Laços Fraternos: Megera escrita por MyKanon


Capítulo 25
XXV - O estimado primo Eduardo




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Lorrayne esperou a madrugada chegar para poder destrancar-se. Já vestida em seu pijama, foi até o quarto de Eduardo. Ajoelhou-se no mesmo lugar e chamou pelo primo:

_ Eduardo? Acorda.

Nada. Colocou a mão no rosto do garoto. Parecia estar com mais febre.

_ Eduardo! Por favor! Acorda! Não me deixa sozinha! Não, por favor! Eduardo! Estou assustada! Não me abandone agora, por favor, reage! Não me faça chamar a Martha! Eduardo!

Lorrayne se apavorou. Apertou a mão do primo. Baixou a cabeça e soluçava baixinho. Pedia:

_ Não deixa a Layane te vencer! Por favor...

Continuava lamentando-se quando sentiu o aperto de sua mão ser correspondido. Levantou o rosto, Eduardo se mexia. Abraçou-o e disse:

_ Graças a Deus! Você está vivo! Pensei que tivesse te matado!

_ Se não quer mesmo me matar, pára de me apertar!

_ Desculpa!

Lorrayne enxugou o rosto e disse:

_ Preciso de você mais que nunca! Você não pode me deixar assim!

_ Ah... Eu sabia que você só estava preocupada comigo, porque precisa de de alguma coisa.

_ Não é só isso. Eu também estava preocupada em carregar o peso da sua morte na consciência! – brincou Lorrayne. – Está melhor?

_ Acho que sim... Mas eu também achei que você ia me matar...

_ Engraçadinho... Eduardo, falei com a minha mãe, e ela me proibiu de ver Catharina. Ela disse que podia até denunciá-la! E agora? Como vou chegar até ela?

_ Pense. Mas faça isso amanhã, estou tão cansado...

_ Ingrato! Mas amanhã você não me escapa!

Lorrayne voltou para seu quarto mais aliviada. Eduardo não morreria. Acordou cedo como normalmente e arrumou-se. Martha bateu na porta. Esperou a mulher descer para poder abri-la. Encontrou com Eduardo que saía para a escola. Correu até o garoto e suspirou:

_ Você está de pé!

_ Parece mesmo? – ironizou o garoto.

_ Fico aliviada...

Layane apareceu também no corredor, e logo, Renan. Layane parou em frente o primo ainda pálido e disse:

_ Você está bem. Bom saber. Você não imagina o quanto eu torci para isso Dudu.

_ Imagino. – respondeu o recém curado.

Antes de descer, Layane parou em Lorrayne e disse:

_ Sei que foi você. Se prepara, sua hora vai chegar.

_ Vou esperar ansiosamente, maninha!

Layane riu e desceu, seguida de Renan. Lorrayne voltou-se para Eduardo e perguntou:

_ Como você vai se explicar para a Fernanda?

­_ Dou um jeito.

­_ Certo. Melhor você esperar eu descer, para minha mãe não nos acusarmos de alguma coisa.

Lorrayne desceu os primeiros degraus, mas teve de parar para responder Eduardo:

_ Ah, Lorrayne, valeu...

_ Não agradeça, você vai ter que pagar!

E juntou-se aos três na mesa. Ao ouvirem a porta bater violenta com de costume, Martha concluiu:

_ Viram como era apenas uma virose? Já está bom. E até demais.

Lorrayne não disse nada. Mas sabia que Martha disse pra ela. Terminaram o café e foram para a escola.

Caroline e Laís esperavam por Paula, Ariane e Layane, que acabava de chagar. Layane e Renan as cumprimentaram, e Lorrayne passou reto. Pensou que havia se livrado, quando ouviu de Laís:

_ Lorrayne! Não seja anti-social! Venha nos cumprimentar!

A garota virou-se, e sorrindo disse:

_ Traiçoeiras como são, as cobras podem picar ao menor sinal de distração...

Layane fazendo-se de ofendida perguntou:

_ Lorrayne, está chamando sua própria irmã de cobra?

_ Não Layane, querida. Você é coisa pior. Tenha uma boa aula!

_ E você, maninha? Já parou para pensar no que você é? Não. Você não teria essa capacidade...

_ Sei sim, Layane. Sou querida. Pela nossa mãe. Tanto que nossas férias no sítio dependem de mim. Mas eu não quero ir. Portanto, você também não vai.

_ Aí é que você se engana. Posso muito bem fazer com que mamãe mude de idéia...

_ Diga como.

_ Você sabe como.

_ Por que você não diz para que todos possam ouvir?

_ Porque é pessoal.

_ Está com medo Layane?

_ Sinceramente? Não estou com medo, estou me preservando, você sabe que esse tipo de coisa tem certos risos, né?

_ É. Eu sei. Até logo.

Lorrayne dirigiu-se para sua sala. A primeira aula era de artes, e enquanto a professora Márcia apreciava alguns quadros ressaltando sua importância, Lorrayne passou um bilhete para Yshara:

Graças a Deus meu primo melhorou c/ o antídoto!

E Yshara respondeu:

Msm? Vc ñ teve complicações?

Tive, claro! Pensei q houvesse envenenado ele ainda +! Afinal, o médico já tinha passado um remédio, e esse lance de misturar drogas, acaba numa m... Vc sabe, né?

Sei! Mas já está tudo na boa? Layane ficou sabendo? T ameaçou d novo?

Ela vive ameaçando, mas acho que ela ñ vai tentar + nd tão cedo... Espero!

Lorrayne, se precisar d uma força, qualquer coisa, conte comigo conosco! Afinal, o Marco tb é nosso amigo! Blza?

Blz!

Lorrayne e Yshara pararam com a troca de bilhetes, pois a professora Márcia já estava de olho na dupla a um tempo.

Durante o intervalo, novamente os três reuniram-se. Marco mais uma vez saiu, mas rapidamente voltou. Lorrayne perguntou:

_ Marco, você jura de pés juntos que não está ficando com a Caroline, mas você vai falar com ela todo intervalo, o que está acontecendo?

_ Nada. Na verdade, são as amigas dela que me levam lá. Então a gente bate um papo...

_ Um “papo”?

_ Qualquer coisa, e, sabem o que eu ouvi?

_ O quê?! – perguntaram as duas garotas interessadas.

_ Andam arranjando esquema para Paula e o seu primo, Lorrayne.

_ Meu primo? Qual?

_ Esse que estuda aqui.

_ Ah! Renan?! Ah, claro! Eles se merecem! Agora, imaginem se eles começam a namorar!

_ Por quê?

_ Qual o problema?

_ Imaginem essa garota freqüentando minha casa! Como se já não bastasse na escola!

_ Ah, isso é um problema! – afirmou Yshara.

Ao final da aula, Lorrayne estava relaxada no carro, quando ouviu algo que lhe tirou a paz. Layane conversando com sua mãe:

_ Mãe, amanhã, para me despedir de minha amigas, combinei de levá-las lá em casa, tudo bem?

_ Claro, querida!

_ Eu queria levá-las na sexta, pois seria o dia ideal, mas sexta é a despedida no espanhol...

_ Sem problemas. Não se preocupe, não estarei lá para atrapalhar.

_ Não estou dizendo isso mãe. Nós vamos alugar um vídeo, comer um pouco, brincar um pouco, né Lorrayne?

“Essa não!” Pensou Lorrayne já entendendo qual seria a “brincadeira”. Respondeu:

_ Claro, Layane.

_ Você sabe que Carol, Laís, Ariane e Paula gostam muito de você, não é?

_ Sei, Layane. Claro que sei.

_ E você, Renan? Também sabe como elas gostam de você, né? Principalmente Paula...

_ Sem zoeira, Layane! – exclamou Renan.

Martha entrando na brincadeira perguntou:

_ Ah, então quer dizer que Layane anda juntando casais?

_ Ora, mãe! Para Renan e Paula não foi necessário muito esforço, não!

_ Layane! Nem conheço a garota direito!

_ Mas vai conhecer, Renanzinho! E muito bem!

Lorrayne só imaginava a encrenca em que estava metida. Almoçou silenciosamente, em meio às provocações de Layane, e subiu direto para o quarto de Eduardo. O garoto tocava sua bateria. Lorrayne jogou-se na cama, a ajeitou-se num ângulo que pudesse fitar Eduardo de ponta cabeça.

Em meio ao som do instrumento que o garoto tocava, perguntou:

_ Será que podíamos conversar sem trilha sonora?

O garoto parou e perguntou:

_ Está te incomodando?

_ Muito.

Eduardo apontou para a porta e disse:

_ Conhece o ditado, não?

_ Você sabe que sou muito original para isso!

_ Então seja breve.

_ Aquele meu fã-clube no qual Layane se associou estará aqui em peso. E Layane já disse que “vamos brincar muito”!

_ E o que posso fazer?

_ Eu havia pensado em matarmos Layane e Renan segurarmos a porta para o resto de nossas vidas, mas não é uma idéia muito brilhante. Nos cansaríamos muito rápido segurando a porta. Então pensei em uma outra coisa que você pode fazer por mim.

_ E o que é?

_ Amanhã você tem aula de guitarra, não tem?

_ E daí?

_ Escolhe: ou você me leva, ou você não vai.

_ O que?!

_ Escolhe.

_ Viajou legal.

Eduardo voltou a tocar sua bateria. Lorrayne levantou-se e tirou as baquetas de sua mão. Disse:

_ Ou eu colo em você, ou não deixo você sair.

_ Me... Devolve... As... Baquetas!

_ Antes... Escolha!

_ Elas são novas, eu as estava testando!

_ Não vou machucá-las. Você ainda me deve um favor!

Eduardo levantou-se e tirou os objetos de mão de Lorrayne. Guardou-as e disse:

_ Só estava fazendo drama. Meu professor tem uma apresentação amanhã.

Lorrayne suspirou aliviada. Pelo menos não estaria sozinha. Quando saiu, Eduardo se arrependeu de ter mentido.

E quanto menos a garota esperava o dia, mais ele se aproximava. Jantou também em silêncio e ainda teve de responder que adorara a idéia quando sua mãe perguntou o que havia achado.

No dia seguinte até pensou em chamar Yshara e Marco também. “Como não pensei nisso antes?” Mas qualquer deslize e Layane faria um escândalo para a mãe, caso que já estava frágil.

Quando se deu por conta, já havia almoçado e esperava pelo seu martírio. Quando a campainha tocou, correu para o quarto do primo, que navegava na Internet. Sentou-se em sua cama e perguntou:

_ O que está fazendo?

_ Olhando alguns e-mails.

_ Nem lembrei disso, depois me dá o endereço.

_ Mas esses não são meus.

_ São de quem?

_ De alguns amigos.

_ E eles deixam você ver os e-mails assim?

_ Eles não sabem.

_ O que?! Eduardo! Isso é crime!

_ Eles não ligam. Eles também fazem isso.

_ Não acredito que tenha descoberto um grupo de hackers!

_ Não sou hacker. Eu só me divirto.

_ Que feio!

Layane bateu na porta e chamou:

_ Eduardo? Cadê a Lorrayne?

Lorrayne levantou-se e abriu a porta. Perguntou:

_ O que você quer comigo?

_ Ei, calma! Não vai nem cumprimentar minha amiga Ariane?

_ O que vocês querem comigo? Não estou a fim de assistir filme algum.

_ Ora, vai maninha! Está todo mundo lá embaixo!

_ Então esse é seu tão estimado primo Eduardo? – perguntou Ariane já adentrando o quarto. – Sou Ariane! Prazer!

Eduardo nada disse. Layane também entrou no quarto e comentou:

_ Daqui a pouco Laís e Caroline estão aqui. Sabe, o clima entre Paula e Renan vai esquentar... E elas não podem ficar segurando vela... Não concorda, Lorrayne?

_ Concordo, Layane. Então por que você não faz o seguinte: Vocês quatro assistem ao filme, e empresta seu quarto para Paula e Renan? Ou se ele quiser pode usar o quarto dele mesmo...

_ Pra quê isso? Pro mesmo uso que você faz aqui no quarto do Eduardo?

_ Pode ser. Ou se eles quiserem, podem fazer coisas erradas também...

_ Como se você não fizesse coisas erradas com Eduardo...

_ E como se você não fizesse coisas erradas com Renan...

_ Acontece que é impossível eu estar fazendo “coisas erradas” com Renan há dez anos... Seu caso é bem diferente do meu.

Lorrayne pensou em dar um tapa na irmã, mas Eduardo interveio dizendo:

_ Layane, por que você não leva sua amiga Ariane para... Sei lá... Conhecer a casa?

_ Não estou afim Eduardo!

_ Layane, talvez seja melhor, tenho que falar com você... – pediu Ariane em tom de segredo.

Layane suspirou e saiu do quarto, acompanhando Ariane. Lorrayne fechou a porta e voltou a sentar-se. Disse:

_ Elas não vão me deixar em paz tão cedo... E só para constar: essa Ariane tá afim de você!

_ Novamente você está viajando legal.

_ Você não reparou? Nossa! Aposto que ela está falando sobre isso com Layane, e que logo, logo vem bater na sua porta...

_ É bom ela não se atrever a vir trocar uma única palavra comigo. Garota feiosa!

_ Três... Dois... Um... Presta atenção!

Toc, toc, toc.

Continua


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