Hate To Love escrita por Yukime


Capítulo 6
Um dia nem tão comum


Notas iniciais do capítulo

Me inspirei hoje, postei dois capítulos! Mas não se acostumem, vai ser só de vem em quando!



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6º Capítulo – Um dia nem tão comum

Acordei 20h da noite. Olhei para o caderno em meu colo. Realmente melhora quando expressamos o que estamos sentindo. Me senti bem mais forte e capaz. Levantei, tomando um banho. Coloquei um pijama e fui para a cozinha. Meus “pais” estavam lá. Não sei, apenas não conseguia mais chamá-los de pais.

– Oi – disse indiferente, me sentando e colocando a janta em meu prato.

– Pensei que nunca mais a veríamos – disse minha mãe.

– Estou aqui, estão me vendo, satisfeitos? – disse colocando uma garfada de lasanha na boca.

– Soubemos da mudança de Louise – continuou minha mãe – Sentimos muito.

– Sentem muito porque não é com vocês – disse – Vocês não têm a menor ideia de como estou me sentindo.

– Eu sei como você se sente – Ryan se pronunciou – Por favor, não deixe de me chamar de pai.

– Como assim sabe como estou me sentindo? – perguntei – Não consigo mais chamá-lo de pai, sinto muito.

– Meu pai também não era meu pai biológico. Soube na sua mesma idade. Foi um choque, reconheço. Sei exatamente como está se sentindo, nesse sentido – disse ele me olhando – Você não sabe como me arrependo de não ter te contado antes, mas quando nos demos conta, já éramos como pai e filha de verdade e eu não queria mais estragar isso.

Não disse nada, então ele continuou.

– Eu a amo, Carter, a amo como um pai ama sua filha, eu sou seu pai! Posso não ser seu pai biológico, mas creio que sou melhor que muitos por aí – disse ele olhando em meus olhos, mas eu não olhava nos seus - Muitos não são nem capazes de prestar atenção em seus filhos. Agora me diga, quantas vezes te deixei sozinha? Quantas vezes a ignorei?

– Nenhuma... – sussurrei.

Minha mãe nos observava com os olhos cheios d’água.

– Você seria capaz de nos perdoar? – pediu Ryan.

– Eu... – disse pensando. Eu não seria capaz, eu sou capaz. Talvez eu esteja sendo infantil, mas também não sou totalmente culpada. Estão acontecendo muitas coisas na minha vida que eu prefiro nem citar. E Ryan sempre foi um paizão, para falar a verdade. Nunca me deixou na mão e nunca vai deixar, eu sei. Quero perdoá-lo, mas deixar bem claro que quero conhecer meu pai biológico, que quero achá-lo – Eu perdoo vocês.

Fui recebida pelo grande a aconchegante abraço de meu pai. Meu pai não de sangue, mas sim de alma, de coração. O pai que eu amo.

Voltei para o meu quarto, apagando as luzes e indo dormir.

Quando acordei, a primeira coisa que pensei foi não quero ir para o colégio e realmente não fui. Sairia mais cedo mesmo. Dormi até 11h, o horário que eu sairia. Depois disso já estava cansada de ficar deitada. Liguei para Louise, para saber como andam as coisas.

– Oi, Lou – disse quando ela atendeu – É amanhã, né?

– Isso – disse ela – Posso passar na sua casa mais tarde?

– Pode, claro – respondi.

– Faltou aula?

– Faltei sim.

– Vou sentir sua falta, Carter.

– E você acha que eu não? – queria chorar, mas não queria parecer fraca ao telefone, principalmente para não deixa Louise fraca também.

– Promete que não vai esquecer de mim?

– É claro que prometo, mas só se você não for ter outra melhor amiga além de mim, mesmo distantes.

– Fechado – disse ela tristemente – Vou passar aí depois do almoço, combinado?

– Ok – respondi – Então, vou comer alguma coisa, daqui a pouco nos falamos, beijos.

– Beijos – disse ela e desliguei o telefone, respirando fundo.

Fiz um achocolatado e o tomei. Voltando ao quarto, Kevin estava em sua janela. Ele não parecia normal, estava quieto demais e nunca mais havia visto Megan junto dele.

– Kevin? – chamei sua atenção.

– Oi – disse ele.

– Está bem? – perguntei.

– Claro – respondeu ele.

– O que você queria me dizer ontem? – perguntei curiosa – A propósito, desculpe.

– Pelo quê?

– Por ter sido ignorante com você – disse sinceramente. Tudo o que eu menos queria agora é ficar de mal - como dizíamos no maternal - com alguém. Queria me recuperar e ignorar todos que me ignoravam. Logo depois, olhei seu nariz – E pelo soco.

– Está tudo bem – respondeu ele com a mesma cara de quando ainda não havia chamado sua atenção.

– Você está me deprimindo, mais do que já estou – disse e ele deu um sorriso.

– Desculpe – pediu ele – Não estou muito bem.

– Disso eu já sabia – disse e me apoiei na janela, disposta a começar uma conversa civilizada.

– Acho que nós nunca conversamos – disse ele.

– Eu não acho, eu tenho certeza – sorri, pela primeira vez em dias.

– Que raridade – disse ele surpreso.

– O quê? – perguntei confusa.

– Você sorrir e ainda mais para mim – ele disse e me senti corar.

– Tudo bem – disse – Tchau.

E fechei a janela. Eu nunca, sabe o que é nunca? Nunca tinha conversado com Kevin. Não dessa maneira. Me surpreendi comigo mesma. Não tive tanto tempo para pensar, pois logo fui chamada para o almoço. Louise apareceu assim que terminei e a primeira coisa que fiz foi abraçá-la.

Resolvemos nos sentar na praça que havia próxima à minha casa para conversarmos.

– Amanhã irei até o aeroporto com você – avisei – Que horas vai ser o voo?

– À noite, 19h – disse ela – Vai me ligar todo dia, né?

– Com certeza, e se eu não ligar você liga, vai ser a falta de crédito – disse e ela riu, o que me fez rir também.

Conversamos tanto que nem percebemos quando o sol começou a se pôr. Louise avisou que tinha que terminar de arrumar suas malas e a deixei ir, voltando para a minha casa. Quando estava na entrada de casa, vi Kevin em seu quintal.

– Oi! – disse ele ao me ver.

– Tchau! – disse entrando em casa.

Antes de dormir, resolvi escrever mais no meu caderno, era uma ótima forma de desabafar.

“A vida é difícil, é verdade. Passamos por altos e baixos, mas aprendi que nunca podemos tirar o sorriso do rosto, mesmo com aquela pessoa que menos gostamos. É incrível como um sorriso, mesmo não sendo verdadeiro, pode mostrar aos outros uma imagem nossa de pessoa forte e feliz. Mas nem sempre estamos felizes. Perdemos pessoas, sofremos decepções, mas a vida continua. E isso não significa que devemos esquecer o passado. Pois há coisas no nosso passado que sempre farão parte do nosso presente. E eu possuo esses tesouros. Tesouros que fizeram parte do meu passado, que fazem parte do meu presente e farão parte do meu futuro. E enquanto nada se resolve, em vez de chorarmos, sorrimos. Sorrimos dos mais bobos acontecimentos, e assim, conquistamos os outros com nosso mais sincero teatro.”

Escrevi tudo o que estava entalado na minha garganta. Fechei o caderno, me sentindo alegre. O coloquei na mochila, caso precisasse desabafar, mesmo com um caderno, no meio da aula. Arrumei minhas coisas e fui até a cozinha, comer alguma coisa antes de dormir.

– Oi, pai – disse o vendo ler seu jornal, que sorriu.

– Oi, filha – disse ele – Sua mãe saiu, mas fez bolo de cenoura, seu favorito.

– Ok, obrigada – disse pegando um pedaço do bolo – Está delicioso!

– E quando sua mãe faz uma comida ruim? – ele riu – Soube que você faltou aula hoje.

– Desculpa, não consegui levantar.

– Tudo bem, mas não vai ser sempre assim – disse ele, com razão.

Quando terminei de comer o bolo, fui para o meu quarto, tendo uma boa noite de sono.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? O próximo capítulo vai ser mais feliz, prometo!