XXXIV

‘

Ponto de Vista: Kuran Yuuki.

Havia se passado alguns dias e todos naquela casa pareciam estar estranhos comigo.

Eram respostas curtas e objetivas, os sorrisos e as gentilezas haviam sumido completamente dos seus rostos e aquele silencio daquela casa estava começando a me irritar.

O que estava acontecendo a final?

Era uma noite nublada em que as estrelas quase não apareciam no céu, uma atmosfera mórbida adentrava aquele lugar e eu não gostava nada disso.

Eu estava na mansão Kuran e Kaname e outros amigos dele estavam em uma pequena reunião no salão de jogos.

Todos estavam ali, até Seiren a estranha filha da nossa empregada. Serio, ela me dava um pouco de medo.

Comecei a andar em círculos por toda aquela biblioteca que havia na mansão ansiosa por qualquer informação que pudesse matar minha curiosidade.

Mas até agora estava falhando de modo miserável.

- Agora mesmo irá criar uma cratera aqui no salão de tanto andar em círculos assim. – zombou Ichijou, um grande amigo de Kaname e também se tornou meu amigo, não pude deixar rir do seu comentário.

- Me desculpe, eu estou atrapalhando sua leitura não é Ichijou- senpai? – perguntei assim que percebi que ele estava com um grosso livro em mãos.

- Você não atrapalha Yuuki. – falou ele com um sorriso tão encantador que me fez perder até minha linha de raciocínio no momento. – Além do mais entendo a sua preocupação.

- Por favor, me conte o que está acontecendo. O porquê das pessoas estarem tão estranhas comigo e essa atmosfera tão mórbida habitando essa região. – é, eu praticamente implorei para ele. Mas quando ouvi tal apelo, seu sorriso encantador sumiu das suas feições tão delicadas.

- Eu não estou autorizado a falar sobre esses assuntos com você, Yuuki. – explicou Ichijou parecendo um pouco indiferente. – Eu sinto muito.

- É tão grave assim? – perguntei já entrando em desespero.

- Yuuki, logo você irá saber o que é. Suponho que Kaname logo lhe avisará sobre tal situação que estamos passando. – falou ele se levantando levando o livro com ele. – Enquanto isso tente não furar o chão da biblioteca, ainda tenho muitos livros para ler por aqui. – ironizou por fim Ichijou bagunçando meus cabelos e saindo.

Ah, ótimo!

Voltei a estaca zero.

E falando nisso, onde ele estaria?

-x-

E o numero de assassinatos só vieram a aumentar nessa faixa de tempo de 48 horas.

Apenas um bilhete com uma frase tosca, era apenas isso que ele deixava.

E o que mais me deixava com ódio, era o fato em que não poderíamos fazer nada para impedir isso, já que não podíamos provar que foi o Kaname com apenas os bilhetes que foram deixados junto aos corpos.

Era esperar sentado pela adorável surpresa que a qualquer momento você poderia ser morto.

Lindo isso, não?

- A gente não pode ficar parado esperar ser o próximo jogador desses apavorantes jogos mortais. – resmunguei bagunçando meus cabelos cinza, entediado com aquela situação.

- E é por isso que eu tenho uma ideia. – revelou Yagari se levantando.

- Que tipo de merda você está pensando em fazer, Yagari?

- Simples, vamos também participar dos jogos mortais deles. – falou Yagari com um sorriso mais diabólico de todos brincando com uma pequena navalha.

- Na boa, Yagari você não presta. – falei rindo da situação pegando minha arma.

- Você vai rindo feito um retardado ou vai me ajudar com a nossa brincadeira?

- Você ainda pergunta, seu maldito? – por fim falei me levantando e carregando a Bloody Rose.

E eu fiquei rindo diabolicamente enquanto ia com Yagari convidar mais pessoas para a nossa pequena e adorável brincadeirinha.

É agora que a porra vai ficar seria.

                                -x-

E o silencio misterioso ainda reinava nos arredores da mansão Kuran.

Eu daria tudo por qualquer movimentação, noticia, confusão qualquer coisa que pudesse quebrar aquele silencio que ironicamente estava me dando aos nervos.

Zero, onde estaria você agora?

- Surpresa! – sussurrou alguém no meu ouvido me fazendo soltar um grito totalmente desnecessário para o momento, ele riu da minha reação. – Não era para você se assustar tanto.

- O que você esperava com uma pessoa sussurrando no seu ouvido, Zero? – perguntei, ele riu, mas suas feições eram preocupadas. – Ei, o que está acontecendo?

- Eu não posso falar nada ainda. – falou Zero, ótimo ninguém me conta mais nada nessa droga mais não? – Mas eu só peço, fique longe da confusão que vai acontecer.

- Que confusão? – perguntei ainda mais curiosa e aflita. – Zero, por favor, me explica o que está acontecendo.

- Vamos tocar o terror nessa porra agora! – gritou alguém vindo dos corredores. Agora que não entendo mais nada aqui.

- Eu tenho que ir, se cuida Yuuki. – por fim falou Zero me dando um rápido beijo nos lábios e saindo correndo pelos corredores a fora.

Não sei por que, mas quando Zero disse tais palavras senti um aperto no meu peito.

Parecia que seria uma espécie de despedida essa pequena frase dele.

E eu não estava gostando nada dessa historia.

Despedidas.

Eu nunca fui muito boa em colocar em pratica tão ação.

Então, fui correr atrás de Zero mesmo ele deixando bem claro que não queria que fosse parar no meio da confusão.

Mas quando sai porta fora do meu quarto, me deparei com um cenário de guerra.

Sangue jorrando pelo chão pintando de vermelho toda aquela decoração clara e delicada da minha casa, gritos de dor e uma atmosfera de dor e de ódio rondavam ali.

E foi aí que tive certeza, era isso que estava escondendo de mim.

Estava acontecendo uma guerra entre os amigos do Kurans e os caçadores, mas agora por quê?

A resposta não era muito importante para mim a partir do momento em que finalmente caiu minha ficha.

Se for uma guerra, pessoas morreriam.

O Zero poderia morrer.

MEU DEUS, o Zero vai morrer!

- Zero! – sai gritando e correndo por todos os lados, desviando dos golpes e empurrando todos a minha volta. – Zero! Onde você está?

- Yuuki, o que pensa que está fazendo? – perguntou a voz que pertencia a Kaname pegando no meu braço e me obrigando a olhar para si. Seu olhar era cheio de ódio e desprezo. – Eu tenho que te tirar daqui!

- Não! – gritei e Kaname fechou a cara para mim de uma maneira aterrorizante. – Eu tenho que falar com o Zero!

- Eu vou te salvar primeiro! – gritou de volta Kaname. – E depois disso, apague qualquer sentimento pelo Zero, você nunca mais o verá na sua vida.

Ao ouvir isso, eu empurrei Kaname com uma força que até não sei da onde saiu e saí correndo atrás do Zero que nem uma louca enquanto ouvia gritos tipo “volta aqui Yuuki” vindo de Kaname.

Eu não ia, eu não queria acreditar que nunca mais veria Zero.

Isso não ia acontecer!

Deveria ser apenas o stress que a confusão aqui em casa causou na cabeça de Kaname e ele disse isso da boca para fora.

O cenário de guerra não tinha como ser piorado, a cada passo que eu dava eu parecia me traumatizar ainda mais com aquele cenário.

A cada passo, se ouvia um grito ou xingamento, uma pessoa se feria ou perdia a vida e isso só contribuía para que eu ficasse ainda mais aflita com isso.

- Zero! – comecei a gritar pelos arredores e o mesmo parecia me ignorar totalmente. – Droga Zero, onde você está?

Eu havia chegado a um enorme salão onde havia vários caçadores lutando entre os nobres conhecidos da minha família. Havia um desagradável cheiro de morte ali que fazia meu estomago revirar por completo.

Tirando a parte de eu quase vomitar olhando certas cenas de filmes de terror, de repente ouço um grito que parecia ser de alguém que parecia ser conhecido.

Entrei em total desespero ao ver que esse grito de dor pertencia a Zero.

E lá estava ele no chão, com um corte em seu ombro fazendo com o que sua blusa ficasse toda manchada de sangue e o que mais me apertava o coração era que lhe apontavam uma espada em seu pescoço e ele não poderia fazer nada para impedir.

- Do que adiantou ser tão revoltado conosco para que no final morrer no sujo chão de nós, os ratos sujos?

- No final valeria a pena, a cara de assustado que vocês fazem quando estão em perigo ou quando morrem é épica. – zombou Zero rindo, só mesmo para fazer piada numa sitação dessas.

- Cala a boca, maldito.

E o homem estranho ia para atacar Zero com a sua enorme espada.

Não!

Eu não ia deixar que ele matasse o Zero, não na minha frente.

- Zero! – gritei saindo correndo em direção ao cara.

Eu corri o mais rápido que pude mais aquele salão parecia estar maior do que sempre era normalmente.

E quando finalmente estava prestes a chegar perto de Zero alguém me puxou pela cintura me impedindo que eu fizesse tão ação.

- Você vem comigo agora! – mandou Kaname, claro que tinha que ser ele .

- Me solta agora Kaname! – mandei me esperneando enquanto ele me tirava dali.

Quando Zero percebeu minha presença ali, rapidamente tirou do seu bolso sua Bloody Rose e em um rápido movimento atirou bem no meio da cara do homem que estava tentando lhe matar.

- Solta a Yuuki agora! – rosnou ele se levantando com dificuldade e colocando a mão em seu machucado.

- Você nunca mais verá o Zero, não depois de tudo que ele aprontou por hoje. – reclamou Kaname.

- Qual parte de solta a Yuuki você não entendeu, merda? – gritou Zero correndo até nós, mas algo o impediu violentamente de prosseguir.

Outro homem lhe atingiu com um golpe certeiro por trás, o fazendo cair no chão.

Ele estava com uma arma e estava apontando para Zero.

Ele ia matar o Zero!

- Zero! – por fim gritei antes de ver tudo escurecer por completo na minha mente.

E minhas ultimas cenas foram o homem atirando em Zero sem uma misera piedade.

Não.

Não pode ter acabado assim.

O Zero não poderia ter morrido assim.

E eu me sentia um lixo em ter visto tudo isso e não ter feito nada para impedir.

Minha vida acabou, a partir de agora.