Entre O Brilho Das Estrelas escrita por Anny Andrade


Capítulo 9
Capitulo 9: Era uma vez...




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O silencio pode ser enlouquecedor, ainda mais quando as palavras gritam em sua cabeça e permanecem presas na garganta. O calor das costas unidas, o perfume que o vento espalhava se misturando com o aroma que o céu trazia. 

Eles permaneceram quietos, sentados, unidos. 

Suspiros longos escapavam de Rony, ele não agüenta mais aquilo, esperava que ela tomasse alguma atitude fosse para brigar, fosse para se acertar, mas nada. Ela resolveu ficar muda depois do é. Justamente ela que quase nunca conseguia ficar calada. Seus olhos percorriam as páginas dos livros onde reconhecia muitas verdades sobre ele que nem ao menos sabia que existiam. 

-- Bom livro... – Por fim ele disse voltando a ler e esperando alguma resposta dela. Apenas uma. Ou talvez um movimento, um gesto que dissesse tudo que queriam saber. Ela apenas permaneceu. 

Onde estava aquela garota intrometida e corajosa? Rony queria que ela gritasse, que perguntasse o porquê das escolhas, queria ter a certeza sobre tudo que ela pensava. As duvidas o matavam a dois anos, não era para continuar assim. Aquilo corroia, machucava, fazia azul virar cinza assim como o céu que escurecia sobre eles. 

-- Acha isso mesmo? – Rony perguntou cansado do silencio. 

-- O que?

-- “Seus olhos possuíam um azul tão intenso que sempre que o miro parece que estou me afogando no alto mar, e seus lábios me fazem ficar as noites em claro imaginando ao menos um beijo no rosto, ao menos um sorriso, mas mesmo ele sendo o motivo pelo qual levanto todos os dias duvido que o tenha para mim. “ – Rony leu esperando ela falar alguma coisa. – “Sei que sempre que ele está por perto eu me perco em cada centímetro de ar que escapa dos pulmões dele fazendo a voz invadir meus tímpanos, sinto que Lana está falando comigo e que a qualquer momento irá me fazer pagar um mico, mas olhá-lo é como um vicio, um sonho acordado que eu não posso evitar.” 

-- Hum... 

-- Então? Acha mesmo isso? – Rony perguntou ainda sem olhá-la, apenas sentindo a pressão de costas contra costas. – Acha isso de mim? 

-- Rony... – Hermione suspirou. – É... 

-- Hum... – Ele sorriu. – Veio aqui para isso? Por que eu esperava mais que apenas essas respostas curtas. 

-- O que esperava? – Hermione perguntou. 

-- Esperava a garota que também me faz sonhar acordado. – Ele respondeu. – Será que ela chega antes da chuva? - Ele olhou para o céu escuro. 

-- Esperaria por ela? – Hermione perguntou com a voz fraca. 

-- Eu esperei por dois anos, o que seriam alguns minutos? – Ele falou sentindo que Hermione começava a se virar, se virou junto com ela. Finalmente ficaram de frente. E ela pode se afogar nos olhos dele, pode decorar novamente as expressões, e sentir o ar fugir do pulmão enquanto seus lábios se juntavam e se afastavam tentando achar as palavras certas. 

-- Eu não sei o que falar. – Hermione confessou, talvez fosse melhor usar as palavras erradas enquanto as certas pareciam fugir dela. – E eu queria dizer tantas coisas.

-- E por que não diz? – Ele perguntou. 

-- Não encontro as palavras certas. – Ela suspirou cansada. – São tantos sentimentos que talvez não estejam prontos...

Seus olhos estavam novamente conectados daquele jeito que fazia com que tudo em volta perdesse o sentido. Estavam tão próximos, e ela não precisava das palavras certas só precisava falar. Gotas começaram a cair sobre as cabeças fazendo com que os olhos se desviassem, mas ajudando na coragem que faltava. Estava tudo se repetindo. O lugar. A chuva. Eles. 

-- Então a chuva chegou... – Rony disse se levantando. – E a garota? Desistiu? 

-- Uma dança? – Hermione perguntou se colocando em frente a ele. 

-- Não temos música... – Rony disse achando o convite engraçado. 

-- Não tem problema... – Hermione pegou na mão do ruivo e a juntou com a sua. – Eu canto... 

-- Então agora você canta? – Ele sorriu. 

-- As pessoas mudam e amadurecem né? – Hermione disse se aproximando dele enquanto seus cabelos passavam a grudar em seu rosto assim como as roupas. Colocou os braços em volta do pescoço dele e juntou seus corpos. – Somente uma. Pelos velhos tempos, e pelas palavras que não querem aparecer. 

-- Eu deveria ter um motivo melhor. – O ruivo disse quase saindo dos braços dela. 

-- Por mim. – Ela disse o encarando. 

O céu já exibia um tom cinza quase negro e a chuva era forte. Nenhuma parte do corpo deles havia permanecido seca, e quando Hermione deitou seu rosto nos ombros dele sentiu que as palavras voltavam a brotar em seu peito assim como os batimentos acelerados e o calor que se espalhava pela pele. Sua voz cortada, sua respiração falhada, suas verdades cantadas.

-- Enquanto a chuva molha meu rosto, ela esconde a minha lágrima que insiste em encontrar o chão. – Hermione cantou enquanto sentia realmente uma lágrima escorrendo por sua face molhada, mas dessa vez não era uma lágrima de dor, de raiva, era uma lágrima de finalmente. Finalmente estava ali. Finalmente sabia o que estava fazendo e queria fazer. Finalmente era somente ela e ele como sempre deveria ser. – Enquanto o frio toma o meu corpo eu aprendi sem a gramática, que saudade não tem tradução. – Ela nunca tinha pensado no significado da palavra saudade antes de partir e deixar seu coração para trás. 

Saudade era um sentimento que não pode ser entendido ou traduzido, ele apenas é sentido. Apenas deixa o sol menos belo, deixa o calor mais frio e o frio mais intenso. É um sentimento que invade de noite e de dia e deixa um vazio sem fim, uma vontade de desistir. É um sentimento que poucos conseguem entender, porque poucos amam a ponto de sentir que cada segundo longe da pessoa pode ser o fim. 

Hermione entendia exatamente o que sentir saudades significava. Seu coração entendia. Seu corpo e sua alma também sabiam perfeitamente o que aquele sentimento significava, quais eram seus efeitos e que suas doses chegavam ao ponto máximo e retornavam ao inicio, nunca tendo um fim. 

Com seus corpos ali unidos, balançando de um lado a outro parecia que pela primeira vez ela estava lhe dando uma trégua na dor que causava. Sentir saudades era como perder o mundo e não ter como recuperá-lo. Rony era seu mundo e talvez ela os estivesse pegando de volta.

- Eu preciso tanto de você, o seu amor é o que me faz crescer... – Ela suspirou sentindo que as mãos dele a apertavam mais forte contra si. - Me conhece como a própria mão, cada medo do meu coração. – Ela continuou cantando enquanto suas lágrimas continuavam a cair, era aquilo que ela gostaria de ter dito assim que chegou ali. Queria ter falado o quanto cada segundo desde a sua viagem ela esperava que desmentissem tudo que tinham dito. Que falassem que era apenas uma brincadeira e que o amor deles não teria um fim tão tolo e infantil como havia ocorrido. Esse era o momento de dizer tudo isso. 

Sentiu seu rosto sendo afastado dos ombros dele. Sentiu a mão deslizando sobre sua pele molhada, ele contornava sua boca, e mirava seus olhos como se estivesse reformulando uma nova lembrança em sua mente. Como se estivesse gravando esse novo momento. O colocando em uma gaveta secreta onde só os melhores momentos tinham o direito de ficar. Sua boca aberta em um estranho sorriso, como se quisesse interromper a música dela e dizer tudo que sentia, mas ao mesmo tempo esperando o momento certo de finalizar com um típico grande final. 

Seus olhos azuis pareciam depender dos castanhos para brilhar. A chuva os impediam de visualizar o rosto daquela que dominava cada pensamento dele. Sua mão tese a tarefa de gravar as expressões, e de levá-las até o coração. Porque Rony sabia que aquilo que guardamos na mente com o tempo se desgasta e pode até desaparecer, mas aquilo que guardamos no coração é para sempre. E ele precisava que aquilo ficasse gravado eternamente dentro de si. 

-- Hoje pensei tanto em nós dois, que não podia deixar pra depois... – Hermione disse olhando no fundo dos olhos dele e desejando que naquele momento o tempo parasse. Que nada mais fosse importante. Desejando que aquilo bastasse para um “felizes para sempre”. – E eu vim aqui só pra dizer... Que eu sou louca por você... – Ela suspirou desviando o olhar.

Ele deveria saber. Ela sempre fora louca por ele, desde o momento que o viu pelo espelho. No segundo em que gritaram um com o outro o destino estava escrito e seu coração não pertencia mais ela. Como queria simplesmente voltar ao tempo e ler a carta, queria ter dado a resposta certa, e não ter mentido em nenhum momento. 

Estava pronta para terminar a música na esperança que as palavras nela distribuídas ajudassem ela a falar um terço do que sentia. Esperava que conseguisse ao menos transmitir a ele o quanto sentia. O quanto era tola. E o quanto que queria apenas voltar a trás. 

-- Hermione... – Rony disse fazendo seus olhos novamente se cruzarem. – Eu sempre fui louco por você. - Seus lábios se aproximaram quase em câmera lenta ou assim pareciam. Sua mão no pescoço dela a segurando ali como se o medo dela se esquivar fosse mais forte do que a vontade dela em beijá-lo também. 

A chuva continuava a cair enquanto seus lábios diziam ao mesmo tempo: Eu te amo. As línguas tinham se reencontrado assim como a respiração e o coração. As batidas no mesmo ritmo acelerado ditavam o compasso do sangue que corria pelas veias dos corpos molhados e unidos por aquilo que seria a passagem da alma. Dizem que quando se beija alguém você compartilha um pouco de si e pega um pouco do outro. Eles não precisavam dessa troca porque já pertenciam um ao outro e aquilo era apenas uma pequena prova de que as vezes vale a pena acreditar que os caminhos estão traçados nas estrelas e ninguém pode lutar pelas linhas entrelaçadas da vida.

Se separaram quando o ar foi frágil demais para sustentar o beijo que parecia querer não ter um fim. Se olharam. Suspiraram. Sentiram as gotas gélidas escorrendo pelo corpo quente e sorriram. Talvez nem precisassem das palavras, mas elas ainda deveriam ser trocadas. No momento certo, quando os beijos não precisassem mais matar a saudades que os consumiam.

Tempestades podem assustar, mas não é exatamente isso que procuramos na vida? Tempestades fortes que tragam mudanças drásticas, que façam surgir amores avassaladores e que nos tome de surpresa. Que transforme o marasmo em ondas gigantes que arrastem tudo que vêem pela frente. A tempestade trouxe de volta aquilo que a calmaria levou. O amor de Rony e Hermione ressurgia das dúvidas, dos medos e dos erros. E a tempestade era responsável por isso também. Uma tempestade de sentidos. 

-- Eu sei que ainda precisamos conversar. – Hermione disse. – Mas só por esse momento deixa as palavras se perderem na falta de sentido das coisas. Sei que a chuva chegou, mas a garota que ela trouxe é diferente daquela que ela levou. 

Uniu seus lábios aos do ruivo antes que ele falasse alguma coisa. Sentir. Era isso que ela queria. Sentir que por um momento estavam de volta. Não de onde pararam, mas de um ponto muito adiante. Porque voltar ao passado só vale a pena quando o futuro não reserva nada, e o futuro lhes reservava muitas coisas. 

XXX

Quando a porta do restaurante abriu o que passou por ela foi uma garota super irritada com os cabelos molhados, e uma roupa estragada. Não que o garoto que vinha atrás dela estivesse em melhores condições, mas seu estado de espírito era muito mais maleável. 

-- Nem pense em falar comigo Idiota. – Gina disse ao passar por Harry que estava encostado no balcão e puxava assunto com Katty. 

-- Não se desespere Ariel, as barbatanas não são tão ruins assim. – Harry disse se controlando. 

-- Se eu não estivesse prestes a perder o resto de dignidade que me resta eu juro que você veria quem tem barbatanas. – Gina disse irritada. 

-- Quer ajuda? – Katty perguntou preocupada. 

-- Não! – Gina gritou. – Não deveria nem ter entrado aqui, mas era o lugar mais próximo. Cadê meu irmão? 

-- Tinha que resolver uns assuntos... – Katty disse o mais educada possível, mas não era de levar desaforo para casa e Gina estava abusando. 

-- Hum... – Ela disse se virando e saindo para os banheiros. 

-- O que deu nela? – Katty perguntou a Brian que estava todo molhado também. 

-- Não esperávamos essa chuva repentina, ela meio que se estressou... – Ele disse. 

-- Você também está molhado e não te vejo gritando com todos. – Katty disse. 

-- Não conhecem a Gina. – Harry riu. – O que é isso? 

-- O que? 

-- Xadrez? Nos dias de hoje? – Harry riu. – Acho que Gina deve está mais irritada com sua roupa do que com a chuva. 

-- Na verdade não vejo o que tenha de errado em usar xadrez Harry. – Katty disse achando o comentário do moreno desnecessário. 

-- Mas... 

-- Brian quer ir se enxugar? – Katty perguntou apreensiva, - Pode ficar doente. 

-- Eu não tenho como me enxugar, mas seria bom...

-- Era isso que eu ia dizer a irmã do Ron... Pode ir no meu quarto. – Katty disse. 

-- Mas... – Harry começou a dizer. 

-- Boa idéia... – Brian disse. – Obrigado. 

-- Não foi nada, só espero que consiga dizer a Gina... Ela poderia trocar de roupa. – Katty disse séria. 

-- Eu vou atrás dela e falo. – Harry se levantou e caminhou na mesma direção que a ruiva tinha seguido. 

-- Esperamos eles. – Brian disse. – Hum... Cheiro bom. 

-- Prato do dia. – Katty sorriu. 

-- Ron vai conversar com a Mione. 

-- Eu sei... 

-- Finalmente... – Brian disse sorrindo. 

-- Finalmente... – Katty concordou e ambos riram. 

XXX

Harry caminhou para onde ficavam os banheiros e devido o pouco movimento do restaurante por causa da chuva e do horário acabou não resistindo à tentação de implicar com a ruiva. Abriu a porta que dava nos banheiros femininos e passou por elas cuidadosamente e se encostou à parede esperando por Gina. 

-- Posso ajudar? – Gina começou a reclamar assim que saia de uma das cabines. – Garotinha sem sal... 

-- Hum... Ela realmente está mais para temperos como canela, cravo, pimenta... Gostos fortes você não entenderia. – Harry falou rindo fazendo-a se assustar. 

-- O que faz aqui? – Gina disse dura e o encarou com ódio. – Não sabia que tinha mudado de sexo, apesar dessa ser uma ótima idéia no seu caso né? – Ela sorriu cinicamente. 

-- Você realmente acredita nessa fantasia que criou? – Harry disse se movimentando até ela. – Duvido que tenha se esquecido como eu sou ótimo sendo homem. 

-- Ótimo seria um exagero. – Gina disse virando-se para o espelho e tentando dar um jeito no cabelo. – Seria muito exagero. 

-- Está morrendo de ciúmes... – Harry riu. 

-- Ciúmes? Do que? – Gina disse abrindo a bolsa e pegando um batom. – Só se for do sol que deveria está brilhando e não ter tirado folga sem avisos. 

-- Ciúmes de mim com a Katty... – Harry colou seu corpo ao dela. – Ela é boa, mas não é tão boa quanto você Ruiva. – Suspirou o perfume dela contornando a nuca e fazendo com que a pele de Gina arrepiasse instantaneamente. 

-- Harry... Para com isso, a escolha foi sua... – Gina disse fingindo não sentir nada e passando o batom nos lábios os tingindo de vinho. 

-- Minha escolha? – Harry perguntou sem se afastar e com a voz abafada pelo contato com a pele dele. 

-- Sua escolha... Se não me quis eu arrumo quem queira. – Gina disse com dor. 

-- Eu te quero. – Harry disse virando-a de frente para si. – Como eu te quero. 

-- Me quer? – Gina riu. – Eu posso entender isso perfeitamente, mas eu não te quero.

-- Gina não consegue me enganar. – Harry sorriu. – Seu corpo deseja o meu tanto quanto o meu te deseja. Não precisamos namorar, ou jurar amor eterno. Mesmo que essas sejam nossas verdades. – Ele disse a fazendo encará-lo profundamente. 

-- Nossas verdades? – Gina falou com a voz fraca. 

-- Nos desejamos mesmo quando estamos com outras pessoas... – Ele falou colocando a mão sobre a nuca dela e a puxando para o beijo. As mãos dela por fim se encontraram sobre os cabelos dele o puxando mais para si. 

Não importava com suas roupas molhadas e com a certeza de que Harry sairia de lá todo manchado, não importava que a porta estivesse aberta e que qualquer um poderia entrar. O beijo foi se aprofundando a cada segundo que se passava. As mãos foram ganhando agilidade pelos corpos e o ar se perdendo. 

Eles poderiam negar, mas eram diferentes os beijos e o jeito de tratar todas as coisas. Tudo com eles eram diferentes. Do começo ao fim eram mentiras, jogos, e intensidade. Harry e Gina somente viviam assim, a beira de um ataque de nervos, entre traições e idas e vindas. 

-- Gina... – A voz quebrou assim como o beijo. – Eu... Sinto Muito... 

-- Está vendo o que fez? – Gina disse empurrando Harry. – Se ela contar ao Brian? Ele é diferente, quer alguma coisa comigo e desconhece todos os meus altos e baixos. Você vai só me beijar, vai me conquistar e vai ser suficientemente frouxo para desistir. 

-- Gina... – Harry tentou falar, mas ela estava certa. 

-- Não estrague ainda mais minha vida. – Ela suspirou cansada, saindo do banheiro. 

Do lado de fora não esperava encontrar a dona da voz que atrapalhou o beijo e trouxe-a de volta ao mundo real. Parou ao lado da garota que tinha os olhos meio marejados, mas respirava calmamente. 

-- Sinto muito. – Gina disse para ela e na verdade realmente sentia. 

-- Eu só queria dizer que pode se trocar no meu quarto. Posso te emprestar uma roupa.

-- Katty... – Gina disse segurando a garota antes que ela se afastasse. 

-- Não vou contar ao Brian, ele é muito seu fã para ter uma noticias dessas. – Katty disse não demonstrando nem raiva e nem dor. 

-- Sinto Muito. 

-- Não sinta... – Katty disse e sorriu. – Eu não estou sentido, então você também não deveria. Cinco encontros servem para isso, e normalmente o terceiro nos mostra as verdades que os primeiros escondem. – Ela saiu andando deixando Gina para trás. 

-- Droga... – A ruiva bufou começando a andar. Não queria ter sido tão grossa com Katty, mas era verdade. Vê-la com Harry fazia com que seu sangue fervesse, só que agora não queria que a garota tivesse visto os dois juntos, porque sabia como as desilusões poderiam machucar e ferir. Harry era o responsável pela maioria das cicatrizes que a ruiva trazia em si. 

XXX

Brian estava quase se secando naturalmente quando Katty voltou e logo em seguida foi seguida por Gina. A ruiva trazia as roupas também quase secas, e a expressão de poucos amigos. Harry chegou poucos minutos depois da morena mostrar o caminho do quarto onde morava atrás do restaurante. 

-- Podemos conversar? – Ele disse com a voz demonstrando o quanto sentia pelo que havia acontecido. Katty deu de ombros esperando pelo que viria. – Não é o que você está pensando. 

-- Harry Potter que frase clichê. – Katty disse. – Como você sabe o que eu estou pensando? Eu não estou pensando nada. 

-- Mas... 

-- Estou apenas trabalhando, e por falar nisso... – Ela sorriu. – Terceiro encontro cancelado, afinal quando o chefinho está fora eu que tomo conta disso tudo aqui. E a responsabilidade cansa. – Ela se virou pronta para sair só que acabou sentindo seu corpo ser arremessado contra o chão e ser praticamente esmagado por um corpo alheio. 

Sempre foi típico de ela esbarrar e derrubar tudo, mas cair estatelada no chão puxando a pessoa por cima de si era uma novidade. Ela tentou sorrir e pedir desculpas, mas sua fala desapareceu ao encarar os olhos do causador de todo o estrago. Lindos olhos, tão cristalinos quanto à água e com um azul que quase chegava ao branco. Sentir um amor a primeira vista não precisa realmente acontecer quando vemos a pessoa pela primeira vez. Porque normalmente olhamos as pessoas e não a enxergamos. Mas era como se ela estivesse o visto pela primeira vez. 

-- Desculpa. – Ele falou todo constrangido tentando se levantar, mas fazendo com que se enrolassem mais ainda. – Droga. 

-- Tudo bem. – Katty conseguiu exclamar. 

-- Sou um desastre... 

-- Bem vindo ao meu mundo. – Katty sorriu. – Brian, respira a gente consegue se levantar. 

-- Isso... Sou meio ansioso também. – Brian a olhou constrangido. 

-- Espera. – Ela disse e rolou para longe dele. – Agora pode se levantar.

-- Valeu. – Katty disse sentindo as bochechas queimarem. 

-- O que aconteceu aqui? – Gina perguntou se aproximando. 

-- Brian derrubou a Katty. – Harry disse mal humorado. 

-- Foi um acidente, e as roupas ficaram boas. – Katty disse olhando para Gina. – Um pouco largas, mas eu tenho um pouco mais de corpo devido meu sangue latino. 

-- É... Muito mais corpo. – Gina disse sem vontade. 

-- Preciso voltar para cozinha. – Katty disse. 

-- Que tal nosso encontro aqui Gina? – Brian disse sorridente. 

-- Pelo visto a chuva não vai passar tão cedo. – Gina suspirou. 

-- Ótimo. – Harry sorriu. – Eu e a Katty podemos fazer companhia a vocês. 

-- Não... – Gina e Katty disseram ao mesmo tempo. 

-- É uma boa idéia, assim conheço mais os amigos da Mione. – Brian sorriu. – Vamos. 

-- Muito Obrigada Potter. – Gina bufou andando de braços dados com Brian. 

-- Não foi nada. – Harry sorriu. – Espero você na mesa. 

-- Qual a parte do “encontro cancelado” você não entendeu? – Katty perguntou seria. 

-- Como amigos... 

-- Como se eu caísse nessa. – Katty disse. – Só quer atrapalhar o encontro dela. Não vou compactuar com esse jogo sem sentido de vocês. Não seria mais útil crescer? – Se virou indo em direção a cozinha. 

-- Garotas... – Harry disse caminhando até onde Gina e Brian se instalavam. 

Os hormônios da juventude são sempre confusos e impulsivos. Mesmo quando a juventude beira o estágio adulto.

XXX

Sentir a chuva cair faz com que o corpo seja energizado, Luna vivia dizendo isso sempre que as gotas resolviam dar o ar da graça, e possivelmente a loira estaria certa, naquele momento Rony e Hermione sentiam seus corpos ganhando uma nova força e seus corações voltando a descobrir que alguns sentimentos são eternos. 

Seus lábios ainda estavam unidos assim como as mãos que no momento pendiam ao lado do corpo deles. Os dedos entrelaçados do jeito que todos sonham, fortemente, quase inquebrável. Era bom sentir novamente aquilo, como se nada pudesse fazer com que eles se afastassem, infelizmente já tinham se afastado uma vez e agora era hora de recuperar aqueles dias perdidos, os sorrisos que não trocaram, e as palavras que ficaram presas na boca do estômago e entaladas na garganta. 

-- Nós deveríamos sair dessa chuva. – Hermione disse sem ar. – Sabemos bem o que acontece depois de ficar assim na chuva... 

-- Eu fico doente... – Rony respondeu lembrando-se do melhor tempo da sua vida. 

-- Isso é real? – Hermione perguntou encarando os olhos azuis que brilhavam muito mais agora. 

-- Isso é muito real... – Rony disse abraçando-a. – E se por acaso não for real não me conte. Eu não suportaria viver o real sem você, não depois de tudo isso... 

-- Ronald... – Hermione sorriu acariciando lentamente o rosto molhado do ruivo. – Me desculpa... Por ter jogado meu amor por você no nada... Por ter mentido e sido orgulhosa demais para assumir que o melhor de voltar foi poder me ver novamente no seu olhar... Me desculpa por não ter acredito naquilo tudo que você sentia... – As lágrimas se misturavam com a chuva misturando os gostos e demonstrando que as nossas verdades podem demorar a aparecer, mas em algum momento elas aparecem.

-- Em tudo que eu sinto... – Rony a corrigiu colocando a própria mão sobre a dela que pairava em seu rosto. – Eu nunca vou deixar de sentir... Nunca... 

Hermione sorriu voltando a se aproximar dele e juntar seus lábios, desta vez por um breve instante, se afastou e levou consigo a mão de Rony até seu peito que pulava devido as batidas do coração. Ela sorriu o olhando. 

-- Eu relutei tanto em dizer isso... Em confessar esse sentimento que me atormenta todos os dias... Eu tentei, eu lutei e eu menti... Mas eu não posso mais fingir, porque eu simplesmente... – Ela suspirou e entre um sorriso fez com que a voz saísse forte, intensa, mostrando sua maior verdade. – Te amo... 

Rony escutou as palavras que menos esperava. Ela sempre tinha sido a ultima a declamar o amor, não era de dizer tais palavras com tanta facilidade. Mas era exatamente aquilo que ele mais esperava ouvir. O que tinha invadido tantas vezes seus sonhos, e seus pensamentos. 

-- Hermione... – Sua voz saiu falha. 

-- Eu te amo... – Ela disse sentindo como se finalmente se libertasse. Como se uma paz tomasse conta de seu corpo. Finalmente desistindo de fugir daquilo que lhe dava vida. – Eu amo esse seu jeito que tenta ser forte, mas é sempre fofo... – Ela sorriu. – Amo ter tentado escolher o melhor para mim, mesmo que o meu melhor sempre seja aqui... Com você... E amo o fato de tentar proteger meu pai, mesmo ele sendo o culpado de todas as lágrimas que derramamos... Eu simplesmente te amo... E eu passei muito tempo dizendo que não amava, dizendo que odiava, e tentando odiar... Mas eu amo... Eu te amo... E é um amor tão maior que eu que às vezes nem consigo agüentar... Te amo... – Ela disse por fim enquanto seus olhos se afogavam nos olhos dele.

Rony sentiu que podia se afogar nas palavras dela. Palavras tão doces, com uma voz tão delicada, e tudo que ele sempre esperou. Cada te amo, cada sorriso, cada certeza. Ele poderia dizer tudo que ensaiou minuciosamente em frente ai espelho, poderia conversar como nos sonhos acordados. Mas naquele momento ele só precisava repetir as palavras dela. 


-- Hermione... – Ele sorriu satisfeito, poderia finalmente dizer. – Eu também... 

Mas o som estridente de um celular a beira de ser completamente destruído fez com que o ruivo parasse as palavras pela garganta. 

-- Espera... – Ele disse e pegou o aparelho. – Alô... – Sua voz foi grossa e com raiva. 

-- Poderia voltar para o restaurante. – Katty disse com a voz embargada. – Porque eu não estou conseguindo. – Ele escutou um soluço. – Sabia que eu finjo ser forte, mas na verdade eu choro escondido? Sabia que eu detesto todos vocês homens sem coração que só servem para destruir sonhos de garotas inocentes como eu? Sabia que eu odeio seus amigos? E também sua irmã? 

-- Katty? – Rony perguntou assustado. – O que... 

-- O que aconteceu é simples... Essa chuva idiota trouxe até aqui o Brian e a Gina, só que aquele garoto sem escrúpulos que vocês chamam de Harry Potter estava aqui, e adivinha? Eles querem um encontro a quatro, só que eu cancelei o encontro após encontrar sua irmã aos beijos com aquele quatro olhos idiota... Mas eu sou uma boa pessoa e mesmo que o Brian seja um lindo e fofo que me ajudou a levantar quando cai no chão, bom, mesmo que ele não mereça que sua irmã o faça de idiota não sou que devo falar para ele largar a mão de ser um nerd burro e lesado e perceber que tem muitas garotas melhores por ai... Então você poderia, por favor, voltar para esse restaurante e me dar o dia de folga para que eu possa ao menos me trancar no meu quarto com um pote de sorvete e cobertura de chocolate e esquecer que sou obrigada a conviver com essas pessoas diariamente?

-- Você não está bem... – Rony tentou dizer. 

-- Oras, se eu estivesse bem não estaria te ligando e sim mostrando minha capacidade de comandar o restaurante na sua ausência. Agora por favor, pode vim logo? Obrigada. 

Katty desligou o celular. 

-- Algo grave? – Hermione perguntou. 

-- Gina e Harry fizeram minha melhor funcionaria pirar. – Rony disse. – Preciso ir... – Ele falou se afastando. 

Hermione se virou pronta para suspirar profundamente quando sentiu os braços de Rony a puxando. 

-- Eu também te amo. – Ele disse grudando seus lábios profundamente e em seguida sorrindo ao sair correndo do terraço. 

Hermione sorriu sentindo o gosto da chuva em seus lábios. Mas o melhor era o gosto de Rony. E a certeza de que o sol realmente volta a brilhar depois das tempestades. 

XXX

Existem momentos na vida que apenas fazemos. Fazemos o que nos dá na cabeça e ignoramos tudo e todos em volta. Simplesmente vivemos aquilo que queremos viver, e era exatamente isso que ele estava fazendo ao largar os companheiros para trás e sair em plena chuva com uma van ainda cheia de instrumentos. 

Draco Malfoy nunca foi o tipo de pessoa que se prendesse a compromissos, ainda mais quando seu coração falava mais alto que a razão, que as regras e que tudo. Ele estava com saudades, estava com vontade de sentir Luna em seus braços e por isso nem chegou a pensar duas vezes para desistir do show e deixar um substituto no seu lugar. 

Depois de quase duas horas dirigindo ele estacionou em frente ao prédio que vivia e que tinha a razão da sua vida. Subiu as escadas correndo até chegar ao andar certo e suspirou parado em frente à porta dela. Sorriu enquanto os nós de suas mãos batiam na madeira. E esperou para ouvir aquela voz doce que tanto amava. 

-- Oi... – Ele disse quando a loira apareceu em sua frente descalça e com os cabelos bagunçados. Exibia um olhar de quem acabará de acordar. 

-- O que? 

-- Luna... – Ele disse a puxando para fora do apartamento. – Eu te amo tanto... 

Seus lábios se juntaram com sede. Ele a encostou na parede, no corredor que tinha presenciado tantos beijos e tantas brigas deles. O loiro prensou o corpo dela contra a parede fria enquanto experimentava o gosto que tanto tinha lhe feito falta. Mexia nos cabelos dela, longos, e com os mesmo cachos de sempre. Aquele jeito desgrenhado que fazia seu coração bater mais rápido e mais lento. Senti-la em seus braços era sempre a melhor parte do dia, senti-la em sua boca era o que fazia querer sempre acordar, sempre cantar, sempre viver. 

-- Draco... – Luna sorriu ofegante quando seus lábios se separaram.

-- Luna... Quer casar comigo? – O loiro disse sem fôlego.

-- Espera... Essa pergunta já não foi feita há dois anos? – Luna sorriu. – Minha resposta continua a mesma. – Eu aceito casar com você. Quantas vezes perguntar. 

-- Eu quero saber se você que casar comigo agora... – O loiro disse a encarando. 

-- Draco? O que? 

-- Simples... Eu te amo tanto, não agüento mais não acordar e dormir ao seu lado... Na nossa casa... Te levar comigo para todos os lugares... Quero que seja minha de papel. – Ele a segurou pela cintura. – Quer casar comigo agora Luna Lovegood? 

-- Agora? Mas... 

XXX 

Rony ainda tinha a cabeça bagunçada tentando digerir tudo que havia acontecido nas ultimas horas. Tentando acreditar que foi tudo real e não apenas mais um dos seus milhares de sonhos onde tudo dava certo no final, quando na realidade nada estava bem. Dessa vez a realidade era estranhamente saborosa. 

Infelizmente seus momentos de plena e absoluta felicidade sempre duravam um tempo curto demais. E quando chegou ao restaurante encontrou uma mesa ao canto sendo ocupada por Harry, Gina e Brian. Suspirou andando até lá com as roupas pingando. Era uma meta comprar um carro, pois a moto um dia o mataria ou de acidente ou de pneumonia. 

-- Oi. – O ruivo disse sério olhando para o amigo que além de destruir o coração de sua irmã estava destruído o ideal de príncipe encantado que Katty havia construído. 

-- Ron... – Gina disse o olhando. – Está todo molhado, de onde veio embaixo dessa chuva?

-- Isso é outra história... Depois vai descobrir... – Rony sorriu. 

-- Não entendi... 

-- Conversou com ela... – Brian disse astutamente e Ron confirmou com a cabeça. 

-- O que? 

-- Depois eu explico... Onde está a Katty? – Ele perguntou ignorando Harry. 

-- Deveria está aqui... – Brian respondeu como se sentisse falta da garota. – Mas sumiu para a cozinha e não voltou mais... Estávamos esperando ela para conversar... 

-- Valeu Brian, mas acho que podem começar... – Ron disse olhando Harry com raiva. – Ela não vai poder vim aqui não. 

-- Larga de ser explorado Ron e deixe a garota ao menos comer com a gente. – Harry brincou. 

-- Nós conversamos depois Potter, e a senhorita também Gina. – Rony disse sério. – Katty está passando mal e vai sair mais cedo. 

-- Passando mal? 

-- É... Enjoou, algumas pessoas causam isso. – Rony disse se afastando. 

-- Será que é algo grave? – Brian perguntou. – Vou ver se posso ajudar... – Se levantou seguindo Rony. 

-- Isso é tudo culpa sua... – Gina disse fechando a cara. – Seu egoísta. 

-- Minha culpa? Nossa culpa. – Harry disse irritado também. 

XXX

Katty estava parada junto à porta dos fundos enquanto os outros ajudantes que não eram muitos, especificando eram apenas três garotos com aproximadamente a mesma idade de Ronald, trabalhavam e a olhavam preocupados. Ela sempre fora a vida do restaurante, mandando e brincando com todos, além de resolvendo os problemas sentimentais deles. 

-- Chefe a Kat não está bem... – Frank disse olhando com receio para as costas da garota. 

-- Eu sei... – Ron falou andando até ela. – Restaurante nas mãos de vocês por enquanto.

-- Ainda bem que está vazio ainda, e assim damos conta. 

-- Isso, só tem minha irmã e dois amigos. – Rony disse. – Cuidem disso. 

-- Falou Chefe... 

Rony caminhou até a garota que olhava a chuva constante, bem mais calma agora, porém não deixando de cair. A chuva para muitos pode ser tranqüilizante e capaz de enviar uma nova energia para a terra. Seria como se a água lavasse todos os problemas e impurezas dando lugar a algo mais puro. Mas para Katty naquele momento era como se o céu compartilhasse aquilo que ela sentia. Não que estivesse triste, ou arrasada, mas nunca é fácil você perceber que as pessoas são falsas, hipócritas e sem caráter algum. Não seria mais fácil simplesmente dizer? Explicar tudo que acontecia? Jogar seus sentimentos para fora e não transformá-los em pura idiotice? Ela nunca fazia isso, nunca escondia as coisas, mentiras somente magoam. 

Em momentos assim ela gostava de compartilhar das lágrimas do céu. Sabia que aquelas lágrimas deveriam ter um motivo bem mais nobre e melhor que o dela, mas ser humano é não pensar nos problemas alheios no momento em que seus problemas parecem os piores e maiores, mesmo que não sejam nada. Seres humanos são assim, egoísta na felicidade e ainda mais egoísta na dor.

E o pior de tudo é que não estava realmente com ódio, e a raiva começava a dissipar pelo menos a raiva que sentiu no momento que viu Harry e Gina juntos, aquela coisa de honra ofendida. O que ela sentia era algo muito próximo a pena. E todos sabem que pena é o pior sentimento que existe. Sentia pena daquela falta de coragem que eles tinham, da incapacidade de assumi o que sentiam, sentia pena deles como jamais sentiu na vida. 

-- Kat... – Rony disse se aproximando dela e se encostando do outro lado da porta. 

-- Oi chefinho... – Ela respondeu com a voz embargada, as lágrimas tinha secado com o vento. 

-- Não parece que o céu está chorando... – Rony disse a fazendo encarar. – São lagrimas de tristeza para alguns, e de alegria para outros. 

-- Encontrou seu fator desencadeante? – Katty sorriu. 

-- Encontrei meu fator desencadeante! – Rony concordou. – E você? 

-- Eu encontrei muitos fatores... – Katty disse. 

-- Está com raiva? 

-- Com pena... 

-- Com pena? Katty? 

-- Sim pena... 

-- Pode me explicar? – Rony disse a fazendo suspirar. 

-- Eles são fracos, e envolvem os outros nessa fraqueza... 

-- Katty... 

-- É serio... São tão fracos que não assumem o que sentem, mesmo que já tenham vivido tanta historia, é nítido nos olhares deles que viveram historias, é nítido no amasso que desejam reviver a maioria delas... 

-- Me poupe dos detalhes... Ela é minha irmã... 

-- Bom... Eles são fracos e buscam outras pessoas apenas para mostrar que podem. Mas não conseguem, então magoam os outros para se sentirem vivos? Entende? Não acho que sua irmã goste de alguma coisa em Brian.

-- Eles são fracos, e envolvem os outros nessa fraqueza... 

-- Katty... 

-- É serio... São tão fracos que não assumem o que sentem, mesmo que já tenham vivido tanta historia, é nítido nos olhares deles que viveram historias, é nítido no amasso que desejam reviver a maioria delas... 

-- Me poupe dos detalhes... Ela é minha irmã... 

-- Bom... Eles são fracos e buscam outras pessoas apenas para mostrar que podem. Mas não conseguem, então magoam os outros para se sentirem vivos? Entende? Não acho que sua irmã goste de alguma coisa em Brian. 

-- Mas... – Rony tentou falar, não conseguiu. Mas talvez se soubesse que uma pessoa iria escutar cada palavra que Katty dizia tivesse insistido mais no fim daquela conversa. 

-- Eu realmente acho que ela tente, afinal quem não tentaria? O Brian é diferente da maioria dos garotos e eu falei com ele por pouco tempo... Mas ela não se apaixonou perdidamente, ela apenas gostou do fato dele venerá-la... Se gostasse dele um pouco, um mínimo que fosse jamais deixaria ser beijada daquela maneira... Sem detalhes... È eu sei chefinho... E o que me da pena é que ela tem o garoto perfeito aos pés dela e está deixando isso passar porque o garoto certo só sabe brincar com ela. 

-- Katty... Harry e Gina já passaram realmente por muita coisa. 

-- E eles acham que eu não passei por nada? Acham que só porque o louro é fã de personagens fictícios não passou por nada? Eles são tolos que só sabem brincar com sentimentos... Deve ser por isso que não conseguem o que querem... Brincam com os próprios sentimentos e depois querem que os sentimentos continuem lá... Sentimentos não existem para serem mudados e massacrados, eles existem para que o mundo consiga se equilibrar. O mundo deles é cheio de nada... Por isso tenho pena... Pena do Harry... Pena da Gina... E o pior é que tenho pena das pessoas que ainda se envolveram nessa coisa que eles chamam de não amor.

-- Rony... 

-- Confia em mim...

-- Não sei o que sinto... Mas ele é diferente e sei disso desde o dia que conversei com ele no seu apartamento... Diferente e legal... Que não merece o que estão fazendo... 

-- Eu vou conversar com minha irmã... 

-- Posso pegar meu dia de folga? 

-- Claro Katty, e eu tomei a decisão de fechar o restaurante, quero minha noite de folga. – Rony disse sorrindo bobamente. 

-- Esse fator desencadeante foi intenso. 

-- Não sabe quanto... – Rony disse. – Parece que a chuva veio nos salvar, Kat... E eu preciso dizer Obrigado... 

-- Não fiz nada... Não sei fazer chover ainda, mesmo que tenha uns ancestrais bruxos na família e vampiros também. – Ela riu. 

-- Obrigado por ser quase uma irmã... Nunca tive uma amiga que disse como funciona a mente feminina. 

-- Você me ajudou Rony... Não me esqueço disso. – Ela sorriu se virando para sair. – Brian... 

-- O que? – Rony se virou e viu o loiro parado atrás dele. 

-- Eu... 

-- Esqueçam... Eu deveria ter percebido. – Ele disse sério. – Lana não é real, o Léo sempre disse isso. 

-- Vamos conversar Cara... – Rony disse enquanto pediu sem falar para que Katty fosse. 

-- Tchau... – Ela disse com a voz fraca, mas achou melhor mesmo deixar Rony resolver mais esse problema. 

Viver às vezes é uma droga. Na maioria das vezes para dizer a verdade. 

XXX

Constrangimento nunca é uma sensação das melhores. Ver Katty passando pelas mesas e conversando com os amigos que começavam a servir as poucas mesas daqueles clientes que sempre apareciam nos horários certos e que quase eram amigos deles. Ela sorriu para muitos mesmo que na verdade tivesse os olhos vermelhos e uma dor insistente em seu corpo. 

— Não vai ficar conosco? E o Brian? – Gina perguntou olhando para os lados esperando que o loiro se aproximasse logo. 

— Eu não estou me sentindo bem, e o Brian está conversando com o Ron... – Katty forçou um sorriso. – Bom encontro para vocês. 

— Mas... Katty... – Harry disse segurando em uma das mãos da garota. – Achei que íamos aproveitar a noite com os amigos. 

— Seus amigos... – Katty disse calmamente. – E vocês podem aproveitar. 

— Katty... – Gina falou tentando colocar todas as desculpas em seu rosto e em seu olhar. – Eu... 

— Tudo bem Gina... Eu entendo... – Katty disse e forçou outro sorriso. – Não entendo, mas acho que não sou eu quem precisa entender. 

— Sinto muito. – Gina murmurou. 

— Não sinta... – Katty disse docemente. – Eu não acho que fosse mesmo da certo. 

— Katty... – Harry disse indignado. 

— Eu só quero ir embora e ficar sozinha. Pensar um pouco. – Katty disse sorrindo. – Tudo vai ficar bem. 

— Mas...

— Mas... 

— Tchau gente... – Katty disse acabando finalmente com aquela conversa sem sentido. – Boa Noite. – Ela se distanciou saindo pela porta principal do restaurante. 

— Por que ela é tão legal? – Gina disse. – Ela deveria gritar, eu gritaria... 

— Gina... Eu cansei disso tudo... – Ele falou se levantando. 

— O que? 

— Isso não foi certo... Eu não sou o tipo de cara que magoa meninas como ela. Na verdade eu não sou o tipo de cara que mágoa, que usa e abusa. Cansei. – Ele disse colocando as mãos no bolso. 

— Harry... 

— Gina, olha o que você fez comigo. Eu não sou assim e não quero mais ser. – Ele suspirou. – Desculpa, mas Katty realmente não merecia isso. E eu você também não, o Brian é bem melhor do que eu e possivelmente vocês ficaram juntos e sem problemas. Ele é o cara certo. 

— Harry... 

— Bom encontro Gina. – Harry acenou com a cabeça e se afastou. 

— Isso está errado Gina Weasley. Muito errado. – Ela suspirou olhando em volta e pensando enquanto Brian não voltava. 

XXX

Rony nunca foi desse tipo de amigo — o conselheiro. Mas em momentos assim ele bem que entendia o que se passava dentro da pessoa. Aquela sensação de injustiça, de solidão e de pura raiva. Ele conhecia cada sintoma desses sentimentos, ele conhecia cada dorzinha que eles causavam, por isso naquele momento ele era o melhor amigo de todos, fosse para Katty ou fosse para Brian, ambos mereciam as mesmas palavras, porque sentiam a mesma mágoa. 

— Cara eu poderia te dizer mil coisas, mas sabe o que adiantaria? Nada. – Rony disse olhando para a mesma direção que Brian. Ou seja, para o nada. – Eu escutei mil teorias, e pessoas tentando me dizer coisas que deveriam me animar, mas não serviram para nada. Esses momentos a gente quer ficar sozinho e sentir toda a raiva, para vê se o ódio dura para sempre. Então... Eu só posso te dizer que minha irmã e o Harry são dois idiotas e venho falando isso a muito tempo, mas todos acham que eu sou o bobo e lerdo. Assim sendo colocam o foco da burrice em mim, quando na verdade eles são mil vezes mais lentos, burros e idiotas. 

— Eu só queria ter um pouco mais de sorte... – Brian bufou cansado olhando as gotas da chuva que voltava a cair fortemente. 

— Se eu dissesse que tem muita sorte e só não está conseguindo enxergá-la? 

— Provavelmente te chamaria de doido. 

— Então me chame, porque daqui um tempo longo ou curto eu realmente não sei, mas sei que você vai perceber que tem muito mais sorte do que pensa. – Rony disse dando seu melhor. Ser amigo e conselheiro é muito difícil, iria deixar esse cargo a Luna ela entendia mais sobre frases de efeito.

— Se um dia realmente acontecer isso eu vou agradecer por essa conversa, no momento eu estou rindo de você. 

— Tudo bem eu sei o que é sentir raiva, ódio, tristeza, e querer ver o mundo todo infeliz também. Uma hora passa, por maior que a ilusão seja ela precisa acabar. 

— Onde está Katty?

— No quarto dela, mas não sei se é uma boa hora para conversarem. 

— O que poderíamos fazer? Planejar um plano maligno contra sua irmã e o idiota que está com ela nesse momento? Hum... Isso é uma ótima idéia. E depois podemos conquistar o mundo. – Brian disse com uma expressão de poucos amigos. 

— Hermione está certa, homens não enxergam nada. – Rony riu enquanto deu tapas nas costas de Brian. – Mas você vai entender. 

— O que?

— Eu devia ter visto desde aquele dia, mas sou meio lento. Pelo visto você é ainda mais. – Rony disse. – Não vá para o quarto da minha funcionaria. Não ainda. 

— O que? 

— Brian, você é péssimo. – Rony saiu rindo. 

— As pessoas daqui são loucas. 

E ele não sabia nem da metade da loucura. 

XXX

Sentir os lábios dele sobre sua pele fazia com que arrepios jamais chegassem ao fim. Era como se ambos precisassem um do outro para sobreviver, e isso era praticamente uma verdade absoluta. A resposta pairava no ar, mas era uma pergunta tão tolamente obvia que nem precisariam pronunciar as palavras que diriam sim. Eles eram assim tão intensos quanto o fogo, tão envolventes quanto a água, tão surreais quanto o vento, e capaz de ser seguro feito a terra e especial como o espírito. Eles eram completos, inteiros e seriam eternos. 

A cabeça girava lentamente fazendo com que esquecessem onde estavam. Com eles as coisas sempre eram assim, fugazes demais e sem meio termo. O que deixava o relacionamento ainda mais real e cheio de certeza. Ela o empurrou antes que fosse tarde demais, antes que os vizinhos aparecessem, antes que o corredor presenciasse muito mais que beijos e amassos calorosos.

— Eu aceito. – Ela disse sem ar. 

— O que? 

— Já se esqueceu do que me perguntou Malfoy? – Luna disse o encarando com a boca vermelha e dolorida. Suas mãos ainda puxavam a camiseta de rock dele e os olhos se completavam em uma composição de azul nada comum. 

— Como eu esqueceria. – O loiro sorriu a beijando rapidamente. – Agora? 

— Agora! – Ela suspirou.

— Ótimo! – O loiro disse juntando suas mãos e a puxando para longe da porta da casa, em direção a saída do prédio. 

— Gina vai me matar, ela está tão animada com os preparativos do casamento. – Luna suspirou enquanto desciam as escadas correndo. 

— Deixamos a festa para ela preparar. Eu só preciso saber que você é minha. 

— Draco eu sou sua... Eu sempre fui, mesmo quando eu te chamava de idiota tarado. – Luna sorriu. 

— Será minha perante a lei. – Draco sorriu. – Só minha. 

— Você é muito possessivo sabia? 

— Com você eu sou o extremo total. – Ele sorriu enquanto abria a porta da van deixando Luna entrar. – Você me deixa assim... 

— Draco? E se um dia o nosso amor acabar? – Luna sorriu. 

— Nesse dia teremos a certeza que o mundo acabou e que os seus amiguinho verdes estarão invadindo a terra. – O loiro a beijou. 

— Seu bobo... 

— Luna eu te amo e isso é eterno. – O loiro voltou a beijá-la. 

— Eu sei que é. Eu sinto. – Ela sorriu. 

Fazer loucuras pode deixar a vida muito mais divertida e muito mais prazerosa. Draco e Luna eram feitos de loucuras. 
— A Gina vai me matar mesmo, ela ia ser madrinha em um lindo vestidinho azul. E a Hermione voltou por causa do casamento... 

— E vai ficar por causa do Ronald. – Draco sorriu. – Ela queria voltar amor. Mas a Gina vai te matar mesmo. 

— Obrigada pela ajuda. – Luna suspirou. – Zonzóbulos estão me deixando tonta. 

— Não são eles não. – Ele riu. – São meus beijos. – E voltou a beijá-la profundamente enquanto esperava um sinal abrir. 

XXX

Hermione estava voltando para o apartamento, muito mais calma e feliz do que poderia se lembrar e viu um casal loiro passando correndo por ela sem ao menos notarem a morena molhada e sorriu imaginando que eles no mínimo estavam fazendo alguma loucura, ainda se lembrava de tudo que Draco havia feito para conquistar Luna, e representar a cena de “10 coisas que odeio em você” não poderia ser considerado algo normal. 

— Loucos. – Hermione suspirou rindo enquanto abria a porta de casa e ia direto para o banho esperando se livrar da água fria que caia pelo chão. Mas era somente disse que pretendia se livrar, porque o momento com Rony ficaria guardado com ela pelo resto da vida. 

Eles estavam novamente juntos. Tinham finalmente se libertado daquela angustia e dor que vinha lhes acompanhando diariamente. Aquela sensação de fim sem meio, o que ela sabia ser impossível em qualquer história de bom gosto. O meio era essencial, o desenvolvimento era necessário e o que dava ao fim um gosto de trabalho bem feito. Ela precisava desse desenvolvimento e o Rony tinha que fazer parte dele. Ele fazia parte dela, como se a distancia fosse um pedaço de carne morta que não deixava o coração pulsar como deveria.

Com ele tudo pulsava e tudo batia. Tudo era felicidade e luz. Ela finalmente podia sorrir de verdade, e nada poderia mudar isso. Pelo menos naquele momento. Ela abriu o chuveiro vendo a água preencher toda a banheira. Sorriu para seu reflexo e pode finalmente pronunciar aquilo que seu coração gritava. 

— Juntos. – Ela sorriu. – Finalmente juntos.

Seu corpo sentiu a água quente lhe envolvendo e era como se os braços de Rony estivessem em volta dela aquecendo cada centímetro do seu ser. Essa era a melhor sensação de todas. A certeza de que o era uma vez um casal que ficaria junto para sempre. 



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