11º Capítulo – Um dia diferente

Kevin Narrando

Estava sendo difícil não poder falar nem uma palavra com Carter no colégio. Passei a quase aula inteira a observando, o que eu sempre fiz, mas às vezes Megan olhava e eu não podia estar olhando para Carter. Megan havia conversado comigo novamente. Só não sabia o motivo de querer me afastar tanto de Carter. Eu tinha uma ideia, mas era absurda demais – e coloque demais nisso. Megan estava entrando em um relacionamento com um dos garotos mais populares do colégio, Liam – cabelos e olhos castanhos –, assim como ela, o que confirmava que minha ideia era mais alucinada ainda. Então vamos mudar de assunto.

Na saída, peguei minha bicicleta e voltei para casa, onde não vi Carter na janela. No começo me preocupei, mas me lembrei de que era aniversário de Louise. Então resolvi ir até a sua casa. Má ideia, George, seu “novo pai”, como ela me contou, estava na porta. Me escondi, esperando para que eu pudesse entrar.

- O que você está fazendo aqui? – perguntou Carter.

- Só queria saber se você estava precisando de alguma coisa – respondeu George.

Via os pais de Carter atrás dela. Sally parecia desconfortável e Ryan, bom, não conseguia descrever o que estava sentindo.

- Podia ter avisado, pelo menos – disse Carter.

- Desculpe – disse ele esticando um pacote – Queria apenas te dar isso.

Carter pegou o pacote e o abriu, tirando uma boa quantia em dinheiro de dentro.

- E-eu não quero isso – disse Carter entregando de volta.

- Por favor, fique – insistiu ele.

- Você está agindo como se não tivéssemos condições de cuidar da nossa filha – disse Ryan dando intensidade no “nossa”.

- Mas eu também tenho que fazer minha parte como pai biológico – disse George agora olhando para Ryan.

- Pai biológico que não tem nenhum traço de amizade com a filha, ótimo argumento – disse Ryan sendo irônico e mudando de posição.

- Fique com isso – George entregou o pacote para Carter novamente – Tudo bem, acho melhor eu ir embora.

- É melhor mesmo – disse Ryan e fechou a porta.

George fechou a cara assim que a porta se fechou. Entrou em seu carro, batendo a porta com força e acelerando para sair dali. Respirei fundo e bati na porta.

- Geo... – ia dizer Carter – Oi, Kev.

 - Oi – eu sorri – Queria parabenizar a aniversariante.

- Oi, Kevin! – sorriu Louise com um pedaço de bolo na mão, me entregando – Entra.

- Parabéns, Louise – disse lhe dando um abraço – Obrigado pelo bolo.

Carter fechou a porta e ficamos conversando.

- Esse bolo está uma delícia – eu disse.

- Foi minha mãe que fez, do que mais esperava? – Carter riu.

Então alguém bateu na porta novamente.

Carter Narrando

Abri novamente a porta, vendo um Tom sorridente.

- Acho que você comentou que hoje era aniversário de Louise, então ouvi uma voz diferente e pensei que fosse ela. Queria conhecer a sua famosa melhor amiga – ele sorriu e respirou depois de falar tudo rapidamente.

- Ah, sim – sorri – Entra.

Louise o olhou, sorrindo.

- Oi Louise – sorriu ele a cumprimentando. Olhei para Kevin, que pensava o mesmo que eu – Parabéns!

- Obrigada – Louise sorriu tímida.

Kevin e eu deixamos os dois conversando um pouco e sentamos em um sofá.

- Como você está? – perguntei a ele.

- Bem – ele sorriu.

- Certeza? – insisti.

- Nem tanta – disse ele.

- Megan? – perguntei.

- Ela tem me ameaçado muito e sempre tocando no meu ponto fraco... Você – disse Kevin um pouco triste.

- A gente vai dar um jeito nisso, eu prometo – o abracei.

- Tudo bem – ele sussurrou.

Depois de meus pais conversarem com Kevin – novamente para saber sobre suas intenções –, Louise e Tom estavam bastante amigos e se dando super bem.

- E então, futuro casal? – disse os deixando corados – Como vão as coisas?

- Ótimas – responderam os dois ao mesmo tempo, que se olharam e riram. Logo, Louise ficou séria.

- Vem cá – a puxei para um canto vazio – O que houve?

- Carter, não posso mais me aproximar de Tom – disse ela tristemente.

- Distância, certo? – disse.

- Certíssimo – confirmou ela.

- Complicado – disse sinceramente.

- Ele é bem legal, por que não me disse que ele era também bem bonito? – Louise riu.

- Detalhes... – disse rindo.

- Então, vou falar disso com ele – disse Louise – Vai ficar com o Kevin, vai.

- Ok – sorri.

Kevin estava sentado no sofá, comendo mais um pedaço de bolo.

- Gostou mesmo – sorri.

- Bastante – ele sorriu e me deu um beijo.

Depois, fomos os quatro – eu, Louise, Kevin e Tom – andar um pouco. Os três foram comprar sorvete enquanto eu procurava um bom lugar para ficarmos. Como Megan não morava no mesmo bairro, ela não nos veria. Por que éramos tão positivos? É claro que Megan tinha seus “espiões”.

- Hm, senhorita Stewart – disse um garoto com cabelos e olhos escuros me prensando na parede – Desobedecendo às ordens de Megan?

- Ótimo, agora sou vigiada 24h por dia? – disse impaciente.

- 25h, se for preciso – sorriu maldosamente o garoto.

Tirei o pacote que George havia me dado da bolsa.

- Você quer? – perguntei e o garoto arregalou os olhos – É só você e seus amigos espiões (eu sei que tem mais) ficarem bem longe de mim e de Kevin e nada de caguetes.

- Feito – disse o garoto pegando o pacote – Megan não vai saber de nadinha, pode deixar.

- Ótimo – sorri e o garoto foi embora.

- Quem era? – disse Kevin preocupado.

- Um espiãozinho de Megan, mas ele não vai mais nos perturbar – sorri.

- Você deu seu dinheiro para ele? – perguntou Kevin – Por que você fez isso?

- Pra poder ficar mais tempo com você – disse.

- Uau – disse ele – Era bastante dinheiro.

- Eu não queria mesmo – disse rindo.

- Até parece – sorriu Kevin me dando um beijo.

Voltamos para a sorveteria, onde já tinha lugar para sentarmos. Kevin sabia mesmo meu sabor favorito.

- Seu sorvete de torta alemã – disse ele me dando.

- Obrigada – sorri e nós tomamos nossos sorvetes.

Depois, voltamos para casa. Kevin segurou minha mão enquanto andávamos, o que me surpreendeu e me fez sorrir.

- Tenho que ir – disse Kevin quando estávamos na porta da minha casa – Tenho que fazer uma pesquisa e um trabalho de casa.

- Ah, obrigada por lembrar – disse me lembrando dos trabalhos.

- Ok – ele sorriu e me deu mais um beijo – Boa noite.

- Boa noite – sorri e ele soltou minha mão, indo para a sua casa.

Tom foi para a sua casa e entrei com Louise.

- Ele me deu o número do telefone dele – disse ela animada.

- Que bom! – sorri – Agora você tem que me ajudar a fazer dois trabalhos!

Louise revirou os olhos, mas concordou em me ajudar.

Quando deu 23h, havíamos terminado os trabalhos, que não podiam ser pesquisados na internet.

- Vou tomar um banho e vamos dormir – disse para Louise.

- Ok – ela sorriu.

Entrei no banheiro e tranquei a porta. Me segurei na parede, sentindo o ritmo do meu coração acelerar e começar a ver tudo preto, até cair no chão.