Acordo com Katniss beijando meu rosto – isso, é claro, me assusta um pouco – e sorrio para ela. Ela pega alguma coisa que está atrás dela e estende para que eu possa ver; como faço cara de quem não esta entendendo, ela diz:

-Haymitch mandou um presentinho pra você! – diz com entusiasmo.

-O que é? – pergunto.

-Sopa. –ela responde.

Ah, não!

-Eu não quero. –digo.

-Por que não? –ela pergunta.

-Por que não estou com fome. –respondo.

-E daí? Coma sem fome, mesmo. –ela insiste.

-Não, obrigado. Coma você. –digo assim mesmo.

-E por que eu comeria? –ela quer saber.

-Porque você precisa mais dela do que eu. –insisto.

-Eu? Quem é que está quase morrendo? Eu? Não! Você! –ela insiste.

-E daí? –indago.

-E daí? Você vai comer, querendo ou não! –ela ameaça.

-Não vou, não! –discordo.

-É claro que vai! –ela grita.

-NÃO! –grito.

-PEETA!

-KATNISS!

-Peeta...

-Quê? –pergunto.

-Por favor, Peeta! –ela pede.

-Por favor, o que? –procuro saber.

-Come! –ela insiste novamente.

-Já disse que não, Katniss.

-Por favor!

-Nã... – tento dizer, mas sou interrompido por mais um beijo de Katniss.

-E agora? – ela me pergunta, dando mais alguns beijinhos em meus lábios.

-Não vou comer e pronto! –digo, dando um sorriso.

-Não vai, é? –ela indaga, e mais uma vez me beija.

Ficamos nessa discussão seguida de beijos durante algum tempo, até que Katniss se cansa.

-Agora já chega, Sr. Mellark! Você vai comer essa sopa agora!

-Katniss... –começo.

-Ela já esta esfriando! Se você não comer, vai se arrepender ouviu?! –ela me ameaça.

-Ouvi. –digo.

-Ótimo! –ela sorri.

Katniss me dá a sopa na boca; eu como. Até que não estava tão ruim... Mas acho que poderia estar melhor. Droga de febre!

-Pronto. –Katniss diz.

Acabo caindo no sono novamente, e quando acordo, vejo que o sol já está no céu; olho para o lado a procura de Katniss, mas não a encontro.

Onde você está, Katniss?

-Katniss? –chamo. –Katniss!

Por que ela não responde? Será que...? Não. Isso é impossível! Cato não pode ter nos encontrado, caso contrário eu estaria morto agora! A não ser que... A não ser que Katniss o tenha afastado de mim e...

-Katniss! –grito. Nenhuma resposta de sua parte. - Katniss!

Acho bom eu ir procurá-la, talvez ela esteja precisando de ajuda...

Tento me levantar, mas a dor em minha perna está tornando essa tarefa muito difícil. Quando estou quase de pé escuto alguém se aproximando da caverna. Espero que seja ela.

-O que você pensa que está fazendo? –Katniss pergunta.

Graças a Deus! Ela está bem!

-Estava indo procurá-la. –digo.

-Por quê? –ela pergunta.

-Porque quando acordei, vi que você havia sumido. Fiquei preocupado. –digo, enquanto Katniss me deita novamente no saco de dormir.

-Sério? –Katniss pergunta.

Não acredito! Ela está duvidando de mim, é?

-Sim. –respondo.

-Por acaso você tem idéia do estado em que está? –ela comenta.

Entendo oque ela quis dizer com esse comentário: que estou ferido e dando muito trabalho para ela. Colocando-a em perigo!

-Pensei que Cato poderia tê-la encontrado! –digo assim mesmo.

-Tudo bem então. Já que ele não me encontrou, por que você não come isso aqui? –ela diz, mostrando-me o pote de sopa, que estava com uma espécie de creme roxo dentro.

O que será que é isso?

-Como você está? –ela pergunta.

-Muito melhor! Remédios, roupas limpas, saco de dormir, um teto sobre nossas cabeças e claro, você.

-Tem certeza de que está bem? –ela me pergunta, colocando a mão em meu rosto. Katniss faz cara de preocupada.

Instintivamente, ponho minha mão sobre a sua, e a pressiono contra os meus lábios. Eu queria mais... Beijos.

-Lembra-se do que eu havia dito? Você só vai ganhar beijo se comer! –ela diz, provavelmente entendo oque eu queria dizer com o gesto.

-Tudo bem,então.

-Abra a boca!

Obedeço. Katniss enche uma colher com o creme roxo e a leva até minha boca; fico surpreso ao constar que a coisa roxa é, na verdade, amoras amassadas. Como estão gostosas!

-Você não tem dormido muito, Katniss. –começo.

-Está tudo bem. –ela diz.

-Por que você não descansa um pouco? –pergunto.

-E deixá-lo desprotegido? Nem pensar! –ela rebate.

-Eu me cuido. –digo.

-E se alguém aparecer? –indaga.

-Eu te acordo. –sugiro.

-Não sei não...

-Eu te acordo. Prometo. –insisto.

-Peeta...

-Por favor! –imploro.

-Tudo bem, então! –ela desiste.

Katniss se deita em cima o saco de dormir, mas mantém a mão sobre o seu arco. Estico minha mão e acaricio sua face. Ela logo adormece.

Durma agora, minha Katniss, sonhe com os anjos...