Stannis Baratheon

Rei em Pedra do Dragão

Stannis acordou cedo da manhã. Ele acordou cansado pela noite horrível que tivera. A cada vez que ele dormia era atormentado por sonhos. Stannis lutava contra um homem. Um homem mais forte que todos os outros. Quando Stannis o matava, Melisandre caia morta a seus pés e então Davos o matava.

Stannis viu-se lutando na batalha que aconteceria mais tarde naquele mesmo dia. Ele via os seus nobres caindo mortos a sua volta. Ele via um bando de homens liderados por um louco, matando soldados dos dois lados.

Stannis sentiu a dor e o sofrimento dos soldados mortos. Ele viu um homem se aproximar de Loras, o desarmar e o derrubar no chão. Ele viu o homem levantando a espada para matá-lo quando o portão de Ponta Tempestade se fechou e Stannis não viu mais nada. Ele ficou olhando o portão fechado.

E então ele acordou. O rei se levantou e saiu do quarto. Por onde andava, sentia como se uma nuvem negra o seguisse. Como se uma sombra se espreitasse em torno dele, mas quando olhava não havia nada.

Stannis entrou na sala onde Melisandre normalmente estava, mas não a encontrou. O rei se sentou lá, de frente para as chamas. Ele ficou olhando esperando poder ver algo, mas sabia desde o começo que não veria.

Então o inexplicável aconteceu. Dentro das chamas ele viu um homem, se é que aquilo podia ser chamado de homem. Era uma coisa grande, mas parecia que parte dele era feita apenas de névoa. Era todo branco, os olhos eram azuis e não produzia nenhuma sombra. Stannis se arrepiou assim que o viu.

Numa voz que parecia o sibilar de uma cobra, ele falou:

–Eu sou o grande Deus. Obedeça a mim que terá grandes vitórias.

–Quem é você? – perguntou Stannis, assustado.

–Eu sou a maior coisa que existe. Jure fidelidade a mim.

–Como eu faço isso?

–Repita o que eu disse – então numa voz horrível, como se ele tivesse trilhões de anos de idade - Ego ero fidens in finem seculi. Moriar quando aliquid est maior quam fide mea.

–Ego ero fidens in finem seculi. Moriar quando aliquid est maior quam fide mea – repetiu Stannis, nem sabendo o que aquilo significava.

–Agora o juramento foi feito. Eu tenho coisas a fazer. Em breve voltaremos a nos comunicar.

–Espere. O que significa o que falei?

–Eu serei fiel até o fim dos tempos. Que eu morra quando algo for maior que minha fidelidade.

Com essas palavras o que quer que fosse aquilo riu e sumiu no meio do fogo. Assim que soube o que falara, Stannis se arrependeu do que tinha dito.

Naquele momento Melisandre entrou na sala. Um olhar de surpresa tomou conta de seu rosto.

–Meu rei – ela fez uma reverência – a que devo a honra de sua presença?

–Eu ia vir falar sobre a batalha, mas preciso lhe contar algo. É muito importante. Eu não sei como explicar direito.

–Me deixe ver então... – depois de alguns segundos, Stannis viu Melisandre ficar assustada – Você jurou fidelidade a Ele.

–Quem era ele? R’hllor?

–Não. Você jurou...

Nesse momento todo o navio tremeu. Stannis e Melisandre saíram correndo da sala até o convés. Chegando lá viram uma enorme confusão: um navio havia batido na embarcação onde eles estavam.

O responsável pelo acidente foi trazido até eles e Melisandre ordenou que fosse queimado.

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Meia hora mais tarde todos se reuniram ao redor da fogueira. Assim que o homem foi colocado em seu lugar e a fogueira foi acesa, Stannis começou a se sentir enjoado. Ele parecia que ia derreter com o calor do fogo e começou a ficar tonto. Stannis saiu de perto da fogueira correndo.

Depois de dez minutos Melisandre chegou a seu quarto.

–O que houve, Stannis?

–O fogo parecia que ia me derreter, se eu não saísse dali eu poderia ter demonstrado fraqueza perante as tropas.

–Como eu imaginava.

–O que está acontecendo? Tem algo a ver com hoje mais cedo?

–Óbvio que sim. O que você esperava depois de jurar fidelidade a Ele?

–Ele quem?

–O Grande Outro. Agora eu preciso sair. Irei consultar o fogo para saber o resultado da batalha.

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As tropas desembarcaram na costa assim que chegaram a Ponta Tempestade. Monford Velaryon ficou comandando os navios. Quando as tropas chegavam aos portões, cerca de cinquenta camponeses saiam da cidade. Todos foram revistados para ver se não havia nenhum nobre e depois disso foram liberados.

Depois disso começou o ataque às muralhas. Após vinte minutos, a muralha estava intacta. Nenhum homem tinha conseguido subir pelas escadas pois havia cerca de cinquenta soldados vigiando. Toda vez que alguém chegava à metade das escadas, ela era derrubada pelos cavaleiros. Então Loras apareceu na muralha e começou a rir deles. Ao seu lado havia um homem que não parecia um nobre, mas parecia um líder. Depois de um tempo descobriu que era Thorren Belt.

De repente, Stannis sentiu uma força sobrenatural tomar conta de si mesmo. Ele empunhou a espada e correu até a muralha. Levantou a lâmina e deu um único e certeiro golpe nela. A intransponível muralha de Ponta Tempestade tremeu. Então uma pequena rachadura apareceu, uma rachadura que foi se alargando até ficar uma fraca barreira entre dentro e fora de Ponta Tempestade. A partir daí, os soldados, em menos de cinco minutos abriram um pequeno buraco na muralha. Só uma pessoa podia entrar de cada vez. Quinze soldados entraram e perderam a vida.

–Monterys Velaryon, Alester Florent e Guncer Sunglass, venham comigo.

Os três se aproximaram de Stannis. Stannis falou o que cada um iria fazer e então chegaram perto do buraco na muralha. Stannis passou por ele rapidamente. Vinte guardas estavam ali e dez metros para o lado estavam Loras e Thorren.

Assim que eles viram que era Stannis, começaram a rir. Stannis sentiu aquela mesma força de novo e rapidamente enfiou a espada na barriga de um soldado. Tirou a espada do soldado morto e com um só golpe cortou a cabeça de mais dois. Os outros ainda estavam embasbacados com o rei e não reagiram quando ele pegou outra espada, e com duas em mão, avançou e matou mais cinco deles. Os doze que restavam se recomporam e atacaram o rei.

O rei não havia trazido o escudo, mas rapidamente pegou o escudo de um dos homens mortos e conseguiu se defender de três golpes. Uma estocada o atingiu na perna, fazendo um corte pouco profundo, mas bastante largo. Um dos soldados ia atacar pelas costas de Stannis, ele percebeu e fingiu não ver nada. Quando o soldado se impulsionou para enfiar a espada nas costas do rei, ele se desviou e o soldado acabou matando um soldado dos Tyrell. Stannis se virou e matou o soldado que estava em suas costas.

Assim que fez isto, Guncer Sunglass passou pelo buraco e matou dois soldados rapidamente. Depois foi morto por um terceiro. Stannis matou mais dois soldados rapidamente.

Então Alester Florent, calmamente, subiu na muralha por uma escada. Ele deveria matar o maior número de soldados possível enquanto eles estavam distraídos olhando a luta de Stannis.

Alester matou um dos guardas e pegou sua espada. Então começou a correr pela muralha matando alguns guardas e empurrando outros, os que caiam do lado de fora eram imediatamente mortos, os que caiam do lado de dentro fugiam. Em pouco tempo quinze dos cinquenta havia sido mortos.

Agora Velaryon irá aparecer e acabar com essa guerra.

Monterys Velaryon subiu a mesma escada que Alester. Ele se posicionou e empunhou o arco. Apontou para Loras Tyrell e... Errou. E além de errar se desequilibrou e caiu para dentro da cidade. Thorren Belt se levantou e pegou a flecha que Monterys havia atirado. Ele caminhou até onde estava o herdeiro dos Velaryon e falou:

–Acho que isso é seu.

–Muito obrigado – então ele olhou para cima e viu quem era. Não pôde falar nada antes de Thorren enfiar a flecha em seu coração.

Como que ele erra? Ele podia ter acabado com essa batalha agora mesmo!

Stannis ainda lutava com seis soldados quando notou que soldados Baratheon entravam em Ponta Tempestade pela parte da muralha que já estava livre de guarda. Em pouco tempo, quatrocentos soldados já haviam entrado na cidade. Rapidamente Stannis matou os seis homens com a ajuda de Alester, que havia descido para lutar deixando outros para liberar a muralha.

Logo depois Stannis e Alester correram para onde Loras e Thorren estavam. Thorren pegou a espada e se preparava para lutar, mas Loras montou em seu cavalo e saiu correndo. Alester foi atrás dele.

Stannis se aproximou de Thorren e pediu que a força do Grande Outro voltasse. Imediatamente seu pedido foi atendido.

Stannis pretendia matar Thorren rapidamente, mas inexplicavelmente Thorren era tão forte quanto ele. Os dois trocaram golpes de espadas por cerca de quarenta minutos. Em nenhum momento conseguiram atingir um ao outro.

A batalha finalmente acabou quando o portão foi aberto e todo o exército dos Baratheon entrou em Ponta Tempestade. Thorren pegou seu escudo e empurrou Stannis com ele e então fugiu.

Stannis lutou com muitos soldados e matou todos eles. De vez em quando via Thorren liderando o povo ou Loras dando ordens de cima do seu cavalo. Enquanto lutava, ele avistou Alester morto no chão, com a cabeça esmagada pela pata de um cavalo.

Stannis chamou quinze homens e junto com eles foi matando soldados em direção ao castelo. Ele estava tentando entrar quando viu uma mulher com roupas de camponesa se aproximar dele. Ela estava encurvada e com um capuz na cabeça. Pelo jeito de andar parecia ter mais de sessenta anos.

–O que a senhora quer? – indagou Stannis.

A velha segurou sua mão e puxou-o para um lugar afastado dos soldados. Stannis não sabia o porquê, mas confiava na velha. Assim que chegaram, ela tirou o capuz e ele a reconheceu.

–Melisandre? O que houve?

–Cinquenta camponeses entraram nos navios e instigaram os soldados a se rebelarem. Descobri que obedeciam a Thorren Belt. Os marinheiros se rebelaram e mataram Monford Velaryon. Teriam me matado também.

–Devemos fazer o que então?

–Enquanto via eles pelo fogo, vi que Thorren não é aliado de Loras. Ele irá se rebelar assim que nossos soldados deixarem a cidade. Vamos sair da cidade e montar um cerco. Em pouco tempo Loras pedirá nossa ajuda.

Stannis falou com vários soldados, e esses soldados foram falando com outros, até que todos se dirigiam para fora de Ponta Tempestade.

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No outro dia de manhã o cerco começou. A primeira coisa que fizeram foram expulsar os revoltosos dos navios. Depois Stannis pediu forças ao Grande Outro e em pouco tempo ele próprio construiu várias armas de cerco. Depois disso foi dormir. Dormiu até tarde da noite.

Quando acordou, agradeceu ao Grande Outro e jurou que iria cumprir o que tinha falado.

E uma voz falou do nada:

E se não cumprir morrerá.

Ao ouvir isso, Stannis teve um arrepio.