The Bet escrita por StardustWink


Capítulo 18
Volte para a primeira vez.


Notas iniciais do capítulo

*se aproxima timidamente por trás de mil escudos e uma espada de plástico* oi gente.......... eu voltei........ ME DESCULPEM ME DESCULPEM EU NÃO QUERIA QUE DEMORASSE TANTO ;v; Mas deu um bloqueio criativo pra fic que eu não consegui escrever nada por semanas xwx
Bom, parcialmente foi porque eu não sabia o que iria fazer aqui. A ideia original do cap pareceu cliché demais, e até eu sei os limites de juntar todos os casais em um só capítulo. Por esse motivo.... Ah, dane-se, vocês vão ler isso agora mesmo -q
Enfim, espero que me perdoem e aproveitem isso :3 Eu passei tanto tempo também porque queria que ficasse perfeito. E... bom, eu gostei. Vamos ver se vocês gostam.



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Yellow estremeceu e deixou a lapiseira que rodopiava nos dedos cair no chão do apartamento. Ela piscou, olhando para os lados. Sentira uma sensação ruim, mas não sabia ao certo sobre o que era.

- Yellow? - A jovem para o lado, encontrando orbes prateadas. Sorriu para Silver, que a encarava com um traço de preocupação no rosto.

- Eu estou bem, só me assustei por um momento. - Ela assegurou-o, respondendo sua pergunta indireta. Ele arqueou uma sobrancelha, mas não insistiu. Não eram tão amigos assim; se ela não quisesse contar, não haveria problema.

- Então... Como eu ia dizendo. - Ele tossiu levemente, apontando para um parágrafo do livro parado entre os dois. - Acho que devemos incluir essa parte, ao invés daquela outra que você indicou antes. Ela tem mais informação sobre as trincheiras durante a guerra.

- Tudo bem. - Ela concordou, suspirando em seguida. -Esse trabalho não poderia ser sobre outra coisa? Pesquisar guerras e pessoas morrendo...

- Você é muito sensível. - Ele constatou impressionado, sem nenhum toque de maldade. Yellow deu uma risadinha.

- Talvez eu seja mesmo.

- Ei gente! - As cabeças viraram-se para Blue, que arrastava Green pela porta enquanto acenava.

- Por que demorou tanto? - O ruivo foi o primeiro a pronunciar-se, olhando de relance para Green. Este apenas suspirou, emburrado.

- Ah, passamos na casa do Greenzinho aqui para pegar umas coisas. - A morena disse, obviamente querendo irritar o garoto, colocando a mão livre na boca. - Daisy pediu que eu cuidasse dele enquanto fizéssemos o trabalho.

- Tsc... Dá para parar, travessa? - Ele perguntou, não querendo lembrar-se da experiência. Sua irmã pareceu estar contratando Blue como babá ao invés de desejá-los sorte com o trabalho. Ele queria que ela não fosse tão protetora às vezes.

- Tudo bem, bebê. - Ela respondeu, afastando-se risonha antes que ele pudesse respondê-la. - Mas então, sobre o que mesmo é o trabalho de vocês?

- Uma guerra que estudamos durante o bimestre. - Silver respondeu. - Estamos fazendo a primeira guerra mundial.

- Hmm, não é tão diferente do nosso então. - A mais velha fitou os livros que estavam espalhados na mesa, sorrindo em seguida. - Vamos terminar logo isso para vermos um filme depois!

O restante dos membros ficou com uma gota, mas não discordou. Todos puseram-se a trabalhar, Green tendo de reclamar da caneta azul bebê que Blue começara a usar, enquanto Yellow e Silver trabalhavam calmamente e escreviam as coisas em seu relatório.

- Aargh, que coisa chata! - A garota, cansada de tantas informações, levantou e espreguiçou-se. - Acho que farei um lanche para a gente.

- Ah, eu vou com você! - Yellow ofereceu-se, começando a levantar.

- Não se preocupa não, Green vai me ajudar. - Ele fitou-a, pego de surpresa, e teve o braço puxado pela mesma. - Vamos lá, não vai demorar!

- Ei! - Ele tentou reclamar, mas foi em vão. Logo, fora arrastado até a cozinha pela amiga.

- Prontinho! - Ela sorriu, virando-se para o outro que reclamava. - Pode pegar os ingredientes para mim? Faremos biscoitos com gotas de chocolate!

- Tá. - O garoto desistiu, indo até um dos armários e pegando algumas coisas, depois passando pela geladeira e fazendo o mesmo. Com cuidado, deixou-os sob a mesa.

- Obrigada! - Blue separou vasilhas e começou a preparar a massa. Green percebeu um papel perto dela com algumas coisas escritas.

- É a receita que fizemos ano retrasado? - Perguntou, surpreso. Não esperava que ela tivesse mantido aquela coisa.

- Sim! - A garota pareceu alegrar-se quando ele lembrou. - Achei há alguns dias atrás nas minhas coisas, e resolvi fazer.

- Ah. - Arqueou uma sobrancelha. Cruzou os braços e reclinou sobre a borda da mesa, fitando a garota enquanto ela obedecia às ordens da listinha.

- Ei, Green... - Ela chamou-o, parando de repente. Suas mãos ainda estavam sujas por causa da massa, então ela manteve-as sobre a mesa. - Você sabe o que está acontecendo com o Red e a Yellow, não é?

- Não sou tão denso assim. - Ele respondeu, bufando. - Por quê?

- Você acha que ele vai se afastar de nós depois disso? - Blue murmurou, olhando para baixo. - Ele e a Yellow...

- Não sei, é uma possibilidade. - Green respondeu, arqueando uma sobrancelha. - Mesmo assim, não acho que Red ou Yellow seriam do tipo de esquecer-se dos amigos para ficarem juntos. Por que a pergunta?

- Não sei... Só que, depois de tanto tempo juntos, se separar agora... - Blue levantou os olhos para o garoto, estes mais tristes que o normal. - Me promete uma coisa?

- Eh? - Piscou, não esperando vê-la com essa expressão. Sentiu uma leve dor no peito de vê-la assim, mas fez o máximo para não mostrar isso. - O que?

- Prometa que não vai se afastar de mim. - O encarou de frente, séria.

- O que-

- Só prometa!

-... - Ficou em silêncio, encarando a menina. Queria tanto tê-lo por perto? Deu um sorriso curto para ela, rindo. - Tudo bem, eu prometo.

- Ótimo. - Sorriu de volta, com as bochechas coradas. Voltou-se para a massa, sem desmanchar o sorriso dos lábios.

Passou-se um tempo, e os biscoitos já estavam preparados e postos no forno. Encararam o móvel em silêncio, esperando o tempo de espera acabar.

- Você ainda não me deu o presente de White Day.

- Eu sei. - Uma resposta. Ela fitou o garoto emburrada, e cruzou os braços.

- Não ache que eu vou te perdoar se esquecer, ouviu? Eu passei mais tempo fazendo aquilo que todos os outros e ainda tive que entregá-lo na sua casa ao lado da sua irmã-

Uma sensação quente em seus lábios a interrompeu. Ele pôs uma das mãos no rosto dela, calando-a efetivamente com um beijo. Afastou-se pouco tempo depois, sorrindo.

- Isso deve ser suficiente como retribuição. - E Green saiu pela porta, deixando-a corada com cinco tons de vermelho diferentes e com uma mão na boca. Blue piscou, tentando entender exatamente o que havia acontecido...

E gritou logo em seguida.

- GREEN! VOLTA AQUI AGORA!

Se Yellow duvidava que aqueles dois tivessem alguma coisa antes, agora tinha certeza. Afinal, não é todo dia que sua melhor amiga volta da cozinha e o empurra contra a parede e ela tem que segurar um ruivo descontrolado para que ninguém saia ferido dessa confusão toda.

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Ash não estava ajudando nem um pouco no trabalho. Tinha achado um livro de ficção sobre alguma aventura de bruxos numa escola doida e não parava de comentar sobre isso, desviando a atenção de Misty do que estavam fazendo.

Tudo bem que ela gostava dele, e que era uma das únicas que não precisava de nota para aquele trabalho, mas ele podia ao menos cooperar um pouco! Bufando, a ruiva encarou-o.

- Dá para parar? Temos um trabalho gigante para fazer ainda! - Ela reclamou, tirando o livro que ele tinha nas mãos e o deixando sobre a mesa.

- Tudo bem, desculpa. - Ash ficou com uma gota, voltando-se para o livro que ela tinha aberto. - O que quer que eu faça?

- Primeiro de tudo, pegue essa parte aqui, - Indicou um parágrafo da página. - E escreva na folha do trabalho. Pode mudar umas coisinhas se quiser.

- Tá bom então... - Ele pegou uma das canetas e se pôs a escrever. Ótimo, finalmente estava fazendo seu trabalho. Agora era só terminarem que...

- Olha, o que temos aqui?

Ai não, quem é que estava interrompendo agora?

A ruiva mandou o olhar mais fatal que conseguiu para o desconhecido, mas falhou totalmente ao ver seu rosto. Ele era... bonito. Muito bonito.

- Quem é você? - Ash perguntou, desviando o olhar do papel.

- Ah, desculpa! Meu nome é Rudy. - Ignorando-o completamente, ele pegou uma das mãos de Misty e a beijou. - Não pude deixar de notar uma garota tão linda por aqui.

- Err... Obrigada? - Murmurou, confusa. Qual era mesmo a probabilidade de um garoto lindo te galantear no meio de uma biblioteca ao lado do garoto que você gosta? Aproximadamente menos infinito.

- Não tem de quê. - Pegou uma cadeira próxima e sentou-se ao seu lado, não ligando para os protestos do moreno que estava perdendo a paciência. - Mas e então... Você não quer, sei lá, dar uma volta e comprar um sorvete?

- Espera um minuto aí. - O moreno finalmente se pronunciou, encarando o garoto novo. - Nós estamos fazendo um trabalho de escola, e...

- Você pode terminá-lo sozinho tranquilamente, não é? - O outro interviu, finalmente o encarando.

- Espera aí Rudy, eu... - Misty estava com uma gota. Não gostava de deixar o trabalho para os outros, ainda mais numa situação como essa.

- O que foi? ...Espera, não me diga que- Ele fitou ambos e arregalou os olhos. - Vocês são um casal?

- N-não! - A ruiva respondeu, corada até as orelhas.

- Então não tem problema, Mistyzinha! - O cara falou, tentando puxá-la pela mão. Do que ele tinha a chamado? Todas as boas opiniões que ela tinha por Rudy caíram por terra num passe de mágica.

- Ei, não, me larga! - Soltou-se dele, levantando. - Eu não sou de deixar os outros fazerem coisas por mim. Desculpa, mas recuso seu pedido.

O garoto pareceu ofendido com isso. Tão ofendido, que fez uma cara feia e olhou-a de cima à baixo.

- Então por que tá vestida assim, desse jeito? Se não for para chamar atenção, não sei mais para o que é.

E isso, indubitavelmente, foi a gota d’água.

Com um movimento rápido, a ruiva desferiu-lhe um chute entre as pernas que deixou-o no chão urrando de dor. Ela se recompôs, olhando-o de um jeito que todos os ali presentes se assustaram.

- Primeiro de tudo... - Disse, após respirar fundo. - Só por que uma garota se veste para ficar bonita, não quer dizer que ela queira ser paquerada por um esquisito como você. E também, quem você pensa que é para julgar as minhas roupas e decisões sobre o que vestir?

Silêncio.

- Foi o que eu pensei. - Misty cruzou os braços, satisfeita. - Agora cai fora antes que eu quebre seu narizinho lindo.

Ele não precisou de muito tempo para fugir daquele lugar.

A ruiva bufou outra vez, abrindo um sorriso ao vê-lo quase tropeçar para fora da porta. Encarou então os que a olhavam assustados, que voltaram a encarar seus livros com medo de enfrentá-la. Sentou-se novamente, suspirando.

Ela tinha que parar de se meter em tanta furada.

- Ei, Ash. - Ela virou para o moreno que tinha uma expressão surpresa no rosto. - Vamos sair daqui antes que nos expulsem, ok?

- Tá... - Concordou, reunindo as coisas e fechando os livros que tinham pegado, deixando-os na mesa. Não demorou muito, e já estavam andando pela rua, sem saber o que fazer em seguida.

- Mas, sabe, Misty... - Ash começou, ainda um pouco confuso com o que acontecera. - Acho que aquele cara tá um pouco certo.

- Quê?

- N-não é o que você está pensando nem nada, - Ele se afastou um pouco, não querendo ser atingido por um chute. - É que... Fomos só fazer um trabalho, não precisava ter vindo... assim.

Para falar a verdade, ela vestida daquele jeito o deixava estranho. Como se tivesse algo preso na sua garganta que não queria sair de jeito nenhum, e fizesse sua cabeça girar e girar ao redor de uma mesma pessoa.

Ele estava ficando louco, só podia.

-... Você acha? - Ela murmurou, fitando o chão. Droga, estava ficando triste. Sua visão estava borrando? Ai não. - Tudo bem, então. Posso parar de usar vestidos. Talvez de soltar o cabelo, e ficar normal como sempre. Se for assim você vai me notar?

- Eh? - Ele olhou para ela meio confuso.

- Eu perguntei... - A ruiva o fitou, com os olhos marejados. - Se eu for como sempre fui você vai conseguir finalmente perceber que eu sou uma garota e gosto de você?

- Você... Você o quê? - Ash piscou umas cinco mil vezes, transtornado.

- E não, não é no sentido de amigo. É no sentido que eu tento fazer de tudo para você perceber que eu existo e... E...

E o quê? O que ela queria depois? Pensando bem, nunca pensara nisso. Gostaria de beijá-lo? Sair num encontro era algo que ela sempre sonhara em fazer. Mas, e se eles brigassem? E se terminassem? Ela iria conseguir olhar para a cara dele?

- Misty. - Ouviu a voz do garoto que tanto amava e encarou-o, verde encontrando ônix. Estava estranhamente calmo. - Você por acaso disse que gosta de mim?

- Tenho que repetir quantas vezes para você entender? Idiota. - Murmurou, encarando o lado oposto a ele. Estavam perto de uma praça, então não tinha tanta gente assim perto deles. A maioria aproveitava o fim de aulas assim como eles deviam estar fazendo.

- Hmm... - O moreno olhou para o céu. - Sendo assim... Quer sair comigo?

- Ash, já estamos do lado de fora. - Ela respondeu, sorrindo. Tão preocupada com o que ele ainda não respondera, não percebeu o duplo sentido.

- Não, sua boba. - Ele riu, bagunçando suas mechas ruivas. - Eu quis dizer num encontro!

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Como previsto, aquela não seria uma tarde agradável. Principalmente quando dois garotos conseguem ignorar completamente o trabalho à sua frente para ficar num joguinho idiota de encaradas.

May bufou mais uma vez, comendo um biscoito dos milhares que espalhara na mesa para o lanche. Ela não devia ter aceitado a ajuda do amigo de infância. Além disso, não devia ter aceitado fazer o tal trabalho com o cabelo verde.

Mesmo que ela gostasse dele. Mesmo que ele não parecesse sair de sua cabeça.

Soltou um suspiro, batendo a cabeça na mesa em frustração. Os garotos finalmente pareceram notar sua presença, e viraram para ela.

- O que houve, May?

- Que foi agora, selvagem?

Ambos perguntaram ao mesmo tempo.

- Sinceramente... Você não pode ser um pouco mais educado com ela, não? - O da touca branca perguntou, tornando a metralhar o outro com os olhos.

- Não é da sua conta. - Respondeu, bufando. - A May sabe que não falo sério.

- Eu sei? - A garota perguntou, com uma gota.

Ele a encarou, corou um pouco e desviou o olhar. Brendan observou tudo aquilo com um olhar sério, principalmente quando sua amiga de infância deu um sorriso pequeno e fitou o chão, também corada.

Suspirou, tossindo alto em seguida e chamando a atenção dos outros dois.

- Vamos continuar ou não? - Ele começou. - Temos que acabar logo esse trabalho, eu ainda tenho que terminar algo hoje.

- Finalmente alguém que quer fazer isso! - A garota comemorou, quase jogando os biscoitos para o ar. - Vamos, estamos quase! Quase!

- Não dê um surto com tudo que acontece, garota. - Drew falou, com uma gota.

- Humph. - Ela bufou, dando a língua para ele em seguida.

- ... Aiai. - O garoto da touca branca suspirou, virando-se para escrever coisas no papel. O aperto no seu peito não podia ser um pouco menos doloroso?

 Depois de tentativas falhas de comunicação, protestos contra aquele maldito trabalho e uma guerra de biscoito que envolveu o Max e teve Drew como perdedor para catar tudo aquilo do chão...

- Acabamos! - May jogou as mãos para o ar, contente. Encarou o relógio da sala: Cinco e meia. Daqui a pouco já iria escurecer. - Ainda tenho tempo hoje. Que ótimo...

- Bom, acho que já vou indo, então. - Drew recolheu algumas coisas.

- Não vai ficar nem mais um pouco? - A garota franziu a testa. - Pelo menos até depois do lanche...

- Nah, prometi que chegaria em casa antes de anoitecer. - Ele deu de ombros, e sorriu. - Gosta tanto da minha presença assim, May? Se quiser, eu fico mais um pouco.

- N-não, pode ir! Eu não me importo. - Bufou, se virando. Sem que ela visse, ele aumentou seu sorriso, levantando da cadeira.

- Sendo assim, estou indo. - Colocou a mochila que levava nos ombros, e virou-se para os dois. - Agradeça a sua mãe por mim. E diga ao Max que gostei de conhecê-lo. - Menos pela parte que ele me chamou de alface ambulante, deixou de adicionar. 

- Ah, espera aí. - Brendan levantou também. - Também estou indo.

- Mas já? - May pareceu triste com isso. - Você só ficou para o trabalho...

- Mais tarde eu volto para conversarmos, ok? - Sorriu, piscando. Não deixou de notar, também, o olhar frio que recebeu por trás do cabelo verde ao saber da intimidade dos dois.

- Bom... Se você diz. - Ela suspirou, sorrindo. - Apareça para o jantar então! Mamãe fará seu prato favorito hoje.

Com outro aceno, o garoto da touca e Drew saíram da casa. Porém, antes do último tomar seu rumo pela rua, Brendan puxou-o pelas costas da camisa.

- Ei-  O garoto reclamou, virando-se. - O que você quer?

- Você gosta dela, não gosta. - Falou.

-... E por que acha que vou responder isso?

- Não foi uma pergunta, foi uma afirmação. - Cruzou os braços, aborrecido. - Sabe, normalmente eu não me meto com esse tipo de coisa, mas... É da minha melhor amiga que estamos falando. Não ouse mentir para mim.

Drew encarou-o, estreitando os olhos. -... E se eu gostar? O que você tem com isso?

- Se você gosta, por que não se confessa logo? - Ele perguntou, ajeitando a touca em seu cabelo negro.

- Confessar? - O outro corou, piscando. - Mas, você... Você também gosta dela, não é? Por que está me falando para-

- Eu amo a May, garoto. Não vou mentir para você. - Brendan suspirou, olhando de soslaio para a porta da frente. Virou-se de novo. - Desde que a conheci, quando tínhamos uns 6 anos. Desde que ela se mudou, e voltou. Nunca deixei de gostar dela.

- Então... Por que está desistindo tão rápido? - Arqueou uma sobrancelha. Odiava pessoas fracas, ou que não tivessem coragem.

- Não estou desistindo, idiota. Eu já perdi. - Admitiu, observando o céu.

-... Huh?

- Não é óbvio? Ela gosta de você. - Brendan assustou-se com o nível de idiotice do sujeito à sua frente. - Se ainda não percebeu isso, você é ainda mais estúpido do que eu imaginei.

- Ela... O quê? - Piscou. Seu pulso acelerou, e ele de repente sentiu uma sensação boa passar como voltagem pelo seu corpo. Ela gostava dele também? Por mais estranho que soe, ficou feliz com isso. Mais feliz do que ficaria com qualquer outra confissão na vida.

Deveria ser por que era ela. A única pessoa que importava para ele naquela escola.

- Ah, então você é mesmo estúpido. - Brendan suspirou, voltando a encará-lo mortalmente.

 - Ela já chorou muitas vezes por você, e eu não pude fazer nada. Mas se você ousar magoá-la outra vez, não vou me importar nem um pouquinho em estragar minhas roupas te dando uma surra, entendeu?

- ...Tá. - Nunca pensou que ficaria com medo daquele garoto “na moda”, mas o olhar que ele dera era assustador. Drew engoliu em seco, mantendo-se calmo.

- Ótimo. - O primeiro bufou mais uma vez, tornando-se a andar pela rua. Porém, antes de cruzar na entrada do quintal da casa vizinha, olhou para ele novamente. - E não seja um covarde. Se declare logo ou eu posso roubá-la de você.

E com isso, ele passou pela porta e fechou-a com um estrondo. Drew fitou o chão, ainda tentando absorver a informação que tivera: May gostava dele, e até o melhor amigo dela estava o apoiando...

Uma ideia surgiu em sua mente. Uma ideia grande, que poderia movimentar a escola inteira. Ele sorriu, jogando a franja para o lado e tomando um atalho para casa.

Sabia exatamente o que fazer.

--- x ---

Paul se encontrava sem palavras. Tudo acontecera tão rápido - ou talvez não, mas o tempo parecera acelerar assim que ele entrou pela maldita porta.

Como eu pude deixar essa pulseira aí. Logo quando a dona dela obviamente poderia abrir e encontrá-la, sem mais nem menos? Ele sentiu a necessidade de bater a cabeça na parede até desmaiar, se seu cérebro racional não estivesse ainda controlando-o.

Dawn parecia triste. Confusa também. Mas, mais do que tudo, decepcionada. Aquele olhar estava o matando, parecendo encarar diretamente a sua alma.

Ele até poderia estar exagerando um pouquinho com aquele bando de metáforas e adjetivos, mas estava mesmo o deixando tenso. Pela primeira vez na vida - Não, segunda, a primeira sendo o dia triste de sua mudança - ele não soube o que fazer em seguida.

E, por isso, ela mesma fez.

- Não vai falar nada? - Sua voz saiu rouca, e ela segurava-se para não fazer algo estúpido. - Você- Você tem a pulseira, a que eu usei para prometer algo ao meu príncipe quando eu era nova e... Não vai falar nada?

- Dawn, eu...

- Você o quê, Paul? - Avançou um pouco. - Por que você tem essa maldita pulseira?

-Não é óbvio? - Respondeu, por fim, suspirando. - Sou eu. O príncipe da promessa, ele sou eu.

Ela parou. Fitou o chão, parecendo entrar em transe. Paul desviou o olhar, já prevendo isso.

-... Sabia que ficaria assim. - Admitiu, dando de ombros. - Eu não sou um príncipe, ainda mais agora. Também... Você parecia feliz quando eu voltei. Não queria estragar isso.

- Feliz? - Ele teve que esforçar-se para ouvir, a voz dela estava quase inaudível. - Você acha que eu... Acha que eu estou mesmo feliz, até agora?

Dawn finalmente levantou o rosto, e, para a surpresa dele, estava já com lágrimas adornando suas bochechas. Ela soluçou, chegando mais perto.

- Sabe... Minha mãe disse que, quando ficamos tristes, o melhor a fazer é sorrir. Sorrir e tentar esquecer, dizer que está tudo bem. - Ela deu uma risada, sem emoção alguma. - De tanto eu falar isso, acabou virando meu motto.

Ele arregalou os olhos. Dawn secou as lágrimas, sorrindo.

- Não que eu não fiquei feliz nesse tempo todo. É claro que eu fiquei - tinha amigos, minha mãe, até alguém que gostava de mim! - A imagem de Kenny veio à mente do garoto, e ele se perguntou se o tal sabia disso tudo. - Mas... Paul, você sabe o que é não conseguir se apaixonar mais?

- Huh?

- Não conseguir... Sentir algo aqui, por que você está esperando por alguém que não vai voltar? - Ela o encarou, com a mão no peito, mais ou menos onde o coração estava. - Eu te esperei. Por tanto tempo, te esperei, aguardando que você fosse voltar e que eu parasse de me sentir assim, vazia. Mas...

- Dawn, eu...

- Por que você foi, para começo de conversa? - A garota limpou as lágrimas mais uma vez, tentativa inútil, pois elas voltaram a cair. - Por que não me contou? E-eu ia entender. E ia entender a sua volta. - Ela tornou a olhá-lo. - Você acha que sou tão estúpida ao ponto de querer te deixar por que você mudou?

A última parte fora alto demais, e a garota teve de se controlar. Colocou a mão na boca, segurando outro soluço. Ele tossiu, chamando sua atenção.

- Meu pai... Ele quis mudar de casa. - Começou. - Disse que tinha que me treinar desde cedo para ser o herdeiro da empresa que ele tem. Me tirou daqui, do meu irmão, só para isso.

- O seu...? - A memória dela voltou para a limusine preta, para a casa gigante que ele tinha quando criança. Muito diferente dessa, modesta, confortável, e pequena. Piscou.

- Só que ele exagerou. Quis que eu fosse algo tão estúpido e mesquinho, que, quando disse que iria me casar com uma garota “pelo bem da empresa”... - Ele coçou a cabeça. - Não aceitei. E eu voltei, por que...

Seu olhar voltou-se para a pulseira ainda na mão dela, brilhando estranhamente junto com a outra. Ela entendeu a mensagem quase que na mesma hora.

Eu nunca me esqueci de você.

- Então eu fugi de casa, e vim morar aqui. Reggie tinha comprado uma casa longe do antigo bairro com seu dinheiro. Ele me aceitou de volta na hora. - O garoto deu um sorriso irônico. - Ele também recusou ser o herdeiro, quando teve a chance.

- E você... Você voltou por mim, e mesmo assim não me procurou?

- Eu te procurei, sim. - Respondeu. - Na escola, não demorei nem um pouquinho para te achar. Mas, como eu já disse... Você parecia contente. Não consegui falar nada.

- Paul... - Dawn arregalou um pouco os olhos. Voltou a ficar cabisbaixa. - Seu idiota.

-...? - Ele franziu a testa, não entendendo. Vendo isso, ela repetiu mais alto.

- Idiota.

- Quê?

- Você demorou tanto, me tratou tão mal assim, foi tão rude, só para tentar me esquecer? - Ela riu, mais lágrimas descendo. - Seu idiota, estúpido, você que é o problemático aqui.

-... Dawn, eu...

- Ainda te amo, sabe. - Ela deu de ombros. - Nunca deixei. E acredite, não é fácil deixar de amar alguém. Toda a noite, quando você acha que esqueceu, tudo volta num instante e você fica com vontade de chorar... Eu já tentei.

Silêncio.

- Minha avó disse que, os dois que tivessem essa pulseira por mais longe que estivessem, voltariam a se encontrar. - Recitou a frase que dissera muito antes, sorrindo. - Mas até agora, parece que isso não aconteceu de verdade, não é mesmo?

Paul instintivamente se aproximou, pegando na pulseira. Ela o encarou, e aumentou o sorriso.

- Eu sei que isso parece idiota e sem sentido, mas... Quer tentar de novo? - Outra lágrima desceu por seus olhos. - Você... Ainda é o meu príncipe, e isso não vai mudar.

Como sua garganta não parecia estar trabalhando a seu favor, o garoto partiu para a segunda opção; abraçou-a forte, enterrando o rosto nos cabelos dela. Dawn respondeu ao gesto com a mesma intensidade, um riso baixo escapando de seus lábios.

- Finalmente... - Ela murmurou. - Seus abraços ainda são os mesmos... Acho que compensam a sua timidez de sempre.

A garota ouviu-o murmurar algo em resposta e riu mais. Ele tinha ficado tão alto, e logo quando ela era a mais alta na infância. Pelo menos, dava para encostar a cabeça no peito dele e ouvir seu coração palpitar - e estava acelerado, assim como o dela provavelmente estava.

- Ei. - Ela começou, quebrando o silêncio. - Temos que continuar o trabalho, lembra?

- Ah. - A voz dele parecia decepcionada, o que a fez sorrir. Era incrível como Paul podia ficar tão diferente por causa dela. Sentiu uma sensação boa no estômago, e se perguntou se aquilo eram as famosas borboletas que todos os romances diziam se sentir em momentos assim.

Separaram-se por fim, não arriscando nada além disso. Naquele momento, só saber que estavam juntos novamente era o bastante. Mesmo assim, mantiveram-se as mãos dadas.

- Príncipe. - Dawn o chamou, e o apelido saiu tão facilmente de sua boca que parecia nunca ter deixado de ser usado. - Me promete uma coisa?

Paul a encarou, levemente curioso.

- Você... - Seu rosto ficou mais vermelho, e ela sorriu outra vez. - Promete que não vai embora dessa vez?

-... - Permaneceu em silêncio por alguns minutos, e depois sorriu abertamente. E, Deus, ela sentira tanta falta daquele sorriso que seu coração descompassou por um segundo. - Eu prometo.

As pulseiras, antes por eles esquecidas, brilharam outra vez. Mas não foi algo comum - era como se elas mesmas tivessem prometido. Uma promessa antes feita por mais dois amantes, e por mais dois, que corria plena e inquebrável por milhares de anos.

Mesmo assim, ficaram tão reluzentes que aquele momento pareceu único. E foi naquele brilho intenso e irreal que os dois jovens trocaram o que seria o primeiro beijo de muitos, muitos outros.

Quem usa esse bracelete sempre volta a se encontrar, mesmo que tenha que se separar algum dia.

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Notas finais do capítulo

E aqui está~ Espero que o fluff tenha me perdoado. Estamos na reta final, povo! Minhas contas dizem que o próximo capítulo é o antepenúltimo da fanfic ç.ç Ou talvez não....
AAAH CHEGA DE SPOILER! Até domingo, lindos, prometo que dessa vez eu não atraso~ Reviews de leitores bravos me batendo, por favor? ;v; quero saber o que acharam~