Entre O Brilho Das Estrelas escrita por Anny Andrade


Capítulo 8
Capitulo 8: Dúvidas




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-- Estou preocupada. 

-- Será que foi realmente uma boa idéia ter entregado a carta para ela? Assim sem um pré tratamento emocional?

-- Luna... Por favor... – Gina disse colocando as mãos nos quadris. – Ela precisava de um tratamento de choque. 

-- Eu sei... Mas... – Luna olhou assustada para a ruiva. – Faz três dias que ela não sai do quarto... 

-- Bom... – Gina mordeu os lábios e encarou a porta trancada. – Sabemos que está viva, já voltou essa música muitíssimas vezes... 

-- Gina... Deveríamos fazê-la sair, pode ficar doente... – Luna disse. – Ela não come nada desde aquele dia, e não podemos dizer que aquela comida fosse dessas que sustentam a gente... 

-- O que podemos fazer? – Gina disse se aproximando da porta. – Ela não quer falar com a gente... – Bateu na porta. – Mi? Tudo bem? 

O som do rádio aumentou e a ausência de resposta fez à ruiva se afastar para junto de Luna. 

-- Está vendo? – Gina disse. 

-- Estou preocupada... E se... 

-- Acha mesmo que o Rony ajudaria? – Gina perguntou. 

-- Estou dizendo isso há dois dias já... – Luna falou. 

-- E se pedíssemos para o Draco arrombar a porta? 

-- Seria ótimo, mas ele foi viajar com a banda e só volta daqui alguns dias. – Luna disse. – Detesto essas viagens... 

-- Isso é medo dele sair com todas as tietes? – Gina brincou.

-- Poderíamos pedir ao Harry... – Luna respondeu ignorando a brincadeira, ela realmente andava com pensamentos perturbados em relação ao loiro, mas se convencia ser tudo culpa dos zonzóbulos. 

-- Não... Ele resolveu implicar comigo com o fato do Brian está esperando o quinto encontro para me beijar. – Gina disse contrariada. – Que homem espera cinco encontros? 

-- Ele está sendo muito respeitador... – Luna riu. – Não era o que queria? 

-- Estou entrando em abstinência... – Gina disse dramaticamente. – E não agüento mais o Harry fazendo piadinhas... 

-- Como ele sabe dos cinco encontros?

-- Brian comentou com meu querido irmão que apoiou a idéia. – Gina disse cansada. – Como vamos fazer a Mi sair do quarto? 

-- Vamos ao ponto de tudo isso... 

-- Chamar o Ron? 

-- Chamar o Ron... – Luna respondeu se virando. 

No quarto de Hermione a janela permanecia fechada, a paisagem e o sol entrando pelo quarto não combinavam com o estado dela, e ainda por cima faziam com que as lembranças voltassem como lanças afiadas. Tudo ali a lembrava dos erros cometidos e dos sentimentos conturbados que agora faziam parte de seu coração e de sua mente.

A carta continuava ali em suas mãos, o papel já estava todo amassado e manchado com as lágrimas que pareciam incapazes de secar. Ela sentia ódio. Ódio de suas atitudes, de sua teimosia, ódio da incapacidade de perceber o que era tão nítido, o que era tão fácil de acreditar e de aceitar. Sentia ódio de ter negado do amor que foi lhe oferecido de corpo e alma. 

A música alta a ajudava a não escutar os próprios pensamentos, era como se as palavras misturadas com o som fizessem com que ela se esquecesse das dúvidas que lhe perturbavam. Como pode simplesmente ignorar a carta? Como pode rasgá-la sem ao menos abri-la? Quando tudo que estava escrito ali tinha a capacidade de mudar a vida dela... Mudar as escolhas... Quem eram eles para decidirem quais os sonhos eram os mais importantes? Essa escolha era somente dela. E agora as escolhas pareciam voltar a bater em sua porta. 

Fingir que não leu carta alguma? Rony disse para ela se esquecer de tudo que estava escrito ali. Ou ir atrás daquilo que deveria ter acontecido, ir atrás do amor e dizer que ela nunca poderia dizer não a ele, que nunca seria capaz de dizer não a um pedido como aquele. Implorar por um perdão que talvez ela mesma não desse caso estivesse no lugar dele. A mente dela girava lentamente dando náuseas e fazendo com que o corpo se sentisse cada vez mais fraco, mais pesado.

Seu estomago parecia querer liberar tudo e qualquer coisa que ela ainda tinha dentro dele, não poderia ser muita coisa, afinal fazia três dias que somente bebia água e mesmo assim passava muitos minutos do dia enjoada e debruçada sobre o vaso sanitário. O que realmente estava acontecendo com ela? Talvez fosse apenas dor querendo escapar de alguma maneira. Hermione suspirou lentamente voltando para cama, fechou os olhos e tentou com toda a força sugar o perfume dele que permanecia sobre o pano do Linguado. Ela precisava fazer alguma coisa, mas ainda queria apenas chorar. 

Parecia que as lágrimas faziam com que ela continuasse adiando a verdade. Uma verdade que iria machucá-la para sempre. Justamente o homem que ela mais amava tinha sido responsável pela pior dor da vida dela. Não queria enfrentar o fato de seu pai ter sido o responsável por ela abrir mão do maior sentimentos de todos. 

Sabia que as amigas estavam preocupadas, mas não era o momento de falar com elas. De receber os olhares acusadores, ou de ouvir aquelas palavras que ela provavelmente falaria “Eu tentei avisar”, ou “eu sabia”. Ela queria somente o vazio. Porque assim seria mais fácil de encontrar o caminho certo. 

-- Eu preciso dele... Sei que preciso... – Hermione suspirou. – Mas como eu posso recuperar os sentimentos que eu joguei fora? Hermione, você é uma burra... Uma burra... 

Luna já estava com as mãos na maçaneta da porta quando escutou batidas aceleradas. 

-- Nossa... Isso é muito estranho... – A loira disse se afastando. 

-- O que? 

-- Baterem na porta justamente na hora que eu ia abrir... – Luna disse séria. – Pressentimentos ruins...

-- Luninha deixa de besteira... – Gina riu e abriu a porta. – Tia Rose? 

A mulher estava com a face pálida e carregava duas malas. Gina teve certeza que Luna tinha razão, aquilo não poderia ser uma boa noticia, e pensou no fato de que a loira podia ser menos bruxa. 

-- Posso entrar meninas? – Rose falou com a voz fraca. 

-- Claro Tia... – Gina disse ajudando com as malas. – O que houve? 

-- Longa história... – Rose disse e foi possível sentir a raiva em sua voz. – Onde está Mione? 

-- Longa história. – Luna disse calmamente. 

XXX

Ele sempre ficava diferente quando precisava passar mais do que dois dias longe dela. Era como se aquilo que fizesse dele mais humano e mais vivo desaparecesse restando apenas um cantor idiota. E isso o deixava como lixo. Nunca imaginaria sentir-se tão conectado e tão viciado em apenas uma pessoa. Era como se juntos eles fossem um, e quando separados fossem nada. 

-- Olá... 

-- Oi... – Ele respondeu distraído, o copo de suco pairava em sua frente. Tinha até trocado o álcool por algo “mais saudável” como ela insistia. 

-- Posso me sentar? – Uma garota de cabelos loiros e curtos apontou para o banquinho ao lado do garoto. Ele apenas acenou com a cabeça e voltou a pensar nos lábios dela percorrendo sua pele. Odiava aqueles shows em cidades afastadas. – Parece distraído... 

-- O que? – Ele perguntou. 

-- Realmente distraído... E é muito difícil um garoto permanecer distraído na minha presença. – A garota sorriu. Seus lábios eram grandes e estavam pintados de vermelho. 

-- Jura? Eu acho bem fácil. – Draco respondeu sendo até um pouco rude. 

-- Preste atenção em mim e perceberá que é quase impossível. – Ela disse tocando no braço do garoto e subindo os dedos vagarosamente pela pele. Draco sorriu. 

-- Não vou dizer que você seja feia, pois não é... Não vou dizer que cairia facilmente no seu charme e que adoraria me afogar nos seus lábios... – O loiro disse. – Há uns dois anos atrás eu sairia com você daqui e me esqueceria de qualquer ensaio e provavelmente passaríamos o dia todo dentro de um quarto de motel barato. 

-- Essa é a sua idéia? – A loira perguntou sorrindo e se aproximando.

-- Poderia ser... – Draco disse se levantando. – Mas agora eu queria apenas cancelar essa apresentação e voltar para a Minha Loira. 

-- Quem sabe eu não poderia fingir ser ela? 

-- Ninguém poderia fingir ser ela... Ela é única... – Draco disse se afastando. 

-- O que aconteceu com os cantores solteiros e cafajestes? – A loira perguntou.

-- Dizem que todos se apaixonam. – Draco acenou indo em direção aos instrumentos. 

-- Está apaixonado? – A garota gritou. 

-- Não... Paixão passa rápido, o que eu sinto por ela é eterno... – Draco disse de volta. 

-- Pelo menos uma garota de sorte... – A garota sorriu. – Espero que sejam felizes. 

-- Idem. – O loiro pegou o violão arrancando sons e se preparando para a apresentação noturna. 

XXX 

-- E foi isso... – Luna disse entregando uma xícara de chá a Rose. 

-- Eu sabia de uma parte dessa história... – Rose disse abalada. – E não consigo entender como ele foi capaz disso... 

-- Talvez o Tio P. estivesse apenas pensando na felicidade da Mione... – Gina disse abraçando a senhora. – Tudo vai se acertar. 

-- Só vai no dia que ele criar vergonha na cara e pedir desculpas ao Ronald, e conversar com a filha... Se pensa que vou voltar está muito enganado... – Rose disse corajosamente. – Não sobreviverá muito tempo sem mim, faço tudo naquela casa. 

-- Melhor se acalmar... – Luna sorriu. – Bebe o chá... Eu que fiz... 

-- Querida... Não é necessário... 

-- Pode beber Tia... A Luna é boa com chás, não terá efeitos colaterais. – Gina disse rindo. 

-- Obrigada meninas... – Rose sorriu. – Não consigo entender como Phillips teve coragem de fazer isso... Se intrometer no romance da Mione, e fazer o pobre garoto largá-la... Ele está ficando um velho maluco... 

-- Sinto dizer, mas acho que ele está realmente enlouquecendo... – Luna disse. – Ninguém pode amar Hermione mais que o Rony... Eu vi o quanto ele sofreu por esses dois anos, e não foi nada fácil conseguir fazer com que ele deixasse de beber e de chorar todas as noites. 

-- Luna... Não precisa repetir isso... – Gina disse observando a senhora que tinha uma expressão envergonhada no rosto.

-- Desculpa, mas é verdade... 

-- Poderia tentar falar com Mione? – Rose perguntou apreensiva. 

-- Claro... Quem sabe assim ela sai do quarto... – Gina disse. 

-- Leva um chá e alguma coisa para ela comer, não come há três dias. – Luna disse apontando para uma bandeja sobre a mesa da cozinha. 

-- Boa Idéia... – Gina disse. 

-- Espero que ela me atenda... – Rose disse pegando a bandeja e caminhando para o quarto da filha. 

-- Espero que as coisas se acertem... – Luna disse com a voz triste. – Quero o Draquinho... 

-- Por isso não me apaixono mais amiga... – Gina disse abraçando a loira. – Draco volta logo, não se acostumou com isso ainda? 

-- Os dias estão sendo muito difíceis... Hermione trancada, Tia Rose aparecendo com as malas... – Luna disse. – E ainda sinto que vão acontecer muitas coisas, pressentimento ruim... 

-- Isola Luna... – Gina disse. – Eu tenho pressentimentos bons, quem sabe agora a Mi volta a ser minha cunhadinha? Vamos sorrir vai... Luna não fica triste... Luna brilha... 

-- Gina... – Luna sorriu. – Te amo amiga... 

-- Oh... Amo esses momentos ternurinha... – Gina disse rindo. 

Rose bateu três vezes e esperou a resposta que não veio. Tentou novamente e foi quando uma voz fraca soou pelas frestas da porta. 

-- Meninas eu preciso ficar sozinha... 

-- Amor... Não creio que seja o momento de ficar sozinha... – A voz de Rose foi abafada pela madeira, mas mesmo assim movimentos foram ouvidos pelo quarto e no segundo seguinte Hermione apareceu se jogando nos braços da mãe. 

-- Mãe... Eu... – Ela disse começando a chorar.

-- Desculpa, mas é verdade... 

-- Poderia tentar falar com Mione? – Rose perguntou apreensiva. 

-- Claro... Quem sabe assim ela sai do quarto... – Gina disse. 

-- Leva um chá e alguma coisa para ela comer, não come há três dias. – Luna disse apontando para uma bandeja sobre a mesa da cozinha. 

-- Boa Idéia... – Gina disse. 

-- Espero que ela me atenda... – Rose disse pegando a bandeja e caminhando para o quarto da filha. 

-- Espero que as coisas se acertem... – Luna disse com a voz triste. – Quero o Draquinho... 

-- Por isso não me apaixono mais amiga... – Gina disse abraçando a loira. – Draco volta logo, não se acostumou com isso ainda? 

-- Os dias estão sendo muito difíceis... Hermione trancada, Tia Rose aparecendo com as malas... – Luna disse. – E ainda sinto que vão acontecer muitas coisas, pressentimento ruim... 

-- Isola Luna... – Gina disse. – Eu tenho pressentimentos bons, quem sabe agora a Mi volta a ser minha cunhadinha? Vamos sorrir vai... Luna não fica triste... Luna brilha... 

-- Gina... – Luna sorriu. – Te amo amiga... 

-- Oh... Amo esses momentos ternurinha... – Gina disse rindo. 

Rose bateu três vezes e esperou a resposta que não veio. Tentou novamente e foi quando uma voz fraca soou pelas frestas da porta. 

-- Meninas eu preciso ficar sozinha... 

-- Amor... Não creio que seja o momento de ficar sozinha... – A voz de Rose foi abafada pela madeira, mas mesmo assim movimentos foram ouvidos pelo quarto e no segundo seguinte Hermione apareceu se jogando nos braços da mãe. 

-- Mãe... Eu... – Ela disse começando a chorar.

-- Eu sei querida... Eu sei... – Rose disse quando a garota se afastou e ela recuperou a bandeja que tinha sida colocada no chão. – Precisamos conversar, mas antes a senhorita precisa comer... 

As duas entraram no quarto e a porta voltou a ser fechada. 

Às vezes tudo que falta é um carinho, aquele colinho de mãe que te entende e te conforta. Hermione precisava ter certeza de que aquilo não era um pesadelo e que sua mãe não participará dele. Tudo que queria era parar o tempo para conseguir organizar os pensamentos e descobrir como voltar a agir. 

Só queria uma chance de gritar, de chorar e de sumir para que quando estivesse de volta pudesse recomeçar daquele ponto crucial. Recomeçar o amor que não deveria nunca ter sido roubado pelo destino. 

XXX 

Ele tentava sem sucesso prestar atenção em tudo tinha para fazer, mas fazia dois dias que todos os pratos que tentava inventar saiam horríveis e todos os alimentos que tentava cozinhar ou queimavam ou ficavam crus. O Restaurante estaria de pernas para o ar se não fosse pelos funcionários que mais pareciam amigos dele. 

-- Rony... – Katty se aproximou na décima tentativa do ruivo de montar um prato complicado. – Pode deixar. – Ele disse afastando o garoto e montando rapidamente. – O que está acontecendo? 

-- Não sei... – Rony disse arrancando o chapéu e saindo da cozinha. 

-- Vai lá Psicóloga de Plantão... – Um dos garçons disse. – Cuidamos de tudo. 

-- Vou mesmo, se ele queimar mais alguma coisa o restaurante vai falir antes de ser um restaurante conhecido. – Katty disse tirando o avental e indo atrás do amigo. 

O ruivo estava sentando em uma das mesas e esfregavas os olhos. Parecia abatido e cansado, era quase impossível esconder as olheiras. Katty sentou-se em sua frente, apoiou o rosto nas mãos e ficou olhando para o ruivo esperando. Sabia que ele falaria sem ela nem ao menos se manifestar, normalmente acontecia isso.

-- Eu sei... – Ele disse bufando. – Eu sei... 

-- Hum... Então Por que? – Katty perguntou. 

-- Não consigo Katty... – Rony desabafou. – Penso nela morando tão perto de mim, penso nos momentos que tivemos naquele corredor, penso no perfume dela que continua o mesmo e no toque macio das mãos dela sobre... 

-- Certo... Não preciso dos detalhes... – Katty disse corando. 

-- Minha pele... – Rony disse sério. – Fingir que não sinto nada é difícil demais. 

-- Não conversou mais com ela depois do jantar? – Katty perguntou pensativa. 

-- Não... E pensei que “amigos” serviria ao menos para vê-la, para mostrar a ela o quanto eu mudei e fazer ela querer me conquistar. – Rony disse. – Você me disse isso... 

-- Era para acontecer isso... Mas... – Katty pensou. – Algum fator desencadeante. 

-- O que desencadeante? – Rony disse de boca aberta. De onde a garota tirava essas idéias. 

-- Fator desencadeante... Algo que possa ter mudado do o rumo da história... – Katty disse como se fosse algo obvio. 

-- Você é maluca... 

-- Não sou... Algo que já estava traçado e não deveria acontecer, mas com alguma interferência aconteceu, entende? Vou explicar... Estava certo que você iria queimar a carne novamente, mas eu interferi e a carne ficou perfeita, ou seja, eu fui o fator desencadeante. – Katty terminou triunfante. 

-- Maluca... 

-- Rony... Eu estou querendo ajudar... – Katty disse. – Você está pálido, possivelmente não para de pensar nela, está ficando doente novamente... Assim como quando te conheci e estava apenas começando o restaurante... 

-- Eu não estou voltando ao inicio de tudo isso... 

-- Claro que está... – Katty disse. – Se não pode viver sem ela deveria procurá-la... Meu plano foi por água abaixo mesmo...

-- Não posso procurá-la, ela não me ama mais... Nem ao menos sei se um dia me amou. – Rony disse pensativo. – A carta. 

-- O que?

-- O tal fator desencadeante... Luna entregou a carta... – Rony disse se levantando. 

-- O que? – Katty tentou gritar, mas o ruivo já tinha saído do restaurante. – Mas... 

XXX 

Hermione estava mais calma e sua mãe lhe obrigará desligar a música e abrir as janelas. Nem parecia o mesmo quarto escuro e triste agora que as coisas estavam quase de volta ao lugar. Era impressionante o jeito de como as mães de repente arrumam tudo em volta e fazem com que até mesmo a tristeza dê uma trégua. 

-- Acho que agora podemos conversar... – Rose disse se aproximando da cama e apontando para a bandeja. – E você pode comer.

-- Não estou com fome. – Hermione disse sem vontade, olhar para as bolachas estava lhe enjoando. 

-- Claro que está, suas amigas me contaram que não come a três dias... Três dias Hermione? Está tentando fazer o que? Se matar? – Rose disse séria. 

-- Não... Só não queria sair do quarto... – Hermione disse segurando as lagrimas. – Aconteceram muitas coisas. 

-- Eu já sei... – Rose disse. 

-- Como?

-- Suas amigas disseram que você leu uma certa carta... –Rose suspirou. – Isso facilita muitas coisas. 

-- Como assim facilita? Do que está falando? 

-- Seu pai me contou que veio conversar com o Ronald. – Rose disse. – E eu não acreditei que o doce homem com quem me casei fosse capaz de interferir na vida da filha única. Isso me desnorteou, e tudo que consegui fazer foi pegar minhas coisas entrar em um ônibus e vim conversar com você. Queria te contar tudo, mas quando cheguei à bomba já tinha estourado... 

-- Demorei tanto para ler a carta que mudou minha vida... Meus últimos dois anos foram baseados em magoas e raivas infundadas... Eu odiei o Rony por me trair quando na verdade ele simplesmente fez de tudo para que eu seguisse com minha vida perfeita, realizando meus sonhos adolescentes...

-- Ele queria o melhor para você... – Rose disse. – Mostra o quanto é especial. 

-- Ele abriu mão de mim, do amor que sentia para que eu fosse feliz... – Hermione falou voltando a chorar. – E... E... Disse que me esperaria, que esperaria eu voltar para saber de apenas uma resposta... 

-- O que querida? 

-- Ele disse que esperaria os dois anos para saber se eu aceitaria casar com ele... Casar... Pode acreditar? E o que eu fiz? Ignorei a carta, disse com todas as palavras que não o amava. Agora ele entendeu que passado é passado e tudo que eu queria era poder mudar cada atitude e cada palavra. – Hermione desabou. – Sou uma egoísta, infantil, e idiota... 

-- Você não é egoísta querida... Nunca foi... – Rose disse abraçando a filha. – Talvez devesse apenas conversar com ele e dizer o que realmente sente, sem tentar ser orgulhosa... Só pedir desculpas e uma segunda chance. 

-- Mamãe... Obrigada... – Hermione disse abraçando a senhora de roupa distinta. 

-- Para que servem as mães a não ser para ensinar um pouco da vida para os filhos? – Rose sorriu. 

-- E o papai? Por que fez tudo isso? – Hermione perguntou. – Por que ele quis destruir minha felicidade? 

-- Acho que ele só queria seu bem... 

-- Mas a senhora saiu de casa? – Hermione questionou. 

-- Ele não sobreviverá muito tempo sem mim querida... E só volto quando pedir desculpas ao Ronald e a você. 

-- Descobri de quem herdei a personalidade. – Hermione disse. 

-- A teimosia foi de Phillips. – Rose disse séria. 

-- Obrigada... 

-- Pelo que?

-- Por me ajudar a ver a realidade... Preciso conversar com o Ron... – Hermione disse pegando a xícara de chá e comendo algumas bolachas. Quem sabe voltar ao passado dependesse somente dela. E se dependesse ela iria mudar a ordem das coisas. 

XXX 

A porta do apartamento bateu assustando Brian que lia os rascunhos de uma suposta continuação do livro que Hermione tinha escrito e feito tanto sucesso. Ele guardou as páginas soltas dentro de uma pasta e começou a ler suas partes favoritas de “Entre o Brilho das Estrelas” depois de um tempo percebeu que a pessoa sentada a sua frente o observava constantemente. 

-- Aconteceu alguma coisa? – Brian perguntou olhando assustado. 

-- O personagem é realmente parecido comigo? 

-- É exatamente você... – Brian disse. – Nunca sentiu curiosidade de ler? 

-- Não... Mas... Talvez esteja agora... 

-- Deveria ler... – Brian disse fechando o livro. – Eu estou apenas relendo as melhores partes, aquelas que os fãs insistem em comentar. Toma. 

-- O que? 

-- Leia... Assim descobre como que a Mi te enxerga... – Brian disse sorrindo e se levantando. 

-- Espera... – Rony falou. – Me conta... 

-- Contar o que? 

-- O que aconteceu durante esses dois anos, como que ela viveu... – Rony disse. – Como se conheceram e se tornaram amigos... Como tudo ocorreu... 

-- Não sou um bom contador de histórias... – Brian riu. – Tentou perguntar a ela? 

-- Não acho que nossas conversas tenham sido tão longas a ponto de chegar a isso... – Rony disse cansado. – Só trocamos farpas até agora, e... 

-- Mataram a saudade sem esperar que ela pudesse saber se eram saudades mesmo? – Brian perguntou.

-- Como? 

-- Uma parte da história está certa... Vocês aqui falam demais... Todos. – Brian disse. 

-- Então não vai me contar? 

-- Acho que você precisa realmente conversar com a Hermione, só está fugindo disso... Talvez fugir não seja a escolha certa. – Brian disse pensativo. 

-- E não é... 

-- Então... Por que está errando? – Brian perguntou. 

-- Às vezes o medo é maior que a curiosidade ou que a coragem. – Rony respondeu. 

-- Pelo que o livro diz você é bem capaz de enfrentar esses medos... – Brian disse. – Eu tenho um terceiro encontro hoje. – E saiu animado e derrubando algumas coisas. 

-- Ronald Weasley você é um frouxo... Levanta e vai ter a certeza de que Luna entregou a carta e de que ela finalmente leu... – Rony disse para si. Levantou-se e saiu do apartamento. 

Brian espiou e encontrou a sala vazia sorriu. 

-- Sou um ótimo aconselhador, sabia que deveria ter feito psicologia na faculdade, mas não... Virei só mais um nerd nesse mundo de pessoas ignorantes. – Suspirou e voltou a sair. 

Hermione esperava que sua mãe ficasse ali com ela, assim teria o carinho e o colo dela a seu dispor sempre que precisasse, mas Rose disse que seria o primeiro lugar onde Phillips a procuraria e ela não queria ver o marido tão cedo. Resolver alugar um quarto em um hotel, sabia que seria por pouco tempo e estaria mais confortável. Mesmo com a filha fazendo bico ela foi embora deixando uma nova esperança plantada no coração que naquele momento apenas chorava. 

-- Pensei que a tia fosse ficar por mais tempo, nem se despediu de nós... – Gina falou magoada. – Pensei que ela iria fazer um super jantar... 

-- Eu cozinho a quase dois anos sabiam? 

-- Luna... Não chamaria aquilo de cozinhar... – Gina disse rindo. 

-- Pelo menos eu sei fritar um ovo.

-- Eu sei discar para o restaurante do Ron... – Gina disse sem querer e olhou para a amiga. – Desculpa... 

-- Podem falar o nome dele... 

-- Leu a carta? – Luna perguntou. 

-- Luna... Não podia perguntar assim... 

-- Mas eu quero saber se ela leu... – Luna se defendeu. – Aquela carta tão... 

-- Linda... Meu irmão se superou... – Gina disse orgulhosa. 

-- Vocês leram? – Hermione perguntou indignada. 

-- Claro! Como acha que a carta voltou a existir? – Gina respondeu. – Os papeis não se colam sozinhos viu queridinha... 

-- Sinto muito... – Hermione falou. – Deveria ter lido antes... 

-- Nós sabemos disso... – Luna sorriu. - Então? 

-- Então o que? – Hermione perguntou assustada. 

-- Oras... Mi? A viagem deixou você burra é? – Gina perguntou rindo. – O que será que queremos saber?

-- Hum... Não sei... – Hermione disse disfarçando. 

-- Mione... – Luna sorriu. – Sabe sim, mas acho que está tentando digerir tudo isso... Fora que nem perguntamos como está? Sabia que estávamos preocupadas? Você ficou três dias trancados no quarto, sem comer... 

-- Eu... Sinto muito... – Hermione disse abraçando as duas de uma vez só. – Eu realmente sinto muito... Eu só precisava ficar sozinha... 

-- Agora nós temos nossa amiga de volta? – Gina perguntou sorrindo. – Aquela que é toda certinha? E que voltou como um mulherão? 

-- Sim... – Hermione disse baixinho. 

-- Eu não escutei... – Gina brincou,

- SIM! – Hermione disse alto e fazendo as amigas rirem. – Amo vocês. 

-- Claro que ama, somos perfeitas... Impossível não amar. – Gina disse. 

-- Então... 

-- O que? – Hermione sabia do que Luna estava falando. 

-- Pronta para conversar? 

-- Não estamos conversando Luna? 

-- Com o Ron... – Luna disse. – Ele merece uma conversa franca... 

-- Não sei se consigo... Eu tenho... 

--Medo? – Luna perguntou. Mione apenas assentiu. – Mas a vida é exatamente feita disso. 

-- De medos? – Hermione perguntou confusa. 

-- Da superação deles... – Luna sorriu. 

-- Luna deveria ter feito filosofia... – Gina falou fazendo as outras rirem,

-- Eu só vejo além do concreto. – Luna falou timidamente. 

-- Ela está com saudades do Draquinho. – Gina disse séria. – O que me faz lembrar que eu tenho meu terceiro encontro. – E saiu correndo. 

-- Terceiro encontro? – Hermione questionou. 

-- Brian só beijará ela depois de cinco encontros. – Luna riu. – Coincidentemente a Katty teve a mesma idéia e está fazendo o mesmo com Harry. 

-- Hum... – Hermione riu. – Rony e essa Katty são muitos amigos né? 

-- Nem tente Hermione... 

--Tentar o que? 

-- Nem tente arrumar desculpas... Rony e Katty são como você e o Harry... Quase irmãos. – Luna disse séria. – Vocês precisam parar com isso... E conversar. 

-- Luna... Você não existe. – Hermione disse caminhando ate a porta. 

-- Vai sair? 

-- Eu preciso enfrentar meus medos não é? – Ela sorriu e saiu.

Hermione caminhou até a porta de frente ao seu apartamento. Ergueu as mãos algumas vezes ao ar pronta para bater na porta, mas todas as vezes recuou. Suspirou profundamente e por fim resolveu caminhar até o fim do corredor e subir as escadas. Precisava pensar em quais palavras usar, em como dizer tudo que rondava sua mente e seu coração. Cada degrau que ficava para trás era um jeito diferente que Hermione usava para começar uma possível conversa. Nenhum deles parecia bom o suficiente. Ela tinha que ser natural, mas como conseguir simplesmente deixar as coisas fluírem? Como chegar e desmentir todas as ofensas, e desfazer todos os medos? Como simplesmente se entregar ao amor? Isso nunca foi fácil, e agora parecia quase impossível. As dúvidas lhe perseguiam enquanto deixava para trás a escada e se encontrava perante aquilo que ao mesmo tempo buscava e evitava. 

-- Oi... – Sua voz saiu fraca, confusa. Definitivamente aquele não era o jeito que planejava começar a conversa. Oi? Esperava alguma frase de mais efeito como “precisamos conversar” ou algo mais dramático como “estava mesmo procurando por você”, mas não, a única palavra que seus lábios foram capazes de pronunciar foi um débil e infantil “oi”. 

-- Hermione? O que faz aqui? – Ele perguntou e parecia mais confuso e assustado que ela. Aquele era seu lugar, estava ali tentando entender o que estava sentido, e o que esperava. Nem nos seus mais absurdos pensamentos ela apareceria ali. 

-- Hum... – Hermione suspirou, as palavras dele foram de efeitos. Ela que deveria ter frases de impactos, ela era a escritora de sucesso não era? Mas Ronald Weasley continuava sendo o único que conseguia deixa sem palavras. – Não sei. – Sua voz parecia mais infantil que nunca. Não seria o momento certo de colocar tudo para fora? De conversar? De pedir desculpas e dizer que aceitava? – Queria pensar.

-- É... Aqui é um bom lugar para isso. – Ele respondeu constrangido, fechando o livro que lia. Sorriu atrapalhadamente, na dúvida se devia ou não. 

-- Rony... 

-- Hermione... – Rony disse encarando-a. 

-- Nós... 

-- Já sei. – Ele disse vendo ela se aproximar. – Precisamos conversar... Novamente. 

-- É... Eu... 

-- Finalmente leu a carta? – Rony perguntou quase debochadamente, mas se segurou. Não era o momento de pirraças. 

-- É... – Hermione se aproximou e sentou-se atrás dele. Costas contra costas. O momento tinha chegado e nenhum ensaio seria suficiente para fazer com que tudo ocorresse da maneira certa. 




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