No wonder your heart feels it's flying

Não se surpreenda com o fato de seu coração ter a sensação de estar voando

Your head feels it's spinning

E sua cabeça de estar girando

Each happy ending's a brand new beginning

Cada final feliz traz um novo começo

Let yourself be enchanted, you just might break through

Deixe-se ser encantado, e conseguirá o que quer

To ever ever after

Para todo sempre

Forever could even start today

Sempre pode até começar hoje

Ever ever after

Para todo sempre

Maybe it's just one wish away

Pode ser apenas um desejo longe

Your ever ever after

O seu próprio 'felizes para todo sempre'

P.O.V Justin

Saí do castelo e corri para a aldeia, acho que eu tinha o sorriso mais bobo que alguém poderia dar. Só de relembrar que eu havia beijado Julliet Allamand, a garota dos meus sonhos, eu já me sentia o garoto mais abençoado do mundo inteiro. Nada poderia se comparar ao que eu estava sentindo naquele exato momento, era uma felicidade tão grande que eu acredito que não caberia somente no meu peito, eu tinha vontade de compartilhá-la com todo o mundo...

Levou alguns minutos para eu chegar ao portão da aldeia, onde havia um pátio grande. A feira da vila sempre se formara ali e estava acontecendo nesse exato momento. Haviam músicos tocando seus instrumentos, mulheres dançando animadamente, crianças brincando, homens comprando frutas e pão para levar para casa, e é claro, um grupo enorme de garotas me esperando...

__Justin... – uma delas me agarrou praticamente, enquanto outra enchia o meu rosto de beijos e uma terceira, passava seus braços pelo meu pescoço, quase me esgoelando. Meu Deus, se Julliet visse isso, eu estaria morto...

__Meninas, meninas... – eu me soltei, sendo o mais delicado possível para não machucá-las. Que é? Eu tenho bastante respeito para com uma dama, mesmo elas estarem quase me sufocando...

__Ah não, Juju... – uma delas fez um biquinho, tentando ser meiga. Ri e balancei a cabeça negativamente.

__Belas damas... – eu disse, tentando começar a fazê-las me deixarem em paz, mas minha concentração fora destruída pelo “Owwn” que soaram da boca delas, o que eu vou fazer com essas meninas?

Elas vieram para cima de mim novamente, mas eu me esquivei, dando o meu melhor sorriso. Elas fecharam a cara novamente, eu tinha que dar uma explicação se eu quisesse me aprontar para chegar na hora ao palácio.

__Lindas, eu estou atrasado! – dei um sorriso sem graça, elas mantinham a cara amarrada – Depois eu falo com vocês, ok?

Eu comecei a dar alguns passos para trás ainda olhando-as, antes de sair dali. Então, assim que eu estava a uma boa distância delas, comecei a correr, eu já estava mais do que atrasado!

Resolvi passar na minha banca antes de ir para casa, quero ver como Ryan está e esgoelar ele com as minhas próprias mãos por ter me deixado sozinho a própria sorte com aquele general mequetrefe!

A maior parte do tempo que eu tinha, eu passava cuidando da minha banca na feira da aldeia. Sim, eu tenho que trabalhar porque tenho dezoito anos e não tenho pais para cuidarem de mim, então, tenho que me virar sozinho...

Não me lembro de quase nada da minha infância, as pouquíssimas coisas que me lembro era de ter ido morar com a mãe da minha melhor amiga, pois eu não tinha lugar para ficar. Eu sou órfão e moro sozinho em uma pequena casa bem ajeitada pelas redondezas, eu trabalho para me sustentar e ajudar financeiramente a mulher que me criou pois ela está muito doente e não tem condições de trazer alimento para sua mesa, além de comprar o que fosse necessário para minha casa!

Eu fazia arranjos com flores e os vendia para moças ou rapazes que queriam presentear suas namoradas. E não, isso não é trabalho só para garotas, homens também podem participar...

Quando eu estava chegando perto da banca com um sorriso de orelha a orelha, avistei Ryan sendo ameaçado por uma garota. A cena era realmente muito engraçada, o que será que aquele babaca aprontou desta vez?! De onde eu estava, já conseguia ouvir os gritos histéricos dela...

__Ryan, cadê o Justin? – ela gritava, puxando a gola da camisa dele. Seu rosto estava com uma expressão de fúria e Ryan estava com medo. Eu gargalhei olhando aquilo...

Cheguei um pouco mais perto para ver quem era a garota, mas me arrependi assim que a reconheci. Cabelos longos castanhos escuros, olhos cor chocolate e um vestido dos panos mais finos do reino, digno da realeza. Isso é o que ela ganhava por ser filha do Chefe das Tropas Francesas, mais conhecido como General Roger Thompson. Sim, essa garota é filha daquele babaca...

Quando pensei em sair de fininho era tarde demais, ela já tinha me visto. Veio correndo animada para pular em cima de mim, mas eu a impedi colocando minhas mãos em seus ombros mantendo uma boa distância entre nós...

__Justin... – ela disse, se soltando e me abraçando, outra que ama me esgoelar.

__Olá Selena... – eu disse simplesmente, com a maior vontade de sair dali.

__Nossa, que indiferença. Por que você me trata sempre assim? – ela disse fazendo um biquinho tentando amolecer o meu coração – Sabe que a única coisa que eu quero de você é o seu amor e você fica aí me desprezando!

__Selena, eu já te disse isso mais de mil vezes, eu não gosto de você garota! – eu estourei, já havia perdido a paciência – Não posso corresponder a esse amor maluco, tente entender!

__Não, não vou sossegar até você ser meu! – ela colocou a mão na cintura. Deus, dê-me forças para aguentar isso...

__Então, se deite, porque vai se cansar se você se sentar e suas pernas irão doer se você se mantiver em pé! – eu disse, simplesmente. Eu precisava botar um final nisso, já estava esgotado daquilo tudo.

Eu me virei e caminhei até Ryan, ouvi Selena bufar e soltar um grito, ela deve estar com bastante raiva de mim nesse momento, mas não vou deixar que uma garota chata e interesseira tire a minha felicidade...

__JB, você está vivo! – Ryan gritou, colocando as mãos para cima. Fechei a cara olhando para ele, garoto sínico!

__Não graças a você... – eu disse grosseiro.

__Ah cara, eu estava te dando força daqui, sabia que você sairia vivo dessa! – ele disse. Porra, eu só tenho gente falsa me rodeando?

__Amigo da onça, me deixou lá? E se eu morresse mesmo? – eu gritei, empurrando Ryan.

__Justin, e o que eu ia fazer? Ir à forca com você? Qual é, eu tenho família. O que eles diriam? – ele berrou. Parei por um segundo, tentando digerir aquelas palavras...

__Então quer dizer que só porque eu não tenho uma mãe, nem um pai, eu tenho que morrer? – eu berrei de volta, era melhor eu sair dali antes que eu partisse o Ryan em dois e a minha felicidade iria junto com ele!

__Claro que não, só estou dizendo que seria uma injustiça ué! – ele tentou se explicar, jogando as mãos pro alto.

__Você é um completo babaca, Ryan! – eu disse.

__Olha quem fala, ficou entre a vida e a morte por causa de uma garota que nem liga para você! – ele praticamente cuspiu aquelas palavras na minha cara. Respirei bem fundo e passei a mão no cabelo, tentando me acalmar. Mas eu não consegui e quando percebi minhas mãos já estavam na gola da camisa dele, acho que meus olhos estavam soltando fogo, pois ele me olhou meio assustado...

__Não diga nada se você não sabe o que dizer, seu idiota! Se Julliet não se importasse comigo, ela não teria enfrentado a própria mãe para me salvar... – eu berrei, o vi se encolher um pouco, seus olhos transmitiam medo. Ryan era um frangote mesmo...

Eu não estava em mim, o ódio tomava conta do meu ser e eu não conseguia raciocinar. Só o fato de que ele havia falado mal da minha princesa, já me deixava furioso. Não importa a coisa banal que eu estiver discutindo com a pessoa, se ela colocar o nome de “Julliet Allamand” seguido de uma palavra de natureza chula, posso dizer que está pessoa pode ir logo procurando um coveiro para ser enterrado...

__Tudo bem... – ouvi uma voz fina nos interrompendo. Quando eu havia acabado de fechar minha mão em um punho para acertar a cara de Ryan, me virei para olhar a dona da voz autoritária e avistei uma garota com um vestido estampado e o cabelo ruivo preso num coque mal feito. A expressão de seu rosto demonstrava tédio e seus braços estavam cruzados, seus olhos verdes tinham um brilho meio apagado – Ok Ryan, o que você fez desta vez?

Rosalie Vincentt era a minha melhor amiga desde quando éramos pequenos. A mãe dela, Isabell Vincentt, me criou durante toda a minha vida, eu era um recém-nascido quando fui parar de suas mãos. Eu e Rose crescemos juntos, ela me conhece como ninguém. Sempre me ajuda em tudo, ela é uma ótima amiga e está do meu lado quando o mundo vira as costas para mim. Sinto que eu posso ser eu mesmo com ela...

__Ah, então, você está querendo insinuar que eu sou o culpado de tudo? – ele arqueou uma sobrancelha olhando para Rose – Porque sempre sou eu?

__Há, vamos combinar, Butler. Você sempre estraga tudo... – bufei ainda com minhas mãos na gola da sua blusa.

__Ninguém te perguntou nada! – ele rebateu, só faltava rosnar para ficar parecendo um cachorro raivoso.

__Mas eu estou respondendo... – eu falei o calando. Minhas mãos estavam bem próximas de seu rosto, elas estavam formigando querendo acertar a cara dele...

__Parou aê! – gritou Rose fazendo nós prestarmos atenção nela.

__Quer saber? – eu disse impaciente soltando Ryan – Estou saindo, eu tenho um compromisso e não posso me atrasar de maneira alguma...

Dei uma última olhada para o idiota a minha frente, que arrumava as roupas com uma cara séria e saí dali. Passei por Rose, que me olhava com uma expressão preocupada, seus olhos ainda mantinham o mesmo brilho meio apagado, mas agora demonstravam um misto de confusão e desentendimento...

__Justin, espera! – a ouvi suplicar enquanto eu andava apressadamente rumo a minha casa.

__Que foi, Rose? – eu disse meio arrogante.

__O que aconteceu com você? Foi o Ryan, não foi? O que houve? – ela perguntou tudo de uma vez, dando uma pausa logo após para respirar. Já estávamos um pouco perto da minha casa, eu parei na porta e suspirei fundo, ficamos algum tempo calados, até que ela perdeu a paciência e se manifestou – Vamos lá, Justin. Sou sua melhor amiga, desde quando você esconde coisas de mim?

__Julliet... – eu disse, abrindo a porta, deixando Rose entrar. Eu sabia que com apenas aquela palavra, aquele conjunto de sons e de letras que soavam perfeitamente saindo da minha boca, ela entenderia como tudo havia começado e como havia terminado daquela maneira.

Rosalie não gostava muito de Julliet, ela a achava metida e arrogante por ter sido criada a sua vida inteira em um castelo magnifico com tudo o que ela quisesse, por ser uma princesa. Não era inveja o que Rose sentia, é que ela sempre tivera certo “ódio” de garotas que já nasceram ricas, pensando que todas são iguais, mesmo não conhecendo Julliet da maneira como eu a conheço. Porque aposto que eu sou o único daquela aldeia inteira que ainda tem a coragem de invadir o palácio real para simplesmente admirar a beleza da princesa. Beleza impecável que nenhum camponês conhece e que nunca teve o prazer de conhecer, além de mim. Sinto-me o cara mais sortudo de toda a França por ter tido este privilégio, essa graça de Deus...

__Isso esclarece tudo! – Rose disse me desconcentrando de meus pensamentos mais profundos, quando me deu conta, já estávamos no meu quarto. Era simples e bem pequeno, onde cabia somente minha cama, uma pequena mesa com duas cadeiras e um baú, onde eu guardava algumas poucas roupas que tinha.

__Ér, com certeza... – eu disse, tirando meu sapatos e sentando na cama.

__Mas já está tudo bem contigo? Ryan me disse o que havia ocorrido, ele estava meio... esbaforido! – ele me perguntou, sentando ao meu lado.

__Obrigada por se preocupar, minha cabeça de tomate, mas eu estou bem. Não cheguei nem perto da minha morte, o máximo que sofri fora alguns empurrões e tapas no rosto daquele General “Sou o máximo, não se meta comigo!” – enchi minha boca de ar e falei a última parte com a voz mais grossa que consegui, mas ela saiu meio bizarra e, consequentemente, engraçada. Rose gargalhou com aquilo...

__Tudo bem, Macarronids... – ela me chamou pelo apelido hilário que me dera por eu simplesmente ser apaixonado por macarrão. Assim como eu a chamei pelo seu apelido “Cabeça de Tomate”, pelo fato do cabelo de Rose ser um vermelho bem chamativo – Mas eu ainda tenho uma dúvida, quem te libertou das garras daquele general? Pelo que eu saiba, nenhum camponês que já passou pelas mãos dele jamais voltou para a aldeia, ele é terrível...

__Bom... Quem você acha que foi? – eu arqueei uma sobrancelha com um sorriso travesso nos lábios.

__Pois é, para escapar da prisão do Chefe da Segurança Francesa, da pessoa mais poderosa do reino depois do Rei Harry e da Rainha Emelly, tem que ter tido ajuda de alguém realmente importante. Alguém que ultrapassasse todas as leis do reino, alguém especial para Vossa Majestade! – ela começou a explicar sua linha de raciocínio, Rosalie era realmente muito inteligente...

__Sim, fora alguém que realmente sabia todas as leis e que as estudava todo dia, para poder julgar justamente todos os problemas do reino... – eu disse ajudando-a a descobrir quem fora a minha heroína...

__Ryan também me disse que você havia salvado Julliet de um afogamento no lago da parte de trás do castelo. – ela parou por alguns segundos e se levantou da cama - Justin, você fora preso porque mesmo?

__Fui acusado de invadir as terras reais e de também tentar sequestrar a princesa, só que essa segunda parte fora realmente uma injustiça... – eu a informei.

__Huuuum... – ela me disse com um sorriso vitorioso nos lábios, com certeza, ela já havia descoberto como eu fora libertado – Então, isso explica tudo! De acordo com as Leis do Reino Francês, qualquer cidadão poderá ser redimido de qualquer um de seus crimes se, por livre e espontânea vontade, fizer algo para beneficiar a Coroa Francesa ou fizer algo que seria motivo de honra para a Corte! – ela parou um pouco para respirar – Mas espera aí, mais alguém viu você salvando a princesa?

__Bom, acredito que o General mequetrefe tenha visto. E além dele, mais ninguém... – simplesmente respondi. Rose estava pensativa e indo mais fundo nisso do que eu imaginava...

__Sim, porém, o Roger nunca iria falar do que você fez de bom. Já que ele parece que tem prazer em ver camponeses inocentes perdendo o completo fôlego ao estarem pendurados ao fio de uma corda grossa... – ela disse rapidamente, com um drama acentuado na voz. Rosalie era única, literalmente...

__Certamente...

__Então, se Ryan fugiu e o General Roger não falou nada do salvamento para a Rainha Emelly, além dela não acreditar em palavra alguma sua... – ela parou um pouco para pensar sobre quem havia me ajudado. Então, depois de eu ter passado alguns minutos fitando sua face indecifrável e pensativa, a vi arregalar os olhos, finalmente descobrindo quem era a minha heroína maravilhosa...

__Até que enfim... – eu disse irônico, soltando uma risada abafada. Ela começou a dar alguns pulinhos, colocando a mão na boca a ponto de dar um grito que eu aposto que até em terras desconhecidas os nativos ouviriam...

__Então... foi ela... foi a Ju! – Rose disse pausadamente chamando Julliet de “Ju”, arqueei uma sobrancelha tentando digerir aquilo...

__Ju? – eu perguntei pensativo.

__E o que aconteceu depois? – ela disse pulando na cama de novo ignorando minha pergunta, com um sorriso de orelha a orelha.

__Bom, depois de a Julliet ter praticamente enfrentado a Rainha Emelly para fazê-la entender que Roger estava tentando matar mais um inocente. Vossa Majestade se sentiu tão culpada por não saber do ocorrido que me convidou para almoçar no palácio. Então, a Julliet se ofereceu para me levar a porta e fomos conversando e...

__Macarronids, diga-me que você a beijou, diga-me... – ela disse com os olhos brilhando.

__O que você faria se eu não a tivesse beijado? – perguntei, curioso por sua resposta.

__Eu rodaria a mão na sua cara de anjo por ter deixado essa oportunidade passar... – ela disse com sua assassina expressão facial.

__Que bom, pois eu roubei-lhe um beijo sim... – eu disse, com um sorriso largo recordando-me do momento único...

Rosalie pulou em cima de mim em um abraço, eu retribui. Ela era a única pessoa nesse país que eu poderia confiar meus segredos e contar com seus conselhos, ela me entendia e me conhecia incrivelmente bem. Nossa amizade é muito forte e é uma das coisas mais importantes para mim! Porque mesmo Rose é como se fosse a minha irmã, ela é a minha confidente...

__Hey, espera um minuto... – ela disse nos separando – O almoço no palácio deve ser servido ao meio dia e você já está mais do que atrasado...

__Verdade... – eu disse meio pensativo.

__Então, está esperando o que para entrar naquele banheiro e tomar um banho? – ela se levantou da cama e agarrou meu braço, puxando-me e empurrando-me até a porta a frente. Rose a abriu e praticamente me jogou lá dentro, fechando a porta logo em seguida.

Tirei minha blusa e quando ia tirar a calça, ela abre a porta novamente me jogando a toalha e me dando dois baldes com água do lago. Ela olhou pra mim e deu uma gargalhada...

__Aposto que todas as garotas da aldeia queriam estar aqui no meu lugar olhando para você sem blusa... – ela disse com ironia. Não que eu esteja me gabando, mas o que ela falou era completamente e loucamente verdade. As donzelas do reino me desejavam, eu só não sabia o motivo de tanta popularidade...

__Se você diz... – eu gargalhei. Rose fechou a porta novamente e eu coloquei a água contida nos dois baldes em uma banheira de madeira improvisada. Quando se é pobre, nós não temos essas mordomias que os nobres tinham...

Tirei a minha calça e entrei naquela água gelada. Acho que qualquer dia, eu vou me tornar um cubo de gelo por isso! Joguei água no meu cabelo, passando a mão logo após. Depois de lavar todas as partes do meu corpo, fiquei ali por alguns minutos tentando relaxar, já que não havia como com aquela água insuportavelmente gelada. Espero, um dia na minha vida, tomar banho com água quente...

Saí da banheira improvisada e peguei a toalha, tirando um pouco das gotas do meu cabelo e secando meu rosto. Amarrei-a na minha cintura e joguei a água fora por um pequeno buraco que dava direto para um bueiro perto dali. Abri a porta e dei de cara com uma roupa mais nobre em cima da minha cama, Rose havia caprichado no meu vestuário novamente...

Vesti-me e arrumei o meu cabelo num espelho quebrado que havia ali. Olhei novamente o meu reflexo e eu parecia um príncipe, literalmente. Eu estava vestido como gente de verdade e não com aqueles maltrapilhos que eu costumo usar no dia-a-dia. Saí do quarto encontrando Rose sentada na cadeira da cozinha, ela arregalou os olhos e se levantou, me rodeando lentamente como se ela fosse a estilista real e eu o seu modelo...

__Nossa, ficou... irreconhecível! – ela gargalhou.

__Também acho... – eu concordei.

__Agora, está na hora do senhor ir logo e não se esqueça de me contar tudo o que aconteceu quando você voltar...

Caminhamos até a porta e ela praticamente me expulsou da minha própria casa. Saí andando rapidamente pelas ruas e esquinas de Paris chamando a atenção de todos, especialmente das meninas. Algumas delas suspiravam, gritavam, surtavam e eu apenas respondia com um sorriso sincero, afinal eu estava atrasado e ainda tinha que ter certa educação para com elas, já que eu sou um cavalheiro nato...

Não demorou muito para eu chegar na pequena área cheia de árvores e arbustos, que separavam a aldeia do palácio real. Cheguei perto daqueles muros altíssimos e arrumei minha roupa, ficando apresentável. E agora, eu não precisava entrar escondido me arrastando por entre os lugares e pelas paredes laterais, eu iria entrar pela porta da frente como uma pessoa de verdade, como um convidado da Rainha Emelly Allamand...

Em certo ponto, eu já estava conseguindo avistar dois homens uniformizados que guardavam a entrada do palácio pela segurança da Família Real. Depois de mais alguns passos, vi que havia uma linda donzela de cabelos castanhos presos em um coque e um vestido finíssimo cor de rosa. Ela parecia estar procurando alguém por entre os pastos que se localizavam a frente do castelo. E então, eu caminhei um pouco mais rápido e quando Julliet me viu, veio correndo levantando um pouco seu vestido para que não caísse no chão...

Ela pulou em meus braços envolvendo meu pescoço num abraço apertado, minhas mãos instantaneamente foram ao encontro de sua cintura, a apertando. Então, eu a ergui no ar girando nossos corpos enquanto ela soltava uma gargalhada abafada...

__Estava me esp... – eu comecei uma pergunta quando a coloquei novamente no chão, mas Julliet me calou unindo nossos lábios novamente num beijo longo e caloroso. Era simplesmente incrível sentir o doce sabor de seus lábios macios e convidativos. Acho que Deus realmente havia atendido as minhas preces de tê-la em meus braços, nem que seja por alguns meros minutos. Aquele dia estava me saindo como perfeito, não que eu esteja desvalorizando os outros bons momentos da minha vida, mas um sonho realizado vale muito mais...