XVIII

‘Chega um momento, que a gente tem que saber a hora de desistir, pra não sofrer mais por algo que não vai ter futuro algum. ‘

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Ponto de Vista: Kiryuu Zero.

A garota estava muito estranha hoje. Ela não queria come e estava balançando no balanço do jardim da minha casa fitando o céu já se fazia um tempão.

Isso me preocupava tanto.

- O que houve garota? – perguntei me sentando do seu lado e ela não esboçou reação.

- Hojé é aniversario de uma pessoa que eu amo muito.

- Quem é? Se quiser posso te levar na casa dessa pessoa.

- Você não pode Zero.

- E porque não?

- Ela não está mais aqui Zero. Ela está morta.

Depois de ela ter falado que fui me ligar, hoje seria aniversario da mãe dela e ela deve estar sofrendo muito com isso.

Andy seu infeliz, porque você teve que fazer isso com a mão dela e com a Yuuki?

- Me desculpe ter tocado nesse assunto.

- Tudo bem, você não tem culpa. – respondeu a garota ainda olhando o céu. – Ela gostava dos dias de sol, sempre fazíamos piqueniques no quintal da minha casa, tinha algumas flores coloridas e ela adorava cuidar delas. Zero, eu sinto tanta falta dela. – admitiu Yuuki chorando.

E eu odiava ver essa garota chorando.

Por favor, não chore dessa forma.

- Não chore Yuuki. – pedi me aproximando dela e com certa dificuldade a abraçando.

- E pensar que todo esse sofrimento foi minha culpa. – disse a pessoa que menos a garota queria ver.

A garota saiu do meu abraço e lentamente rumou até esse infeliz. Eu também me levantei, porque acho que ela iria fazer alguma bobagem.

- Eu te odeio com todas as minhas forças possíveis Andy. – falou Yuuki olhando para baixo.

- Por favor, não fala isso.

- V-você matou ela Andy! Como não quer que eu te odeie depois de praticamente desgraçar a minha vida inteira? Tirar a vida da minha mãe por um motivo tão idiota!

- Eu já pedi desculpas.

- Desculpas não irão trazer minha mãe de volta a vida! – gritou a garota

- E você ao menos foi visita-la depois de eu ter matado ela? – dessa vez o Andy gritou, olhei mortalmente para ele. – Eu tenho culpa nisso, mas não de você ter sido uma filha tão ruim que ao menos foi visitar a mãe depois de morta!

As pernas da garota começaram a tremer e logo ela caiu de joelhos no chão.

Se esse cara estava disposto a deixar a garota mal, ele estava conseguindo, mas pena que ele não contava com a minha presença.

Isso não vai ficar assim.

- Mas que merda! Não está vendo que a garota está sofrendo e que estava só piorando essa situação? – gritei ficando frente a frente com ele.

- Eu só falei a verdade. Você acha que é fácil ficar ouvindo a pessoa que você ama ficar jogando na sua cara os erros do seu passado?

- O problema é inteiramente seu Andy, você que é o psicopata aqui e não ela.

- Ele está certo. – falou a garota ainda no chão de cabeça baixa. – Eu sou uma péssima filha que ao menos prestou o ultimo adeus decentemente, eu quero ir.

- Quer ir aonde Yuuki? – perguntamos juntos, olhei mortalmente para ele.

- Eu quero prestar minha ultima homenagem. Eu quero visitar ela aonde quer que ela esteja enterrada.

                        -x-

- Isso é loucura e não vou deixar você fazer isso Yuuki. – avisou Zero.

Eu estava determinada.

As palavras de Andy machucaram um pouco, mas no fundo ele tinha um pouco de razão.

Desde que ela se foi eu nem me importei em saber o que tinha acontecido ou saber onde ela foi enterrada.

Eu era uma droga de filha mesmo.

E era hoje que eu ia me desculpar com ela.

- Eu vou e ponto final. – disse determinada.

- Você quem sabe, se você quiser se machucar ainda mais não irei impedir. – falou Andy bagunçando seus cabelos ainda mais. – Zero, quer ir também?

- E você achou mesmo que ia deixar a minha mulher ir sozinha para algum lugar de Narnia com você, Andy? É claro, é evidente que eu vou.

- Faça o que você quiser, eu não ligo.

- E você por acaso sabe onde a mãe dela está?

- Sim. Era o mínimo que eu poderia fazer por ela, então a enterrei com as minhas economias.

- Parem de brigar um com o outro, eu só encontrar minha mãe. – mandei olhando para baixo.

- Ok. Vamos lá.

[...]

Eu não podia negar que aquele lugar me deixava tonta com toda aquela atmosfera pesada e cheiro de flores e sonhos mortos.

Eu estava me arrastando pelo chão cheio de folhas secas e poeira.

Eu jamais pensei que estaria num lugar como esse procurando alguém que eu amava muito que não estava mais ali. Eu tinha que me controlar e não me entregar de vez a essa tristeza sem fim.

- Er, é aqui. – avisou Andy apontando para a uma pequena lapide.

E fui ali que depois de tanto tempo finalmente minha ficha havia caído.

Aqui jaz uma linda Safira.

Era o que estava na lapide dela e estava mais que comprovado.

Aquilo não era um pesadelo.

Ela tinha morrido minha protetora, minha mãe, minha Safira.

Senti minhas pernas falharem e logo vi que estava havia caído de joelhos no chão.

Porque isso estava acontecendo comigo?

Porque justo ela? Por quê?

Comecei a chorar descontroladamente, por mais que tentasse parar de chorar as lagrimas não paravam de descer como se fosses as águas de uma enorme cachoeira.

Eu estava perdida.

- Yuuki, er, você está pálida. Tem certeza que está bem? – perguntou Zero, eu fitava ainda aquele escrito na lapide sem piscar.

-... – as palavras não saíram, por mais que tentasse.

- Yuuki, fala comigo. – pediu Zero e eu nada falei, eu não conseguia. – Yuuki! – por fim, ficou me balançando para ver se eu voltava ao mundo.

Esse era o problema.

Eu não estava no meu mundo.

E não sabia como voltar a mim.

Acho que teria que começar apenas com um pedido de desculpas.

- Zero, Andy, me deixem sozinha. – pedi olhando para eles.

- Eu não vou te deixar sozinha. – avisou Zero.

- Nem eu, vai lá que você tenta alguma coisa louca, tipo um suicídio.

- Eu não vou me matar, só vou pedir desculpas. Sei que ela pode me escutar, de alguma maneira.

E por fim eles ficaram debaixo de uma arvore me olhando sorrateiramente.

Agora, só estávamos eu e ela.

- Mãe, eu disse que voltava não disse? Pois bem, eu demorei um pouco, mas volte. Talvez fosse por medo de enfrentar tudo isso aqui ou de realmente cair a ficha que a senhora não está aqui mais comigo, eu sou uma idiota eu sei. – admiti, chorando, ah isso era verdade. – Você faz tanta falta mãe, me desculpa por tudo. Tudo mesmo.

E eu fiquei me desculpando, contando o que eu havia vivido desde de então e sim, pode parecer bobo ou até mesmo assustador, mas eu tinha certeza que minha mãe estava ouvindo tudo que eu estava falando.

Por fim, resolvi me despedir.

- Obrigado mamãe, por tudo. E feliz aniversario, eu te amo.

[...]

No meio do caminho para irmos embora, eu já estava melhor.

Zero ficou abraçado a mim a todo instante e Andy apenas ficou nos obversando atentamente.

Logo diante a nós, infelizmente vi Kaname e uma mulher em frente a uma lapide.

- Kaname? – perguntei, quando me viu, a mulher que estava com ele me olhou assustada.

- Yuuki? È você? – perguntou ela deixando o pequeno ramalhete de rosas do tumulo e se aproximando de mim.

Eu a reconhecia de algum lugar, eu só não me lembro de onde.

Ela não me era nada estranha.

- Mãe, calma. Não assuste ela. – pediu Kaname abraçando a mulher que era sua mãe carinhosamente.

- Yuuki, eu sempre soube disso. Eu sempre soube que você não tinha me deixado, eu sabia! – dizia a mulher ainda me olhando, agora que eu não estava entendendo nada mesmo.

- Mãe, por favor, vamos embora. – pedia Kaname delicadamente retirando-a dali.

- Kaname não! Eu sei que é ela, eu sei! – falava a mulher. – Minha querida, você voltou para mim.

- Yuuki, me desculpe por isso tudo. Ela estava te confundindo, er, com a minha irmã falecida. Desculpe-me mesmo.

- Er, eu não sabia que você tinha uma irmã falecida Kaname. Eu sinto muito.

Ele assentiu e se retirou com a sua mãe que ainda me olhava fixamente.

Isso foi realmente estranho.

Rumei até a lapide para ver qual era o nome da irmã de Kaname e vi.

Isso era coincidência demais.

- E-ela tem o mesmo nome que eu. – gaguejei.

Ou era coincidência demais ou só podia ter uma explicação.

Essa garota era eu.