XXXXI

‘ O amor nos faz fortes, e também é esse o amor que nos faz fracos.

Makarov – Fairy Tail.

...

Ponto de Vista: Kuran Yuuki.

Dizem que percebemos que crescemos a partir do momento em que temos que tomar decisões que nem sempre nos agradam e que aceitamos sem reclamar ou tentar voltar atrás.

 Ditam como decisões de gente grande tais atitudes.

Então, se essa minha decisão pode se encaixar nesse grupo, eu realmente gostaria de voltar a ser uma criança.

Ela não me agradava nenhum pouco e se eu pudesse voltar a atrás, seria nesse exato momento.

Do que adianta ser considerada gente grande se eu sou a pessoa mais infeliz do mundo?

- Onde está seu sorriso, Yuuki? – perguntou a moça que ficou comigo durante todo o dia para me auxiliar nesse dia tão “especial”. Dei um sorriso forçado. – Bem melhor assim.

Olhei-me no espelho e vi a seguinte Yuuki.

Uma garota de cabelos castanhos presos em um coque desarrumado e um vestido branco tomara que caia gigante e rodado completamente de renda. Era um pouco curto na região dos pés deixando aparecer seu sapato rosa pink que havia calçado.

Seus olhos delineados com lápis preto mostravam uma tristeza sem fim, tinha que ser muito idiota para não perceber o estado na qual eu me encontrava.

Muita tristeza e culpa.

Eram os sentimentos que embaralhavam a minha mente nesse momento.

-... – preferi nada falar, só a deixar terminar de me arrumar.

- Sabe por que as noivas usam a cor branca nos seus vestidos? – perguntou ela, neguei com a cabeça mal se importando. – Minha mãe me dizia que é porque transmite a calma e a pureza da noiva em todos os aspectos. – explicava ela enquanto me ajudava a descer as escadas da mansão com aquele vestido gigante.

- Se for assim podem trocar a cor desse vestido, eu fugi dessa tradição. – resmunguei em um tom que só eu poderia ouvir, enquanto entrava em um mundo de lembranças.

Ao entrar no carro, me lembrei das lembranças na quais passei essas ultimas semanas.

#Flash Back On.

- E...? – perguntou Yori roendo as suas unhas de tanta ansiedade.

Com aquele resultado em mãos, fiquei totalmente paralisada com o choque que havia me dado.

Eu estava delirando ou aquilo estava realmente estava acontecendo comigo?

Levei minhas mãos até meu ventre e sorri bobamente.

- Er, e-eu eu estou gravida. – revelei ainda paralisada com a ideia, Yori pulou de alegria e me abraçou.

- Eu sabia! – se exibiu Yori. – Se for menino, Ichiru e eu iremos leva-lo até um jogo de futebol e ele será um famoso jogador. – sonhou Yori. – Se for menina, eu mesma levarei ela para assistir uma aula de balé e ela será uma renomada bailarina clássica.

- Yori, calma!  - pedi, rindo daquela situação. – Ainda nem sei de quantas semanas eu estou.

- Não importa, isso é maravilhoso. – falou Yori rindo, não pude deixar de rir da sua alegria contagiante. – Pena que o Kaname não pode nem imaginar isso.

- Sim e é por isso que eu tenho contar a novidade a a uma pessoa.

- Quem?

- Ao Zero, oras. – por fim falei pegando meu celular e digitando o numero dele.

#Flash Back Off

 Dentro daquele humilde carro que me levava até a igreja que ia me casar com Kaname.

Levei minhas mãos até meu ventre e dei o sorriso mais triste que se possa imaginar.

Será que se eu não tivesse aceitado aquele plano do Kaname e ter um grito ao ver o Zero ir embora da minha vida, pelo menos eu teria um final menos doloroso?

Eu sei, eu realmente mereço tudo isso que eu estava sofrendo.

Mais o que mais me doía era que nunca veria aquele revoltado de cabelo cinza e isso me deixava imensamente magoada.

Magoada pelo rumo que as coisas tomaram.

Magoada por estar pagando a aceitação daquele plano de Kaname.

Magoada por ouvir a verdade dura e dolorosa da boca do próprio Zero.

Mas do que adianta ficar assim?

Magoas não vão trazer Zero de volta para mim.

Nem magoas e nem nada.

#Flash Back ON.

- Zero. – o chamei naquele corredor do armazém perto de sua casa, ele pareceu ignorar minha presença lá. – Yah! Eu preciso te falar uma coisa.

- Que eu sabia não tenho nada para falar com você, Yuuki. – respondeu friamente colocando algumas frutas na cesta.

- È importante. – avisei ficando na frente de Zero, ele revirou os olhos. – Eu estou g... – antes que pudesse dar a noticia, ele me interrompeu.

- Eu não quero saber do que iria falar, do que deixou de falar, ou se era importante o assunto, Yuuki. – falou Zero. – Eu não quero saber de você.

- Mas... – tentei ainda falar, mas falhei.

- Sabe Yuuki, se tivesse falado que não me queria mais era só ter dito que eu ia sair da sua vida. Não precisava me deixar completamente apaixonado e achar que você se sentia o mesmo e depois me dar um pé na bunda. – por fim falou ele rumando até o caixa para pagar suas compras, corri atrás dele e ele pareceu se estressar com essa ação.

- Zero, não fala isso.

- Sai da minha vida, merda! – gritou Zero fazendo o armazém todo olhar para nós. – Eu não quero nunca mais olhar para essa sua cara e eu realmente espero que você seja a pessoa mais infeliz do mundo ao lado daquele sujo do Kaname.

-... – eu nada falei, o que falaria depois de ouvir isso?

- Aliás, vocês iram ser o casal mais perfeito do mundo. Vocês se merecem. – por fim falou Zero deixando de lados suas compras e indo embora do armazém e da minha vida.

#Flash Back OFF.

Passando por todos aqueles cruzamentos que me levava até a praia que seria realizada o casamento, eu ainda preferia me prender a aquele mar de lembranças.

Lembranças que toda certeza do mundo eu choraria quando me lembrar.

Lembranças consideradas boas e bonitas, lembranças ruins e horrendas, lembranças de um amor que foi destruído de uma forma dolorosa.

Se eu me arrependo de ter tido todas essas lembranças com Zero para depois ter esse final tão doloroso?

Em hipótese alguma.

Não importavam quais fossem as lembranças, se elas tivessem Zero já valeria a pena.

-x-

- Então você vai mesmo ficar aqui? – perguntou Yagari sentando do meu lado naquela mesa daquele bar tão repugnante. Preferi terminar uma das muitas doses que eu já havia tomado, e Yagari revirou os olhos.

- Se está falando do casamento daquela idiota, sim eu vou. – respondi sentindo o gosto daquela bebida arder em minha garganta.

- Encher a cara nesse maldito bar não vai resolver seus problemas. – falou Yagari pegando a garrafa de Vodka de minhas mãos, quase o matei só com um olhar. – Só vai te fazer parecer que é um frouxo que vai deixar a mulher ama se casar com o seu inimigo mesmo ela tendo dado o maior pé na bunda.

- Eu não amo a Yuuki, merda. – menti.

É claro que eu amava essa garota.

É claro que eu estava me sentindo um merda por ter gritado com ela naquele armazém e ter falado as coisas mais horríveis.

E é claro que eu estava sofrendo por ela estar se casando com aquele idiota.

Eu só não queria admitir para não parecer mais destruído do que já estou com essa historia.

- Esse não é o Kiryuu Zero que eu conheço. – falou Yagari ainda indignado. – Porra Zero, a mulher que você ama vai se casar daqui alguns minutos e você não nem tentar fazer algo.

- Eu não quero a ouvir dizer sim pro Kaname. Eu não quero ver que outro cara vai fazer ela feliz, eu não vou suportar ver isso, porra! – gritei, Yagari sorriu vitorioso.

- Então não vai nem tentar a fazer desistir, Zero? – perguntou Yagari. – Não vai tentar a fazer desistir e você tentar fazer ela feliz, merda Zero, eu sou prova que a sua vida é aquela garota. E você vai entregar de mãos beijadas sua vida ao Kaname?

Merda, eu odiava quando Yagari começava com esses discursos melodramáticos. Ele sempre acabava me fazendo concordar com as ideias loucas que ele tinha.

Mas nesse caso não era uma ideia maluca.

Era a minha felicidade em jogo.

- O que você sugere então? – perguntei, Yagari sorriu como se fosse aprontar alguma.

- Você tem medo de altura, Zero? – perguntou Yagari pegando aquela coisa pré-histórica que ele chama de telefone.

- E eu lá tenho cara de quem tem medo de altura, bosta?

- Ótimo. – por fim falou Yagari discando com o sorriso mais maléfico do mundo.

-x-

- Seja feliz, Yuuki. – desejou a moça me deixando atrás daquela espécie de cortinas que me escondiam para que eu pudesse ter uma entrada diva. Admito que eu realmente ignorei essa frase e nem me dei ao luxo de dar um sorriso agradecendo a mesma.

Eu sei que não seria feliz, então porque as pessoas me desejavam fazer o contrario?

Logo, uma daquelas clássicas musica de casamentos começou a tocar anunciando a minha entrada naquele lugar.

Eu passei por aquelas cortinas revelando a infeliz noiva que era eu. Kaname estava divinamente lindo vestido de noivo e sorriu de maneira encantadora a me ver andando sobre a areia até ao altar.

Suspirei pesadamente ao dar meus primeiros passos até o altar.

Ou como eu prefiro achar, para infelicidade.

[...]

Chegando ao altar, Kaname me deu um demorado beijo na testa e sorriu. Dei um sorriso amarelo e voltei a olhar ao teto de vidro que deixava parecer o entardecer da minha cidade.

Seria indelicado da minha parte ainda ter mínimas esperanças do que Zero apareceria para acabar com aquela cerimônia, tipo naqueles finais de novelas?

Mas para minha infelicidade, a cada segundo que a cerimônia avançava, minhas esperanças acabavam cada vez mais.

-x-

- Ichiru, é você? – perguntei, a ligação estava falhando por conta do lugar em que eu estava.

- Zero, onde você está? – perguntou o mesmo, sorri de canto.

- Não importa, eu só quero que me diga em qual parte a cerimônia está.

- Quase na troca de alianças. .

- Onde você está?

- Você verá, querido irmão. – por fim falei desligando o celular e terminando de colocar todos aqueles equipamentos de seguranças.

Suspirei fundo e olhei para Yagari que fumava um cigarro normalmente, como se aquilo que fossemos fazer não fosse nada perigoso ou maluco.

É, eu odiava admitir isso, mas eu estava devendo uma para esse velho pervertido.

- Chegou a hora. – avisou o nosso instrutor, sorri de lado.

- Está pronto Zero? – perguntou Yagari pisando em seu cigarro e colocando seu óculos protetor. – Só não vai fazer xixi nas calças, seu retardado.

- Vai se fuder, Yagari. – resmunguei, já que não podia bater nele com a roupa que eu estava. – È claro que eu estou pronto.

- Se está dizendo.

- E é agora que essa porra vai ficar seria. – por fim falei.

E dizendo essas palavras pulei.

Agora que a porra ia ficar seria mesmo.