Laços Fraternos: Megera escrita por MyKanon


Capítulo 26
XXVI - Procurando Catharina




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Layane pediu:

_ Eduardo, abre a porta, preciso falar com você!

_ Não estou afim Layane!

_ Abre logo moleque!

Lorrayne, contrariando a vontade do primo, abriu a porta. Layane a empurrou e parou em frente ao primo, que ainda estava sentado na cadeira do computador. Olhou para Lorrayne e disse:

_ Fora.

Lorrayne não ia sair, só para desaforar a irmã, mas aquele não era o melhor momento para provocações. Ia sair, mas Eduardo disse:

_ Tudo bem, Layane, ela já sabe que você veio falar sobre sua amiguinha.

Contrariada, Layane ignorou a presença de Lorrayne e começou:

_ Pois é Eduardo. Tentei explicar que ela estava entrando numa fria, mas ela quis tentar. Só estou fazendo isso porque ela é uma amiga minha. Então você desce, assiste ao filme com ela, dá uns beijos...

_ O quê? Como é que você já vem dizendo o que eu tenho que fazer assim?

Lorrayne abafou o riso. Layane respondeu:

_ Porque é o que eu quero que você faça. Então, depois trocam telefones, qualquer coisa do tipo...

_ Não Layane.

_ Por que não, Eduardo?

_ E pode dizer pra ela que eu disse não porque ela é uma tremenda duma baranga.

_ Você não vai fazer essa desfeita para uma amiga minha.

Eduardo levantou-se:

_ Tudo bem, se você não quer falar, eu mesmo vou lá falar que ela é uma baranga...

_ Eduardo, você vai se arrepender. – disse Layane impedindo o primo.

A garota saiu do quarto. Lorrayne perguntou:

_ Por que você não foi?

_ Porque aquela garota é o fim!

_ Não seja cruel. Até que as sardas dela estavam bem cobertas...

_ E ela ainda tem sardas?!

_ Poucas...

_ E também tem outra. Fernanda. Ou melhor, a Fernanda.

_ Quer dizer que se não houvesse a Fernanda, você ficava?

_ Nem pela vida.

_ Oras! Seu irmão vai ficar com a amiga dela!

_ E você ainda não percebeu que meu irmão tem distúrbios mentais?

_ Credo, como você é ruim!

_ Não me imagino beijando aquela garota! Meu nível não é tão baixo assim...

Lorrayne riu, depois se jogou na cama novamente. Pediu:

_ Conte-me um pouco sobre essa Fernanda.

_ Cantar o quê?

_ Qualquer coisa, como vocês se conheceram, quando ficaram pela primeira vez...

_ Nos conhecemos na escola e ficamos pela primeira vez há algum tempo atrás.

_ Que revelador... Então me diz por que você não estuda com a gente no colégio.

_ Porque eu precisava de um tempo em paz.

_ Ah... E porque escolheu uma escola pública?

_ Seria uma coisa a menos para a tia Martha me jogar na cara.

_ Ah... Essa casa é assim desde que você chegou?

_ Quando Layane ainda não tinha capacidade para manipular a mãe, nos dávamos bem.

_ E quando foi isso? Quanto tempo durou?

_ Isso foi a seis, sete anos atrás...

_ E por que ela escolheu Renan para ser parceiro dela, e você para ser o alvo?

_ Renan sempre fez as vontades dela. Diferente de mim, que sempre tive as minhas...

_ Era o tipo de coisa de se esperar da Layane. Por isso ela também me persegue. Mas isso vai durar pouco. Eu vou voltar a morar com Catharina. Só tenho que encontrá-la. Sozinha, já que essa minha mãe não quer me ajudar.

Parecia que o filme já havia começado, já que Layane parara de incomodá-los. E o filme terminou. Uma grande gritaria tomou conta de sala. O grupinho parecia divertir-se bastante. E foram saindo antes da chegada de Martha, que reclamou da bagunça na sala durante o jantar:

_ Layane, Lorrayne, mas o que vocês andaram fazendo aqui?

Lorrayne estava pronta para assumir a culpa que provavelmente Layane jogaria sobre ela. Mas diferente do que imaginou, Layane desculpou-se:

_ Ora, mãe! Desculpa! Como você queria que um grupo enorme de adolescentes em um local fechado mantivesse tudo em ordem? Amanhã a faxineira limpa!

_ Tudo bem, Layane, eu entendo. Divertiram-se?

_ Muito, mãe! Foi super legal! Não foi Lorrayne? – perguntou Layane.

_ Claro. Muito legal.

_ Já que estão todos felizes, podem repetir quantas vezes quiserem nas férias, já que não poderemos viajar... – sugeriu Martha.

Lorrayne por pouco não gritou um agudo “NÃO!!!”. Para sua sorte, Layane comunicou que grande parte de suas amigas viajaria.

E as férias nada esperadas de Lorrayne chegaram. Imaginou que Layane aprontaria todas, mas durante a primeira semana, a garota até se comportou. Lorrayne só tinha que lidar com a mãe drogada. Durante uma tarde, em que Layane conversava com a mãe, e Renan saíra para ver sua “querida Paula”, Lorrayne telefonou para Yshara.

_ Alô?

_ Alô, Yshara? Sou eu, Lorrayne!

_ Lorrayne, que surpresa!

_ Pois é, sempre fui uma caixinha de surpresas, mas estou ligando para uma coisa muito séria!

_ E o que é?

_ Você sabe que eu quero voltar a morar com a Catharina, né?

_ Sei.

_ E você uma vez me disse que eu podia contar com você e Marco para qualquer coisa, né?

_ Disse.

_ Pois então. Preciso dessa ajuda mais que nunca.

_ Faremos tudo que estiver ao nosso alcance.

_ Minha mãe não quer me levar, mas eu tenho o endereço... – Lorrayne deu uma olhada no corredor, certificando-se que ninguém ouvia sua conversa -...E pensei que talvez você e o Marco pudessem encontrá-la...

_ Mas Lorrayne, depois de encontrá-la, o que faremos?

_ Você pede pra ela vir me ver.

_ Mas sua mãe não vai permitir que ela te veja...

_ É... Eu sei... Mas ela pode vir aqui quando eles não estiverem... Por favor!

_ Tudo bem. Onde ela está?

_ Perto. É perto do centro de São Paulo.

_ Certo. Me dá o endereço!

_ Um momento.

Lorrayne procurou em suas coisas e voltou ao telefone. Ditou o endereço. Depois disse:

_ Vou telefonar pro Marco.

_ Você quer que eu telefone?

_ Não, tudo bem. Eu é que preciso do favor... Mas, muito obrigada, mesmo!

_ Farei o possível, prometo.

_ Eu sei. Agora tenho que telefonar para o Marco antes que alguém perceba, certo?

_ Certo. Até.

_ Até!

Lorrayne discou o número de Marco. Logo foi atendida, com muito entusiasmo:

_ Lorrayne! Que milagre! Acho que vou gravar essa sua ligação, afinal, pode nunca mais acontecer!

_ Sem brincadeiras, acontece que preciso de um favor.

_ Deve ser um senhor favor, para você estar telefonando...

_ É sério! Olha, já falei com a Yshara. Acontece que vocês dois são minha única esperança de eu ver minha mãe Catharina novamente.

_ Sua mãe Martha não quer te levar até ela, né?

_ Pior, ela não quer que eu veja Catharina. Então eu queria que vocês encontrassem a Catharina, e combinassem de trazerem ela aqui quando ninguém estiver em casa. Eu dei o endereço para a Yshara, e queria saber se você podia me ajudar...

_ E se...

_ Eu levei uma suspensão por vocês, e não pense que vai ficar de graça!

_ Eu só ia fazer uma brincadeira...

_ Já disse, sem brincadeiras. Como é? Vai poder ou não?

_ Tudo bem. Se eu disser que não, você é capaz de... De... De contar para sua irmã Layane, aí sim é que estarei em maus lençóis!

_ Está aprendendo! – riu Lorrayne – Bom, se você vai, então vou ficando por aqui, se Layane me pega no telefone... Estou perdida.

_ Por que? Você não pode usar o telefone?

_ Posso. Mas Layane vai fazer algumas perguntinhas indecentes, etc...

_ Então beleza. Até breve.

_ Até.

Lorrayne desligou o telefone. Restava torcer para que Marco e Yshara a encontrassem...

Os dias se arrastaram. Passou-se uma semana, e nem sinal de vida de seus companheiros. Até o dia em que descobriu o que havia de errado.

O telefone tocou, e Layane correu a atendê-lo. Lorrayne pegou a extensão silenciosamente. Ouviu a voz de Yshara:

_ A Lorrayne está?

_ Não. Eu já disse, ela não pára em casa! – respondeu Layane.

_ Estou aqui, Yshara, e não tenho saído de casa. E você Layane, deixa de ser tão intrometida e vai cuidar da sua vida!

_ Não sou intrometida, você é que é uma atrevida. – Layane desligou o telefone bruscamente.

Lorrayne se desculpou:

_ Me desculpa por isso. Você sabe como minha irmã é.

_ Essa é a terceira vez que eu telefono...

_ É, eu imagino... Mas, vocês conseguiram?

_ Foi difícil, mas encontramos.

Lorrayne checou se Layane não estava em nenhuma extensão, então prosseguiu:

_ Vocês encontraram? Graças a Deus! E como foi?

_ Quando chegamos, ela não estava. Estava trabalhando. Então tivemos que esperar um bom tempo na porta até ela chegar do serviço. Olha, também foi difícil provarmos quem éramos. Mas também foi difícil conversar com ela. Ela está mesmo muito triste.

_ Mas, isso quer dizer que ela não vai me dar uma chance?

_ Nós não tivemos oportunidade de falar para ela o que se passa nessa casa... Nem coragem. Ela podia achar que era mentira, que estávamos zoando com ela, sei lá, então não conseguimos convencê-la de ir aí.

_ Você está me dizendo que não vou nunca mais ver ela de novo?

_ Ela disse que Martha causaria confusão, mas me garantiu que ia telefonar para ela e pedir que leve você para visitá-la.

_ Mas minha mãe não vai me levar! Por isso pedi que vocês a trouxessem aqui!

_ Talvez se você telefonar pra ela e contar pelo que você tem passado...

_ Não sei... Talvez isso a deixe muito preocupada... Aí minha mãe vai proibir ela de me ver, e ela vai acabar entrando em parafuso... Catharina sempre foi muito preocupada...

_ Então telefone e simplesmente peça que ela venha te ver...

_ Não. Não posso...

_ Por que?

_ Oras! Se com vocês eu tenho que tomar o maior cuidado no telefone, imagine com Catharina, ainda por cima, planejando uma forma de ela aparecer aqui sem que ninguém saiba!

_ E você nunca usou um orelhão, né?

_ Mas quando eu vou poder sair na rua sozinha?

_ Quando você vai para a escola. No colégio é cheio de orelhões!

_ Mas eu precisava conversar calmamente... E também estamos de férias!

_ Já saquei, Lorrayne. Você não quer dar o braço a torcer para Catharina!

_ Mas o que você está falando?!

_ É sim. Você não quer enfrentá-la! Você quer manter essa imagem forte, decidida. Mas escuta uma coisa: se você realmente quer o perdão de Catharina, você deve pedi-lo primeiro! Não adianta você querer se desculpar através de seus amigos!

_ Não quero me desculpar através dos meus amigos! Eu mesma falaria com ela, quando ela viesse me ver.

_ Mas nesse caso você falaria as barbaridades pelas quais você tem passado nessa casa, afinal, se ela viesse te ver, já teria te perdoado mesmo... É isso, não é?

_ Claro que não!

_ Então liga pra ela.

_ Já disse que não posso.

_ Pode sim.

_ Me diz como posso falar com ela!

_ Amanhã eu e o Marco a iremos te buscar e levá-la até um orelhão. Me passa o endereço. Rápido.

Lorrayne ditou o endereço e desligou o telefone. E agora? Não tinha escapatória. Teria que enfrentar Catharina. Ou melhor, teria de se enfrentar. Vencer seu orgulho e admitir que estava errada. E o pior: pedir perdão.

Continua


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