XXIII

‘ Eu nunca disse que faria o que era direito, não se conserta o que já nasce com defeito ‘.

   Matanza – Eu Não Gosto de Ninguém

                             ...

Ponto de Vista: Kuran Yuuki.

Eu estava na minha casa. Não na casa do Zero – na qual prefiro infinitamente -, mas na casa dos Kurans.

Eu iria passar o final de semana aqui e acho que irá ser bem legal.

É, eu realmente espero.

                        -x-

É, a garota está lá passando o final de semana junto com aqueles ratinhos sujos dos Kurans e não, eu não estava gostando nada dessa historia.

Eu só deixei porque, ah vocês sabem. Nada a ver eu ficar prendendo a garota aqui sendo que a família biológica dela quase tem um enfarte  para que ela passe o final de semana.

Eu acho que esse final de semana será o mais longo do minha vida.

- Ah cara, isso tudo é por causa da Yuuki ter ido pra casa dos Kurans? – perguntou Ichiru jogando no vídeo game, me sentei do lado dele.

- Não é a mesma coisa sem ela aqui. – resmunguei.

- Não é a mesma coisa sem ela aqui. – me imitou Ichiru, revirei os olhos. – Para Zero, se está com tanta saudade dela porque não vai visita-la?

- Vai ficar parecendo que eu estou desesperado de saudades Ichiru.

- E você não está?

- Não. – neguei, Ichiru me olhou com aquela cara “ok, se isso for verdade eu sou a Beyoncé”. – Ok, talvez eu esteja, só não quero parecer.

- E eu ainda me pergunto o porquê de você tentar mentir para mim. Eu tenho poder de ler mentes Zero, nunca duvide disso, sou tipo aquele personagem daquele desenho o Megamente, sabe?– se achou Ichiru, comecei a rir.

- Ok Megamente, se troca que a gente vai atrás da Yuuki. – zombei.

- Eu não, vou me encontrar com a minha atual futura namorado agora mesmo. – falou Ichiru suspirando feito um bobo. – Ela é tão linda.

- Eu espero que essa atual futura namorada não seja uma como a Tsumugi.

- Claro que não. Ela é diferente Zero, ela jamais seria como uma vadia como a Tsumugi.

- E eu posso saber quem é?

- Você não conhece. Ela trabalha na sorveteria do lado do meu trabalho, ela se chama Wakabe Sayori, mas todo mundo a chama de Yori.

- Ah sim, eu conheço ela. Já a vi conversando com a Yuuki, ela é bonita.

- Tire o olho da minha futura namorada, comedor de mocinhas inocentes. Eu te mato se tentar fazer algo com ela. – ameaçou Ichiru, ri. – Quer ir com a gente? Íamos ao shopping passear.

- E eu pagar uma vela para vocês dois? Jamais.

- E quantas vezes eu não paguei não só uma vela, como uma tocha olímpica para você e a Yuuki? E além do mais o que você vai ficar fazendo aqui sozinho? Sei que não tem anda melhor para fazer.

- Ok. Você venceu.

                         -x-

- Ok. Você venceu. – avisei fazendo uma careta, Kaname riu.

É, Kaname me convenceu a ir ao shopping com alguns amigos dele e a sua atual “ficante” como ele mesmo diz.

Eu só espero não ficar sobrando no meio desse povão todo.

- Eu sabia que você ia concordar.

- Chato. – resmunguei, ele sorriu. – Me deixa trocar de roupa então, ou você quer que eu vá de pijama do Pikachu?

- Só se quiser encontrar outro alguém vestido de Ash. – zombou Kaname, mostrei a língua para ele e ele bagunçou meus cabelos. – Te esperarei na sala.

E saiu. Vesti uma blusa branca com estampa dos Ursinhos Carinhosos – a proposito foi o Ichiru que comprou depois de eu praticamente obrigar ele comprar e fingir que era um presente surpresa para mim -, um short jeans de lavagem clara todo desfiado e uma sapatilha vermelha. Fiz uma trança de lado toda bagunçada e uma tiara de laço.

Cara, eu estava até adorável.

Peguei minha bolsa e desci. Kaname me esperava e sorriu a me ver.

- Está linda, mas não acha que esse short está meio curto não?

- Não, algo contra?

- Nada. É só que eu sou seu irmão agora, esqueceu? E é dever dos irmãos mais velhos implicarem com o tamanho das roupas das irmãs mais novas.

- Ai meu Deus, só me faltava essa agora. Vamos embora antes que me faça voltar e vestir uma burca.

Kaname riu demoradamente da minha frase e me guiou até seu carro.

No caminho, conversávamos animadoramente sobre o colégio, a vida em geral.

Quando finalmente chegamos, umas pessoas já nos esperavam na porta do shopping.

Todos eles já conheciam, alguns estudavam no colégio, outros não.

- Demoramos muito? – perguntou Kaname – Se sim, nos desculpem.

- Tudo bem Kaname, chegamos agora. – falou o loiro mais baixo, me fitando da cabeça aos pés, fiquei vermelha. – Não sabia que agora você se juntou a turma, Yuuki. – ok, ele sabia meu nome?

- Er, sim. – falei sem graça, ele sorriu.

- Seja bem vinda a esse manto de loucos. – falou ele novamente. – Sou Aidou.

- Prazer, Aidou-senpai.

E assim fui sendo apresentada a cada um. Eles eram bastante agradáveis e legais comigo, adorei cada um.

Aidou era o mais tagarela de todos, Akatsuki era primo de Aidou e vivia o reprendendo por suas brincadeiras e ainda acho que ele tem uma queda pela Ruka, uma jovem linda que acho que me odeia.

Esqueci-me de citar, ela é ficante do Kaname.

Tinha o Ichijou, que era um fofo e extremamente gentil. E a Rima e Shiki eram extremamente calados e quase nunca se ouviam as vozes deles.

Eram pessoas legais.

Bem, preciso falar que eu fui praticamente largada naquele grupo?

Todos conversavam animadoramente uns com os outros e eu uma vez ou outra dava um sorriso amarelo e assenti positivamente.

Eu queria embora.

- E eu posso saber qual é o motivo dessa cara de tacho Yuuki?

Juro para vocês que eu virei toda feliz na esperança que eu seria Zero.

Mas não era.

E por qual motivo ele estava ali?

- Andy? – perguntei, deixando transparecer meu sorriso. – O que você está fazendo aqui?

- Andy! Pensei que você não viria. - falou Rima se levantando e o abraçando, Andy sorriu torto. – Er, Shiki e eu ficamos felizes que tenha vindo.

- Eu disse que viria. Tudo bem Shiki? – perguntou ele saindo do abraço de Rima e indo cumprimentar Shiki, ele sorriu alegremente.

- Estou bem sim. – falou Shiki olhando para Rima que corou, ele sorriu ao ver que provocou tal ação.

- Vocês se conhecem? – perguntei não entendendo aquela situação.

- Shiki e Rima são meus amigos. Dividimos o mesmo apartamento quando morava no Canadá. – explicou Andy. – Eu não viria, mas quando soube que você viria me animei.

Eu corei brutalmente com essa frase. É, Andy sabia exatamente como me deixar envergonhada e eu ficava extremamente sem graça quando ele fazia isso.

Vendo-me assim, ele deu um sorriso de leve.

- Eu sabia que ia quebrar o compromisso Andy, eu te conheço. – resmungou Rima indo se sentar com Shiki, ele passou a sua mão entre a cintura de Rima e ela sorriu. – Então, você e a Yuuki-san se conhecem?

Entreolhamo-nos por um rápido momento. Eu não queria que ele contasse nossa historia, nosso passado.

Eu não queria, a verdade era que ainda não estava preparada.

- Sim, nós somos muito próximos desde muito tempo, só isso. – disse Andy cortando totalmente o assunto, respirei profundamente aliviada.

- Ah sim, é bom saber. – por fim falou Rima abrindo mais uma caixinha de Pocky e colocando um doce na boca de Shiki. Eles formam um casal tão fofo.

E novamente ficamos Andy e eu pagando a maior vela para todos os casais dali.

É, acho que isso tá virando carma ou praga do Ichiru.

Eu creio fielmente na segunda opção.

- Er, Yuuki. – chamou Andy fitando o chão. – Você quer d-dar uma volta comigo? – perguntou ele timidamente, nunca tinha visto ele dessa forma, era tão, tão fofo. Comecei a rir.

- Vamos Andy, vamos dar uma volta. – aceitei sorrindo, ele levantou a cabeça, fitou meus olhos e sorriu de leve. – Er, mas só tem uma condição.

- Qual é?

- Não fique envergonhado dessa forma. – falei bagunçando seus cabelos pretos, ele ficou vermelho. Ele estava muito fofo dessa forma.

- Ok. – foi o que eu falei.

[...]

Avisamos ao Kaname que íamos dar uma volta no shopping e ele não protestou. Talvez nem tivesse ligado, pois estava ocupado matando a saudade de Ruka.

Andy estava andando todo desajeitado do meu lado, ele fitava o chão timidamente e eu o observava.

É, talvez ele tivesse mudado mesmo.

Ele não havia mudado seu estilo de se vestir.

Seus cabelos pretos estavam bagunçados e seus olhos estavam ainda mais destacados sobre seus óculos estilo nerd. Ele usava uma camiseta preta escrita “Boys Like Girls”, uma calça jeans com lavagem clara e um tênis All Star preto de cano médio.

Ele tinha estilo, sempre teve.

O silencio reinava ali, como sempre.

- Como está indo com o Zero? – perguntou ele quebrando o silencio. – Ele te faz feliz?

- Estou indo bem, er, sim Andy. – é, eu estava meio sem graça de falar isso. Eu não estava falando para qualquer pessoa, era com o Andy, meu ex namorado.

- Yuuki, eu te fiz feliz? – perguntou novamente ele, agora me olhando fixamente. Engoli seco e senti meu corpo gelar.

- Er, Andy. – gaguejei toda sem graça.

- Por favor, Yuuki, eu preciso saber disso.

Ele foi se aproximando de mim me fazendo andar para trás, fui impedida por uma maldita parede de uma loja de brinquedos.

Andy me prensou na parede, colocando suas mãos na parede entre minha cabeça impossibilitando minha saída.

Perigo, ele estava perto de mim.

- Andy, por favor, não faz isso. – eu tentei falar, mas as palavras pareciam ficar embaralhadas na minha mente.

- Eu só quero que você me responda. – falou Andy olhando nos fundos dos meus olhos, aqueles olhos estavam me deixando hipnotizada. Foco Yuuki, foco. – Eu te fiz feliz? – perguntou ele sussurrando no meu ouvido, senti meu corpo arrepiar por completo.

Ele estava ficando perto demais.

AI MEU DEUS, porque ele estava fazendo isso comigo?

- Er, Andy. Por mais que você tivesse suas crises, seus surtos, você foi meu primeiro namorado. Por pouco tempo, mas , er, você me fez feliz. – por fim falei, com a voz falha. – Eu te amei muito Andy.

- Mas eu ainda te amo Yuuki.

Andy desenhou o contorno do meu rosto com seus dedos frios e sorriu ao fazer isso. Eu tentei falar para ele parar, mas ele fez um “shiu” e colocou seu indicador nos meus lábios.

Ele mordiscou de leve o lóbulo da minha orelha me fazendo arrepiar por completo.

Logo, ele se aproximou de mim e pude sentir sua respiração fria junto com a minha.

Memorias dos tempos que passamos juntos vieram a minha mente. Os beijos, os abraços, os toques, tudo.

Perigo.

Perigo.

Perigo!

- Ok. Eu te dou um segundo para sair de perto da minha mulher. – ameaçou uma voz bastante conhecida para mim.

Mãe de Deus é hoje que eu morro.