XXXII

‘ Você já deveria saber qual era o preço do mal

[...] nesse maldito pesadelo. ‘

Nightmare – Avenged Sevenfold.

                                ...

Ponto de Vista: Kiryuu Zero.

- Você está dizendo que Meru, aquela garota que gritou agora mesmo está morta? – perguntei pela milésima vez, talvez não tivesse caído a ficha ainda.

- Mais que merda, eu já disse que sim. – gritou Kaito socando a parede daquela sala onde Meru estava morta. – Não está vendo? Ela está morta e eu não fiz nada para proteger ela disso. – falou ele agora abaixando a voz.

- E quem teria motivos suficientes para cometer esse crime?

- As pessoas que ela mais odiava enquanto estava em vida, os Sangues Puros. – falou Yagari agachado em frente ao corpo segurando um pequeno papel.

- Como pode ter tanta certeza assim?

Yagari levantou sua mão e me entregou o pequeno papel cor parda que continha uma caligrafia horrível, por sinal.

Li demoradamente as frases – que se a letra fosse um pouco mais piorada teria que consultar um tradutor para entender o que estava escrito naquilo – e mesmo com a letra “legível” não entendi o que estava escrito.

‘ Sua curiosidade aguçada lhe rendeu descobertas e seu ódio contra mim lhe tirou a própria vida.

A primeira. ‘

Era o que estava escrito ali.

- Foi o Kuran. – resmungou Kaito. – Foi a única pessoa que Meru teve contato esses últimos dias, ela soube de algumas coisas sobre ele. Está na cara, que foi ele.

- Se isso for verdade, não podemos fazer nada contra ele. – falou Yagari. – È um mero caçador contra um Sangue Puro.

- Foda-se. – gritou Kaito. – Ele matou a minha irmã, minha amada Meru, nada mais justo que eu retribuir em troca.

Eu entendia a raiva de Kaito e estava totalmente de acordo com ele vingar Meru, mas acontece que ele queria vingar a família Kuran.

Ou seja, ele iria vingar contra a família da Yuuki.

Pior ainda, se ele estiver mesmo com todo esse ódio no coração, ele vai matar a Yuuki.

Ótimo, ele que tente fazer isso.

Mas no caso ele quem vai estar morto se encostar um dedo na garota.

- Você que ouse fazer alguma coisa contra a Yuuki que eu juro... – tentei ameaçar, mas Kaito me interromper.

- Eu só vou fazer o que eu acho que é certo de se fazer. – por fim falou Kaito saindo dali.

[...]

Algumas horas se passaram e eu mesmo contra minha vontade tive que ficar no Conselho para ajudar Yagari com as coisas da morte da Meru.

O Kaito até agora não deu noticias e isso me preocupava muito.

Algo me dizia que esse cara ia fazer alguma merda e que ia prejudica muito gente, principalmente com a garota.

Fui para fora do Conselho para falar com a garota pelo celular.

Fiquei parecendo um retardado com o celular na mão e com o braço esticado na esperança dali pegar algum sinal de celular, mas nada. Merda, ali era tão em Narnia que nem celular pegava?

Digitei o numero da garota no celular pela milésima vez e fiquei esperando a garota atender quando finalmente pegou um pique de sinal.

Ela estava demorando a atender e isso me deixava ainda mais aflito.

Porra Yuuki, atenda a merda do seu celular!

[...]

Sai em disparada em uma moto que pertencia a alguém aleatório ali do Conselho mesmo e mal estacionei na porta da minha casa, praticamente deixei a moto ligada e praticamente derrubei a porta.

Estava um silencio mortal ali para aquela hora do dia.

Isso estava suspeito demais para o meu gosto.

- Yuuki! – gritei, subindo as escadas e rumando até os quartos. Não havia ninguém. – Yuuki, onde você está?

Sério, eu procurei em cada canto daquela casa e ela não estava em parte alguma.

Liguei para Yori para ver se ela estava com ela e a mesma disse que não via Yuuki desde ontem quando foram ao shopping, Ichiru disse a mesma coisa fazendo minha aflição aumentar em um nível asiático.

Resolvi ir para o jardim para pensar onde ela estaria e logo vi algo que me fez surtar de vez.

As roupas que estavam em um cesto cor musgo estavam caídas no chão junto com um pouco de sabão em pó.

Yuuki odiava bagunça, então não foi ela que vez isso.

Até que vejo algo familiar na grama.

Um colar com um símbolo não identificado.

A única pessoa que tinha um colar estranho como esse era o Kaito.

Analisei todo aquele silencio, aquela cena e veio a pior das hipóteses.

Kaito havia sequestrado Yuuki.

Ele ia matar a minha garota.

                            -x-

- O que você vai fazer comigo? – perguntei me encolhendo no canto daquele galpão abandonado, Kaito deu uma risada maléfica.

- Sabe, sua família me fez perde a pessoa mais importante para mim. – começou a contar Kaito olhando para mim. – Ela era minha irmã e tiraram a vida dela sem um pingo de piedade, e nada mais justo que eu fiz o mesmo com você?

- V-você vai me matar? – gaguejei ao pensar na terrível possibilidade.

- Eu sempre quis fazer isso Yuuki, não foi porque minha irmãzinha morreu que deu a louca de te matar. – falou ele brincando com uma pequena navalha. - Eu nunca gostei dos nobres, eu odeio sua família e você sempre foi a queridinha dos Kurans, então te matar se tornou uma espécie de obsessão para mim.

- M-mas sua richa é com o Kaname e não comigo, resolva isso com ele! – gritei deixando transparecer meu obvio desespero, Kaito riu da minha atitude.

- Você não entendeu Yuuki. – disse ele se agachando do meu lado. – Se eu te matar, eu vou vingar minha irmã, todos os mortos que foram prejudicas por essa sua família de merda e principalmente deixar irritadinho seu querido irmão Kaname. – falou ele com um sorriso diabólico, nem parecia aquele mesmo sorriso encantador de mais cedo.

- Ele vai deixar isso acontecer, nem ele e nem o Zero! – novamente gritei, dessa vez ele fechou a cara.

- Para de gritar no meu ouvido! – mandou Kaito me dando um dolorido tapa no rosto que me arrancou lagrima dos olhos.

 -... – não consegui responder nada, só senti as lagrima caírem sem cessar.

- Você não tem noção como eu esperei por esse momento. – falou Kaito agora sorrindo, ótimo achei alguém mais bipolar que o Andy. – Esse seu cheiro, seu delicado rosto, me deixa eternamente desorientado.

Ele se aproximou seu rosto do meu e me deu um demorado beijo no rosto, minha vontade era de empurra-lo e limpar meu rosto desse beijo nojento.

Mas era eu, contra um psicopata armado até os dentes.

O que eu tenho que psicopatas se sentem atraídos por mim?

Logo depois pegou sua navalha e colocou perto do meu pescoço, me fazendo gelar por completo.

- Eu não vou prometo que não irá doer, porque pelo contrario, vai doer e muito. – falou Kaito sorrindo diabolicamente. – E é exatamente isso que eu quero.

Eu nunca havia pensado com iria morrer, bem, era a segunda vez que essa cena acontecia comigo.

É, eu acho que psicopatas tem fraco por mim ou eu que sou um alvo muito fácil.

Então já tinha certa “experiência” com situações assim.

E com essa experiência que adquirir aprendi que a única coisa que se deve fazer é fechar os olhos e esperar pela sua morte silenciosamente.

Mas nesse caso, eu fiz todo esse ritual e chamei por um nome.

E era o nome do Zero.

Por favor, Zero, não fique com raiva de mim.

Quando estava para fechar os olhos, escutei alguém praticamente derrubar a porta com um chute que, serio, não era humano.

E quando vir a porta de madeira cair com tudo no chão fazendo a poeira daquele lugar levantar, pôde ver com toda clareza que eu ia sobreviver.

Ele veio para me salvar, meu Zero.

E lá estava ele olhando mortalmente para a cena que eu protagonizava com uma enorme espada samurai.

Sei que não era nada adequado para o momento, mas eu tive que sorrir.

Talvez eu estivesse feliz que eu viveria só um pouco mais e que Zero estaria do meu lado.

Pena que eu estava contando vantagem antes da hora.

-x-

- Eu deixei bem claro mais cedo que se você ousasse encostar-se à Yuuki, você era um cara morto. – falou Zero deixando transparecer na sua voz seu ódio. – Então me deixa fazer as honras?

- Desculpe Zero, mas você estará vivo para completar o que está pensando. – zombou Kaito sorrindo diabolicamente

Antes que eu pudesse tomar qualquer atitude decente, ele cravou sua navalha sobre meu ombro me fazendo cair no chão com uma dor insuportável.

Merda Zero, você é um inútil!

Eu tinha que me levantar para poder salvar a garota, era apenas isso que importava para mim.

Nenhum machucado ou corte era doloroso demais comparado a dor de ver essa garota sofrer.

- Zero! – gritou Yuuki se levantou e correndo até mim, mas Kaito a empurrou fazendo a mesma bater contra uma parede.

Ok, isso foi a gota d’agua ali.

Ele. Não. Deveria. Ter. Feito. Isso.

- Você quer morrer mesmo, seu maldito. – resmunguei enquanto me levantava com certa dificuldade. – Você quer não, você vai morrer agora! – gritei indo para cima dele com a espada, mas ele simplesmente desapareceu. Que magia foi essa?

- Serio Zero, você não deveria sair mostrar sua fraqueza por aí. – falou ele agora do lado da garota, corri o mais rápido possível para lá.  – O que você faria se eu fizesse isso com a Yuuki?

Não.

Ele realmente não fez isso.

Ele estava cortando o braço da Yuuki com ela desacordada.

Já chega!

Esse infeliz vai pagar por isso.

- Seu maldito! – gritei perdendo totalmente a minha consciência e deixando aquele eu monstro ressurgir de agora em diante.

Quando eu menos percebi, eu havia cravado a minha espada na barriga de Kaito fazendo o mesmo praticamente vomitar sangue pela boca.

Logo tirei a espada daquele local deixando transparecer um enorme e sangrento corte naquela região e o chão empoeirado daquele lugar ser pintado pelo sangue daquele maldito.

Ele estava morto e eu não pude deixar de rir diabolicamente da situação que eu havia criado.

Logo parei de com a minha sessão de psicopata sadomasoquista, quando ouvi a garota gemer de dor.

Menos mal, ela estava viva.

Agachei ao lado dela, mas aquele cheiro que ela tinha estava me deixando sonso. Senti meu selo arder, calma Zero você não vai machucar ela!

Você não pode machucar a garota!

- Merda Zero, se controle. – resmunguei.

- Z-Zero? – perguntou Yuuki abrindo os olhos lentamente com a voz falha.

- Er, eu estou aqui. Está tudo bem. – falei ainda desconfortável com aquela situação.

- Mas e o Kaito?

- Ele não vai te fazer nenhum mal, esqueceu-se do que eu te prometi aquele dia?

- Eu vou te proteger, mesmo que isso custe a minha vida. – falou a garota repetindo as palavras que disse a ela outro dia, ela sorriu. – Zero, eu te amo. – falou ela acarinhando minhas bochechas, senti as mesmas esquentarem, na boa mesmo que eu fiquei vermelho? Que coisa gay!

- Er, eu também. – foi o que eu consegui falar.

- E bom dessa historia é que eu deixo a Yuuki na sua responsabilidade alguns dias e ela quase morta por esse maldito? – resmungou o dono daquela voz tão irritante, Kuran Kaname.

Levantei-me e ajudei Yuuki fazer a mesma coisa, Kaname quando viu que ela estava machucada só faltou me matar.

Ah, ele não seria capaz disso.

- Ainda por cima machuca a minha Yuuki?

Sério, eu teria ignorado essa frase se não fosse por um pequeno problema.

Machuca a minha Yuuki?

Minha Yuuki?

Alguém pode me informar em que época a Yuuki foi desse cara e o único parentesco que eles têm infelizmente é que eles são da mesma família?

Retribui a olhada mortal a ele.

- Er, Kaname, agora está tudo bem. – tentou Yuuki suavizar aquela situação. – O Zero me salvou das mãos do Kaito que agora está morto, agora podemos ir embora.

- Vocês caçadores, que tipo de problemas vocês tem com a minha família? – perguntou Kaname, mentira que ele estava perguntando isso.

- Problema do tipo, matar pessoas inocentes por saberem os podres da sua família. – falei. – Isso não é segredo para ninguém, e a Meru foi a primeira a alertar isso.

- Que merda, vocês não sabem nem discutir decentemente. – perguntou Yagari encostado a uma das pilastras que sustentavam aquele galpão, ok de que hora ele estava ali? – E Kaname, um nobre como você que se julga tão certinho, pode cometer algo tão sujo?

- E Zero e Yagari, caçadores que se julgam tão corretos e justiceiros, como deixaram Kaito, um da lábia de vocês tentarem matar uma nobre como Yuuki?

- Vingança contra os ratos sujos nobres, ou seja vocês. – respondi rindo.

- Já chega de brincadeirinhas, um de vocês tentaram matar Yuuki e apenas isso foi a gota d’ agua para mim. – gritou Kaname, ui ele ficou revoltado. – Vocês vão pagar caro por isso, um por um.

- E enquanto nós? Você matou Meru e outros mais que foram ocultados por aqueles idiotas nobres que controlam o Conselho, nós queremos vingança.

- Irei conceder o doce desejo de vocês. – por fim falou Kaname sorrindo. – Mas a Yuuki vem comigo, vocês já traumatizaram bastante ela por um dia.

- Mas Kaname... – tentou falar Yuuki, mas foi interrompida por Kaname.

- Eu não vou repetir novamente Yuuki.

- Ok. – falou Yuuki me olhando. – Me desculpe Zero. – se desculpou ainda me olhando, merda eu queria que ela ficasse, mas seria melhor assim.

- Tá tudo bem garota. – falei dando um sorriso de canto, ela assentiu e foi embora com Kaname.

É, mas algo me dizia que não ficaria nada bem.

[...]

Já era de noite e eu tive que ficar novamente no Conselho para mais uma daquelas chatas reuniões que aconteciam ali, mas agora era sobre o rumo que as coisas tomaram e o que faríamos a partir de agora.

Uma vez ou outra eu falava algo, mas minha cabeça estava preocupada demais com Yuuki naquele ninho de cobras.

Eu espero que tudo fique bem, mesmo que eu esteja mentindo para mim com esse pensamento apenas para me confortar.

-x-

Eu já estava medicada e estava com uma atadura em meu braço que uma vez ou outra ardia ou latejava dependendo da ação que cometia em meu braço.

Meus pensamentos só chamavam o nome de Zero e isso me deixava terrivelmente preocupada.

O que faria agora?

Preferi ir assistir algum filme besta que passava na televisão para ver se os pensamentos ruins passavam, mas falhei miseravelmente.

Nem Meu Malvado Preferido me fez vomitar arco íris e esquecer os problemas.

Kaname passou pela sala e parecia apressado, quando viu que estava o observando sorriu.

- Prometo que não vou demorar, mas caso demore não me espere acordada está bem? – o recomendou ainda sorri, tentei sorrir de volta.

- Aonde você vai Kaname? – perguntei tentando não parecer curiosa.

- Resolver de uma vez por todas nosso futuro, pequena. – por fim me deu um beijo na testa e saiu.

-x-

Yagari e eu agora estávamos andando pelo Conselho talvez para esfriar a cabeça e pensar decentemente no que fazer agora.

Ali estava tão calmo que chegava a ser meio suspeito.

E eu não gostava de nada disso.

De repente, ouve-se apenas um grito vindo de uma das salas abandonadas dali.

- Que tipo de merda está acontecendo agora no Conselho? – resmungou Yagari olhando para mim, neguei com a cabeça não sabendo a resposta.

- Vamos ver o que nos aguarda agora.

E saímos correndo em disparada explorando cada sala daquele desprezível prédio medieval.

A cada sala me perguntava o porquê de eu ter sido escolhido para ser um caçador, mas não havia algo que mais me deixou mais em choque do que a cena do salão de marfim.

Mais uma morte havia acontecido ali.

Dessa vez, havia uma espécie de forca amarrada em uma das hastes do salão onde estava amarrado pelas mãos um corpo sem cabeça.

Embaixo além da cabeça desfigurada, havia muito sangue e um bilhete.

Peguei o mesmo e era a mesma letra e o papel do bilhete que encontraram com Meru.

E o mesmo estava escrito

.

‘ Que a nossa adorável guerra comece.

 Numero 3 ‘

- Foi os nobres não foi? – perguntei embolando aquele bilhete com raiva.

- Ainda tem duvida?

- Então que essa merda de guerra comece.