Hate To Love escrita por Yukime


Capítulo 5
Deprimida, sim ou claro?


Notas iniciais do capítulo

Só estou demorando um dia para cada capítulo, já é um avanço, não é mesmo? Espero que estejam gostando!



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5º Capítulo – Deprimida, sim ou claro?

Estava sentada na cadeira, com um copo de água com açúcar na mão. Como assim ele não era meu pai? Como eles foram capazes de esconder isso até hoje?

– Por que não me contaram antes... Bem antes? – perguntei com uma voz de decepção.

– Não queríamos magoá-la – disse minha mãe.

– Pretendiam esconder isso de mim pra sempre? – perguntei, agora com raiva.

– Não sabíamos como contar, filha, entenda – disse meu pai, na verdade, não sabia se queria chamá-lo de pai ou apenas chamá-lo de Ryan.

– Filha? – disse o olhando – De quem eu sou filha, afinal?

– Seu pai biológico sumiu do mapa quando você nasceu – disse minha mãe, triste – Não culpe seu pai, eu digo, o Ryan, estávamos apenas pensando no seu melhor!

Louise acariciou meu cabelo, me fazendo sentir melhor, mas ainda decepcionada e com raiva de tudo que estava acontecendo comigo agora. Lembrei das palavras de Louise: “A Megan sabe de coisas. Coisas sobre nós duas que nem nós mesmas sabemos”. É claro! O boné ter sumido, Megan o pegou. Ou não, ou então foi mesmo Kevin, quando veio me ajudar com a película. Como fui tão burra? Agora eu definitivamente os odiava.

– Louise, vem – a puxei para o meu quarto, ignorando meus pais.

– Calma, o que houve? – ela perguntou confusa.

Expliquei tudo, o que a deixou boquiaberta.

– Eu não acredito - disse ela pausadamente.

– Agora mesmo, temos que manter o máximo de distância deles – disse furiosa – A vontade que tenho é comprar tijolos e fechar essa janela estúpida.

– Talvez fosse realmente a melhor solução, mas como não é possível, temos que pensar em outra – disse Louise.

– Eu só preciso ter uma conversa séria com o Kevin – disse com o olhar distante. Eu realmente não sabia como ele, Kevin, estivesse sendo capaz de fazer isso.

– Agora? – perguntou Louise.

– Agora – assenti.

Saímos de casa e bati na porta de Kevin. Esperamos dois minutos até ela ser aberta.

– Carter? – perguntou ele surpreso – O que faz aqui?

– Só queria te dar isso – disse lhe dando um soco em seu rosto – Por tudo que está fazendo comigo.

– Você está louca? – ele gritou com o nariz sangrando – Louca!

– Pois bem, pense duas vezes antes de se meter comigo, eu posso ser bem pior – avisei, com Louise me segurando, espantada pelo meu ato.

– Vamos Carter, você já teve decepções demais por um dia – avisou Louise, me puxando para voltarmos para a minha casa.

Deixamos um Kevin-Nariz-Quebrado para trás e voltamos para casa. Meu pai parecia deprimido, mas ainda não o perdoara, foi realmente uma péssima notícia, e agora queria achar meu pai biológico.

– Louise, não sei o que fazer – disse sentindo as lágrimas escorrerem – Eu fui enganada minha vida toda!

– Ei, Carter – disse ela com o único tom de voz que me acalmava – Eles estavam pensando no melhor para você, eles erraram, é correto afirmar que sim, mas o que eles estavam tentando evitar era você nesse estado.

– É, e fizeram exatamente ao contrário – disse com Louise secando minhas lágrimas – Me magoaram da pior forma possível.

– Acho que agora, só o tempo pode arrumar isso – disse Louise e olhou o relógio – Tenho que ir.

– Tudo bem, vai lá – disse a abraçando – Obrigada.

– Se precisar é só chamar – disse ela saindo do meu quarto.

Assim que ela saiu, entrei no banheiro, tomando um bom e longo banho, onde chorei bastante, para falar a verdade. Depois apenas deitei na minha cama e dormi.

Acordei com o despertador me dando um susto tão grande que caí da cama. O desliguei, me levantando no chão e arrumando o cabelo. Coloquei uma calça jeans e uma camisa qualquer e fui para o colégio. Tive a incrível sorte de não encontrar Kevin no caminho, ou ele levaria outro soco. Quando cheguei, me sentei na última cadeira e coloquei meus fones de ouvido, deixando para trás aquela garota estudiosa. Percebi que Louise não tinha vindo à aula, pensei em ter perdido a hora novamente.

Todos apontavam para mim e sussurravam uns com os outros, isso estava me incomodando. No recreio não foi nada diferente. Ainda mais Kevin me olhando decepcionado. Quem devia estar decepcionada aqui sou eu, acordem babacas!

Nunca fiquei tão feliz com a hora da saída, peguei minha mochila e fui direto para casa. Liguei para Louise.

– Por que faltou? – perguntei.

– Carter... Tenho uma péssima notícia – avisou Louise com uma voz deprimida.

– Louise, o que aconteceu? – perguntei preocupada.

– Meus pais querem se mudar... Pra bem longe – disse ela com a voz chorosa.

– Se mudar? – gritei – Pra onde?

– Nova York – disse Louise. Era realmente bem longe para quem morava na Califórnia. O que eu faria sem Louise ao meu lado me ajudando? Estava realmente deprimida – Carter, eu não quero ir!

– Nem eu quero que você vá! – disse, agora chorando – Quando vocês vão?

– Depois de amanhã – disse Louise.

Primeiro perdi meu pai; agora perdi minha melhor e única amiga. Ótimo. Está se perguntando o que vou fazer agora? Disso nem eu faço ideia. Desliguei o telefone, estava abalada demais para falar qualquer palavra, e para piorar, Kevin me chamava pela janela. Coloquei o travesseiro no rosto, tentando ignorar, mas ele gritava cada vez mais alto.

– O que é? – gritei com raiva abrindo a janela, esquecendo completamente de ao menos secar as lágrimas – Eu te odeio!

Disse fechando a janela e secando as lágrimas e arrumando o cabelo.

– O que você quer? – reabri a janela.

– Por que estava chorando? – perguntou ele.

– Eu não estava chorando – menti.

– Eu vi, Carter – disse ele.

– Ah, por favor, agora você tem super-visão? – perguntei sendo irônica.

– Você realmente não sabe mentir – disse ele.

– O que você e a Megan querem juntos? – perguntei saindo totalmente do assunto – Acabar com a minha vida já infeliz?

Kevin abriu a boca, mas não falou nada.

– Ótimo, bom saber – disse com raiva – O que você queria falar?

– N-Nada – disse ele fechando sua janela devagar.

Fechei minha janela e observei para ver se havia alguém na cozinha. Vendo que não, fui até ela e peguei algo para comer. Voltei para o meu quarto e me enfiei debaixo dos edredons. Eu ficaria ali por meses sem problemas. Talvez dormir fosse a melhor solução, assim eu não pensava. Mas a questão era essa, eu pensava tanto que nem dormir eu conseguia. Pensava em todas as vezes que chamei Ryan de pai. Era tão estranho chamá-lo de Ryan. Mas eu não conseguia mais chamá-lo de pai. E agora, Louise indo embora. Agora que eu nunca mais saia desse quarto mesmo.

Peguei um caderno intocado na minha estante. O abri, com uma caneta na mão, sem saber exatamente o que fazer. Simplesmente transformei todos os meus sentimentos em palavras, onde logo em seguida caí no sono.


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Notas finais do capítulo

Então, gostaram? O que será que a Carter vai fazer?