XX

...Ponto de Vista: Kiryuu Zero.

É, não tem mais jeito.

A garota pertencia a aquela família de ratos sujos chamados Kuran.

E porque tinha que ser justo com ela?

Porque ela tinha que pertencer à família que eu mais odeio nessa vida. Eu era um lazarento mesmo.

- Ah que merda! – gritei chutando a porta da minha casa, Ichiru que estava na sala me olhou muito feio.

- A porta não tem culpa Zero.

- Se quiser ficar vivo hoje, cala essa merda que você fala de boca. – ameacei desabando no sofá.

- Foi por causa do exame, certeza. Deu positivo não foi?

Eu não queria admitir isso, mas eu estava mal, muito mal com toda essa historia de resultado de exame de DNA.

Eu ficava ameaçando as pessoas, socando paredes, mas no fundo eu estava era com medo.

Medo de perder a garota para sempre para aquele bando de retardados lazarentos que viviam debaixo das asas do Conselho dos Anciões.

Por isso eu ficava nessa autodefesa, odiava quando as pessoas descobriam minhas fraquezas.

No meu caso, a Yuuki.

- È Ichiru. – foi o que eu falei, não ia contar toda essa historia de medo para o Ichiru.

- Zero, pare de ser fazer de durão porque eu mais do que ninguém te conheço. Esqueceu que por mais de 5 meses dividimos o mesmo espaço na barriga da nossa mãe?

É, o Ichiru poderia ser um completo abobado, mas infelizmente ele me conhecia como ninguém.

Não tinha jeito, ele havia me descoberto.

- Eu estou com medo de perder a garota, pronto falei.

- Eu acho que não Zero. A Yuuki te ama demais para te abandonar assim para ficar com os Kurans.

- E se isso acontecer?

- Então, Zero por mais que você odeie os Kurans é melhor você aceitar eles como família da Yuuki. Se não é capaz mesmo dela trocar você por eles...

E aquilo ficou martelando na minha cabeça por varias e varias vezes.

Para que esse meu medo não vire um real pesadelo eu teria que aceitar que a Yuuki era uma Kuran.

Por mais que isso seja impossível para mim.

[...]

É, Kiryuu Zero veja como o mundo dá voltas.

Você que jurou nunca mais pisar em território Kuran está fazendo exatamente isso e por causa de uma garota na qual você está apaixonado.

Olhei para todos os lados possíveis para ver se ninguém estava me observando (lê-se Yagari e outras pessoas que me zoariam até a morte se soubessem que estava fazendo isso)

Legal, não havia ninguém.

Apertei a campainha uma vez e logo uma pessoa veio me atender.

- Pois não? – perguntou a moça abrindo a porta.

- Er, eu queria falar com a Yuuki. – falei quase escondendo minha cara.

- Quem gostaria?

Ah, mais que droga! Para que eu tinha que me identificar?

- Er, é o Zero. – falei quase num sussurro.

- Quem?

- Zero! – gritou alguém lá de dentro e quando vi era a garota correndo todas aquelas escadas da mansão. – Pode deixar, ele é meu convidado.

- Ok.

A moça saiu deixando apenas eu e a garota na porta da casa dos Kurans.

Ela sorriu alegremente e me abraçou.

Suspirei pesadamente, ah garota, não faça isso comigo. Por favor...

- Eu pensei que estivesse com raiva de mim e nunca mais iria querer me ver. – falou Yuuki.

- Larga de ser exagerada, eu só fiquei um pouco, er, revoltado com tudo isso.

- Você não me odeia não é? – perguntou a garota saindo do meu abraço e me olhando.

Eu fiquei olhando para ela também por alguns instantes.

Como eu não amaria uma pessoa tão adorável como ela?

Uma pessoa que aguenta meus surtos nervosos, que arruma meu cabelo quando eu estou nervoso, faz leite com chocolate de manhã e ainda consegue me amar esse meu jeito revoltado e cheio de problemas.

Eu amava essa garota de um jeito que nem eu sabia explicar muito bem como era.

- Eu nunca te odiaria Yuuki. Nunca. – garanti, bagunçando os cabelos dela, ela sorriu.

- Eu te amo Zero.

- Você sabe que eu também, garota. – resmunguei e a garota só faltou me dar um tiro. – Er, eu também te amo.

Aproximei-me dela e lhe dei um longo e demorado beijo em seus lábios. Ela ficou imensamente vermelha com isso.

Ela era tão linda.

Ela era tão minha.

E eu tinha medo de perdê-la por qualquer motivo bobo.

A maioria eram medos bobos, talvez até fruto dessa fértil imaginação que eu tenho.

Mas eu estava começando a superar esse medo.

[...]

- Tem certeza que não quer ficar mais um pouco aqui? – perguntou a mãe da garota, a garota me olhou por um longo tempo e sorriu.

- Obrigado Juuri. Mas por enquanto prefiro ficar na casa de Zero, na minha casa.

Acredite que eu fiquei no maior sorriso bobo do mundo ao ver a garota falar que a minha casa era a casa dela?

Nossa Zero, você é um retardado mental mesmo. Será que isso era convivência demais com o Ichiru?

Vai saber não é mesmo?

A garota se despediu animadoramente de todos, eu só dei um aceno totalmente sem graça a nova família deles.

É Zero, se você quiser mesmo ficar com a Yuuki você terá que se contentar que a partir de hoje ela é uma Kuran.

É, eu ia me esforçar a fazer isso.

Pela garota, apenas pela garota.

                         -x-

E voltamos para nossa casa - é, a partir de hoje chamaria assim, acho que fica mais legal assim -.

Eu deveria estar com um sorriso de orelha a orelha na cara de tão feliz que eu estava. Zero riu da minha expressão e abriu a porta.

- Er, chegamos. – avisou Zero me dando passagem, entrei em casa.

- Ah que lindo! Vocês fizeram as pazes, eu fico tão feliz com isso! – gritou Ichiru saindo de algum lugar em Narnia ao ver nos abrindo a porta.

- Porque você tem que ser tão barulhento assim Ichiru? – resmungou Zero se sentando no sofá, eu ri.

- E porque você tem que ser tão rabugento? Eu venho na maior felicidade porque vocês voltaram e você me trata assim?

- Exatamente.

- Você é tão cruel. Yuuki, como você aguenta?

- Cala a merda da sua boca. Ela me aguenta por ela me ama.

- Então, você me aguenta também porque me ama não é mesmo Zero? – perguntou Ichiru se sentando do lado de Zero, praticamente vomitando arco iris.

- Eu não te amo, por isso eu não te aguento.

- S-seu cruel, não se fala isso para pessoas carentes como eu. Isso mexe com meu psicológico, sabia? – falou Ichiru quase chorando, eu ri muito dessa cena.

E assim, Ichiru ficou fingindo chorar no meu colo enquanto Zero ameaçava se ele não saísse dali ou parasse com esse drama ia cortar, er, é melhor não falar.

É, era bom estar em casa.