Anti-social escrita por UnknownName


Capítulo 18
Não é o que parece ser.




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─ Hm... Tá meio roxo... ─ Falei para mim mesmo, olhando para o meu pé, enquanto tirava o pedacinho de vidro restante com uma pinça.

─ CRENDEUSPAI O QUE É ISSO?! ─ Meu pai gritou, em um susto, claramente exagerando, ao ver o ferimento. ─ O que é isso?!

─ Não é nada. Só um arranhão. ─ Garanti.

─ Como não é nada?! ─ Observei seu desespero e revirei os olhos, enquanto ele corria para pegar não sei o quê.

Fui praticamente obrigado a fazer um curativo desnecessário, como se meu pé estivesse necrosado ou sei lá. "Eu não sabia que ele era tão super protetor assim".

Como não tinha mais nada para fazer, terminei minha lição de casa, comecei uma parte do trabalho e fui dormir. Não tive sonho nenhum, ou pelo menos não lembrei de tê-lo. Dizem que sonhamos sempre, e vários sonhos, mas apenas lembramos de no máximo 3, não é mesmo? Pelo menos foi o que ouvi.

O dia seguinte não foi muito legal. Vou contar do início.

Foi uma péssima manhã, como usual. Ter que acordar cedo já é ruim por si só, mas essa não foi a pior parte.

Segui meu caminho até o colégio, e quando cheguei Sarah já estava lá.

─ Eu estou atrasado ou você que está adiantada? ─ Perguntei, colocando alguns livros em meu armário e tirando outros que eu usaria naquela hora.

─ Não, eu que cheguei cedo. ─ Ela respondeu, se apoiando na parede. ─ O que aconteceu com seu pé? ─ Ela apontou para uma parte do curativo que estava visível.

─ Ah, isso. ─ Comecei a explicar. ─ Faz parte de um dos exageros do meu pai. Não é nada de mais, só um corte.

─ Ah, bom saber que não é grave. ─ Ela sorriu novamente. Aquele sorriso que eu já estava bem acostumado ao ver, mas que agora me deixava surpreso, já que me lembrara do dia anterior, em que eu a vira chorando. Sarah jamais mostraria uma cara triste em minha presença, mas por quê? "Será que ela não confia em mim? Digo, ela não precisa por um sorriso falso..."

─ O que foi? ─ Ela me olhou nos olhos, me tirando de meus pensamentos. ─ Você parece com a cabeça nas nuvens.

─ Ah, não, é só que... ─ Fui interrompido pelo soar do sinal, que indicava o início das aulas.

─ Ah, foi mal, eu tenho que ir. ─ Ela avisou. ─ Vejo você mais tarde.

─ É, eu também tenho. ─ Falei e seguimos caminhos diferentes.

Minha primeira aula era de geometria. Tudo bem, eu até que gosto de fazer as construções... Depois foi matemática, Francês (dessa eu gosto) e redação. Eu não sei como, mas esta última demorou muito mais do que o esperado, e para completar a professora nos segurou na classe até terminarmos nossos exercícios. Uff, eu odeio redação.

Até aí tudo bem, mas um ser ainda mais irritante do que aquela que me persegue todos os dias queria excepcionalmente me irritar naquele dia, e torná-lo o pior de todos.

─ Fala aí, hoje você vai lutar comigo, não é? ─ Ele veio com aquele assunto mais uma vez.

─ Você não vai me deixar em paz, não é? ─ Bufei, cansado.

─ Já falei minha condição: Ou você aceita, ou eu continuo. Como você recusou... Eu vou tornar da sua vida um inferno até a última batida do seu coração. ─ Ele disse, com um sorriso.

─ Grande bosta, você não pode fazer nada... ─ Falei, em desafio, e observei seu sorriso aumentar.

─ É? ─ Ele perguntou, visivelmente interessado no desafio.

─ É. ─ Respondi, os dois fitando um ao outro quase que se metralhando apenas com os olhos. Cerrei as pálpebras, e ele fez o mesmo.

O pior.

Foi o que aconteceu depois.

Aquele maldito.

Se aproximou.

E encostou seus lábios.

Nos meus.

VOCÊ FAZ IDEIA DA GRAVIDADE DA SITUAÇÃO?!

─ !!!!!!!!!!!!!!! ─ Dei um pulo para trás, com a mão na boca, e os olhos se viravam para nós, todos tão surpresos que não conseguiam falar nada.

─ Q-QUEM VOCÊ PENSA QUE É?! ─ Gritei, ainda perplexo, e paralisado.

─ Imagino que esteja com muita raiva de mim agora. ─ "Aquele..."

─ Seu... ─ Comecei a falar, mas antes que terminasse, saí correndo até os fundos da escola, onde, em um canto, tinha uma pia. Enxaguei minha boca até a alma.

Sarah veio correndo até mim, e eu estava sentado no chão, com os joelhos levantados, e apoiando o queixo nos mesmos. Sabe? Aquela posição de "mamãe me ajuda".

─ D-David? ─ Ela se sentou do meu lado.

─ Isso foi golpe baixo. ─ Falei. ─ Eu vou ficar traumatizado pro resto da vida.

Ela riu e eu só continuei daquele jeito.

─ Não é engraçado. ─ Protestei.

─ É sim. ─ Ela retrucou. ─ *gargalhadas* Não se preocupe, a partir de agora eu te protejo dos gays do mau. ─ Ela deu um tapinha nas minhas costas que eu poderia jurar que era quase sarcástico.

─ Urgh... ─ Esfreguei minha mão no rosto ─ Vou me assegurar de não chegar mais perto dele. Você sabe, eu não sou esse tipo de pessoa. ─ Falei, rindo.

Rimos juntos por um tempo, mas então me lembrei daquele assunto de mais cedo. Imediatamente pus uma expressão séria.

─ Sarah... ─ Comecei.

─ Sim? ─ Ela me ouvia atentamente.

─ Você... Eu quero dizer, eu não quero me meter em seus assuntos nem nada, mas... Esse seu sorriso, a maneira que você age comigo... É falso? ─ A olhei nos olhos, e sua expressão de seriedade deu lugar à uma de surpresa e confusão.

─ Por quê diz isso? ─ Ela perguntou.

─ Eu... Eu vi você, ontem. ─ Virei minha cabeça para frente e fixei meu olhar no vai e vém das garotas que estavam jogando vôlei na quadra em nossa frente.

─ Ah, isso... ─ Ela fez o mesmo, porém depois ficou a observar o chão. ─ Não é nada, só um problema familiar.

─ Não pode ser "nada". Você sempre está feliz! ─ Me virei novamente para Sarah.

─ Nem sempre... ─ Deu para perceber que ela estava pensando. Pensando em muitas coisas, que, eu confesso, estava bem curioso para saber. Sempre tive vontade de descobrir o que se passava em sua mente. Sarah era uma pessoa complexa, mas ao mesmo tempo, muito simples. Mais complexa do que simples.

Ficamos daquele jeito por algum tempo. Ambos olhando o jogo, mas, muito provavelmente, sem prestar atenção em nada.

─ No que está pensando? ─ Não aguentei e perguntei. Era mais forte que eu.

─ Exatamente nisso. ─ A olhei confuso. ─ Como, quando estou perto de você, eu sempre estou feliz. Sabe David, minha vida não é tão alegre quanto parece.. ─ Ela me olhou nos olhos, e deu para perceber que era verdade.

─ Como assim? ─ Perguntei, e, depois de algum tempo, ela começou a falar.



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Notas finais do capítulo

a.a
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