A Descoberta Da Semideusa escrita por Tia Malu


Capítulo 8
Tento me acostumar a rotina.


Notas iniciais do capítulo

Fiquei um boom tempo sem postar um novo capítulo aqui, mas não foi por falta de tempo, foi por causa da preguiça mesmo... Mas agora estou aqui com um novo capítulo, espero que gostem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/222098/chapter/8

Acordei com alguém me jogando um balde d´água gelada.Não imaginava que os filhos de Atena - e agora meus "queridos" irmãos - seriam capazes de fazer isso com uma pessoa que mal havia chegado ao acampamento. Porém como eu era a novata ali, já era de se esperar que eles aprontassem algo comigo. Assim que me sentei na cama, totalmente encharcada, e vi quem fora que acabara de me acordar com um balde d'água, tive vontade de estrangular ele. Tinha que ser o Bruno mesmo para fazer uma coisas dessas.

– Você não tem nada melhor para fazer não? - falei enquanto me levantava.

– Algo melhor para fazer do que te acordar com um balde d'água gelada? Hmm... é acho que não. - falou ele rindo, então acrescentou. - Ei acho melhor você botar seu colchão no sol para secar viu?!-

Vai catar coquinho Bruno, some daqui!

Peguei o balde que ele usara, e que agora estava no chão e joguei em sua direção, mas infelizmente ele conseguiu se desviar do balde que por pouco não pegou no Jeff que passava pelo corredor. Ao escutar o barulho do balde bater no chão e das risadas do Bruno, Jeff voltou e parou no batente da porta, com certeza para ver o que estava acontecendo.

– O que foi que o Bruno fez agora? - perguntou o Jeff.

– Não dá para perceber? - falei meio sarcástica devido ao meu repentino mal humor por ter sido acordada.

– Hmm... Ok, ele te acordou com um balde d'água gelada?

–Sim, será que agora posso matar ele por isso?

– Não, infelizmente não. Mas ele pode trocar seu colchão - falou o Jeff olhando para o Bruno que ainda tentava não rir. - Bruno, troque o seu colchão com o da Malu.

– Aah qual é! - falou Bruno enquanto saia do dormitório feminino.

Foi só então que olhei ao redor e vi que era a única garota ali. Com certeza as outras filhas de Atena já deviam ter acordado antes de mim e ter ido para algum outro lugar. Percebi então que não fazia a menor ideia de que horas eram, mas ao olhar pela janela do dormitório vi que ainda devia ser cedo, ainda deviam ser umas sete ou oito horas da manhã ainda. - Bom maninha, vou ir dar uma volta. Bom de tarde terá aula de esgrima para os novatos na arena, e daqui a pouco terá aula de mitologia com o Júlio, e se você não quer se atrasar te aconselho a ir logo. Bem te encontro lá...- falou ele sorrindo e então saiu dali me deixando sozinha. Esperei até que o Bruno tivesse feito a troca de nossos colchões para poder me arrumar para a aula de Mitologia que segundo o Jeff havia me informado, começaria em breve. Em cima do baú que ficava aos pés da minha cama, estavam algumas blusas laranjas. Peguei uma delas e vi que nelas estava escrito "Acampamento Meio-Sangue", com certeza aquilo devia ser uma espécie de uniforme no acampamento, mas pelo o que eu vi ali quando chegara percebi que podíamos escolher se iríamos usá-la ou não. Como era novata resolvi usar a blusa laranja por enquanto, peguei uma calça jeans preta e fui para o banheiro do dormitório feminino. Depois de algum tempo finalmente saí do banheiro, estava usando a calça jeans preta e a blusa laranja do acampamento. De algum modo consegui fazer com que meus cabelos castanhos e ondulados ficassem lisos. Calcei minha bota preta e por cima da blusa laranja botei uma jaqueta jeans preta. Peguei minha mochila - agora vazia - e dentro dela botei meu caderno que usava para escrever algumas besteiras quando ficava de bobeira, peguei algumas canetas botei dentro da mochila também, junto com meu mp3. Saí do dormitório feminino e passei pelo corredor do chalé, saindo na sala. Estava já do lado de fora do chalé quando me lembrei de que o Jeff não me falara aonde iria acontecer a aula de Mitologia.

– Ah que ótimo. Estou totalmente perdida agora ! - exclamei comigo mesma me sentindo meio idiota por não ter perguntado ao Jeff antes aonde seria a aula.

– Por que você está perdida? - perguntou alguém ao meu lado e me virei para a pessoa. Vi que era a Camila filha de Ares.

– Hmm... Estou perdida porque não sei aonde vai ser a aula de Mitologia, e tenho quase certeza de que se eu me atrasar o Júlio vai me matar. - falei fazendo uma careta.

– Eu sei aonde é a aula, afinal estou indo para lá. Ela é para todo o acampamento. Vem vamos, enquanto vamos para o anfiteatro acho que podemos ir conversando um pouco - falou ela.

– Hmm claro, porque não? - falei meio confusa, ainda achava estranho o fato de os filhos de Atena e os Ares conseguirem se dar bem de vez em quando por ali.-

E então, o que achou da sua primeira noite no chalé 06? - perguntou ela.

– É até que foi legal. Pude conhecer melhor meus... hmm... irmãos. - falei.

– Ainda é difícil para você os chamar de irmãos né?

– Sim, acho um pouco estranho.

– Ah mais com o tempo você se acostuma, vai por mim.

Camila continuou me falando sobre como iria me acostumar rapidamente com o acampamento, mas achava isso meio impossivél mais nada falei. Descobri que ela já estava no acampamento a um bom tempo, ela me explicou que não saia muito do acampamento e quando perguntei o porque ela me falou que seu cheiro atraía monstros demais. Fiquei meio confusa com essa coisa de cheiro mais ela me explicou. Quanto mais forte um semideus for, mais forte o seu cheiro é atraindo mais monstros e com isso o metendo em mais confusões o que nunca era boa coisa. Sem que percebéssemos finalmente chegamos ao anfiteatro e nos juntamos aos outros semideuses que ali estavam, para a minha sorte e a de Camila o Júlio ainda não havia chegado. Os campistas sentavam-se meio que formando pequenos grupos distintos um dos outros, e como não sabia aonde ficar com certeza iria me sentar o mais afastada de todos para a aula. Estava começando a subir a arquibancada do anfiteatro quando de repente senti alguém segurar meu braço e me arrastar para um outro canto do anfiteatro aonde estava um dos pequenos grupos, enquanto tentava manter o equilíbrio vi que quem me arrastava era a Camila, não entendi muito mais pelo o que percebi acho que ela estava me arrastando para perto de seus irmãos.

–Ei, espera ai! Assim eu vou cair. - falei ainda tentando não perder o equilíbrio. - Deixa eu ir me sentar logo antes da aula começar.

– Você já vai ir para o seu lugar Malu, só que não vai ficar sozinha. Vem, meus irmãos e alguns amigos meus estão bem ali. - falou ela.

– Tá bom, tá bom. Mas pode por favor tentar parar de me arrastar? Se eu cair juro que te levo junto.

Finalmente ela me largou e pude segui-lá normalmente até os seus amigos que estavam na arquibancada. Seus irmãos Shankar e Victor estavam ali, junto com Jow e a Lucia e o Nico. Camila foi se sentar ao lado do Jow, estava indo me sentar ao lado da Lucia quando vi Victor empurrar o seu irmão para o lado quase o fazendo cair, ele fez um gesto para que eu sentasse ao seu lado no lugar que agora estava vago. Estava ainda tentando não rir, mas mesmo assim me sentei ao seu lado e fiquei esperando junto com os outros a aula começar. Deixei minha mochila em meu colo e enquanto esperava a aula começar senti algo bater em meu cabelo, quando fui olhar o que era vi uma bolinha de papel. A peguei e olhei ao redor, quando encontrei o olhar da Lucia, apenas balancei negativamente a cabeça e desamassei o papel para ver o que estava escrito.

" O que foi isso manola?"

Apenas olhei para a Lucia e balancei negatimamente a cabeça fazendo sinal de que nem mesmo eu sabia o que havia acabado de acontecer. Peguei uma caneta em minha mochila e escrevi em baixo do que Lucia havia escrito.

"Nem pense em dizer uma palavra sobre isso, depois conversamos"

Amassei novamente o papel e joguei em Lucia bem na hora em que o Júlio entrava no anfiteatro, ele mal entrara no anfiteatro e já estava falando "Digam seus nomes e seu chalé", imaginei que isso devia ser algum tipo de chamada e enquanto ele andava ao redor anotando os nomes dos campistas presentes.

– Malu - Atena - murmurei enquanto ela passava por onde eu estava sentada.

A aula começou mais para ser sincera não estava prestando muita atenção ao que era falado, apenas escrevia no caderno sem prestar atenção. Meus pensamentos estavam bem longe dali, para ser mais precisa eles estavam na minha antiga casa. Me perguntava como meu pai estaria agora, apesar de ter passado apenas um dia no acampamento era estranho saber que agora aquele lugar seria a minha nova casa, ainda era estranho para mim admitir que eu era filha de uma Deusa. Ainda mais filha da Deusa da Sabedoria. Era muito estranho. Quando realmente passei a prestar atenção na aula Júlio já estava passando o dever, então apenas anotei e disse para mim mesma que o deixaria para fazer depois. Assim que ele passou o dever liberou os campistas então assim que a aula acabou a maioria saiu dali em grupos de dois ou três. Camila, Shankar e o Victor também saíram dali juntos de forma que no final acabou que apenas ficara ali eu, minha irmã Lucia, e o filho de Hades, Jow.

– Hey, Maria.- chamou o Jow - Vai ficar ai mofando ou vem dar uma volta com a gente?

– Acho que eu prefiro ficar mofando aqui - falei dando de ombros.

– Não, não e não. Você vai vir com a gente, nem que eu tenha que te arrastar! - falou a Lucia.

– Bem, então acho que você vai ter que me arrastar - falei meio pensativa enquanto guardava meu caderno e a caneta na mochila e em seguida dei um pequeno sorriso brincalhão para a Lucia

– Você está achando que eu não sou capaz de te arrastar daí? - perguntou ela.

–É

–Então você está me desafiando?

–É, quase isso.

Meu erro foi ter falado isso pois no mesmo momento Lucia do nada estava na minha frente, me segurando pelos meus dois braços e me puxou para frente. Fui totalmente pega de surpressa e assim que ela me puxou eu fiquei de pé, mas para logo em seguida tropeçar no meu própio pé levando a mim e a Lucia para o chão. Para a minha má sorte, ela acabou caindo em cima de mim no meio de toda essa confusão. Enquanto isso Jow apenas ficava olhando e balançava negativamente a cabeça, mas por fim ajudou a Lucia a se levantar e em seguida me ajudou também. Assim que peguei minha mochila, Lucia e Jow saíram andando em direção ao lago, eu não sabia se devia ou não ir com eles, queria voltar para o chalé, ou até mesmo, ir explorar os bosques, mas estava ciente do quanto isso podia ser perigoso, e eu ainda não tinha nenhuma arma para me defender, a não ser se tacasse minha mochila no monstro que me atacasse, e tenho certeza de que isso não ajudaria muito. Não demorei muito para me decidir, saí do anfiteatro logo atrás da Lucia e do Jow e fui com eles para o lago. Durante a pequena caminhada que era até chegarmos ao lago, os dois conversavam e para ser sincera não estava entendendo nada da conversa deles. Apenas continuei andando com os dois em direção ao lago, totalmente alheia à conversa deles, e quando por fim chegamos ao lado Lucia e Jow seguiram para uma dar árvores e sentaram-se encostados ali, enquanto eu continuei andando e por fim acabei me sentando na beira do lago. Haviam vários campistas por ali, e logo presumi que o lago com certeza devia ser o lugar mais movimentado do acampamento, pelo visto logo, logo eu teria que procurar um lugar calmo para ficar. Tirei a mochila de minhas costas, peguei meu mp3, e então a deixei ao meu lado. Botei os fones no ouvido e liguei o pequeno aparelho, botei no volume máximo como sempre costumava escutar, passei pelas pastas de músicas e por fim deixei na pasta cujo nome era "KHR"*, ali apenas havia músicas do anime do qual eu gostava. Passei as músicas até achar a minha favorita e deixei nela, enquanto escutava a música no volume máximo fiquei totalmente alheia ao que acontecia ao meu redor. Não escutava nada, nem mesmo se alguém me chamasse (o que acho meio impossível), para mim essa era a coisa boa de poder escutar música no volume máximo. Podiam me chamar, me xingar a vontade que eu não escutaria nada, não daria a menor bola. Mas também tinha o lado mau, como por exemplo, quando alguém tenta te avisar para você sair do lugar da onde se encontra, pois uma bola pode estar vindo em sua direção, ou até mesmo um cavalo com assas com uma pessoa montada nele que não tem o menor controle sobre o animal. O pior é que foi isso mesmo o que aconteceu comigo. Estava distraída escutando as músicas que tocavam em meu mp3, e como o volume estava no máximo não escutei quando alguém gritou para eu poder sair da beira do lago. Num certo momento eu estava sentada na beira do lago, e no outro eu estava dentro do lago junto com um outro garoto que eu não fazia ideia de como fora parar ali. Tirei os fones do mp3 - agora totalmente inutilizado - e os joguei até aonde estava a minha mochila. Percebi então que parado na beira do lago estava um cavalo com asas - um pégaso - totalmente negro. O garoto que fora parar dentro do lago comigo era a pessoa mais branca que eu já vira em toda a minha vida, ao olhar para ele por um momento pensei que fosse meu amigo Leandro, mas não era ele. O estranho era que o tal garoto se parecia muito com ele e isso era assustador. O cabelo dele era preto e meio encaracolado, tinha olhos pretos e como eu disse antes, era mais branco do que qualquer pessoa que eu já conhecera.

– Ei menina, desculpa. A culpa não foi minha, foi dele . -falou o garoto enquanto apontava com a cabeça para o pégaso.

– Certamente que foi... - murmurei, então nadei até a margem do lago e saí do mesmo.

Já era a segunda vez naquela dia que estava toda molhada, com certeza esse não era meu dia de sorte.

–Ei desculpa, eu gritei avisando para você sair dali. Mas acho que você não me ouviu... - falou ele meio pensativo e tive vontade de falar "Avá, é mesmo?", mas não falei.

– É, estava com os fones no máximo - falei dando de ombros.

– Ei você é a novata filha de Atena né? Sou o Gabriel, filho de Hades. - falou ele estendendo a mão e eu apenas fiquei olhando até que por fim ele a baixou.

– Sim, isso mesmo. Eu sou a Maria Luiza, mas me chame de Malu. - falei novamente sem emoção alguma na voz.

– Você já conhece o acampamento? - perguntou ele.

– Não conheço ele todo ainda, mas estava indo dar uma volta agora. Bem até depois. - falei enquanto pegava minha mochila e meu mp3, agora inutilizado e saía dali.

Assim que saí do lago, soube que não podia sair andando pelo acampamento toda molhada daquele jeito, então fui para o chalé 06. Deixei minha mochila na sala, e fui para o dormitório feminino, deixei meu mp3 em cima da minha mesa de cabeceira, depois eu daria um jeito de concertar ele e se eu não conseguisse, bem eu pediria ao meu pai para comprar outro. Peguei uma muda de roupas secas e fui para o banheiro, tirei as roupas molhadas e me sequei com uma toalha, vesti uma calça jeans uma outra blusa laranja do acampamento e por cima dela um casaco preto de capuz. Ao sair do banheiro calcei novamente minha bota, e pequei um elástico caso precisasse prender meu cabelo, saí do dormitório feminino e voltei para a sala, peguei minha mochila e já estava saindo do chalé quando dei de cara com o Jeff.

– Ei maninha, não te vi na aula de mitologia.- falou ele enquanto entrava no chalé e pegava duas espadas que estavam em cima de uma das mesas de trabalho

– É eu fui, só que fiquei com a Camila, o Shankar, Victor, a Lucia e o Jow. Acho que eles estavam meio que escondidos - falei dando de ombros.

– Ah sim, ei quer ir treinar um pouco de esgrima comigo? Hoje é sua primeira aula, seria bom se você fosse preparada... - falou ele.

– Eu treinaria com você, se tivesse uma espada. - falei com uma careta

–Ah claro, que cabeça a minha! Vem vamos na loja do acampamento. - falou ele.

– Vamos fazer o que lá?-

Comprar sua espada, um escudo e talvez uma adaga ou uma faca.

*

Nunca pensei que em um acampamento de verão poderia se vender espadas, escudos e outras coisas desse tipo. Não em um acampamento de verão normal, uma coisa que o Acampamento Meio - Sangue certamente não era. Ao chegarmos na loja me deparei com vários tipos de espada, haviam desde espadas pequenas, até montantes. Havia escudos, e também outras armas de lâminas menores, como facas de caça, arremesso, adagas, punhais e todos os outros tipos de armas brancas que você possa imaginar. Jeff me ajudou a achar uma espada que se ajustasse a minha mão, testamos vários tipos de espada até que por fim achei uma espada média que parecia se encaixar muito bem em minha mão. Depois de ver todos os escudos escolhi um que ficava bem preso ao meu braço, depois de escolher o escudo o Jeff pegou para mim uma adaga, quando perguntei para que seria aquilo já que tinha a espada e o escudo ele me falou que era sempre bom ter mais uma arma além da espada. Estava me perguntando com o que ele iria pagar pelas armas, mas enquanto íamos pagar a uma semideusa que estava atrás de um balcão ele pegou várias moedas que pelo visto pareciam ser feitas de ouro e deu para a garota. Pegamos as armas e então saímos dali e fomos em direção á arena. Agora que, segundo o Jeff, estava devidamente equipada, já podíamos treinar. Mas eu estava com uma ligeira sensação de que na verdade seria o saco de pancadas do meu irmão. Quando chegamos na arena, dois campistas(que eu ainda não conhecia) estavam saindo dali com alguns cortes, o que me fez perceber que talvez eles tivessem acabado de sair de uma luta. Na arquibancada haviam alguns outros campistas, reconhci alguns com quem eu conversara, como por exemplo o filho de Hades Jow, Nico, o filho de Poseidon, Hevelyn, Lucia e Helen, minha irmãs e alguns outros campistas que eu não fazia ideia de quem eram. Estava começando a me questionar se treinar com o Jeff seria uma boa ideia, quer dizer, eu sabia lutar com uma espada porquê já fizera antes algumas aulas de esgrima, mas ainda assim o Jeff era mais forte do que eu, e isso não me deixava nem um pouco confiante. Jeff seguiu para o centro da arena e logo fui atrás dele. Ele estava com duas espadas, enquanto eu estava com uma espada, um escudo e a adaga presa à minha cintura. Não estava esperando que o treino começasse assim que estivéssemos no centro da arena, mas foi o que aconteceu. Só tive tempo de ajeitar o escudo em meu braço e segurar a espada com um pouco mais de firmeza. Jeff veio em minha direção brandindo suas espadas e tentou logo de cara um ataque direto então só tive tempo de erguer o escudo para a espada não me acertar. Aproveitei que ele estava parcialmente distraído e aproveitei para atacar. Fingi atacar seu tórax, mas então no último momento mudei o curso da lâmina fazendo um corte em sua calça. Dei um pulo para trás, quando tentei me afastar mais dele para evitar outro golpe surpresa descobri que meus pés estavam presos, olhei para baixo e vi oliveiras se enrolando em meus pés, não eram muitas e eu conseguia cortá-las com a espada, mas ainda assim aquilo era irritante. Olhei para Jeff que vinha avançando em minha direção calmamente e percebi que ele havia envocado aquelas oliveiras.

– Ei pensei que isso fosse ser um treino de esgrima. - falei enquanto cortava as oliveiras.

– Ah e é, mas também tenho alguns truques. - falou ele com um sorriso meio sarcástico e eu não gostei nada de quando ele falou que tinha "alguns truques".

Quando finalmente cosegui me livrar das olivas já era tarde demais, Jeff já havia se aproximado o suficiente de mim e só me dei conta disso quando senti algo cortando minha perna. Quando olhei para baixo vi que minha calça estava rasgada abaixo do joelho e estava começando a ficar suja de sangue. Respirei fundo e recuei alguns passos botando o escudo a minha frente e ficando novamente em posição de defesa enquanto Jeff avançava novamente, isso não estava mais me parecendo um treino, e sim uma luta. Enquanto ele avançava pensei em várias maneiras de poder me defender e também para poder atacá-lo, se ao menos eu pudesse envocar olivas como ele, para mim isso já seria muito. Poderia atrasá-lo pelo menos um pouco.

– Então maninha, o que acha de pararmos um pouco? - perguntou ele com um pequeno sorriso, com certeza ele devia estar se divertindo muito com isso.

– Ainda não. - falei ignorando a leve dor na perna por causa do corte.

– Se é assim que você quer então... Vou pegar um pouco mais pesado. -falou ele.

– Sério? Pensei que você já estivesse pegando pesado! - falei meio que sarcasticamente.

Jeff deu uma risadinha, e tive certeza absoluta de que ele estava mesmo gostando daquilo. Estávamos andando um ao redor do outro, eu estava atenta a cada movimento o seu e ele fazia o mesmo. Porém eu estava mesmo é concentrada em tentar fazer crescer algumas olivas em seus pés assim como ele fizera comigo. Eu não sabia se seria capaz de fazer isso, mas ainda assim eu tinha que tentar... Jeff se preparou para avançar, mas ficou lá parado. Então olhei para seus pés e vi que de fato, eu havia conseguido fazer com que algumas oliveiras crescessem nos pés dele. Jeff me olhou meio que espantado.

– Como você conseguiu fazer isso? Só os filhos de Atena que já estão à algum tempo acampamento são capazes de fazer isso... - ele não terminou de falar, pois então eu ataquei.

Tentei uma estocada direto em sua barriga, mas ele apenas aparou meu golpe com a lâmina de sua espada. Me afastei quando ele tentou fazer um corte no braço qual estava meu escudo, isso foi o tempo suficiente para ele poder cortar as oliveiras e atacar. Dessa vez ele atacou com as duas espadas, ergui meu escudo para me defender de um dos golpes porém o segundo golpe fez um corte no braço em que eu segurava a espada. Fui para trás mais uma vez, mas então Jeff aproveitou esse breve momento e se aproximou rapidamente de mim me dando uma rasteira. Caí no chão mais não pude me levantar, pois Jeff estava com a ponta de sua espada em meu peito.

– Sério mesmo? Acho que não precisa apontar essa coisa ai pra mim não viu?!- falei, ficando meio vesga para poder olhar a ponta da espada. Jeff riu, então embainhou suas espadas e me ajudou a levantar.

– Ei Malu, nada mal viu? Você já tinha lutado com uma espada antes?- perguntou ele.

– Bem sim... Fiz algumas aulas de esgrima no verão passado, e meu pai me inscreveu de novo nisso durante esse ano letivo, mas eu não cheguei até o final... - falei dando de ombros, enquanto prendia a espada em minha cintura e me perguntava como eu iria carregar aquele escudo aonde quer que eu fosse.

– Por que você não continuou? - perguntou ele.

– Surgiram algumas... hmm... complicações. - falei enquanto andávamos em direção à arquibancada.

– Monstros?

– Não sei... acho que sim. - falei dando de ombros.

– Mas Malu, como você conseguiu envocar aquelas oliveiras? Só os filhos de Atena que já estão no acampamento a algum tempo conseguem, mas ainda assim precisam de muita, mais muita concentração. - falou ele.

– Ah, só precisei me concentrar um pouco. Não foi nada demais. - falei dando de ombros.

Fomos até a arquibancada aonde os campistas estavam vendo meu "treino" com o Jeff. Me sentei perto da Lucia e a Hevelyn enquanto o Jeff ia falar com o Jow e o Victor, que acabara de chegar. Não fazia a menor ideia do que elas estavam falando, apenas captei a palavra "festa" e algo sobre arrastar os nossos irmãos que não iam para essa festa. Com certeza se eu não fosse, teria de me esconder delas em algum lugar.

– E então Malu, você vai? - perguntou a Helen.

– Vou pra onde? - perguntei meio desatenta, pois estava pensando aonde iria me esconder delas.

– Para a festa é claro. - falou a Helen.

– Ahãn... é que... Bem, eu não sei se vou ir. - falei dando de ombros.

– Ué, por que não? Vai ser tão legal! - falou a Lucia.

– Porque - falei.- Eu sou uma pessoa muito antisocial.

– Eu também sou uma pessoa muito antisocial eu vou a festa. - falou a Hevelyn.

– Mesmo assim, eu não vou. - falei. Humpf.

– Você vai sim, nós vamos fazer você mudar de ideia. - falou a Lucia com um pequeno sorriso, só por precaução, eu me afastei um pouco dela.

– Querem saber? Eu to indo, vejos vocês na aula de esgrima. - falei me levantando.

Estava prestes a sair da arena quando senti alguém sergurar meu braço, para piorar era o meu braço machucado. Pensei que era o Jeff, mas quando olhei era o filho de Ares, Victor. Apenas ergui uma sobrancelha porque eu jurava que ele estava conversando com o Jow e meu irmão, me perguntei como ele havia chegado tão rápido ali, mas com tudo o que estava acontecendo me perguntei se ele não havia simplesmente brotado do chão.

– Onde a mocinha vai? - perguntou ele enquanto eu tentava não fazer uma careta por ele estar segurando meu braço machucado.

– Bem, estava indo para o meu chalé cuidar dos meus ferimentos e se não for pedir muito, você pode, por favor, soltar meu braço? - falei no tom mais gentil que pude.

– Ah claro, desculpe. - falou ele largando meu braço. - Vem, eu te levo na enfermaria.

– Por que o Jeff não pode me levar lá? - perguntei.

– Ele não pode te levar lá porque está ocupado, e como eu sou conselheiro do chalé de Ares, é meu dever cuidar de novatos como você. - falou ele.

– Mais eu sou uma novata filha de Atena, o meu conselheiro é o Jeff. É o dever dele cuidar de mim já que é meu irmão, e você não tem que cuidar dos novatos filhos de Ares? - perguntei calmamente.

– Bem não tem nenhum novato filho de Ares, e como eu disse o Jeff está ocupado. Então vamos. - falou o Victor e enquanto ele andava na minha frente revirei os olhos.

Fui andando atrás do filho de Ares em direção à enfermaria, passamos por alguns campistas mais eles pareciam não achar estranho o fato deuma pessoa estar com um corte no braço e outro na perna. Isso até devia ser muito normal para eles. Percorremos a área comum até que por fim chegamos a uma das construções do acampamento. Victor entrou, então fui logo atrás dele. Vi que de fato o lugar se parecia com uma enfermaria. Havia várias macas por ali, alguns sátiros, metade pessoas metade bodes. Algumas garotas também estava por ali, mas ao observá-las melhor percebi que suas orelhas eram ligeiramente pontudas. O Victor me falou que aquelas eram as dríades, os espíritos femininos das árvores. Eu ia ficar em pé enquanto esperava o Victor pegar algumas gazes e algo para poder limpar meus cortes, mas ele me obrigou a sentar em uma das macas desocupadas. Quando voltou ele limpou meu braço com uma gaze molhada com sabe-se-lá-o-quê. Mas o mais estranho foi que assim que ele limpou o ferimento, o mesmo começou a se fechar.

– O que foi isso que você passou no meu braço? - perguntei um pouco cautelosa.

– Foi néctar, a bebida dos deuses. Quando os cortes são leves e você passa um pouco de néctar, ele cura o ferimento, mas se você ingerir em grande quantidade vai virar cinzas. Agora deixa eu tratar o ferimento da sua perna. - falou ele.

– Não, sério pode deixar que isso eu mesma faço. - falei.

– Você cuidar de um ferimento? Hã-hã. Espera ai. - ele guardou as coisas então voltou com um pedaço de pudim, bem pelo menos era o que parecia.

– Toma come isso, você vai se sentir melhor e o corte na sua perna com certeza vai melhorar.

– O que é isso ai? Só como se você me responder. - falei meio cautelosa, por que da última vez que eu comera algo que alguém me dera... bem não foi uma experiência muito boa.

– É só ambrosia, a comida dos deuses. Para cada semideus tem um gosto diferente, agora vai come. - falou ele e me deu a ambrosia.

A comi pensando que certamente ela teria gosto de pudim. Mas não, o gosto da ambrosia era de manjar de coco, um doce que minha vó costumava fazer quando eu ia para sua casa passar as férias com ela. Assim que comi a ambrosia me senti muito bem, mais ativa do que antes como se eu tivesse acabado de beber várias latas de coca-cola. Agradeci ao Victor por ter me ajudado então me levantei da maca, estava quase saindo da enfermaria quando senti alguém ao meu lado. Olhei e vi que era novamente o Victor e suspirei.

– Você por acaso não está me seguindo né? - perguntei enquanto andava pela área comum, indo em direção ao chalé 06.

– Não, não estou te seguindo. Só estou fazendo um favor ao seu irmão. - falou ele.

– O Jeff? - perguntei.

– Sim.

– Ele pediu pra você ficar andando atrás de mim para eu não fazer nenhuma besteira é?

– É mais ou menos isso. Para a sua sorte, só vou te acompanhar até o seu chalé, posso?

– Não.

Mesmo assim ele continuou andando ao meu lado até que eu chegasse ao chalé, anotei mentalmente que da próxima vez que eu visse o Jeff, teria de ter uma rápida conversa com ele. Ao chegarmos ao chalé 06, só para não parecer mal educada falei um rápido "Tchau" ao filho de Ares e então entrei no chalé. Não sabia ao certo por que havia agido de modo tão rabugento, mas estava começando a ter uma ideia. Ainda estava com meu escudo preso no braço, ainda estava pensando em como iria carregar aquilo pelo acampamento. Talvez eu andasse apenas com a espada e a adaga, mas algo me dizia que era importante eu andar com aquele escudo também. Olhei para minha calça jeans, agora rasgada, e suspirei. Bem pelo menos não estava mais ferida, ainda estava de pé na sala parecendo um poste, quando notei que era a única no chalé. Sem perceber fiz um bico, então desprendi o escudo de meu braço e o deixei em um canto, me joguei no sofá deixando minha espada e a adaga ao meu lado enquanto ficava encarando o teto do chalé com certa apatia.

*

A tarde passou rapidamente, fui à aula de esgrima para novatos junto com a Lucia, a Hevelyn e a Helen, minhas irmãs. O professor era um filho de Ares chamado Luiz, era estranho ter aula com ele, pois o garoto me fazia lembrar de meu amigo Renato, ambos pareciam um armário ambulante. Para a minha infelicidade naquele dia a aula seria prática, o que significava para mim que eu iria apanhar de novo. E de fato, foi o que aconteceu. O professor mandou que todos os semideuses ali se separessem em duplas e a Hevelyn no final acabou sendo a minha dupla. Luiz deixou bem claro de que um atacaria e outro iria defender, e depois virce-versa. Isso não me deixou muito animada, Hevelyn me atacou com um golpe direto e rápido, e se eu não tivesse botado meu escudo na frente bem na hora com certeza teria ido parar na enfermaria com um ferimento muito, muito grave. Quando foi a minha vez de atacar, eu tentei fazer o mesmo que a Hevelyn tentou fazer comigo, porém como ela também não tive sucesso. Depois de avaliar cada dupla o professor liberou a todos e tudo o que eu mais queria era poder voltar para o chalé e ficar lá jogada no sofá como estava antes ou até mesmo achar um lugar calmo no acampamento para ler um pouco, pois livros era o que não faltava no chalé de Atena. Em vez disso fui para outra aula que teria naquela tarde. Primeiros Socorros, é claro que eu não poderia não ir naquela aula pois algo me dizia que eu iria precisar a aprender primeiros socorros se não quisesse ir para a enfermaria a toda hora. A professora - uma filha de Dionísio chamada Rafany, mas que prefia ser chamada de "Tia Rafy" - falou sobre como deveríamos limpar os ferimentos e qual pasta deveríamos usar para alguns ferimentos muito graves. Prestei atenção a tudo o que ela falava e claro, não precisei anotar nada pois de alguma forma acabei gravando tudo o que ela falou. Assim que a aula acabou minha irmãs - Hevelyn, Helen e Lucia - me arrastaram para o lago, e como eu não tinha outra opção fiquei ali com elas conversando. Mas estava tão distraída que acabei deixando passar uma pergunta da Lucia que para poder chamar a atenção me chamou tacando um coquinho que estava caído por ali em minha cabeça.

– AI! Isso doi! - falei.

–Eu sei. - falou a Lucia.

Suspirei. Vi que o coquinho que ela me tacara ainda estava caido ao meu lado, então só para revidar, peguei o mesmo e joguei na cabeça de Lucia, ela começou a jogar coquinhos em mim também e quando dei por mim eu e minhas irmãs já estávamos tacando coquinhos uma nas outras. Todos os campistas que passavam pelo lago paravam e ficavam olhando como se nós quatro fóssemos um bando de malucas, o que acho que éramos mesmo. Depois de sabe-se-lá-quanto- tempo, escutamos a concha soar ao longe então fomos para o pavilhão refeitório para nos juntarmos aos nosso outros irmãos para o jantar. Depois de jantar todos foram para a fogueira e eu fiquei junto com os meus irmãos. Depois de apenas um dia ali já estava começando a me sentir em casa, e também não estava achando nem um pouco estranho chamar os meus companheiros de chalé de irmãos.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado desse capítulo. Curtam minha página de Percy Jackson no facebook ;)
http://www.facebook.com/FrasesPercyJackson



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Descoberta Da Semideusa" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.