enquanto a Wendy terminava a magia. Todos (exceto Ikari e Rose) olharam para mim esperançosos. Levei a mão à testa.

– E e-então? – ofegou Wendy.

– Nada. – Percebi o Ikari me olhando e fiz um aceno discreto com a cabeça para ele. Eu sabia que ele estava me entendendo. Rose me lançou um olhar transmitindo uma pergunta do tipo “Você estava mentindo?” Tentei responder de volta indicando um “não”. Ela me deu uma piscadela.

Eu podia sentir o peso de um olhar em mim. Virei-me e encontrei Natsu me olhando. Ele estava decepcionado? Não... ele parecia não querer acreditar em mim.

Ele parecia determinado a provar que eu era a Lucy.