A Bella E A Fera escrita por Ruan


Capítulo 62
2ª Fase: Capítulo 19


Notas iniciais do capítulo

ADIVINHEM QUEM VOLTOU? ISSO MESMO , O ESCRITOR AMADOR MAIS DESNATURADO DA HISTÓRIA DO NYAH! :)

Leitoras de ABEAF, já aviso de antemão que nesse mês de agosto, vocês serão privilegiadas com capítulos postados SEMANALMENTE, isso mesmo! Para avisar, esses estão prontos, para que assim, eu não fique em dívida.Vamos para o que interessa agora? Boa leitura, e deixem seus comentários no final, pois isso me ajuda DEMAIS!



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"No meio de uma poça de sangue, havia as partes do corpo de uma pessoa espalhados por todos os lados. A cabeça estava perto da porta, com os fios loiros de cabelos manchados de escarlate, enquanto que os olhos azuis olhavam arrepiados em minha direção. Tratava-se de uma garota.

Mais acima de sua cabeça, na parede, havia um símbolo desenhado.

O mesmo que havia no meu caderno. E nos espelhos da minha casa.

Instantaneamente, tudo escureceu."

***

Eu estava parada no meio do nada.

Quando utilizo a palavra nada para definir a cena que se passa diante dos meus olhos, quero dizer que tudo ao meu redor não passava de um cenário opaco: Sem vida. Sem cor. Preenchido pelo completo vazio. Fiquei petrificada no lugar ao perceber que minhas pernas não respondiam ao comando de meu cérebro. Momentaneamente, comecei a sentir frio. Muito, muito frio. Não pude dar de ombros para aquecer meu corpo. Era como estar presa em um sonho, ou melhor, em um pesadelo, onde sua imaginação narrava a história, e você desempenhava o papel do mero personagem que deveria seguir o roteiro.

Aos poucos, o cenário ganhou cor e forma. Meus olhos não foram rápidos o suficiente para acompanhar as mudanças repentinas que ocorriam. Era como se alguém estivesse pintando uma tela, jogando cor pelo cenário e criando, dessa forma, sua paisagem ou qualquer outra coisa. Fique calma, fique calma. Pensei diversas vezes, enquanto que meu coração ameaçava saltar do peito.

Quando me dei conta, uma grande mansão criou forma diante de mim. Gradativamente, caules emergiram do chão, crescendo de forma totalmente anormal, rodeado de espinhos e folhas, fazendo brotar pétalas negras. Escutei o barulho estridente de um trovão. Diversos pingos caíram em cima de minha cabeça, escorregando por minha bochecha. Os fios de cabelo começaram a grudar no meu rosto e na nuca.

Chuva. Concluí, um tanto confusa. Em um gesto cuidadoso, olhei para cima e dei de cara com um céu imenso, cujas nuvens escuras despejavam a carga d’ água. O vento impetuoso castigava meu rosto com as rajadas furiosas. Meu corpo inteiro se arrepiou.

De repente, várias vozes começaram a gritar. Olhei ao redor para tentar encontrar a fonte do barulho, mas não obtive êxito, visto que vinha de todos os lugares, principalmente das rosas negras. Meu ouvido zunia e minha cabeça rodava. Por um segundo, tentei decifrar o que diziam, até perceber que se tratava de um nome: Fera.

Instantaneamente, tive a impressão de que tinha levado um soco no estômago e assim, levei minhas mãos em sua direção, arfando devido ao susto. Foi impossível conter o grito de dor quando a sensação me atingiu novamente, só que com mais força. Minhas pernas fraquejaram e caí de joelhos, assustada de mais para poder raciocinar. Algo começou a pesar em minha barriga e em seguida, subiu por minha garganta até que saiu pela boca.

Quando percebi, vomitei algo com um gosto muito, muito ruim. Quanto mais saía de dentro de mim, mais parecia crescer no meu estômago. Era pegajoso também. Lágrimas começaram a correr pelos meus olhos, borrando a minha visão. Ficou difícil respirar.

Não sei por quanto tempo vomitei, mas foi o suficiente para que eu me sentisse totalmente exaurida no final. Minha alma não passava de dor e pânico. Minha barriga parou de doer e tossi diversas vezes, para ter a certeza de que eu havia jogado tudo pra fora. Não queria ter que passar por aquilo de novo. Eu tremia da cabeça aos pés, apavorada.

Ao olhar para baixo, encontrei minhas mãos sujas por algo pegajoso e marrom. Quando tomei consciência do que se tratava, senti o coração pesar dentro do peito. Meu corpo inteiro tremeu.

Terra.

Eu estava vomitando terra.

Abri meus olhos, despertando de meu pesadelo.

Enquanto eu tentava controlar a minha respiração, passei a mão pela testa molhada de suor e joguei os fios de cabelo para trás. Foi só um pesadelo. Não era real. Não era real. Repeti mentalmente, tentando enviar a mensagem para o meu consciente.

Demorou um pouco para que minha visão desembaraçasse. Aos poucos, notei quatro paredes brancas ao meu redor. Fiquei feliz que não era nenhuma rosa negra. Em um canto um pouco distante, deparei-me com uma pia de mármore. Em sua superfície, havia remédios, gases e diversas agulhas, umas mais compridas que as outras. Encolhi-me, percebendo que o meu corpo repousava em uma maca, cujo colchão definitivamente não me era confortável.

Por esguelha, percebi um par de olhos castanhos me fitando. Em um gesto instantâneo, fui para trás devido ao susto de ter uma pessoa tão perto assim. Levando em consideração os acontecimentos atuais, não era para menos que tivesse que ser um tanto receosa, talvez até demais.

— Fique calma! Foi só um susto.

Ao olhar na direção da voz feminina, me deparei com a mesma menina que havia reservado um lugar para mim ao seu lado na sala de aula. Analisando-a, notei que era muito bonita e transmitia a aparência de alguém inteligente. Estava vestida com uma saia xadrez e uma camisa social branca. O rosto tinha formato de coração, sendo que os fios de cabelo estavam presos em cima da cabeça, em um coque perfeito.

Tentei me lembrar de quem se tratava, mas não obtive êxito. Ao invés disso, fui recebida com uma pontada na cabeça. Pelo menos, tive o pressentimento de que ela era uma boa amiga.

— Desculpa... Eu tive um pesadelo. — justifiquei-me, apreensiva. Eu não queria oferecer vestígios para que descobrissem sobre minha perda de memória.

— Mel, você ficou apavorada quando viu a menina no chão... Tiveram que te carregar até aqui. — Ela balançou a cabeça para os lados. — Não consigo parar de pensar naquele símbolo, você viu?

A realidade caiu como um baque sobre a minha cabeça. O símbolo. A menina no chão. Ou melhor, as partes do seu corpo caídas no chão. Ah, e o sangue. Havia tanto sangue. Meu consciente não conseguiu aguentar tanta informação e quem sabe por esse motivo, eu havia desmaiado no momento. Senti enjoo na boca do estômago ao lembrar que eu havia desenhado o mesmo símbolo nos espelhos do meu quarto.

A menina abriu um sorriso caridoso, daqueles que tentam transmitir que de apesar da sua vida estar uma bagunça, tudo ficaria bem. Porém, um sorriso não seria o bastante para me fazer pensar positivamente. Meus problemas, de certa forma, só estavam começando.

— Eu vou ligar para a minha mãe e avisar que vamos almoçar fora. Depois, vou te deixar na sua entrevista, como combinamos semana passada. — antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ela já havia se levantado, dando-me as costas enquanto discava um número no celular.

Definitivamente ela era alguém que parecia confiável. E muito, muito ativa.

Eu não sabia do que se tratava a entrevista, somente que era importante. De certa forma, seria necessário coletar as informações por intermédio da minha amiga esquecida, da qual minha memória não fez questão de trazer nenhuma recordação útil o bastante.

Sutileza não parecia fazer parte da minha personalidade e por essa razão, eu deveria me controlar para ser o mais paciente e doce possível, isso tudo para conseguir todas as informações das quais eram realmente importante para a entrevista. Isso tudo sem levantar suspeitas, claro. Afinal, como eu iria explicar minha perda de memória?

“Então, eu acordei em um cemitério sem me lembrar de nada, inclusive de quem eu sou. Um casal de velhinhos me encontrou – e que velho safado! – para me levar até a delegacia, pois parecem que todos sabem que sou filha da delegada. Quando um cara que parece meu amigo me deixou em casa, vi minha mãe – esquecida – e ela me colocou pra dormir e acordei com um batom na mão, sendo que não usei ele pra passar na boca como uma adolescente normal, mas sim pra escrever um símbolo nos espelhos do meu quarto e adivinha? Não lembro disso! E tem mais: sabe o símbolo? Estava desenhado no banheiro junto com as partes do corpo de daquela garota. Espero que compreenda a minha situação, tá bom? Ah. acho que somente ajuda psicológica não vai ajudar. Quem sabe um despacho...” Definitivamente não era um bom discurso.

Atordoada, me sentei na cama, respirado várias vezes para tentar controlar o ritmo cardíaco desenfreado do meu coração. Reparei que um pedaço de papel amassado estava caído na cama, ao meu lado. Curiosa, o peguei. Em seguida, estendi-o no meu campo de visão, perto o bastante para que meus olhos pudessem decifrar a letra.

Não confie em ninguém. Dizia o bilhete. Para acrescentar, havia um último aviso na última linha: Não faça nada que possa prejudicar sua entrevista.

Minhas mãos tremeram e tive que engoli em seco o nó que se formou em minha garganta. De repente, meu coração apertou dentro do peito, fazendo com que meus pulmões ardessem. Então, alguém havia deixado o bilhete ali, como um alerta.

Alguém sabia.

E eu precisava encontrar essa pessoa, pois se ela possuía noção do que estava acontecendo, provavelmente conseguiria dar as respostas para a maioria das minhas dúvidas. Afinal, não havia sentido me enviarem aquele bilhete, sem saber do que estava acontecendo comigo.

Só me bastava descobrir quem era essa pessoa.


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Notas finais do capítulo

O que acharam desse capítulo? Deixem suas reviews para que eu possa ter conhecimento da opinião de vocês e também, para ter inspiração, né? Vocês sabem que essa entrevista tem tudo pra dar errado... Mas, vão ter que aguardar para ler o que vai acontecer. Prometo postar um capítulo semanalmente, talvez até antes, porque vocês sabem, quanto mais comentários, mais vontade vou ter para postar logo.
Até mais!
Abraços do escritor amador, por enquanto...