Influence escrita por jbs313, ArthurLenz


Capítulo 7
I Forgive, You Forgives, She Forgives




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Santana me buscou para irmos à escola na manhã seguinte, e em todas as manhãs depois de um mês, como se nada tivesse acontecido. Seu uniforme Cheerio estava arrumado como sempre, mas eu ainda podia sentir ela em cima de mim, podia vê-la nua no meu quarto, podia ouvi-la gemendo meu nome em meu ouvido. Somente o autocontrole me permitiu sentar ao lado dela no ônibus, ao lado de sua mão tocando suavemente a minha no espaço que havia entre nós.


Ela ainda segurava meu mindinho enquanto caminhávamos juntas pelo corredor. Ela me lembrou de quais livros eu precisava para as aulas e ainda me emprestou uma caneta quando sabia que eu havia esquecido a minha.


Mas eu ainda olhava para ela com olhos de adoração.


Apesar de tudo, Santana estava certa. Nada de bom sairia de alguém se eles soubessem sobre nós. Entre o discurso da Quinn sobre o poder das mulheres em negar sexo para os homens e o fato de que não existe nenhum outro casal - é isso o que nós éramos? - No Mckinley para comparar-nos. Então eu a ansiava em silêncio e ela continuava com o seu comportamento normal. Ela voltou a insultar Rachel Berry impiedosamente, encontrando várias maneiras de deixar a pobre garota para baixo. Aparentemente, não havia razões para os ataques verbais constantes e cada vez mais venenosos. Além do ódio implacável de Quinn, não havia nada que Rachel tivesse feito para Santana que provocasse tal comportamento. Ainda assim, ela persistia.


"Saia do meu caminho" Santana disse através do corredor. Ela apertou meu dedo mindinho enquanto indicava a direção através da multidão do refeitório. Rachel estava pairando próxima ao armário de Santana, distraidamente olhando pela janela para o pátio, onde Finn e Puck estavam jogando futebol.


"Eu disse 'Saia' Berry", ela repetiu conforme nos aproximamos. "Eu não tenho o dia todo para você viver sua novelinha na frente do meu armário."


Rachel se assustou assim que percebeu que Santana estava falando com ela. "Santana. Me desculpe, eu estava perdida em pensamentos. Isso tende a acontecer a essa hora do dia. Eu não sabia que estava em seu caminho. Eu vou fazer o meu melhor para evitar que isso aconteça novamente."


"Faça isso, Boy George. E pare de perseguir Finn. Ele está fora de seu alcance, além disso, ele tem namorada. Talvez você a conheça. Quinn Fabray? A líder de torcida." Com uma leve pancada no quadril, Santana tirou Rachel da frente de seu armário. Eu vi como a menina do suéter apertado agarrava seus livros junto ao peito. Com um "Hunf" silencioso ela girou em seus Mary Janes e caminhou para fora do corredor.


"Por que você faz isso?" Eu perguntei, meus olhos seguindo Rachel antes que ela virasse a esquina.


"Faço o que?" Santana abriu seu armário e tirou seus livros sem olhar.


"Fala com ela daquele jeito", eu respondi, inclinando-me na direção dos armários. "Você nunca fala comigo desse jeito, então por que fala assim com ela?"


Ela hesitou por um momento, olhando para seu armário. "Por que não?" Ela disse depois de um momento, com um rosto distendido, como ela faz sempre que está perdendo a paciência. "Por que você se importa, afinal? Ela não é minha amiga, B. Ela só me irrita com esse otimismo ridículo e suas estrelas douradas. Ela precisa aprender que o mundo não é justo e ela não pode ter sempre o que quer."


Eu abri minha boca para dizer alguma coisa, então pensei melhor. Santana fechou o armário e alisou a frente de seu uniforme Cheerio, do mesmo jeito que ela havia feito em meu quarto. "Vamos lá. Nós vamos nos atrasar para a aula."


O sinal tocou e ela me deixou na sala de aula. Eu tive Espanhol com o Sr. Schuester enquanto ela foi para a aula de trigonometria. Ao invés de sentar no meu lugar habitual, na parte de trás, sentei-me ao lado de Rachel, que não tirou os olhos de seu caderno rosa para notar que eu estava lá. Arranquei uma folha do meu caderno e escrevi.


Desculpe por Santana. Ela nem sempre é horrível com todos. -B.


Deixei o bilhete embaixo de sua pasta quando o Sr. Schue estava de costas para nós e ela olhou com surpresa. Eu encontrei seu olhar e sorrir o mais gentilmente que pude sem assustá-la e apontei para o bilhete. Ela o pegou, me olhando, e o leu em seu colo. Ela ergueu os olhos novamente, a incerteza estava clara em seu rosto. Ela pegou sua caneta dourada e escreveu uma longa resposta com sua caligrafia curva, colocando uma estrela dourada no final antes de entregá-lo de volta para mim.


Eu não tenho nenhuma dúvida de que você acredite que ela seja a melhor pessoa do mundo, Brittany. Mas para mim Santana tem dois jeitos: com raiva, e irritada. Você foi muito gentil em se desculpar, mas isso não é necessário. Eu acredito que ela continuará me insultando até que ela lide com seus problemas pessoais.

Beijos,

Rachel Berry.


Eu li várias vezes o bilhete antes de olhar para Rachel. Ela tinha voltado sua atenção para o Sr. Schue, e estava devidamente tomando notas da lousa e repetindo as conjugações do verbo "perdoar" juntamente com o resto da classe. "Perdono, perdonas, perdona..."


Eu perdôo. Tu perdoas. Ela Perdoa.


O que ela quis dizer com lidar com seus problemas pessoais? Santana não tinha problemas. Ela me diria sobre eles se tivesse. Ela me dizia tudo. Eu passei o resto da aula relendo o bilhete e tentando entender os "problemas" na qual Rachel tinha se referido, eu não conseguia pensar em nada. Fui encontrar Santana em seu armário para poder falar com ela sobre isso, mas fiquei surpresa ao descobrir que ela não estava sozinha.


Puck estava com ela, seu antebraço apoiando-se no armário quando ele se inclinou sobre ela. Ela tinha as costas contra os armários, os livros apertados contra o peito, e ela sorriu animadamente para ele, enquanto ele acariciava seu braço nu.


Ciúme. Coração partido. Lá estava ele novamente. Eu fervia em silêncio pelo corredor observando-os. Minhas mãos coçaram quando ele a tocou. Ele se inclinou para sussurrar em seu ouvido, sorrindo o tempo todo, e minhas pupilas dilataram quando ela colocou sua mão sobre o peito dele e o empurrou alegremente com uma risada. Ele tentou beijá-la, mas ela virou a cabeça e não deixou. Há pouco tempo atrás ela estava comigo na minha cama, e agora... Agora Puck a tocou em público de uma maneira que eu não poderia. Agora ela podia flertar abertamente e não se preocupar com o que o resto das Cheerios iriam pensar sobre duas de suas calouras se divertindo quando ninguém estava olhando.


O sinal tocou e a atenção de Santana foi tomada. Ela desviou os olhos de Puck e me viu observá-los. O rosto dela desmoronou, sua boca se formou em uma linha fina enquanto seus olhos demonstravam arrependimento. Ela empurrou Puck e correu em minha direção.



"B, não é o que você está pensando." Ela segurou meu braço, mas eu a afastei.


"Eu não estou pensando nada. Eu nunca penso, lembra?"


Ela pareceu magoada por um momento antes de vir em minha direção novamente, desta vez ignorando meus esforços de mantê-la afastada de mim. De me fazer sentir a sua pele na minha e lembrar que nós tivemos essa linda noite juntas, e que ninguém jamais saberia.


"Não diga isso," ela sussurrou. "Você sabe que eu não penso isso. Puck só estava sendo o Puck. Ele acha que porque nós dormimos juntos uma vez ele pode conseguir isso sempre que quiser, como se ele fosse meu dono."


"Ótimo jeito de dizer que eu também não vou conseguir isso sempre que eu quiser, hein?" Controlar o tremor na minha voz tornou-se cada vez mais difícil. Meu coração batia freneticamente e eu me sentia fraca.


"Isso não foi o que eu quis dizer e você sabe disso. Olha, existe um código que você precisa cumprir na escola. Cheerios namoram jogadores de futebol. Quinn começou a namorar com Finn e ele jogará como quarterback na próxima temporada. E Puck já está jogando, então é natural que ele namore uma Cheerio também. Ele me escolheu. Eu não posso perder essa oportunidade."


"Oportunidade? De que? Ter seus seios tocados por um retardado de moicano?"


"De melhorar minha posição social!" Ela jogou as mãos para o ar e lançou o cabelo sobre o ombro. "Você não estava ouvindo?"


"Então você dormiu com ele para subir a escada social? Isso é ótimo, San. Pra que você dormiu comigo? Um lugar melhor na pirâmide?" Minha voz parou em algum lugar perto das minhas amígdalas e eu senti meus olhos lacrimejarem. Finalmente chegamos à raiz do problema. Finalmente ela ia ter que se explicar para mim. Só isso já era suficiente para me fazer entrar em pânico.


"Fala baixo, Brittany." Ela usou meu nome completo. Ela nunca usava meu nome completo. Seu rosto transmitia raiva, mas sua voz me disse que estava com medo. "Eu pensei que nós tivéssemos conversado sobre isso. Ninguém pode saber sobre isso. Com o Puck é diferente. É..."


"Fácil" eu terminei a frase por ela com lágrimas escorrendo pelo meu rosto. "Eu poderia fazer sua vida mais fácil também, San. Se você me desse uma pequena oportunidade."


Ela olhou para o corredor que agora estava vazio. Todos já haviam voltado para as salas de aula, e nós estávamos atrasadas. Ela me empurrou para o banheiro feminino atrás de mim, e depois de verificar que estávamos a sós ela colocou uma das mãos na minha cintura e a outra no meu rosto, usando o polegar para secar as lágrimas que escorriam pela minha bochecha.


"Você é minha melhor amiga", ela sussurrou, encostando sua cabeça na minha. "Minha única amiga, pra falar a verdade... Você é a única pessoa no mundo que eu confio totalmente."


"Então por que..."


"Porque ninguém entenderia", ela me interrompeu, puxando a cabeça para trás e tirando suas mãos do meu rosto. "Relacionamentos já são difíceis o bastante sem ninguém julgar você por estar com uma garota."


"Eu não entendo por que todos nos julgariam. Nós sempre estamos juntas, nada iria mudar."


"Tudo iria mudar, B. Estamos em Ohio. Ohio e ensino médio. Duas garotas namorando só é normal em lugares como Nova Iorque ou Califórnia." Ela deu um passo para trás agora, colocando suas mãos na minha cintura e me segurando no comprimento do braço .


Eu não estava recebendo as respostas que precisava. Ela ficou contornando o assunto sem nunca realmente enfrentá-lo. "Mas por..."


"Porque foi apenas sexo!" Ela explodiu mais uma vez jogando as mãos para cima. Eu estremeci ao som de sua voz adentrando o banheiro, o espaço fechado fazendo sua voz ecoar, prolongando o som de sua voz por mais tempo do que deveria. Ela respirou fundo e fechou os olhos, acalmando-se antes de falar novamente. "Sexo não é a mesma coisa que namoro, B. É diferente quando as pessoas sabem sobre você. Elas vão te olhar de uma forma diferente dependendo de com quem você está. Puck pode não ser o melhor cara do mundo, mas pelo menos eles não vão olhar para nós como se fôssemos loucos.


"Nós somos loucas agora? Somos loucas porque fizemos sexo?" Minha cabeça estava começando a doer.


"Você está distorcendo minhas palavras", ela gemeu, cobrindo os olhos com a mão. Ela parecia tão apavorada quanto eu. "Eu entendo como o mundo funciona e como as pessoas podem ser terríveis quando alguém é diferente. Você é muito doce, muito..."


“... muito estúpida..."


“... muito sensível para o seu próprio bem. Acredite em mim quando eu digo que realmente gosto de estar com você. Mais do que gosto de estar com Puck. Mas o sexo... sexo muda as coisas."


Nós duas ficamos lá por um tempo, uma olhando para a outra. Ela parecia tão triste, seus olhos me suplicando para parar de lutar, deixá-la ir e lhe dizer que estava tudo bem para ela ficar com o Puck, e não comigo. Ela precisava de tranquilidade tanto quanto eu. A única coisa lamentável era que nós precisávamos de consolo sobre dois temas contraditórios. Eu a quero, e ela... Ela não me quer. Nós duas precisávamos de permissão uma da outra e como não conseguiríamos isso, alguém teria que abrir mão.


E como sempre, eu abri.


Eu escolhi minhas palavras cuidadosamente e as desenvolvi lentamente antes de falar. "Eu posso ser um pouco ingênua às vezes," Eu comecei me levantando e tomando coragem sabendo que, naquele momento, eu era mais forte do que ela. "Mas eu entendo o mundo também, San. Eu entendo você. Você precisa se encaixar, tudo bem. Fique com o Puck. Eu sou sua melhor amiga e meu trabalho é te apoiar quando você precisar de mim. Então vá. Fique com ele. Eu vou estar aqui quando você estiver preparada."


Ela não disse nada, mas começou a chorar silenciosamente na minha frente. Ela colocou as mãos nos olhos e se ajoelhou, agachando em uma posição fetal no meio do banheiro. Eu não me movi para confortá-la, pois percebi que ela só me afastaria se eu tentasse. Então eu esperei por um minuto... Dois minutos... Cinco minutos... Até que ela se levantou, limpou o nariz e soluçou. Ela deu dois passos em minha direção e me deu um abraço apertado, enterrando o rosto em meu pescoço.


"Eu não te mereço." Ela sussurrou, beijando a pele onde meu ombro encontra meu pescoço. Estremeci com o toque dela, mas antes que eu pudesse devolvê-la o abraço, ela já havia saído. Eu a viela abrindo a porta do banheiro e saindo, deixando-me sozinha com meus pensamentos.


"Não," eu disse em voz alta para ninguém. "Você provavelmente não me merece."



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