O sol deixou minha visão alaranjada, então abri as palpebras e pisquei ainda em transe, enquanto a imagem dele se desfazia em milhões de prismas coloridos. Já era dia. O dia que eu iria encontrá-lo.

Cambaleei sonolenta para fora da cama, mas meus pulmões não sugaram todo o ar necessário, então, quando abri os olhos estava deitada novamente. Era tudo o que eu precisava, ficar doente.

POV Niall

– Vas happenin Nialler! - Zayn ignorou a porta fechada, e eu ainda me esqueço às vezes que não se pode ter privacidade. - Ah, você ainda está trabalhando naquela música? - Perguntou curioso, fechando a posta às suas costas. Assenti tirando outra nota do violão. - Pode dar um tempo até amanhã, pelo menos? Estou muito cansado e queria dormir. - Grunhiu. Fechei o caderno e levantei da cama.
– Tudo bem, estou com fome, iria parar logo mesmo.

A cozinha estava vazia, todos dormiam. Não era cansaço apenas pela viagem, havíamos trabalhado muito. Ah, tem pipoca. Claro que eu estava cansado, e até tentara dormir, mas não consegui pregar os olhos, minha mente não me deixava em paz. Eu precisava compor.

O microondas apitou, peguei a pipoca e despejei na tigela. Pensei em entrar no twitter, dizer um olá, mas desisti ao deitar no sofá e me lembrar de que não sabia onde o celular estava. Estava passando algum seriado na tv, mas não me lembro de nada depois que a pipoca acabou.
– Parece que alguém dormiu no sofá. - Louis pareceu rir, mas não consegui prestar atenção, meus olhos ardiam pela claridade que entrava pela janela.
– O café da manhã já está pronto? - Sentei, minha barriga roncava.
– Já passou da hora do café da manhã. - Liam vestia sua camisa xadrez. - Vamos no McDonalds, vá se vestir. - Falou como se eu fosse um bebê. Todos me tratavam assim... Não que eu não gostasse mas, às vezes o Liam me assustava.

POV Mari

Ouvi a musica do meu despertador tocar ao longe, mas não tive certeza se era parte do sonho, ou melhor, delírio. Afinal, não me lembrava de ter programado o despertador. Tentei abrir os olhos, mas eles não me obedeciam, estavam pesados demais.
– I'm to get up! - Ouvi a voz do Hazza terminando o toque do despertador, e incrivelmente isto me deu forças para abrir os olhos e encarar anestesiadamente as cortinas, que se fecharam sozinhas. Até que minha mãe entrou no campo de visão.
– Pensei que dormiria o resto da manhã inteira e perderia o passeio.
– Passeio? Que passeio? - Minha voz saiu lenta, pelo menos mais lenta que meus pensamentos.
– Você acha que sua tia vai deixar você voltar para o Brasil sem ter conhecido Londres como a palma da sua mão? - Minha mãe riu. - Vamos, vai se vestir.
– Mas mãe, eu acho que não estou...
– Sem falar que, quanto mais passearmos, mais chances temos de encontrar os meninos da banda.

Não sei de onde tirei forças, ou onde escondi o mal estar, só sei que em trinta minutos estava pronta, descendo as escadas.
– Nossa, você está péssima. - Genevieve pareceu realmente preocupada.
– Não, estou ótima, sério. - Minha cabeça rodou. Segurei no corrimão. - Vamos? - Tentei fazer a melhor voz que consegui. Todos me encaravam como se eu estivesse louca. Ou fosse.
– Vamos. - Minha tia Karla abriu a porta e minha mãe saiu, seguida por mim.
– Ué, Genevieve e Lotte não vão? - Perguntei ao perceber que ela fechava a porta e minhas primas nã haviam nos seguido. Aliás, eu não tinha visto Lotte ao descer.
– Não gostamos de acordar Charlotte esse horário, pois é muito cedo e ela se agita fácil. Mas fica calma que você ainda vai passear muito com a sua prima. - Ela riu.

A casa da minha tia era a coisa mais fofa que eu já havia visto, parecia saída daqueles filmes, não sei explicar, era de tijolinhos vermelhos, com alguns degraus na frente e... Parecia casinha de boneca. Coisa que eu não tinha reparado na noite anterior, de tão em transe por quase tê-los conhecido, mas por minutos... Tudo bem Mari, vamos esquecer isso, você vai conhecê-los. Hoje.
– Ah, eu queria andar no ônibus-vermelho-de-dois-andares. - Choraminguei.
– Pare de ser chata e mal agradecida. - Minha mãe colocava o cinto. Era engraçado o fato de o volante ser do lado contrário, acho que demoraria a me acostumar. Se me acostumasse em uma semana né...
– Não estou sendo mal agradecida. - Revirei os olhos. - E aí, onde vamos?
– Fazer um tour por Londres... E hoje será apenas o começo! - Minha tia riu ao volante, e eu senti todas as minhas células se alinhando, como se estivesse em casa. Como se Londres fosse o meu lugar.

Não sei explicar o quão lindo era tudo. Muito mais do que eu havia sonhado... Mas a cada lugar em que passávamos, visitávamos, eu só conseguia me imaginar ali com o meu anjinho. Droga Mariana, tenta aproveitar o passeio.
– Mari, está tudo bem? - A minha tia parou o carro no sinal e me olhou pelo retrovisor. - Você está pálida... Acho que devemos levá-la ao hospital, ou então voltar para casa...
– Não, tia! Eu estou ótima... Só com fome, acho.
– Também, olha a hora! - Minha mãe exclamou. - Somos mães muito desnaturadas. Coitada da minha filha, doente e sem comer!
– Sem problemas mãe... Contanto que a gente coma agora né...
– E então, onde a senhorita quer ir?
– Não sei... Acho que McDonalds...

Deixei que minha mãe pedisse o meu hamburguer, não estava com cabeça para pensar em falar em inglês. Mal conseguia me manter em pé.

Bom, vamos aos negócios... Vamos saber onde os meus meninos estão, para correr atrás deles. Ri com o pensamento.

A internet estava lenta, mas não sabia dizer que era meu raciocinio, ou se era realmente a internet.
– Come logo, você está com uma cara péssima. - Minha mãe colocou a bandeja com o hamburguer na minha frente, e sentou ao meu lado. Minha tia Karla trazia a bandeja delas.

"#1DNews: Aparentemente os meninos estão indo ao McDonalds" A notícia apareceu em evidencia na tela do meu celular e eu senti meu coração disparar.

A porta do McDonalds se abriu...