Yellow nunca participara de nenhuma competição na vida.

Em sua antiga escola, Virídian, não era do time de futebol feminino. Além de não possuir muitos membros, a garota era fascinada pelo pequeno bosque particular da escola, dedicando suas tardes para preservá-lo.

Por isso, seu coração palpitava desesperado enquanto ela entrava pelo portão já decorado da entrada. Pendurado em seus cantos, uma grande faixa recebia os visitantes da grande olimpíada anual da escola, e diversos alunos e convidados já tumultuavam o caminho até o estádio.

– Onde será que ele estão... - Murmurando para si mesma, ela observou os cantos à procura dos amigos. Sorriu ao ver Blue acenando para ela, e mais ainda quando notou que estava de mãos dadas com Green.

Uma semana. Uma semana desde que eles tinham ficado juntos, assim como Dawn e Paul. Além disso, milagrosamente Ash convidou sua prima para um encontro. Que eles deixaram para as férias, claro, mais que ainda valia.

Só de saber que estavam felizes, um quentinho agradável tomava conta dela. Mesmo assim, ainda tinha um pouco de inveja de como todos conseguiram se acertar...

Bom, não era hora para esses pensamentos. Hoje seria um sábado importante! E, no dia seguinte, um domingo mais importante ainda...

A festa estudantil anual que sempre acontecia no dia seguinte às olimpíadas, nas vésperas das provas e que sempre atraía diversas pessoas. Yellow já fora como convidada antes pelas garotas, mas como aluna deveria ser bem melhor!

Ela ainda não entendia como podia ser domingo, porém. Eles não pensavam nos alunos mortos de sono no dia seguinte não? Pelo menos as provas só começavam na terça...

Enfim, aquele baile seria um máximo. Seria, no caso, se ela não tivesse par algum para o baile. Todas as suas amigas tinham. Até May disse que levaria o amigo de infância como convidado. E ela, baixa demais e sem muitos atrativos, não conseguiria mesmo um encontro em tão pouco tempo...

Melhor não pensar nisso. – Sua mente lhe aconselhou, e ela decidiu parar de sonhar acordada e ir logo até os amigos.

– Olá! - A loira se aproximou deles, vendo também Silver encostado em uma árvore próxima. Yellow acenou para o garoto e dirigiu-se então à amiga. - Bom dia, Blue, Green. Prontos para competir?

– Sim! - A morena respondeu. - Que pena que seremos rivais... Eu queria ficar no mesmo grupo de você e do Red.

O garoto ao seu lado a encarou, o que fez Blue soltar uma risada baixa.

– E do seu também, Green. - Ela adicionou. - Mas, já que é assim, sinto-lhes informar de que o time azul vencerá esse torneio.

– Não se eu estiver aqui, Blue. - A voz conhecida fez os três se virarem. Lá estava Red, andando para perto deles e sendo observado por milhares de garotas. - Bom dia, pessoal!

– Bom dia, Red. - A loira o recebeu com um sorriso largo. Green acenou em sua direção, e Blue também. Só aí ele percebeu onde suas outras mãos estavam.

– Nossa, vocês ficaram tão íntimos em tão pouco tempo? - Perguntou, impressionado. Nem as fãs conseguiram se acostumar ainda com a ideia, mas não é que conseguissem competir com a Blue, então...

– Digamos que é porque eu sou mais sagaz que você. - Green respondeu com um sorriso que fez o outro estreitar os olhos, Blue rir e Yellow não entender nada.

– Pessoal! - Outra voz foi ouvida, dessa vez mais feminina.

– Prima! - Yellow foi até ela, sorrindo e percebendo que algo estava de errado nela. - Eh? Por que está de cabelo solto hoje?

– Não gostou? - A ruiva passou a mão pelo cabelo curto.

– Não, você está linda! Só que... - A menina tombou a cabeça para o lado. - Não costumo de ver assim muitas vezes.

– Ah, bom... - O tom de vermelho que tomou posse de suas maçãs do rosto explicou o resto por si mesmo.

Ela tinha ficado muito mais vaidosa desde o trabalho. Talvez o charme feminino tivesse funcionado, mesmo... Ou o boato de que garotas apaixonadas são mais vaidosas estava certo.

– Ficou uma graça, menina! - Blue aproximou-se das duas, finalmente largando da mão de Green e jogando os braços ao redor das garotas. Chegou bem perto de ambas, além dos ouvidos dos dois garotos. - Continue assim, ouviu? Você também, Yellow, tem que usar do seu charme para conquistar seu amor!

– Do q-que você está falando? - A loira murmurou de volta.

– Você não me engana, loirinha. - A garota deu uma piscadela. - É melhor você andar logo ou se não até a MAY vai se acertar antes de você.

– Você acha mesmo?

– Do jeito que as coisas estão, tudo é possível. - Blue deu de ombros. - Além disso, ela e o cabelo verde estão em melhores termos agora. E, se até a Dawn conseguiu se acertar...

– Olá, garotas.

As três olharam para frente. E pularam para trás ao mesmo tempo.

Dawn estava lá. Ela e... Paul. De mãos dadas. Ele estava sorrindo levemente. Estavam juntos assim como um casalzinho. Em público.

Quantas leis do universo aquilo tinha quebrado, mesmo?

Não se segurando, a garota de mechas azuis escuras desatou a rir. O garoto ao seu lado apenas olhou-as um pouco impressionado, mas não disse nada.

– N-nossa, gente... Essa mudança é tão impressionante assim? - Dawn falou, depois de recuperar seu fôlego. - Já passou uma semana inteirinha e vocês não pararam ainda...

– Bom, não é todo o dia que se vê esse garoto sorrindo. - Blue argumentou, apontando para o garoto de cabelo roxo. Quando ele pareceu ficar ofendido, ela continuou. - Sem ofensas, Pauly, mas é verdade.

E voltou para perto do namorado, sem receio algum de ter chamado-o de “Pauly.”. Yellow tinha mesmo medo dela às vezes.

– Bom, agora que estamos todos aqui... - Red começou. - Vamos? Estou ansioso para os jogos!

– Mas e a Crys e o Gold? - Dawn perguntou. - Nem comentarei da May porque sei que ela vai chegar tarde.

– Ali, ó. - O moreno apontou para uma bicicleta ao longe e, realmente, nela estava o garoto de olhos dourados e sua namorada indo na direção dos porta bicicletas lá para perto do ginásio. - Melhor encontrá-los lá dentro.

– Ah, então eu já vou indo também. - Blue deu outro sorriso, depositando um beijo na bochecha de Green antes de ir abraçar os amigos pela última vez.

– Boa sorte no jogo, Blue! - Yellow disse ao se afastar da amiga.

– O mesmo para você, Yellow. - A garota deu uma piscadela. - Mas meu time ainda vai ganhar!

– Vai sonhando! - Dawn deu a língua, o que fez alguns membros do grupo rir.

– Ok, até mais! Se der tempo, passo no jogo de vocês depois!

Todos acenaram, sorrindo, enquanto ela agarrou a mão de Silver - que seria o único que poderia torcer por ela - e saiu apressada pelo pátio, em direção das quadras abertas. Depois, Red virou-se para o resto.

– Bom, o primeiro jogo é do time vermelho contra o verde no feminino, certo? - Yellow assentiu. - Ficarei para assistir, então.

– Sério? - Os olhos dela cintilaram, e ela abriu um sorriso largo. Ele torceria para ela! Seu nervosismo dissipou um pouco após isso, sabendo que o garoto estaria lá ao seu lado.

– Acho que ficarei por lá, também. Nosso jogo é logo depois, afinal. - Green deu de ombros. Como só havia três times - vermelho, verde e azul -, os jogos ocorreriam em quadras diferentes pelo dia inteiro. No caso de Blue, vôlei seria feito nos campos abertos, assim como em tênis.

– Vamos logo? - Misty sorriu.

– Ok! - E, assim, os quatro foram caminhando em direção do ginásio.

Estava lotado, como eles esperavam. Alunos não participantes se enfileiravam nos lugares para esperar os jogos, bem como famílias de diversos jogadores e até outros estudantes de escolas vizinhas. A olimpíada, além de evento escolar, era ótima para atrair novos alunos.

– Algum parente de vocês vem? - Red perguntou casualmente, enquanto eles subiam para uma arquibancada.

– Minha mãe disse que vem para ver vocês! - Dawn sorriu para os olhos, ainda de mãos dadas com Paul. - Ela deve chegar lá para o meio dia, acho que depois do jogo das meninas.

– Minha irmã queria vir, mas eu a convenci que não. - Green deu de ombros.

– E por que não? - Misty tombou a cabeça para o lado.

– Não a quero torcendo para mim como se eu tivesse três anos. - Ele explicou, e todos riram um pouco.

– Bom, mas não é que não seja só ela torcendo por vocês, não é? - Yellow apontou. - Você devia ter a deixado, Green! Pessoas conhecidas te incentivam a ganhar, te dão confiança!

– Yellow, sempre otimista com esse tipo de coisa. - Misty riu um pouco. - Seu pai vem?

– Ah... - Isso pareceu tirar um pouco da animação da loira. Ela deu um sorriso sem graça. - Não... Ele disse que teria uma reunião urgente no trabalho hoje, e...

O resto da resposta permaneceu no ar, mas todos sabiam o que era. Suspirando, a ruiva mandou um olhar de desculpas para a prima.

– Bom! - Dawn quebrou o silêncio, - Estou indo lá para baixo torcer por vocês. Paul, você vai ficar por aqui?

– Meu irmão está aqui perto. - Ele apontou para um homem de cabelo roxo mais à frente nas arquibancadas.

– Ok! - Ela sorriu, e, surpreendentemente, o rosto dele pareceu amolecer com isso. Ah, mistérios do amor. Conseguem fazer todo o tipo de milagre. - Então te encontro quando acabar!

Ele assentiu, e beijou-a na testa. Todos os outros ficaram observando, surpresos. O garoto corou com isso, desviando o olhar do grupo. Misty soltou um risinho.

– Estou descendo então! Até depois! - Ela acenou, descendo as escadas.

Paul despediu-se logo depois, indo sentar junto do irmão. Misty também saíra, após abraçar a prima e desejar boa sorte a todos - apesar de também estar no time azul-, só sobraram os três nas arquibancadas.

– Não é melhor você já ir lá para baixo, Yellow? - Red perguntou. A loira piscou, parecendo lembrar-se disso.

–Ah, sim! Só que eu queria esperar até a Crys chegar...

– Não vai ser um problema, olha lá. - O garoto de olhos verdes comentou, e logo a menina pôde ouvir as vozes familiares de seus amigos em outra briguinha de casal.

– Eles não mudam mesmo, né... - Ela comentou. Gold parou de aborrecer a namorada quando os viu, acenando alegremente e a puxando pelo braço até eles.

– Olá! - O garoto sorriu abertamente. - Foi mal pelo atraso! Mas se a garota séria não fosse tão chata, já estaríamos aqui a tempo.

– Eu sou a chata? Gold, você demorou tanto para vir me buscar que eu tive de ir andando a metade do caminho sozinha! - A garota ao seu lado esbravejou, atraindo a atenção de algumas pessoas.

– Tá, tá, que seja. - Ele deu a língua para ela, e virou-se novamente. - Prontos para o jogo?

– Sim! - Yellow e Red falaram ao mesmo tempo, enquanto Green assentiu.

– Certo! Perdoe-me por isso, Green, mas você e seu time irão perder! - Ele deu uma piscadela. - O time vermelho sempre é o melhor!

– Gold! - Crys puxou sua orelha, bufando. Green, ela e May tinham ficado no verde, enquanto Blue, Ash e Misty ficaram no azul e Red, Gold e Yellow no vermelho. O cabelo verde ficara no verde também, aparentemente.

– Ai,ai, parei! - Ele resmungou. - Mas que é verdade, é! Temos os melhores jogadores no vermelho!

Green lançou-lhe um olhar mortal.

– Err... Você também é ótimo, Green. - O garoto completou engolindo em seco.

Crystal suspirou, e sorriu em seguida. Olhou novamente para Yellow, estendendo uma mão.

– Então, vamos? Vai começar logo.

– Tá! - A loira virou-se para seus amigos, acenando mais uma vez e dando uma última olhada em Red. Assim, tão casualmente... Ela podia ver de longe porque ele era o mais popular da escola.

Tinha meio que um brilho de determinação que o envolvia, assim como de alegria. Ele era definitivamente alguém que se era bom de ter por perto. Talvez esse fosse o outro motivo de todos, até os garotos, gostarem dele?

Percebendo que tinha olhado por tempo demais, ela ficou vermelha e tornou a olhar para frente, puxando Crys até a quadra. A garota mandou-a uma olhada significativa, o que a fez corar ainda mais.

– E-então, boa sorte no jogo! - Ela tropeçou nas palavras, ainda um pouco nervosa.

– Para você também, Yellow. - A outra riu, e ambas se dirigiram até onde o resto do time estava.

No meio de toda aquela confusão, a loira nem percebeu uma agitação não características entre alguns membros da torcida e do time adversário, nem uma garota de aparência angelical que estava no meio delas.

–-- x ---

May chegou até a quadra correndo, suada e com metade do café da manhã ainda em sua mão.

Sim, ela tinha acordado tarde no dia da Olimpíada. Sim, ela era tão idiota a esse ponto.

– Ok, o importante é que eu cheguei à tempo! - Agradeceu aos céus pela mãe que tinha a acordado quando vira que nem saíra de casa ainda. Se não fosse ela, sua família teria a deixado dormindo até a hora do seu jogo, e ela não gostaria de chegar atrasada para a própria partida.

– Selvagem! Pensei que não viria! - Ah, não. Ela virou-se, dando de cara com a última pessoa que queria ver no momento.

– Bom dia, Drew.

– Que foi, acordou com o pé esquerdo? - Ele arqueou uma sobrancelha, sorrindo. A garota bufou.

– Olha, eu tive que vir correndo até aqui, então não estou com paciência para você hoje.

Ele deu de ombros. - Que seja. Mas, - E chegou perto dela, tão de repente que sangue disparou para suas bochechas no mesmo segundo. - Espero que goste da minha partida de hoje.

E uma rosa, aparentemente recém-colhida, foi entregue à suas mãos.

– A-ah! - Ela se afastou, pegando a flor. - Err... Tudo bem, então. - Não sabia como reagir a isso. Guardou a rosa entre as mãos, vendo o garoto afastar-se até a quadra. Podia sentir as encaradas das fangirls matando-a internamente, mas resolveu deixar para lá.

Avistou em seguida Blue, na quadra à frente dela junto das parceiras de equipe. As partidas femininas de vôlei aconteceriam ao mesmo tempo em que as masculinas de tênis, e vice versa. Porém, ao invés de parecer concentrada no jogo como deveria, ela sorria maliciosamente para a rosa que May estava segurando.

E, claro, esse foi o estopim para ela corar cinco tons de vermelho diferentes e tentar sem sucesso esconder a maldita flor de vista. Isso fez sua amiga rir, mantendo a expressão e só depois tendo que dirigir-se à quadra.

– Hunf. - Arfou, dando as costas para a quadra e indo se sentar num canto distante da arquibancada. Não tinha muitas garotas com quem falar; não que algumas delas não fossem amigáveis, claro, mas ela precisava de um tempo para pensar.

O que ele pensa que está fazendo?– May estreitou os olhos, encarando seu “rival” que agora se reunia com o treinador na quadra. O que quer que fosse, só esperava que não a atrapalhasse em seu futuro jogo.

Os jogos dariam-se em dois sets para cada partida, e o time ganhador disputaria com outro para decidir-se o campeão - que, no momento, ela esperava que fosse seu time - e o perdedor dessa partida disputaria com o primeiro para decidir o segundo lugar.

Só haveria um jogador para cada time - e dois substitutos caso algo acontecesse durante um game -, e Drew era coincidentemente o jogador do time verde masculino, no qual ela estava.

Ah, o carma. Tinha de ser o carma.

De qualquer modo, ela não ficaria prestando atenção num jogo como aquele. Melhor mesmo era terminar a sua torrada logo e dar um jeito de esconder a rosa do olhar de sua mãe quando ela chegasse para ver sua partida.

O jogo começara sem muitas surpresas, com o time verde avançando sem complicações. May tentou prestar menos atenção possível, não querendo que seu suposto “interesse” no jogo fosse motivo de provocações depois.

E também, tinha alguma coisa de envolvente em Drew durante o jogo - com as feições sérias e gotas de suor ziguezagueando por seu rosto - que mantinham seus olhos presos e desestabilizavam seu pulso.

Ela odiava isso.

Tentando achar algo que servisse de distração, a jovem encontrou um gorro um tanto estranho, sorrindo ao reconhecer a única pessoa que poderia estar o usando.

– Brendan! - Ela acenou, tentando chamar a atenção do garoto. Ele, porém, pareceu distraído - tomou um lugar nas fileiras superiores e ficou lá, observando.

Estranho.– Ela estava prestes a levantar e ir até ele, quando o som alto do microfone de quem quer que estivesse narrando a partida - e desde quando partidas de tênis precisam disso?!– chegou aos seus ouvidos.

– E, surpreendemente, o time vermelho vence o segundo game! Será que Hayden perdeu a confiança que tinha no primeiro set?

– Eh? - Ela curvou sua cabeça rapidamente, seus olhos localizando o placar mal feito que tinham feito para os pontos das partidas. - Mas ele ganhou o primeiro set sem problemas!

Aquilo era definitivamente estranho. Não que o jogador do time vermlelho não fosse bom, mas aquele era o Drew, praticamente o melhor jogador de tênis da escola! Ele não perderia tão fácil assim...

Ela bufou, ao vê-lo perder uma jogada certa. O que ele estava fazendo? Para mudar tanto sua maneira em tão pouco tempo, justo quando estava prestes a ganhar o jogo...

Espera aí. Não me diga que...

Drew Hayden está hesitando? Em uma partida, hesitando a ganhar?

Tinha alguma coisa errada ali. Seria mais provável existirem ratos que soltem raios pelas bochechas que aquele cabelo verde idiota não querer mais motivos para ser venerado pela escola inteira. Então, por que estava se deixando perder?

Quer saber? Ela não estava a fim de sentar e esperar para descobrir.

– DREW SEU IDIOTA! PARE DE BANCAR O ESTÚPIDO E GANHE LOGO ESSE JOGO! - E assim ela levantou, gritando para todos os seres vivos que estavam nas redondezas ouvirem.

Detalhe que, entre os seres vivos, estavam seu amigo de infância. E Blue. Além de um terço de sua escola e dos professores, claro.

Bem que podia cair um meteoro em sua cabeça agora.

O jogo parou, Drew tendo marcado um ponto com o susto e olhado para cima. Os antes que torciam pelos jogos se calaram, e os olhos voltaram-se para a garota de cabelos castanhos que estava vermelha como um tomate.

– Uh... - O aluno que narrava a partida começou, incerto. - Acho que não podemos contar esse ponto...

E, pela segunda vez no dia, algo inesperado aconteceu.

Drew, que antes olhava assustado para cima, começou a rir. Não apenas um riso baixo, foi tão alto que pareceu dar ecos em todo o estádio. Os que ainda não tinham se assustado com May definitivamente estavam com medo agora.

Um minuto inteiro se passou, até que o garoto do time vermelho conseguiu finalmente se controlar. Tirando uma mão de frente da boca, ele acenou para sua ‘rival’ parada feito um poste nas arquibancadas, um sorriso verdadeiro no rosto.

Huh.

Bom, pelo menos ele parece menos nervoso agora, sua mente comentou. Mas ela ainda teria de explicar o que fora aquilo tudo para Blue mais tarde. Isto é, se ela sobrevivesse até mais tarde.

– Hey, podemos continuar o jogo? - Ele virou-se para o juiz em seguida, com a raquete nas mãos. Sem muita escolha, eles concordaram.

E, ainda nesse clima de confusão geral, a partida recomeçou.

– Por favor, alguém me mata. - A jovem murmurou com uma gota, sentindo milhares de encaradas perfurarem-na por todos os lados. Ela tinha que parar de agir sem pensar! Agora tinha certeza de que ele a zoaria para sempre por causa disso...

Epa! Ela sentiu algo vibrar na sua bolsa de escola e tirou o celular de dentro, vendo que tinham a mandado uma mensagem.

Um pouco interessada demais no jogo, é, May? ;) - Blue.

Ninguém merece.

Ela olhou para frente atrás de uma cabeça castanha e achou-a, com uma garrafa d’água nas mãos e um sorriso brincalhão no rosto olhando diretamente para ela.

May bufou. Ela sabia que gostava daquele idiota, não precisava ficar zoando a cada minuto! A jovem apertou a mochila contra os braços, a rosa vermelha ainda segura lá dentro.

A visão dele sorrindo anteriormente apareceu em sua mente. Ugh, pelo menos ele era bonito, ela tinha de admitir. A garota voltou os olhos para a partida, torcendo para que acabasse logo e ela pudesse se distrair jogando seu próprio jogo.

– E ACABA O SET! COM UMA VITÓRIA DE 2 A 0, O TIME VERDE VENCE A PARTIDA! - As caixas de som anunciaram assim que ela o fez, assim como as milhares de pessoas que levantaram para comemorar. May sorriu; pelo menos ela tinha colocado algo bom na cabeça do idiota.

Depois que os gritinhos irritantes e aplausos diminuíram, May achou melhor ir descendo para se preparar para o seu jogo. Já tinha a bolsa em que levava a raquete e sua mochila nos ombros, quando viu algo inusitado.

O cabelo verde estava com o microfone do narrador. Ele tinha acabado de pegar o microfone do narrador, agradecer, e estava com o aparelho nas mãos.

O que diabos era aquilo.

– Eu poderia ter um pouco da atenção de vocês, por favor? - Ele perguntou com educação, interrompendo a movimentação nas arquibancadas e das redondezas. - O próximo jogo começará logo após isso, não se preocupem. - Continuou, olhando para os professores surpresos e a seu treinador.

– O que ele está fazendo...? - Lentamente, May sentou-se outra vez e inclinando-se para frente para olhá-lo melhor. O garoto se aproximou com passadas largas até a frente da arquibancada, parando.

– Eu passei o jogo inteiro decidindo se queria fazer isso ou não, e acabei decidindo que sim. - Ele continuou. - Então...

Seus olhares se cruzaram, e ele sorriu outra vez.

– Ei May, - Ele começou, aos olhares de todos que assistiam à cena. - Eu te amo.

O quê?