XXI

‘ O caso não é não conseguir viver sem. É não querer viver sem. ‘.

Via Tumblr: http://from-the-insidee.tumblr.com/

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 Ponto de Vista: Kiryuu Zero.

Tá. Alguém me explique o porquê das pessoas estarem em um clima tão romântico hoje?

A cidade estava toda enfeitada com corações, nas rádios só tocavam musicas românticas e nas televisões só filmes melosos que fazia qualquer um chorar.

Que raio estava acontecendo hoje?

- Você pode me explicar que dia é hoje? E porque todo mundo tá em clima de romance? – perguntei ao Ichiru, ele que entendia dessas coisas.

- Mentira que você não sabe que dia é hoje, Zero.

- Não. – neguei como se fosse a coisa mais normal do mundo, Ichiru quase me deu um tiro.

- Que tipo de namorado esquece o dia dos namorados?

Puta que pariu!

Era hoje o dia dos Namorados e não havia sequer se lembrado disso. Bem, a garota ficaria bem chateada com isso, pois garotas normais ficam esperando ansiosamente pelo presente e a surpresa super-romântica que o namorado irá fazer.

E eu não queria fazer feio com a garota.

Daí veio a duvida.

O que comprar para ela?

- O que garotas gostam de ganhar nesse dia, Ichiru?

- E eu vou saber? Depende muito da garota, não tem um presente universal que toda garota gosta de receber. – explicou Ichiru. – Mentira, tem sim.

- E qual é?

- Dê um cartão de credito para ela que te amará eternamente. – riu Ichiru.

E nessas horas que tenho vontade de sacar a Bloody Rose e estourar os miolos do Ichiru.

Eu não levava o menor jeito para essas coisas. Deve ser porque eu não estava tão acostumado a dar presentinhos fofos para as pessoas que eu amo e isso era uma coisa fácil para uma pessoa normal, mas para mim era como achar uma agulha no palheiro.

Mas eu tinha que tentar, é.

[...]

 Ao me deparar com todas as lojas cheias de gente, filas enormes para pagar e euforia totalmente desnecessária para comprar um presente pensei seriamente em ir embora para minha casa.

Serio. Aquilo era deprimente.

Droga , eu teria mesmo que enfrentar tudo isso.

- Vai lá Zero você já fez coisas piores do que isso na sua vida. – me encorajei ao entrar na primeira loja e milhares de vendedoras vieram me atender.

- Bom dia, posso ajudar? – perguntou uma delas que parecia bastante amigável.

- Er, eu queria comprar um presente.

- E para quem era esse presente? – perguntou ela, isso era realmente necessário ela saber?

- Ah, er, para minha namorada. – respondi num tom que nem eu pudi entender muito bem.

- Eu não escutei. Poderia dizer mais alto, por gentileza?

- È para minha namorada. – e eu continuava a responder num tom de voz estranho, porque minha voz não saia?

- Continuo não entendendo. Por acaso o senhor é mudo ou tem algum problema mental? Temos interpretes na loja, se quiser posso chamá-la aqui. – explicava a vendedora, ela estava me chamando de retardado, era isso?

- Eu quero comprar um presente para minha namorada, porra! – gritei fazendo a loja inteira olhar para mim. Pouco me importei com os olhares tortos que as mães davam para mim.

- Er, senhor, devo pedir que não gritasse nas dependências da loja. – pediu ela toda sem graça.

- Tá. – disse achando ali um verdadeiro inferno.

- O que exatamente sua namorada gosta? Ela é ousada? – ok, Yuuki não era ousada nem aqui e nem em Narnia. Neguei com a cabeça. – Ela é daquelas esportistas. – não mesmo, continuei negando e a vendedora me olhou feio. – Ela é romântica então?

- Isso! – gritei mais uma vez, porque dessa vez eu gritei. A loja inteira olhou novamente para mim, é acho que dessa vez serei expulso dessa loja para sempre.

- O senhor poderia levar um enorme ursinho branco escrito eu te amo, o que acha?

Pensei por algum minuto e imaginei eu chegando em casa com um ursinho – que por sinal era gigante – e entregando para a garota.

É, ela gostava dessas coisas de bichinhos então era o presente ideal.

- È perfeito. Irei levar um. – falei achando que tudo estaria resolvido.

- Lamento senhor, mas todos eles estão acabados aqui e no estoque. – respondeu a vendedora sorrindo.

Ok. A porra ficou seria.

Ela insinua que eu sou retardado, me ilude com o presente perfeito e agora diz que não tem?

A porra estava mais que seria, agora.

- Como assim não tem?

- Lamento, mas é dia dos namorados e as coisas românticas acabam logo. Aceita levar um daqueles lindos cartões? – ofereceu ela sorrindo, eu estava nervoso demais para sorri de volta, então falei:

- Então enfia esse cartão no meio do seu... – gritei, eu ia xingar, mas a loja inteira novamente me olhava e agora o gerente estava vindo na minha direção. É, era hora de eu ir embora. – No seu maravilhoso estoque na frente da loja, obrigado por me atender.

E sai correndo da loja antes que o gerente chegasse e me colocasse para fora da loja a tiros.

Ok, onde eu arranjar um presente decente para garota agora?

Logo em frente vejo um enorme cartaz escrito:

“Encontre o presente para sua cara metade aqui e agora”

E era nessa loja que ia arrumar o presente perfeito para a Yuuki.

Era uma loja que aparentava ser grande e cheia de coisas. Só que estava fechada, deveria estar repondo mercadorias ou qualquer outra merda que não estou a fim de pensar agora.

Algumas pessoas se aproximavam, parecendo também esperar a loja abrir.

Nada de anormal até aqui.

Até o momento em que a loja abre e uma multidão vinda de algum lugar de Narnia sai correndo para entrar o mais rápido possível na loja e esquecendo que um cara de cabelo cinza estava sendo quase esmagado e pisoteado ali pelas as mesmas pessoas que tentavam entrar na loja.

Ou seja, eu.

- Merda, eu estou aqui! – gritava tentando sair daquela multidão.

O que essa loja estava oferecendo?

Mangá de graça para as pessoas que curtem isso, otakus?

Seja lá o que for quase morri pisoteado e esmagado por essa multidão infernal.

Depois de um tempo – quando digo tempo é um tempo mesmo, tipo mais de meia hora – as pessoas se acalmaram e finalmente conseguiram entrar todas na loja.

E vai se fuder se vocês estão pensando que ia tentei entrar na loja para comprar algo para garota, eu fui foi embora para minha casa.

Voltando para casa, despenteado, com roupas amassadas e quase rasgadas, fiquei resmungando.

Eu não prestava nem para comprar um presente para a minha namorada.

Parabéns Zero, você é um completo inútil.

Chegando em casa, fui todo frustrado me sentar no jardim da minha casa.

- Zero, o que houve com você? – perguntou Yuuki, e sim estava com vergonha de ver a garota e não dar nada decente a ela.

- Você vai rir de mim se eu contar.

- Eu juro que não.

- È que fui comprar algo legal para você, só que praticamente fui expulso da loja e na outra pisotearam em mim. Merda, eu sou um inútil.

- Zero. – tentou segurar para não rir, fiz uma careta e ela não aguentou, riu descontroladamente e fiquei na maior, digamos assim, “poker face” olhando para ela. – Ok, eu parei.

- Isso não é tão engraçado.

- Não, você só está parecendo um mendigo que foi pisoteado. – e começou rir novamente. – Dessa vez, eu juro que paro.

- Eu só queria comprar algo legal para você. Ah, você sabe garotos dão presentes legais para as namoradas legais, só quis fazer isso. – me expliquei sem graça, a garota se sentou do meu lado.

- E foi por isso que eu fiz isso.

Yuuki me entregou duas caixas. Uma rosa cheia de corações, e uma azul.

Que merda era essa?

- O que é isso? – perguntei indo em direção a caixa azul, mas ela me reeprendeu.

- Não, como pensei que se esqueceria desse dia fiz a gentileza que comprar dois presentes. Um para você me dar e um para eu te dar.

- Er, você falando parece bem pior.

- Bobo. – sorriu ela, me entregando a caixinha azul na maior felicidade.

- Valeu. – agradeci e entreguei a caixinha rosa para ela com a maior vergonha do mundo.

- E não, eu não estou com raiva de você não ter comprado nada. O que realmente importa, é ter você aqui comigo nesse dia, só isso. – falou Yuuki me abraçando, não pude deixar de sorrir.

Essa garota.

Eu amava tanto ela.

Eu fazia as merdas e ela ainda acha fofo. Não, pior, ou melhor, ainda comprava um presente para mim e para ela.

Ela é ou não é a melhor namorada do mundo?

- Er, garota; - chamei.

- O que foi?

- Er, feliz dia dos namorados.

- Feliz dia dos namorados, Zero.

E nos beijamos sobre o aquela grama verde e brilhante do meu jardim.

Eu te amo, Yuuki.

E se algum dia fizer alguma merda, não esqueça que eu sou apenas um retardado apaixonado.