Uma Noite de Lua escrita por Giihrsouza


Capítulo 7
O Enterro.




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            Dormi bem por incrível que pareça, meu teste na academia estava marcado, eu iria tentar amanhã, pois hoje era o enterro do Yondaime, a vila toda estaria lá, sem exessão, isso significava que os Uchiha estariam lá, que Itachi estaria.

            Acordei no horário que eu teria que acordar caso eu tivesse treino, vesti minhas roupas pretas, geralmente usadas em velórios e deixei o cabelo solto, depois de arrumar o repicado eu fui ate a cozinha, mamãe não estava ali.

            Ela agora tinha outros compromissos, cuidar da Hinata devia ser uma bela e deliciosa ocupação, será que eu ainda teria um filho ou uma filha com Itachi, um filinho que falasse que seus pais o amavam e se amavam?

            -Miya... Você vai no enterro?

            Minha linha de pensamentos foi perdida, minha mãe estava com roupas pretas e cabelo solto, segurava a pequena Hinata que estava envolvida com uma manta preta.

            -Vou sim, toda vila tem que ir... Se despedir do Herói não é?

            -Tem razão. – Ela se limitou a sorrir.

            Mamãe era superficiosa, até demais, ela acredita que se sorrimos em um dia de luto iremos desonrar o infeliz do morto. Eu sempre achei babaquisse, mas eu não a desrespeitava, eu não queria mais causar intriga com ninguém ainda mais com ela, a minha mamãe amada.

            Já estávamos todos indo, o clã todo estava ali, Neji estava suspenso pelos bracinhos, ele estava treinando andar. Uma multidão apareceu do nada, era impressionante o quanto a vila tinha crescido, agora tinham vários bebês, a menina dos Yamanaka da loja de flores, provavelmente recém nascida, tinha também um menino do tamanho do Neji também treinando andar, ele tinha sobrancelhas grossas, com certeza um dia alguém implicaria com ele por ter nascido com aqueles camundongos por cima dos olhos.

            Ri para mim, minha mãe acabou reparando meu sorriso e me deu uma cotovelada no braço, olhei para ela e ela me lançou um olhar de reprovação. Sim ela tinha notado, quase ri de novo, mas me segurei. Já estávamos aguardando nos nossos lugares, era tipo uma área VIP.

            Nessa área tinham apenas dois clãs, o meu e o de Itachi, e também o Sandaime e alguns membros do conselho. Um pouco mais para o lado tinham ninjas, todos choravam, sem exeção...

            O enterro estava já atrasado, eu não estava gostando de estar ali, eu estava ouvindo fofocas, “Soube? A princesinha Hyuuga acaba de ser rejeitada pelo pai, o que essa menina fez?”, “Jura? Nossa, ela não era a ‘perfeitinha’?” “Parece que não, acho que ela deve ter se revelado uma grande decepção...”

            Uma lágrima caiu de meus olhos, em um enterro era comum lágrimas, mas eu não chorava pelo Yondaime, sim pela dura realidade de ter decepcionado meu pai e meu clã inteiro... mas por que eu estava chorando? Apesar de tê-los decepcionado, agora eu tinha uma chance de compartilhar o amor da vila com Itachi, eu seria uma ninja, eu daria orgulho, se não ao meu pai, mas a ele.

            Virei um pouco a cabeça, queria vê-lo, sua expressão era vazia, ele me olhou de relance e fez um meio sorriso rápido e desfez, continuou olhando para o nada.

            O velório foi demorado, agora estávamos voltando para casa, meu clã todo se deslocando, como se estivéssemos em procissão. Era até cômico se não fosse... Bizarro. Consegui sair dali sem ser notada, decidi ir até a cachoeira, Itachi disse que era um bom lugar para se pensar, e eu estava precisando pensar.

            Chegando lá sentei em uma pedra e recostei na de trás. Realmente o barulho da água era um senhor calmante, fechei meus olhos. Comecei a refletir. Como estava minha vida? Mudando para a melhor... Eu caminhava por caminhos instáveis, mas era o único que me levava ate o que eu queria, o meu Itachi.

            Vale apena os sacrifícios? Nossa... Essa era difícil, eu diria que em teoria sim, valia e muito a pena, mas eu ainda não tinha certeza se ele realmente me amava, ou se apenas gostava de mim. Como a vida podia ser injusta, e se eu não fosse correspondida, afinal eu o amava, não é?

            Inclinei a cabeça para trás.

            Sim, eu o amava. Sempre o amei... Sempre o amarei. Uma lágrima rolou contra minha vontade, abri os olhos, o barulho da água era calmo, realmente esse era um lugar muito bom para se organizar as idéias.

            Levantei-me, agora precisava ir para casa, dormir um pouco... Finalizar o dia, o triste dia... Comecei a pular de árvore em árvore, o vento me batia no rosto, a velocidade era muito boa. Corri mais, agora eu suava, o sol batia pela blusa comprida e preta, fazendo minha pele transpirar, chegando na vila, tudo estava calmo, triste para ser sincera, não tinham risos de crianças e nem movimento, parecia que toda cidade tinha morrido com o Yondaime.

            A noite já tinha caído, eu já estava pronta para dormir, me deitei sem olhar para o céu, lutei para achar uma ponta que fosse de cansaço, fui bem sucedida, logo, afundei em um mundo de sonhos.

            Eu estava abraçada com Itachi, ele estava com as marcas nos olhos, com o sobretudo com nuvens vermelhas.

            “Eu te amo” – Sua fala era triste.

            Não achei minha voz, queria respondê-lo mas não sabia como falar com ele. Estávamos em um lugar estranho, era um lugar com um céu vermelho, chão preto, que fedia... Á sangue.

            “Você está linda com o uniforme novo!”. – Sua animação era artificial.

            Eu me olhei, vestia uma roupa da ANBU com a bandana na cintura e usava Maria Chiquinhas. Novamente, não houve modo de responder, o cheiro de sangue era forte, irritava meu nariz. Itachi pegou minhas mãos.

            “Acho que isso é um adeus, meu amor”.

            “Não”. – Sussurei, consegui falar, mas ele não ouvia. – “Itachi, eu te amo, não... Não me deixe!”

            Ele se afastou, me deixou sozinha no que achava que era o inferno. Logo tudo começou a escurecer, uma dor latejante e inimaginável começou, lutei com os olhos embaçados, minha mão sangrava, uma espada me atravessava o peito, a morte me abraçou e tudo ficou escuro.

 

            Acordei assustada, já estava quase na hora do teste. Vesti minha bermuda confortável e uma blusa leve, prendi o cabelo e saí, estava animada para passar logo no teste, eu sabia todos os jutsus básicos ninja, com certeza eu me sairia bem.

            -Hyuuga Miya? – Perguntou um homem enquanto checava uma lista grande. – Me chamo Hamasaki Yuki, serei o jure, do seu teste. Você terá que fazer um teste escrito e outro físico, entendido?

            -Sim senhor!

            Yuki fez sinal para que eu me sentasse, eu me sentei, ali tinha um teste de inteligência, nesse eu poderia errar um pouco... Afinal de contas, não me chamo Uchiha Itachi para sair acertando tudo. Ri com a idéia.

            -Algum problema? – Ele perguntou cético.

            -Não, nada...

            -Então comece, o tempo está correndo.

            A primeira questão foi fácil, consegui responder sem muita dificuldade, mas chegando no 19 exigia mais raciocínio, mas acho que fui bem, minha margem de erros devia estar baixa... É, acho que fui bem.

            No final dos testes Yuki bateu palmas.

            -Você honra seu sobrenome, seu teste de QI não foi nada mau, foi até muito bom, seu teste físico está impecável...

            -Eu treinava todos os dias com meu pai...

            -Posso encaminhá-la para as missões de nível C, você foi muito bem. – Ele pegou uma caixa e a abriu. – Aqui está o símbolo de que você é uma ninja, meus parabéns.

            Peguei a bandana, ela era azul, linda. Sorri para mim mesma, coloquei-a na cintura, como cinto. Sorri para o Sensei e depois saí. Já era mais ou menos umas quatro da tarde, não voltei para casa, fui para a cachoeira, será que ele estaria ali?

            Quando cheguei, não tinha ninguém. Tirei minha bandana e comecei a olhar o alumínio com o símbolo da Aldeia da Folha, a qual agora eu pertencia. Do nada mãos taparam minha visão, eu sorri.

            -Adivinha quem é? – Era a voz de Itachi, ele falou na minha orelha.

            Tirei suas mãos do meu rosto e me virei para beijá-lo, ele retribuiu, mas depois pegou minha bandana.

            -Agora você é oficialmente uma ninja hã! Tá ficando mais importante, depois eu vou acabar perdendo meu posto...

            -Acho difícil, eu ainda sou uma Gennin. Você agora é capitão ANBU, pode sentir a diferença?

            Ele riu, meio sem humor.

            Notei uma mudança na sua expressão, o fato dele ser um gênio o incomodava, o por quê? Eu temia em perguntar.

            -Realmente... – ele disse depois de uma longa pausa. – Mas... Argh... Podemos falar de outra coisa, Miya?

            -Sabia que eu fui impecável no teste físico, acho que só vacilei em algumas questões de raciocínio lógico.

            Ele riu.

            -Bem difícil, não é?

            -Muito! Nossa... Mas eu passei, não é mesmo? Acho que se eu me esforçar muito em cada missão, posso até arrumar um passaporte para a ANBU, quem sabe não entro para o seu time?

            Ele agora ria com vontade.

            -Claro, vou arrumar uma vaga, mas não ligue da vila inteira estranhar uma Hyuuga recebendo ordens de um Uchiha.

            -Esse povo acha muita coisa, eles são uns idiotas, acham que tudo depende de barreiras criadas por eles mesmos, Uchiha e Hyuuga poderiam muito bem se dar bem, além de formarem uma força que Konoha iria amar, ainda poderiam... Sei lá, se gostar. Tenho certeza que o Hokage ia amar uma trégua.

            -Acho que a trégua já é nula, a não ser que sua irmã compartilhe a sua visão. Afinal de contas, você não é mais da elite, lembra?

            -Claro que lembro, mas algo me diz que a Hinata vai ser diferente, ela não vai fazer barreiras, vai destruí-las...

            Ele olhou para o alto.

            -Eu queria que meu irmão fosse alguém na vila, sabe, como o Yondaime, que era o herói, quem sabe...

            -Você mesmo, nunca pensou em ser alguém?

            -Claro que já, mas... todos me vêem como uma arma poderosa do Clã Uchiha, então minhas chances se anulam desde então.

            -Deve ser... Doloroso... – Agora eu entendia o lado dele, ele por ser um gênio, ele era visto como uma arma muito poderosa que qualquer clã desejaria. Isso o deixava infeliz.

            -Sim, é... Mas eu fui azarado, nasci em uma época horrível como esta, nós não tivemos sorte Miya...

            Ele me abraçou e colocou a cabeça no meu ombro, eu estava olhando a cachoeira e ele estava atrás de mim, eu acariciava suas mãos tensas.

            Mas ele se enrijesseu.

            -Itachi? Você está bem?

            Seus pulsos estavam cerrados. Ele olhou para a mata.

            Meu pai saiu dos arbustos altos, ele estava acompanhado de outros homens do clã, eles me olhavam incrédulos.

            -Se considere morta Miya. – Meu pai me olhou com friesa.

            Engoli a seco... Como me safar agora? E se Itachi fosse ferido? Eu congelei, uma lágrima escapou, Itachi me apertou, mas nada transmitiu, nada bom.


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Notas finais do capítulo

Desculpe a demora de postar, mas a escola me ocupou ultimamente...
Espero que tenham gostado!(E me perdoado).
Beijos



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