Pov. Edward

      Eu não sabia pra onde ia. Sentia que ia explodir de raiva. Estava com uma extrema vontade de quebrar algo – especialmente a cara do Riley. Minhas mãos tremiam e minha cabeça latejava. Eu chutava qualquer coisa que a parecesse no caminho, uma lata de lixo, uma garrafa de refrigerante vazia jogada no chão, qualquer coisa. Eu precisava muito descontar todo o meu ódio em algo. Eu estava com raiva da Bella, do Riley, dos meus “amigos”, dos meus “pais”, de todas as pessoas do mundo, do mundo e principalmente de mim. Naquele momento eu queria morrer, desaparecer desse mundo vazio em que nada nem ninguém sentiria minha falta. Muito pelo contrário, todos ficariam felizes com minha morte. Meus “pais” não precisariam mais gastar dinheiro comigo, meus “amigos” poderiam tomar o meu lugar como o mais popular da escola e Bella seria com certeza a mais feliz de todas. Se livraria de mim e de minhas maldades contra ela.

           Cheguei em casa e comecei a quebrar tudo. Peguei um pote de porcelana lindo e intocado que eu não sabia pra quê o tinha em casa e o lancei longe, ele se espatifou na parede quebrando em mil pedaços. Eu gritei de raiva, estava perdido, enlouquecido e sem saber o que fazer. Tinha vontade de voltar na escola e acabar com a vida do Riley, literalmente, pois nada mais me impedia de ser um assassino. Não tinha mais nada que restasse de mim. Queria também descontar minha raiva na Bella, por ela me deixar tão confuso, a culpa era dela por eu estar tão perdido. Mas mais do que vontade de fazer algo com Bella ou com Riley eu tinha vontade de acabar comigo. Por eu ser um ser tão deplorável e detestável. Algo que não tinha utilidade para ninguém, nem para mim. Minha vida era algo vazio e sem sentido, que só causava dor e tristeza pra todos. Eu merecia era morrer!

           Eu até acabaria com minha vida se tivesse forças para isso, mas não tinha mais força pra nada. Saí de casa sem olhar para trás e passei o resto da semana literalmente no limbo e na sarjeta, sem voltar pra casa. Bebi, como nunca havia bebido na vida, até vomitar tudo, a bebida e o meu suco gástrico e depois beber mais e mais. E usei drogas. Antes eu só havia experimentado a maconha, mas dessa vez fui mais adiante usei a cocaína, a heroína e gostei da sensação, me fazia esquecer de meus problemas, pelo menos por ora. Depois eu despertava ainda pior e tinha que me drogar de novo para me livrar dos problemas. Talvez eu morresse de overdose, seria melhor até. Eu gostaria mesmo de morrer.

        Eu não tinha mais noção dos dias da semana, estava realmente acabado, mas devia ser uma noite de sexta feira, ou de sábado. Era fim de semana, pois tinham muitos jovens na rua e nas baladas. Eu já estava bêbado, mas o que eu queria mesmo eram drogas, estava procurando alguém que me vendesse, quando eu vi à distância a última pessoa em todo o mundo que eu queria ver, a que fez eu me lembrar de todos os meus problemas que jamais haviam sido esquecidos, só bloqueados inutilmente.

          Isabella Swan se encontrava no mesmo lugar que a tinha visto na sexta feira passada. Em que eu a havia “seqüestrado”, mas naquela época eu nem estava tão mal quanto estou agora. Eu a vi e a raiva de antes me dominou por completo. Eu queria bater nela. Isso mesmo, todos os meus doces sentimentos tinham passado, eu estava dominado pela raiva. Eu queria socá-la até que ela ficasse imóvel e parasse de respirar. Quem sabe assim eu esquecesse todos os meus problemas. Parte de mim sabia que eu estava completamente equivocado. Eu não queria machucá-la de verdade e nunca me perdoaria se algo de ruim acontecesse com ela, mas essa parte estava bloqueada pelo meu lado mal e pela bebida.

                 Dominado pelos instintos eu fui até a garota, que parecia procurar alguma coisa. Ela olhava para todos os lados parecendo meio perdida e muito preocupada. Quando seu olhar encontrou o meu ele se iluminou por um segundo e depois pareceu assustado e ainda mais preocupado. Eu nem falei nada só continuei me aproximando sério.

              -Edward! O que aconteceu? Você sumiu, não foi mais à aula e...

              Não a deixei terminar estava agarrando os dois braços dela com força e a puxando com violência sei lá eu pra onde. Ela tentou se desvencilhar, mas eu a apertava forte.

              -Edward me solta! O que aconteceu com você? – ela gritava, parecia ao mesmo tempo com medo e preocupada.

              -Cala essa sua boca, Swan maldita! – berrei e a joguei no chão com violência e ela caiu indefesa me olhando assustada. Ergui a perna para chutá-la com toda a minha força, esperando ouvir o som de ossos quebrando, mas quando me dei conta estava paralisado. Algo me parou. Eu parei. Eu me perguntava por que não conseguia machucá-la.

              -Por que por mais que eu queira te ferir eu não consigo? – berrei parecendo um louco, eu era um louco. Me ajoelhei até ela e a segurei pelos ombros e sacudi. Ela chorava – Me responde! POR QUÊ? POR QUE EU NÃO CONSIGO TE MACHUCAR?

               Ela chorava e estava assustada, eu comecei a me sentir mal por tê-la deixado assim.

                -Oh Edward, o que aconteceu com você? – ela perguntou em meio ao choro.

                Como assim o que aconteceu comigo? Eu não conseguia perceber o quão deplorável eu estava. Não tomava banho há dias, minhas roupas estavam um lixo, eu devia estar fedendo há cerveja, drogas e suor. Meus cabelos pareciam um ninho de rato e meu rosto estava inchado e cheio de olheiras, meus olhos cansados e caídos. Mas eu não percebia nada.

 (aqui a musica para vcs ouvirem: http://www.youtube.com/watch?v=n7DRKJfnIdc)

Ela ainda me olhava em meio às lágrimas e de repente ela fez a última coisa que eu imaginei que ela faria. Começou a se aproximar de mim e me abraçou. Um abraço quente e acolhedor. Bom demais. Ela puxou minha cabeça e a deitou em seu peito, eu fechei os olhos e me deixei relaxar. Mergulhei em um sentimento de paz que nunca tinha entrado antes. Não queria me afastar dela nunca mais.

         -Edward, vamos. Você tem que voltar pra casa.

       Eu não tinha forças para dizer nada, tinha deixado o cansaço me dominar e estava quase dormindo. Bella me levou até a parada de ônibus e ambos subimos em um ônibus que passou. As pessoas nos olhavam com cara de nojo e reprovação. Deviam estar se perguntar: “ O que uma menina tão linda e jovem faz com um vagabundo bêbado e fedido?”, mas Bella parecia ignorar todos os comentários e olhares e sentou junto comigo, acariciando lentamente minhas mãos.

                  Descemos perto da minha casa e fomos até a frente. Na verdade Bella meio que me arrastou por que eu estava cambaleante e sonolento.

         -Cadê a chave Edward? – Bella me perguntou.

         Eu demorei a perceber que ela falava comigo, mas depois respondi.

         -Tem uma chave reserva, escondida embaixo daquele tijolo lá – falei com  voz enrolada por causa da bebida e apontei um local, ela pegou a chave e abriu o portão. Entramos na minha casa que estava ainda com o pote quebrado na parede. Subi até o meu quarto meio cambaleante, mas antes de conseguir sequer me deitar na cama a náusea me tomou e tive que vomitar tudo, senti o gosto horrível da bile na boca e vomitei mais e mais. Eu me sentia tonto e cansado. Bella apareceu com um pano úmido e começou a passar na minha testa.

         -Como se sente? – ela perguntou, mas eu não ouvia mais nada que ela dizia. Estava olhando encantado para Bella. Ela era tão boa e carinhosa comigo, toda a raiva que antes eu sentia evaporara e agora eu sentia um carinho tão grande por ela. Ela acariciava meus cabelos com delicadeza e sem parecer sentir  nenhum pouco de nojo de mim. Ela era tão doce e gentil. Eu estava encantado.

         -O que foi? – ela me perguntou, vendo minha expressão que devia realmente estar estranha enquanto eu olhava abobalhado e via pela primeira vez a linda mulher que sempre esteve em minha frente o tempo todo.

         -Eu te amo, Bella. Te amo demais.