Socorro! Minha Mãe Virou Funkeira. escrita por Ingrid Fonseca


Capítulo 6
Você não é a mamãe!




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– Eu não deveria está aqui! – Murmurei para mim mesma.

Só por que eu contei uma mentirinha boba, minha mãe me puxou para fazer terapia em família – ou melhor, terapia entre mãe e filha. Isso era loucura. Eu não precisava de terapia, ela que precisava ir para o hospício. Estava completamente maluca.

– Senhoritas, podem entrar – Disse a recepcionista abrindo a porta.

– Obrigada – Minha mãe agradeceu docemente.

Entramos na sala e a terapeuta levantou-se e nos cumprimentou se apresentando e pedindo para nos sentamos.

– Então, o que termos por aqui?

– Minha filha mentiu para mim...

– Minha mãe virou funkeira! – Disse indignada atropelando as palavras de minha mãe.

– Uma da cada vez... Julia, primeiro você.

– A minha mãe, andou meio deprê por causa do divorcio e eu dei uma sacudida nela dizendo que ela não deveria ficar assim, mas acho que isso foi um dos piores erros que cometi. Não que eu a queria chorando ouvindo Adele, mas é que... Sabe que não pode acordar um sonâmbulo de uma vez, e acho que eu não deveria ter a acordado para vida de uma vez. Se eu fizesse isso com certeza ela não estaria funkeira agora.

– Qual é o seu problema? Só por que eu “virei” funkeira que eu sou uma péssima mãe?

– Não e que a senhora me enver... – Pensei direito – Mães, não usam roupas curtinhas.

– Pare de ser hipócrita! Sempre achou essas coisas de rótulos ridículos e agora está criando um. Está me julgando, pelo meu gosto musical, pelo jeito que me visto... Eu nunca vi a senhorita julgar os outros na rua, nem os funkeiros, pagodeiros e nem ninguém antes de conhecer – los. Então porque me julgas? Se eu ainda sou a tua mãe...

– Por que a senhora se tornou funkeira? Poderia ser hippie, fumar maconha, virá vegetariana. Ou ser pagodeira, ir para o pagodinho, cantar Sorriso Maroto... Poderia ser qualquer tipo, então por que escolheu funk? – Gritei.

– Julia, acalme-se – A terapeuta disse – Dona Bianca, gostaria de dizer como a senhora se sentiu quando Julia mentiu?

- Fiquei arrasada! Julia sempre me contou tudo, sempre fomos amigas, não tínhamos segredos e nem medo de contar uma para outra. Mas quando ela me disse que mentiu, meu coração ficou aos pedaços, eu fiquei com medo dela esconder algo mais de mim, algo que pudesse machucar – lá.

De funkeira maluca que me envergonhava em na frente dos outros, minha mãe voltou a ser pelo menos por um momento, a mãe preocupada que sabia tudo de mim. A mãe que queria meu bem e não sabia falar gírias.

- A minha intenção não foi mentir para a senhora, só não queria que se estressasse.

- Desculpe por... – Minha mãe pensou um pouco. – Desculpa por qualquer coisa.

- Então está tudo resolvido?

- Está – Dissemos sorrindo.

Sairmos depois de cinco minutos. Quando chegamos ao carro, minha mãe disse:

- Nunca mais iremos vim aqui novamente. Paguei cento e cinquenta reais para ficar dez minutos conversando contigo, acho melhor fazemos terapia nós duas em casa. Isso foi um roubo... Pelo menos eu paguei na conta do seu pai – Ela disse rindo.

**


Chegamos em casa e um grupo de mulheres que usavam roupas do modelito da minha mãe estavam fumando um cigarro esperando minha mãe chegar.

- Ei nega – Uma loira de farmácia disse sorrindo – Onde tu me meteu?

- Tipo que resolver um rolo.

- Essa é tua filhota? Que linda!

- Obrigada – Murmurei.

- Então, bora por baile hoje? Somo vip até ás duas.

- Não ficarei com a minha filha hoje.

Eu percebi que minha mãe queria ir, parecia eu como queria algo, mas tinha outras coisas para fazer. Eu sei que eu odeio funk e odeio o fato de minha ser funkeira, mas se ela estava feliz rebolando até o chão com as amigas e eu deveria está feliz por ela está feliz.

- Pode ir mãe... Tenho outros planos – Mentir.

- Tem certeza?

- Tenho... Só que não se agarre num garoto da minha idade, por favor.

- Vamos com a gente? – A loira disse.

- Não curto funk... – Disse tentando ser gentil – E eu tenho outros planos.

- Está bem então...


Quando deu dez horas minha mãe saiu com as amigas para o baile funk. Assistir um pouco de F.R.I.E.N.D.S e logo dormir.

No dia seguinte pedir o horária da escola, acordei ouvindo um barulho de musica clássica e um cheiro de bolo de chocolate. Fui até a cozinha.

- Mãe? – A chamei.

- Julia!

- Você não é a minha mãe... Onde ela está?

- Não está feliz de me ver?

- Onde está minha mãe?

- Nossa filha, passei três meses em Londres e nem um abraço eu ganho.

Revirei os olhos e o abracei com mal gosto.

- Onde está minha mãe?

- Não sei, eu ainda não a vi.

- Como entrou aqui?

- Com a minha chave ué.

- O senhor não mora mais aqui, isso é invasão de propriedade.

- Eu comprei está casa, então eu tenho direitos.

- Mas não é mais sua...

Minha mãe entrar em casa, com os olhos cansados, meio bêbada, cantando e dançando. Olhou para o meu pai e ficou pálida, parecia que tinha visto um fantasma.

- Pedro?

- Bianca?


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Notas finais do capítulo

Esse ficou bem chatinho :( Mas foi preciso para deixar o próximo muito mais engraçado!