Após toda a confusão ocorrida nas fontes, ninguém ousou tocar de novo nesse assunto (muito menos se atreveu a ir nas fontes de novo), de modo que eles passaram o resto do dia jogando, se divertindo, brincando na sala de jogos, e fazendo qualquer outra coisa que não lembrasse a confusão anterior.
O dia passou depressa, e logo a noite chegou, fazendo com que os seis Guardiões finalmente enfrentassem a difícil questão que assolava suas mentes desde que eles chegaram à pousada: A divisão de quartos escolhida por Yaya e seu suspeitíssimo sorteio através de palitinhos coloridos.

– Bom, então acho que vou me deitar primeiro - anunciou a Rainha, enquanto os outros ainda assistiam uma feroz partida de pingue-pongue entre Kukai e Nagihiko
– Ehh? Você vai assim mesmo Nadeshiko?! - Amu exclamou um tanto surpresa, se aproximando da amiga - Você sabe, aquela divisão de quartos que a Yaya inventou... pensei que você protestaria um pouco mais
– Eu bem que gostaria, mas não vai adiantar de nada reclamar à essa altura dos acontecimentos, vai? Além do mais, correr por aí atrás dos garotos no Chara Change me deixou exausta... preciso descansar - Nadeshiko respondeu, coçando os olhos com as mãos - Então, boa noite, Amu-chan
– Ahh droga! Foi por pouco! - Nagihiko exclamou quando Kukai fez um corte inesperado, vencendo a partida - Espera aí Naddy, quero falar com você! - ele correu até a irmã e falou mais baixo, de modo que só ela ouvisse - Vê lá o que vai fazer, ouviu? Até entendo que vocês vão dividir o mesmo quarto depois de muito tempo, e podem querer aproveitar... mas os garotos podem realmente passar dos limites em situações assim! Então... como eu digo... bem, não faça nada que você não queira só pra agradar o Hotori, ouviu?!
– Não se preocupe Nagi, eu não sou uma idiota. E isso que você falou sobre os garotos... você está me dizendo isso só por que também é um garoto?
– Hein?! Ah... bom... m-mais ou menos - ele coçou a cabeça sem graça
– Então, será que eu também devo avisar a Amu-chan pra tomar cuidado? - ela tentou se desvencilhar do irmão e ir até onde Amu estava, mas ele a segurou pelo braço, detendo-a
– Não precisa! Estou dizendo isso porque você é bobinha e ingênua demais, e precisa tomar mais cuidado, mas esse não é o caso da Amu-chan! Então, bem... d-de qualquer forma, não vá exagerar e acabar fazendo alguma besteira essa noite, ouviu?! - ele lançou um último olhar censurador para a irmã, o que não era muito eficaz depois do último comentário dela por sinal, e voltou correndo para a mesa de pingue-pongue, exigindo uma revanche.

Nadeshiko dirigiu-se ao quarto, ainda pensando no que o irmão falou. Até achava bonita essa atitude dele de tentar proteger sua irmãzinha, mas ele realmente não estava em posição de falar dos outros, o que tornava tudo bastante engraçado. E ela sabia de tudo isso mesmo se Nagihiko não lhe dissesse nada. Era justamente por isso que estava indo se deitar primeiro do que os outros: Era verdade que estava cansada, mas principalmente, estava nervosa demais com o fato de ter que dividir o quarto com Tadase. Já fazia mais de um ano que isso não acontecia, então ela não sabia como deveria agir quanto à isso.

Contudo, os planos da Rainha foram frustrados poucos minutos depois, quando Tadase entrou no quarto. Ela ainda não havia se deitado, não tinha nem trocado de roupa ainda. Estava sentada de frente para a cômoda penteando os cabelos. Sentiu seu coração dar uma cambalhota quando o Rei entrou, e seu rosto ficou irremediavelmente corado.

– Nadeshiko-chan - ele chamou, fazendo o coração dela dar outra cambalhota - Ano... está tudo bem? Você veio pro quarto cedo, então eu achei... que podia estar se sentindo mal, ou coisa assim
– Ah não, eu estou bem. Só estou cansada - ela respondeu sem encará-lo - Você sabe, fiz o Chara Change duas vezes hoje, então... isso me deixou meio exausta
– Ah, certo - Tadase respondeu, sem saber o que dizer a seguir - Etto... você viu o Kiseki por aí? Parece que faz tempo que não o vejo
– Ele e a Temari já estão dormindo nos Shugo Tamas - ela apontou para os dois ovos em cima da cômoda, onde seus Charas repousavam. Em seguida, lembrou-se de algo que o Reizinho lhe dissera antes de se refugiar em seu Shugo Tama - Aliás, ele me disse uma coisa estranha antes de ir dormir. Algo sobre... cumprir minhas responsabilidades como Rainha, e... s-satisfazer o meu Rei, ou coisa assim...
– Ahh! Droga, esse intrometido, sempre dizendo o que não deve...! - Tadase exclamou entre zangado e constrangindo, seu rosto rapidamente ganhando um tom avermelhado - B-Bom, você não precisa se preocupar com o que ele fala... o Kiseki só diz besteiras, você sabe hahahaha... - ele riu sem graça, coçando a cabeça. Nadeshiko nada respondeu, e apenas voltou a se virar de frente para o espelho, ainda se penteando, embora seus cabelos já estivessem tão lisos e bem alinhados que não havia mais nada ali para desembaraçar. Ao notar isso, Tadase comentou - Nadeshiko-chan... você está nervosa?
– Quê?! N-Não, não mesmo... e-eu estou ótima, por que a pergunta? - ela falou, falhando miseravelmente em disfarçar a inquietação que sentia
– Bem, é que você está gaguejando, e seu rosto está vermelho... sem falar que você está fazendo isso desde que entrei aqui, seu cabelo já está mais do que desembaraçado, não? - ele falou, alisando o cabelo dela, fazendo a garota ofegar de surpresa - Então... você não precisa ficar nervosa assim, sabe? Quero dizer, essa não é a primeira vez que vamos dormir no mesmo quarto, então... não precisa ficar desse jeito
– É verdade. Só fizemos isso duas vezes antes, mas essa... realmente não é a primeira vez - ela concordou, lembrando-se subitamente das outras duas vezes em que dividiu um quarto com Tadase, e dos motivos que a levaram a fazer isso - Mas das outras vezes... bom, das outras duas vezes nós ficamos no seu quarto, hoje nós estamos em uma pousada. E também... das outras vezes, eu... estava tão mal, e tão abalada por... p-pela situação em que me encontrava que... simplesmente não tive tempo para me emocionar ou ficar embaraçada com o fato de dormir no mesmo quarto que você... eu estava realmente péssima quando isso aconteceu, então... meio que não me dei conta disso
– Ahh desculpa! Eu não devia ter falado nisso... sei que você não gosta de tocar nesse assunto... sinto muito, saiu sem querer - ele se desculpou depressa, percebendo tarde demais que havia falado uma coisa que não devia
– Está tudo bem - ela sacudiu a cabeça, tentando afastar as lembranças ruins - Já tem mais de um ano que isso aconteceu afinal... a-além do mais, o que eu quis dizer é que... bom, como eu meio que não me dei conta disso naquela época, essa é realmente a primeira vez que vou dividir o mesmo quarto com você estando perfeitamente bem, então... é como se fosse mesmo a primeira vez... q-que dormiremos juntos... então... me deixa um pouco nervosa... é embaraçoso
– Eu entendo - Tadase respondeu gentilmente - Mas não precisa ficar desse jeito, afinal... nós só vamos dormir, certo?
– Hai!
– Ou por acaso... - ele falou se aproximando, e sussurrando no ouvido dela - Você estava querendo fazer outra coisa?
– O QUE?! - ela recuou vários passos assustada, corando até a raiz dos cabelos - Q-Q-Que outra c-coisa você está f-fa-falando???
– Ahahahaha! Estou brincando, é só brincadeira, acalme-se! - Tadase riu da reação dela - Você está mais nervosa do que eu pensei, Nadeshiko-chan! Foi mesmo só brincadeira, está tudo bem
– Ah... certo - ela respondeu, não totalmente convencida
– Bom, então agora eu tenho uma pergunta - ele prosseguiu - Etto... como faremos pra nos trocar? Se quiser eu posso esperar lá fora enquanto você se troca, e depois você faz o mesmo... se bem que eu acho que não seria uma boa idéia sair do quarto usando roupa de dormir né...
– Não precisa fazer isso. Mesmo porque, depois do que aconteceu nas fontes... nem faria muito sentido
– O que?! - um pensamento insano passou pela mente de Tadase - V-Você não está sugerindo que...?!
– E-Estou apenas dizendo que basta nos virarmos de costas um para o outro - ela apressou-se a dizer - Assim nos trocaremos ao mesmo tempo, e acabaremos com isso mais rápido, certo?
– Ah, claro... se você não se importa, então tudo bem - ele respondeu, também meio sem graça, pegando o próprio pijama na mala - Então... vamos fazer isso de uma vez, certo?

Ele se virou de costas para ela, e já ia começar a desabotoar a camisa, quando Nadeshiko lembrou-se subitamente de uma coisa. Ela não queria ter que fazer isso em hipótese alguma, isso parecia exatamente com o tipo de situação que seu irmão lhe avisou para evitar, mas não teria outro jeito.

– Espere, Tadase-kun! - ela exclamou, e Tadase tornou a se virar de frente para ela - Antes de você... s-se trocar, eu... preciso que você me ajude numa coisa
– Claro, o que foi?
– Etto... é isso aqui - ela se virou de costas para ele, e jogou os cabelos para frente, deixando à mostra a longa carreira de botões em forma de pérolas nas costas do vestido - Eu não os alcanço, então... n-não consigo abrir sozinha... e queria saber se você pode me ajudar
– O quê?! Q-Quer que eu a-abra o seu v-ve-vestido??? - ele gaguejou, entre nervoso e incrédulo, seu rosto rapidamente atingindo um tom de vermelho berrante
– S-Se você não puder, não faz mal, eu posso pedir à Amu-chan ou à Yaya-chan que venha aqui e faça isso pra mim! - Nadeshiko apressou-se a dizer, já que também não estava lá muito confortável com essa situação
– Não, não precisa! Se chamar alguém aqui, pode ser pior... principalmente a Yuiki-san - Tadase apressou-se a dizer, sentindo um calafrio ao imaginar o que Yaya diria se os visse nesse tipo de situação - E-Está bem, eu farei isso, então sente-se.

Nadeshiko obedeceu e sentou-se na cama incrivelmente espaçosa, sentindo Tadase sentar-se atrás dela logo depois. Sentiu um arrepio percorrer-lhe a espinha, enquanto seu rosto ficava cada vez mais quente, quando Tadase colocou as mãos no vestido dela, e ainda um tanto hesitante, começou a abrir os botões um por um. Tadase também se sentia um tanto desconfortável com isso. Ele estava despindo uma menina afinal! Tudo bem que foi à pedido dela mesma, e ele iria apenas abrir os botões, mas ainda assim, era uma situação bastante constrangedora a que se encontrava. Seu rosto parecia avermelhar-se mais e mais a cada botão que ele abria, sem falar que aquele cheiro adocicado e inebriante que desprendia do corpo dela, tão próximo à ele, só servia para deixá-lo ainda mais nervoso. Quando chegou no quarto botão, não aguentou aquele silêncio pesado que reinava no quarto, e resolveu falar alguma coisa antes que morresse de constrangimento:

– Ano nee Nadeshiko-chan... por que você resolveu vir com uma roupa tão complicada de se vestir pra uma viagem como essa?
– Ah, isso... - ela murmurou nervosa, surpresa por ele estar tentando conversar normalmente em uma situação como essa - Bem, eu pensei que dividiria o quarto com a Amu-chan ou a Yaya-chan, então não teria problema, e uma delas poderia me ajudar. Não pensei que iria... a-acabar dividindo o quarto com... c-com...
– Com um garoto? - Tadase completou a frase para ela
– É...

Tadase continuou a realizar a tarefa imposta à ele sem dizer mais nada. Porém, parou novamente quando chegou no sexto botão. Já havia aberto o vestido até a metade, o que significava que o fecho do sutiã dela estava á mostra agora. Tadase ficou observando aquilo com curiosidade por alguns instantes. Era tão pequeno, e parecia ser tão frágil e delicado... essa devia ser a primeira vez que via a parte superior de uma peça íntima feminina. Bom, pelo menos de uma que pertencesse à Rainha. Não aguentou de curiosidade e o tocou, pensando em como aquilo funcionava.

– Ei... q-que está fazendo?? - Nadeshiko indagou ao perceber o que ele estava fazendo - Eu te pedi para apenas desabotoar meu vestido, não tem nada que tocar aí!
– E-Eu sei, desculpe - Tadase afastou as mãos da roupa dela imediatamente, mas continuou observando - Eu só... fiquei curioso. Acho que é a primeira vez que vejo algo assim
– Ah, entendo... e-eu ficaria surpresa é se você já tivesse visto um antes - ela deu uma risadinha sem graça
– Parece difícil de abrir...
– Fica bem fácil quando você se acostuma - ela respondeu, estranhando o rumo da conversa - Por acaso está querendo aprender como se abre isso Tadase-kun?
– O quê?! N-Não foi isso que eu q-quis dizer!!
– Ah, é? Pois foi o que pareceu - ela respondeu o mais calmamente que pôde - Um dia, eu... acho... que posso deixar você fazer isso
– Ehh?! M-Mas eu não falei nada dis...
– Mas por enquanto - ela o interrompeu - Esqueça sobre isso. A-Apenas termine de fazer o que eu te pedi que é melhor! - ela exclamou o mais séria que pôde, sentindo o rosto esquentar ainda mais com o rumo daquela conversa.

Tadase continuou, lentamente, abrindo cada um dos botões do vestido da garota à sua frente. Poucos segundos depois, quando finalmente chegou no último, a observou um pouco antes de anuncar que tinha terminado. Ficou contemplando aquela pele pálida, que parecia ser tão macia, tão próxima à ele. O cheiro inebriante de cerejeiras que a garota exalava o atingiu mais uma vez, quase que o hipnotizando, e Tadase teve vontade de chegar mais perto dela, de tocá-la, nem que fosse só pra descobrir se a pele dela era mesmo tão sedosa quanto parecia. Aproximou seu rosto do pescoço dela devagar, provando mais daquele delicioso perfume que parecia embriagá-lo.

– Q-Q-Que pensa que está fazendo?! - ela gaguejou nervosa ao sentir a pele dele entrar em contato com a sua
– É que... você tem um cheiro tão bom... e tem uma pele tão macia que... eu não resisti, precisava provar dela, nem que fosse só um pouco - ele respondeu, tocando aquela pele sedosa com a ponta dos dedos. Suas mãos, antes geladas por causa do frio da noite, pareceram se aquecer instantaneamente apenas em tocá-la.

Nadeshiko ofegou com o susto, e sentiu sua face esquentar como se fosse uma chaleira em ebulição, mas não protestou nem resistiu. Imaginou que aquele pedido imprudente dela poderia acabar dando nisso, então deixou que o Rei prosseguisse. Ele não estava fazendo nada de mais afinal... era verdade que estava tocando-a diretamente na pele, mas eram apenas suas costas, eles já haviam feito coisa pior do que isso. Sim, não havia nada de mais nisso... até Tadase resolver parar de tocá-la com as mãos e usar a boca em seu lugar. A Rainha começou a sentir os lábios dele distribuir carinhosos beijos por todo seu corpo, e quando sentiu a língua dele percorrer seu pescoço, deixou escapar um gemido baixinho. Arregalou os olhos, surpresa por ter feito esse barulho, e tampou a própria boca com as mãos, envergonhada.

– Não tampe a boca - ele sussurrou no ouvido dela - Eu quero ouvir sua voz. Não sei porque, mas... te ouvir fazendo esses barulhos deixa ainda mais agitado... então, não tampe a boca - ele mordiscou a orelha dela, fazendo a garota deixar escapar outro gemido, dessa vez mais alto
– N-Não... por que você... f-fica me fazendo fazer esses barulhos estranhos e me dizendo essas coisas... é tão... embaraçoso... - ela murmurou com certa dificuldade, tentando se controlar para não gemer de novo
– Não sei bem porquê... mas é o que eu sinto. Que gosto de ouvir sua voz... e gosto de ouvir você produzir esse tipo de sons - ele a abraçou, deixando suas mãos escorrerem lentamente pelo corpo dela, até tocar em suas pernas, puxando um pouco a saia para cima. Continuou a distribuir beijos pelo delicado corpo feminino à sua frente, como se quisesse provocá-la. Nadeshiko tentava conter suas exclamações e gemidos, mas estava cada vez mais difícil de fazer isso. Até que ele a abraçou pela cintura e deixou sua língua passear pelo corpo dela, desde as costas, onde se encontrava o fecho do sutiã dela, passando pelo pescoço, e indo até a orelha, mordiscando-a novamente, o que a fez soltar um gemido particularmente alto. Depois disso ela começou a ficar realmente irritada. Por que apenas Tadase podia fazer essas coisas com ela afinal?! Por que só ele podia enlouquecê-la desse jeito, a ponto de fazê-la perder o controle sobre seu próprio corpo? Era injusto! Ela sentiu vontade de fazer o mesmo com ele, de fazê-lo provar daquela sensação enlouquecedora de perder o controle sobre si mesmo, e ficar dividido entre o terrível dilema de parar devido à vergonha ou provar mais dessa sensação embriagadora. Ela se afastou um pouco e virou-se de frente para ele, o mais decididida e séria que pôde, ainda que tivesse plena consciência de que seu rosto devia estar parecendo um tomate maduro agora de tão vermelho que devia estar. Ela respirou fundo e disse:

– Por que? Por que apenas você que pode fazer essas coisas comigo? Por que você começa a me tocar do nada... me fazendo ter essas sensações tão vergonhosas e constrangedoras... mas, ao mesmo tempo, me fazendo desejar ter mais disso... e fica me tocando desse jeito tão despreocupado, sem nenhum pudor... me fazendo emitir esses sons tão... tão esquisitos e constrangedores... é injusto! Por que apenas eu devo passar por esse tipo de situação?!
– Nadeshiko-chan...? Do que está falan... - Tadase interrompeu a frase quando sentiu ela apoiar as duas mãos nos ombros dele, com o máximo de firmeza que conseguia concentrar em seu corpo trêmulo
– Hoje você vai receber o troco por isso - ela declarou decidida - Vou te fazer sentir todas essas sensações embaraçosas que você já me provocou, nem que seja um pouco... aí você vai ver o que é bom!

Ele arregalou os olhos, surpreso com a declaração da garota. Ficou mais surpreso ainda quando ela começou a desabotoar a blusa dele, ainda que lentamente e com as mãos trêmulas. Não esperava uma reação dessas vinda da Rainha, mas não a deteve, estava curioso para saber o que ela pretendia fazer. No entanto, essa "declaração de guerra" não durou muito, pois, logo que chegou na metade, Nadeshiko interrompeu a ação de desabotoar a blusa dele, sentindo o rosto esquentar ainda mais ao se dar conta do que estava fazendo, se é que isso era possível. Mas ela continuava decidida a fazê-lo sentir nem que fosse um pouco das inúmeras sensaçãoes que Tadase sempre provocava nela, então forçou-se a continuar. Afastou a parte aberta da blusa dele para o lado, revelando apenas uma parte sugestiva da sua musculatura, que era modesta, mas bem definida. Em seguida aproximou seu rosto do pescoço dele, um tanto hesitante. Sentia como se fosse literalmente morrer de vergonha à qualquer momento, mas forçou-se a continuar. Era apenas imitar o que Tadase sempre fazia com ela... não podia ser tão difícil afinal. Encostou seus lábios na pele dele e começou a beijá-lo de leve. A pele do Rei era mais macia do que ela esperava, e tinha um cheiro deliciosamente arrebatador, que parecia atraí-la para perto dele, e não a permitia parar, por maior que fosse o constrangimento que sentia. Repetiu o ato de beijá-lo, desde o pescoço, até o peito, parando quando chegou na parte da camisa que ela não tinha aberto. Meio sem saber o que fazer agora, o abraçou e juntou coragem para passar a própria língua pelo pescoço dele. Imediatamente sentiu gosto de morangos. Então não era apenas o cheiro do cabelo, a pele dele também tinha gosto de morango... será que todos os produtos de higiene dele eram sabor morango?! Parecia que sim. Logo que sentiu aquela língua aveludada percorrer seu corpo, Tadase ofegou, corando, e tocou de leve a cintura dela com as duas mãos. Queria abraçá-la com força, mas deixou que ela continuasse. Nadeshiko não sabia muito bem o que fazer agora. Se fosse o contário, ela já estaria gemendo descontroladamente, dividida entre o constrangimento que implorava para que ele parasse, e uma estranha vontade que desejava que ele fosse mais além, mas ele não havia demonstrado nenhuma dessas reações ainda. Não era possível que ele pudesse provocar todas essas sensações tão variadas nela, e ela não pudesse fazer o mesmo! Pensou desesperadamente no que fazer a seguir, quando lembrou de uma coisa que ele gostava, mas que ela raramente fazia por ser embaraçoso demais. Por outro lado, suas idéias haviam se esgotado, e essa era sua última arma, então teria que arriscar. Juntou toda a coragem que lhe restava e, escorreu as mãos pelo corpo dele até envolver sua cintura, colocando as mãos por dentro da camisa dele, de modo a tocá-lo diretamente na pele e, puxando-o para mais perto, deixou sua língua passear pela orelha dele, mordiscando-a logo em seguida. Tadase ofegou novamente, surpreso por ela ter feito aquilo, e deixou escapar um gemido baixo. Assim que ouviu aquilo, Nadeshiko arregalou os olhos de espanto e se afastou dele o suficiente para encará-lo nos olhos.

– Você fez... v-você fez mesmo... a-aquele barulho - ela murmurou incrédula, apontando para Tadase
– Eh? Ah, bom... e-eu fiz, mas... n-não reclame, foi você quem me fez emitir esse tipo de som! - ele tentou defender-se, terrivelmente envergonahdo
– Eu...? E-Está dizendo que... q-que você fez aquele barulho estranho por minha causa?! - Nadeshiko murmurou, mais para si mesma do que para o Rei. Sabia que na verdade essa era sua intenção desde o início, mas, por algum motivo, não se sentia feliz ou satisfeita com isso. Pelo contrário, sentia apenas ainda mais vergonha do que antes - Aaaaii não acredito!! V-Você fez mesmo aquele ruído estranho... p-por causa das coisas que eu fiz com você... ai que vergonha!! - ela escondeu o rosto entre as mãos, terrivelmente embaraçada
– O que?! Mas foi você quem começou com isso, por que está com vergonha agora?! - Tadase indagou sem entender
– É que... v-você ficou fazendo aqueles barulhos indecentes p-por causa das coisas que eu fiz com você, então... isso é embaraçoso! - ela exclamou, ainda escondendo o rosto - Pensei que eu me sentiria melhor se te fizesse provar as mesmas coisas que você me faz sentir sempre, mas isso foi apenas mais constrangedor... como você consegue fazer essas coisas comigo toda vez, hein?! Como aguenta me ouvir emitir esse tipo de sons contrangedores toda vez que você me toca?!
– Bem, é que... ao contrário de você, eu gosto de te ouvir fazendo esses barulhos... não sei porque, mas isso parece tornar as coisas ainda mais excitantes - ele respondeu, tentando não rir da reação da garota
– Mais excit...?! Não diga isso, já falei que é embaraçoso! Ahh céus, acho que poderia morrer de vergonha agora mesmo!! - ela exclamou, evitando encará-lo. Havia tirado as mãos do rosto, revelando uma face inteiramente rubra. Apesar de isso ser um exagero, Tadase não podia deixar de achar aquela reação muito fofa
– Não diga uma coisa dessas, que exagero! - Tadase exclamou - Além do mais, você... conseguiu me fazer emitir esses sons, assim como você queria, então devia estar feliz! Mesmo achando tão embaraçoso, você conseguiu fazer com que eu... f-fizesse aqueles barulhos... como você conseguiu fazer isso se sente tanta vergonha assim, hein??
– É porque... eu... e-eu sei... do que você gosta - ela murmurou tão baixo que Tadase teve que se aproximar mais para ouvir. Ele corou ainda mais ao ouvir aquilo, mas logo se recompôs ao ver que ela estava milhares de vezes mais constrangida do que ele, tanto que tornou a esconder o rosto entre as mãos. Mesmo sentindo tanta vergonha, ela conseguiu fazer aquilo que pretendia, ainda que tenha ficado nesse estado vergonhoso em que se encontrava agora. Não sabia bem porque, mas Tadase realmente achava aquilo completamente adorável
– Olha... que tal deixarmos essa história pra lá e terminarmos de nos trocar, hein? - o Rei sugeriu por fim, tentando tirá-la daquele estado de profundo constrangimento
– Ah é... t-tem razão - ela concordou, esquecendo-se completamente que eles ainda precisavam se trocar para dormir.

Eles tornaram a se virar de costas um para o outro em silêncio. Nadeshiko retirou o vestido, agora desabotoado, deixando-o escorrer por suas pernas. Apertou os olhos com força, terrivelmente embaraçada só em pensar que havia um garoto bem atrás dela, e que também estava se despindo. Levou as mãos às costas e abriu o sutiã, lembrando-se de como Tadase havia demonstrado interesse por ele. Provavelmente era normal um garoto ficar curioso sobre essas coisas... ainda que isso a assustasse um pouco. Ela sacudiu a cabeça, tentando afastar esses pensamentos, afinal, não adiantava pensar nisso agora. Pegou a camisola e começou a vestí-la o mais depressa que pôde.
Tadase também se sentia um tanto embaraçado naquela situação. Porém, ao contrário de Nadeshiko, sentia mais constrangimento pelo fato de saber que havia uma garota seminua tão perto perto dele, e não por estar se despindo no mesmo cômodo em que estava uma menina. Resistiu o máximo que pôde ao impulso de virar a cabeça e olhar o que não devia, e terminou de colocar o pijama o mais rápido que suas mãos trêmulas permitiram.

– Terminei - ele anunciou alguns minutos depois
– Ah... e-espere um pouco! - ela exclamou nervosa, ainda de costas. Terminou de amarrar uma fita e disse - P-Pronto, pode se virar agora.

Os dois se viraram ao mesmo tempo. Tadase usava um pijama simples, azul claro e sem estampas, sendo que a parte de cima tinha mangas curtas e estava com os dois primeiros botões abertos.
Já Nadeshiko vestia uma camisola rosa, também sem estampas,e de um tecido que lembrava seda, com mangas curtas e bufantes, uma fita amarrada no decote que tampava perfeitamente bem tudo que precisava ser escondido, e rendas na saia que ia até um pouco acima dos joelhos.

– Etto... então... a-acho melhor nos deitarmos de vez - Tadase falou, meio sem saber o que dizer, sentando-se na cama outra vez. Ele foi para o canto perto da parede e desviou o rosto dela para que não visse o quanto ele estava corado. Não queria admitir, e jamais diria isso em voz alta, mas ela ficava terrivelmente atraente e um tanto insinuante com aqueles trajes.

Nadeshiko pareceu não perceber o rumo que os pensamentos do Rei tomavam, e apenas apagou a luz, deitando-se também. Ela voltara a ficar nervosa ao sentir seu braço roçar no dele. Ainda que a cama fosse grande, não era espaçosa o suficiente para duas pessoas dormirem nela sem que seus corpos se encostassem.

– Ei. Já falei que está tudo bem. Não precisa ficar assim, nós vamos apenas dormir, certo? - Tadase falou ao perceber o nervosismo evidente da garota, virando-se de lado na direção dela para poder encará-la melhor. Mesmo no escuro, era possível notar a vermelhidão de seu rosto, que estava irremediavelmente rubro
– S-Sim, é claro. Está tudo.. bem... ahh! - ela ofegou ao sentir a própria perna roçando na de Tadase
– Vamos, vamos, não precisa ficar desse jeito. Olha, eu sei que é embaraçoso... mas, nessa situação, é impossível não encostar um no outro, então tente aguentar só hoje, está bem? - o Rei sorriu gentilmente, acariciando o rosto dela e afastando uma mecha de cabelo que cobria seus olhos. Estar assim tão perto dela era quase tentador, e só aumentava sua vontade de tocá-la, mas não queria passar dos limites e acabar fazendo alguma besteira. Por fim, resolveu segurar a mão dela entre as suas, abraçando-a com a outra
– T-Ta-Tadase-kun?! Ano... o que está.. f-fazendo?!
– É que... estar assim tão perto de você me faz querer tocá-la, então... eu posso dormir assim com você? Só hoje... - ele sussurrou, encaixando a própria cabeça entre o ombro e a cabeça dela, de modo que pudesse aspirar melhor o delicioso cheiro que o pescoço dela emanava
– Ahn... c-claro... claro que pode - ela sussurrou de volta, apoiando a própria bochecha nos cabelos macios dele, e sentindo uma mistura de sensações indescritíveis invadir-lhe. Sensações um tanto constrangedoras demais para uma dama como ela sentir, mas que ao mesmo tempo, provocava-lhe o estranho desejo de provar mais daquilo. Tentou ignorar essas emoções que faziam seu coração palpitar descontroladamente e, um tanto hesitante, moveu a mão livre, até alcançar o ombro de Tadase, abraçando-o - Oyasuminasai Tadase-kun... daisuki...
– Oyasumi Nadeshiko-chan - ele respondeu, já meio sonolento devido à deliciosa fragância de cerejeiras que o embalava - Suki... da yo mo... - ele respondeu fracamente, nem percebendo quando havia fechado os olhos e adormecido.

*** Próximo Capítulo: O Despertar ao Seu Lado ***