Quando cheguei na escola com o Lipe, me arrependi um pouco do que eu fiz com o Math. Um pouco não, muito! Eu amo ele demais e só faço besteira. Eu sai com o Lipe da minha casa, logo de manhã. O que eu queria que ele pensasse?! Ele estava na última cadeira, no canto da sala.

– Ei... - Passei a mão de leve em seu cabelo.

Math apenas olhou pra mim e não disse nada. Percebi que seus olhos estavam marejados.

– Desculpa por hoje de manhã? Eu não queri... - Pedi mas fui interrompida.

– Acho melhor a gente dar um tempo! - Uma lágrima caiu dos olhos de Math.

– Por quê? - Perguntei confusa.

– Você não tem certeza dos seus sentimentos! Parece que está comigo por obrigação e não é assim que eu quero. Eu só quero que você seja feliz, não importa com quem esteja!

– Math, eu tenho certeza dos meus sentimentos sim... Eu te amo, poxa!

– Amy, não fala nada que não sente, tá! Isso dói demais... Além de se iludir, tá fazendo isso comigo também! - Math limpou as lágrimas.

Uma lágrima desceu e eu a limpei rapidamente. Fui procurar o Lipe, que não estava na sala. Quando eu o achei, abracei-o o mais forte que pude e comecei a chorar.

– O que foi, bebê? - Lipe perguntou retribuindo o abraço.

– Não faz isso agora, Lipe...

– Isso o quê? - Lipe perguntou sem entender.

– Não me chama de " bebê"...

Ele suspirou.

– O que foi? Você nunca foi assim! - Ele sentou me colocando em seu colo.

Não respondi porque não conseguia.

– Ei, não vai me dizer por que tá chorando? Deixa eu cuidar de você... - Lipe passava a mão no meu cabelo.

– O Math... - Foram as únicas coisas que eu consegui dizer.

– O que ele fez?

– Ele quer dar um tempo... Porque ele acha que eu não amo ele! - Disse em meio aos soluços.

– Ah, Amy! É só um tempo, depois vocês voltam... Infelizmente! - Lipe disse a última parte bem baixinho, mas eu pude escutar.

– Eu espero que seja assim mesmo! - Limpei as lágrimas e sai do colo do Lipe.

Ele suspirou.

– Vai ficar tudo bem? Eu tô preocupado!

– Vai sim, Lipe...

– Vem cá! - Ele me abraçou novamente e beijou minha testa. - Tá melhor agora?

– Vou ficar... - Forcei um sorriso.

Lipe pegou minha mão e me levou até a sala.

As aulas passaram bem chatas. Acho que dormi em quase todas. Coloquei os fones e fui pra casa ouvindo I won't give up - Jason Mraz. Essa música me acalmava. Sentei num banco na pracinha e deixei o vento bater no meu rosto. Eu sempre fazia isso pra esquecer tudo e me desligar do mundo. Senti uma mão quente tapando meus olhos.

– Ah Lipe, para de gracinha... - Tirei a mão dele dos meus olhos.

– Como sabia? - Ele perguntou rindo.

– Só você sabe que eu venho aqui pra fazer isso... E quem mais viria aqui pra falar comigo?!

– Verdade... Vim ver se você tá bem!

– Eu tô bem, pai! Obrigado. - Disse irônica.

– Calma, eu tenho que cuidar de você, né!

– Não precisa, Lipe... Eu já disse que vou ficar bem! Não precisa ser meu pai, só seja meu amigo, tá?!

Lipe virou o rosto e engoliu seco quando eu disse "...só seja meu amigo", mas eu não fiz por mal! Só faço coisa errada, caramba!

Suspirei.

– Tá tudo bem? - Perguntei.

– Vai ficar... - Lipe fitava o chão e forçou um sorriso como eu fiz hoje de manhã.

– Desculpa? - Pedi.

– Pelo o quê?

– Por não conseguir corresponder o que você sente por mim, por ser uma idiota e uma péssima amiga, por só fazer coisas erradas! Desculpa?

– Não é culpa sua, Amy! Tá vendo porque eu te amo? Porque só você tem esse jeito, você se culpa por coisas que nem fez, é boba, me faz rir... É por isso! Eu nunca fui atrás de ninguém as três da manhã pra jogar pedrinhas na janela! Você foi a primeira... - Lipe riu fraco.

– Desculpa... Não faço isso porque eu quero, mas é o meu jeito! Eu não queria magoar ninguém, mas é só isso que eu tô fazendo nos últimos dias!

– Viu? Tá fazendo de novo! - Lipe riu.

– Fazendo o quê? - Perguntei.

– Pedindo desculpas... Amy, se eu fosse infantil, diria: " Ah, mas você tem que ficar comigo, porque eu gosto de você desde os seis anos! Cheguei primeiro que o Math..." mas eu não sou assim, então só seja feliz, tá pequena! - Ele beijou minha testa.

Não sei porque, mas comecei a chorar de novo. Talvez fosse muita pressão, mas dói magoar os outros.