Anti-social escrita por UnknownName


Capítulo 17
"Vidrinho"




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─ Tudo o que é bom dura pouco. ─ Murmurei para mim mesmo, me referindo ao fim de semana, no caminho da escola.

Ao chegar no portão senti alguma coisa no meu pé. Sentei-me em um muro, e vi que era um pedaço de viro que, de alguma forma, tinha entrado no tênis e furado minha pele. Ótimo. Viu porque eu amo segundas-feiras?

Me dirigi até o armário, tentando não mancar. Sarah chegou pela entrada principal, um pouco mais tarde que eu, e se dirigiu até seu armário.

─ Oi. ─ Ela me cumprimentou.

─ Oi. ─ Respondi.

─ O professor vai passar o conteúdo do trabalho hoje. ─ Ela avisou. ─ Daí já podemos decidir quem vai ficar com o quê.

─ Beleza. ─ Concordei, e avistei um dos nossos professores vindo até mim.

─ David, que bom que está aqui. ─ Ele me saudou, me entregando um envelope. Já imaginava o que era.

─ Faz tempo ein?A última vez que me chamaram faz 3 semanas. ─ Comentei, olhando para o papel.

─ Pois é. ─ Ele me olhou dando uma piscadela. Tentei interpretar o que significava, mas não cheguei à uma conclusão. Sarah parecia ter entendido, por causa do sorriso, mas não tinha certeza se era isso já que ela está sempre sorrindo. Ignorei o fato.

─ Eu vou pra sala. ─ Avisei.

─ Beleza. ─ Ela falou e eu comecei a andar. O primeiro passo odeu um pocuo, mas não era nada demais. 

─ Está tudo bem? ─ Ela perguntou apontando para o meu pé. Pensei estar disfarçando bem, mas ela percebeu.

─ Não é nada. ─ Garanti. 

Fui até o dito cujo local, e me sentei. Demorou um pouco até os ouros alunos e o professor chegarem, e a aula começar. O professor deu um tempo para discutimos os grupos e dividir as tarefas, e quando entreguei a folha dizendo que eu o faria com Sarah, o olhar do professor ficou claramente surpreso.

─ Você vai fazer em dupla? É isso mesmo? ─ Ele precisou confirmar. Apenas virei minha cabeça para o lado oposto, emburrado. ─ Que notícia boa! Finalmente você está tomando uma ação contra esse seu mundo solitário.

─ Ei! ─ Protestei ─ Ela me obrigou a fazer isso! ─ Mas, ao contrário do que eu esperava, ele apenas sorriu mais ainda.

O resto do dia foi como o usual. Mike me enchendo o saco, Sarah sempre me seguindo(mas com isso eu até me acostumei), e tudo mais.

Antes de sair, Sarah me entregou novamente aquela barrinha de cereal.

─ Você realmente vai continuar fazendo isso? Eu não sou nenhuma criança, você sabe. ─ Falei.

─ Se não fosse por mim você acabava desmaiando de fome. Você não toma café da manhã, não lancha, e agora gosta de passar o almoço também. Não sei como você consegue sobreviver sem comer até as 3 da tarde. ─ Ela estava me dando um sermão?

Dei um sorriso de canto, quase sarcástico. ─ Eu sei me cuidar, viu.

─ Claro. ─ Ela deu um tapinha no meu ombro e foi embora.

Fiquei com uma cara estranha por um tempo. "Essa garota... Ela pode ser chata, mas as barras de cereal tem um gosto bom.". Me sentei no banco de sempre, esperando o horário. Acabei dando um cochilo, mas sorte que coloquei um despertador no celular para a 1:45.

Cheguei na sala, e Joe estava virado de costas, com a cadeira.

─ Hey. ─ Saudei, sentando na poltrona.

─ Ah, olá. ─ Ele se virou.

─ Fazia tempo que não me chamavam. ─ Comentei.

─ E isso é bom, não? ─ Ele respondeu, com o queixo apiado sobre as mãos, e os cotovelos sobre a mesa. 

─ Ahn? ─ Fiquei confuso.

─ David, você sabe para quê o chamamos aqui? ─ Ele perguntou.

─ Porque vocês acham que eu devia me comunicar mais e interagir melhor com as pessoas, certo? ─ Respondi.

─ Exatamente. ─ Ele falou, de imediato, com um sorriso. ─ Querendo ou não, você está se tornando mais sociável.

─ Como assim? Por quê? ─ Fiquei mais confuso ainda.

─ Você nunca parou pra pensar nisso, nem se quer uma vez? ─ Fiz que não com a cabeça. ─ Parece que finalmente seu "medo" está sendo superado.

─ Eu não tenho "medo". ─ Cruzei os braços. ─ Eu sou assim, e você sabe.

A conversa seguiu pelos próximos 60 minutos, com mais ou menos os assuntos de sempre. Eu falava o que tinha feito, e ele anotava alguma coisa em sua prancheta. 

Ao término de tudo, nos despedimos e eu saí. Segui meu caminho de sempre, mas naquele ponto meu pé já estava doendo de verdade. "Acho que o vidro cortou mais do que eu pensava.".

Em certo ponto de meu caminho, tomei um leve susto e dei dois passos para trás. Eu estava passando pela praça, e vi Sarah sentada em um banco. Ela não estava sorrindo, muito ao contrário disso. Se não a conhecesse, poderia julgar que estava chorando. "Mas por quê?".

Fiquei a observando por alguns instantes. "Então você não é a 'senhora-sorri-o-tempo-todo que eu pensava...".

Ela estava cabisbaixa, e parecia realmente triste. Ela passou a manga sobre os olhos, para limpar suas lágrimas. "Então você está chorando mesmo.". Eu nunca a imaginara daquela maneira, já que só conhecia seu lado feliz.

Fiquei curioso e quase fui até ela perguntar o que estava acontecendo, mas achei melhor não o fazê-lo. Ela parecia querer ficar sozinha, então fui embora.

Cheguei em casa e tirei meu tênis. "Merda, minha meia branca!". Uma grande mancha de sangue(tá, não tão grande assim) se encontrava no local do machucado. Tirei a meia e vi que o mesmo realmente era bem maior do que eu pensava. Fênix chegou para ver o que era, e ficou querendo lamber a ferida. 

─ Não! ─ Ordenei, e peguei um daqueles sprays para machucado.

No dia seguinte já estava bem melhor. 


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Notas finais do capítulo

Reviews? *-*