POV Nicolas di Ângelo

Depois de tudo que Thalia me contou uma raiva cortante se apoderou de mim, algo como um instinto de proteção. Porém um pequeno espaço do meu ser estava envolto num orgulho fora de hora. Orgulho dela, de poder vê-la tão forte e esperta, orgulho pela mulher que se tornou.

Quando saí da sala Jéssica e Luke estavam na porta. Essa garota devia estar me perseguindo, só pode! Primeiro dia dela em Psiquiatria e já estava se pegando com Luke. Luke? Eu conheço esse nome, era algo importante, mas o que? Desviei meus pensamentos para a cena que se desenrolava em minha frente. Thalia e Jéssica estavam discutindo. Tudo aconteceu muito rápido, numa hora Jéssica estava provocando Thalia, na outra estava desmaiada no chão e Lia saia com um olhar irreconhecível, ameaçador, sádico, feroz. Luke segurou Jéssica e saiu dali, dispersando a multidão que se formara.

—Que droga. –Annabeth se manifestou com as mãos na cabeça.

—Vamos atrás dela? –Silena perguntou olhando para Annie, como se tivessem uma conversa mental.

—Não. Você sabe como ela fica depois dessas situações. Vamos almoçar e esperar notícias dela. –Annie resolveu entrelaçando a mão à de Percy.

—Espera, fica? Isso já aconteceu antes? –Travis perguntou com o semblante preocupado, coisa que não é comum nos gêmeos.

—Algumas vezes. –Silena respondeu vagamente com o olhar longe.

—Vamos almoçar? –Após um longo silêncio o gêmeo sugeriu com um sorriso forçado. Assentimos e nos dirigimos ao refeitório. O almoço teve um clima descontraído, mas eu apenas brinquei com a comida, será que Thalia almoçou?

Quando faltavam dois minutos para o fim do almoço os celulares de todos os presentes na mesa tocaram, era uma mensagem coletiva de Thalia.

“Fui dispensada o resto do dia ^-^ Estou bem pessoal, não se preocupem. Garotas, acho que seus namorados não ligarão de trazer vocês, mas qualquer coisa me liguem. Nicolas, favor copiar toda a matéria, agradeço. Percy e Charles, se eu souber de UMA mão boba eu espanco os dois (: Connor e Travis 2beijos pra vocês HDASUHDSIA :3”

Rimos e conseguimos nos despreocupar um pouco. Os gêmeos ficaram o resto dos dois minutos se gabando por que ela só mandou beijo pra eles, Silena e Annabeth pareceram visivelmente mais aliviadas, ao contrário de seus namorados que empalideceram de imediato, me fazendo gargalhar.

—Se já esta ameaçando pessoas é porque está bem. –Silena falou sorridente.

Ao fim do almoço voltamos para nossas respectivas classes. Jéssica como esperado havia sumido, isso ainda me renderia grandes problemas; Luke chegou um período atrasado com uma expressão obscura no rosto, o que me fez voltar o pensamento que eu havia esquecido algo importante. A aula correu normalmente, num piscar de olhos já estava com o pessoal no estacionamento.

—Rola um cinema? –Percy perguntou para nós.

—Topamos né amor? –Silena perguntou e Charles assentiu olhando bobo para ela. Fazia um bom tempo que não o via tão feliz.

—Velas? Não né maninho? Passamos. –Travis respondeu pelos dois fazendo uma careta.

—E você Nico? –Percy perguntou se virando para mim.

—Passo, eu tenho um jantar em família agora. –Respondi revirando os olhos, dei uma olhada em meu relógio e bufei. –Falando nisso, estou atrasado. Nos vemos em casa. –Falei para os garotos com uma voz gay. Eles riram e me deram Tchau. Pulei em meu carro e fui direto para a casa de meu pai, eu tentaria me controlar depois de hoje, mas tinha certeza que teria problemas. Dirigi rapidamente, quanto mais rápido começasse mais rápido acabaria.

Quando cheguei aos portões não pude deixar de notar o quão bonito estava o jardim, depois de passar pelo portão deixei meu carro em um ponto mais perto da mansão. Saí do carro sem animação alguma. Lentamente subi as escadas e toquei a campainha, afinal, já fazia um bom tempo que eu não morava ali.

Para minha surpresa Diana que atendeu, ela era a namorada de meu pai, me atendeu com um sorriso delineado por um batom vermelho ofuscante, ela era fútil e incrivelmente vulgar, meu pai só está com ela por ela ter engravidado de minha meia irmã, Jéssica.

—Hmm... É você. Entre Nicolas. –Diana falou com desdém me dando espaço para entrar.

—É um prazer ver você também. Só que não muito. –Sorri irônico para ela que me lançou um olhar mortal.

—Seu pai já esta na sala de jantar. Você se atrasou queridinho. –Me avisou falsa fechando a porta. A ignorei e fui em direção a sala de jantar, onde encontrei meu pai numa das extremidades da mesa, ele se levantou e veio até mim.

—Olá Nicolas, como vai? –Perguntou me estendendo uma mão, a qual fiz questão de apertar rigidamente.

—Bem, até hoje. –Ele ignorou meu comentário e fez um gesto para que eu me sentasse. Sentei e Diana fez o mesmo.

Ficamos em silêncio até Jéssica passar pela porta, ela estava incrivelmente horrível.

—Que isso? Dois chupões? Ah... Não são né? São as marcas dos dedos de Thalia no seu pescoço. –Falei sínico e ela me metralhou com o olhar.

—Thalia? Você é amigo daquela garota? –Meu pai perguntou se virando para mim. Merda.

—Não, eles tão se pegando. Ela só dá pra ele de vez enquanto. –Jéssica respondeu por mim e meu sangue ferveu.

—Somos amigos. –Respondi simplesmente, não iria aceitar as provocações tão fácil.

—Amigos não fazem sexo. O que foi? Tá tentando proteger ela? Com as outras putas que você pegou não foi assim. –Pude sentir meus músculos se retesarem. Diana ria para a filha e meu pai estava em silêncio.

—Não é porque você sai dando pra todo mundo que as outras garotas também saem. Eu e ela somos amigos, algo que você não conhece, porque além de ser a maior puta de todos os tempos, você não tem contato afetivo com ninguém. –Disse friamente e ela me encarou. Diana parou de rir e meu pai continuou em silêncio.

—Quem você pensa que é pra falar assim de mim? E se vocês não tem nada porque você a defende? Eu sou sua irmã, Nicolas! –Levantou me fitando irritada. Pelo jeito o jantar já era.

—MEIA-irmã! Porque ela é minha amiga sua idiota! E pelo que vi hoje de manhã ela não precisa ser defendida. E acho bom que você não faça mais nada do gênero, ela pode ser pior se querer. Mas se bem que... Se ela te matasse o bordel aqui ia ser quase aniquilado, só faltaria Diana.

—Olha só o que seu filho está falando! Você não vai fazer nada, Hades? –Diana se levantou exaltada olhando para meu pai que parecia alheio a tudo que acontecia ali. Me levantei calmamente e olhei para os três.

—Não Diana, ele não vai fazer nada. Ele nunca faz. Como quando minha mãe morreu e eu tinha dois anos, pode parecer que eu não me lembro, mas eu lembro perfeitamente. Foi só ela partir que meu pai já te chamou pra cá, vocês já estavam juntos antes dela morrer? Isso eu não sei, só sei que depois que você engravidou e teve que vir pra cá minha vida virou um inferno. Vocês acham que foi fácil aprender a ler, escrever, cozinhar, e tudo o mais sozinho? Sem ninguém? Sozinho porque seu pai esqueceu que tinha um filho? Não foi e por isso na primeira oportunidade que tive saí desse lugar, com o MEU dinheiro, e eu posso falar com gosto que se me tornei o homem que sou hoje, foi sem a ajuda de vocês. –Quando acabei senti meus olhos cheios de lágrimas, mas não deixei elas rolarem. Diana e Jéssica se sentaram e meu pai apenas abaixou a cabeça. –E a cada dia tenho mais certeza disso... –Murmurei já saindo porta à fora. Pulei em meu carro e comecei a dirigir sem direção alguma.

POV Annabeth

Depois de Nico nos deixar no estacionamento pedimos para os meninos nos levarem rapidamente em casa para trocarmos de roupa. Fomos o caminho todos ouvindo músicas e cantando junto. Estávamos ouvindo Yellow do Coldplay quando ele começou a cantar (é, Thalia pode ter me viciado em algumas bandas, talvez).

“Your skin

Sua pela

Oh yeah, your skin and bones,

Oh sim, sua pele e ossos,

Turn into something beautiful,

Transformaram-se em algo bonito,

Do you know?

Você sabe? 

You know I love you so,

Você sabe que eu te amo tanto,

You know I love you so

Você sabe que eu te amo tanto”

Ele cantava sorrindo para mim e me peguei sorrindo também. Era impossível não estar feliz ao lado dele.

Quando chegamos eu e Silena subimos sozinhas, pois seria rápido. Achamos um bilhete de Thalia em cima da mesa.

“Não se preocupem, saí para praticar meu hobbie haha’ estarei de volta logo, se cuidem ok? Ok então u-u xx”.

Ela vivia fazendo isso, deixando um bilhete escrito que praticaria seu hobbie, mas nunca nos contou qual era, sempre chegava tarde e não a pressionávamos. Nos arrumamos rapidamente e descemos.

—Vamos? –Perguntei para os garotos que estavam encostados no carro de Charles. Eles pararam a conversa e nos olharam de cima a baixo. Fomos até eles que só faltavam babar. Ouvi Charles elogiar Silena e eles se beijaram apaixonadamente, era tão bom ver minha amiga assim, tão feliz.

—Você está linda, Annie. –Percy disse sorrindo me tirando de meus devaneios e me fazendo corar.

—Obrigado. –Falei baixo dando um selinho nele. Eu ainda não me acostumara a estar namorando com Percy, ele era tão incrivelmente perfeito que eu apostava que daqui a pouco estaria na minha cama acordando de um sonho bom. Mas se realmente era um sonho, eu queria aproveitar cada segundo.

Entramos no carro e fomos conversando tranquilamente sobre amenidades, até eu perceber um desconforto da parte de Percy.

—Está tudo bem? Eu estou falando demais? Me desculpe, eu tenho essa mania de falar feito uma louca sempre que... –Comecei, mas fui interrompida por sua risada.

—Não está, não se preocupe. Eu só estava pensando... –Fiz sinal para ele continuar e sorrindo daquele jeito lindo que só ele sabe, continuou. –Eu não estou me sentindo muito... Ah... Incluso, muito incluso no curso que estou fazendo. E acho que quero passar para Administração. –Falou com um tom de voz enrolado.

—Não estou entendendo o problema nisso tudo. –Falei meio aérea.

—Não sei se é o certo a fazer. Estou incrivelmente confuso. –Falou coçando a nuca, algo que o deixava muito fofo.

—Percy, é só pensar bem. Não faça algo só por impulso, pense antes de qualquer coisa e saiba que eu estarei aqui em qualquer decisão que você tomar. –Falei desajeitada buscando mostrar que realmente o apoiaria.

—Você é a melhor namorada que alguém pode ter, sabia? –Me perguntou e eu corei. Ele me deu um beijo rápido e voltou a atenção para o trânsito.

Quando chegamos Charles e Silena já estavam lá nos esperando. Fomos para o cinema parando para comprar pipocas. Enquanto os meninos iam comprá-las eu e Silena ficamos conversando.

—Annie... Tenho uma coisa pra te contar. –Começou mexendo insistentemente em seu anel. Arregalei os olhos na hora.

—Silena! Ai meus deuses... Não né? –Quase pedi a encarando.

—Ai meus deuses digo eu! No que você está pensando? Não é nada demais... Eu... Eu vou trocar de curso. –Quando ela acabou um alivio me preencheu.

—Ah, isso... O que você quer fazer agora? –Perguntei imensamente aliviada.

—Moda, sabe, eu acho que é mais minha cara. –Falou me olhando desconfiada.

—Também acho. –Ri. –Fico feliz por você, sério. –Falei e lhe deu um beijo na bochecha.

—Que ótimo. –Suspirou sorrindo. –No que você estava pensando? OH MEUS DEUSES! ANNIE? COMO PODE? PELOAMOR! –Se deu conta e começou a gritar meio rindo meio indignada.

—O shopping inteiro não precisa saber Silena! –Falei tampando sua boca. Antes de eu ter que dar uma resposta super constrangida os meninos chegaram.

—Que filme vamos ver? –Charles perguntou com Percy ao seu lado, os dois carregando as pipocas.

—O ESPETACULAR HOMEM ARANHA! –Eu e Silena gritamos feito duas retardadas. Não tínhamos o mínimo interesse no filme, mas sim, no protagonista. Não que os garotos devam saber disso.

—Sério? –Percy perguntou de cara feia.

—Sim, por favorzinho. –Pedi fazendo beicinho.

—Ok então. –Sorriu para mim me entregando a pipoca.

Logo fomos para a fila e ficamos conversando. Acabei descobrindo que Charles também ia mudar de curso, pelo jeito só eu escolhi o que realmente queria. Ele passaria para Cardiologia, o que eu sinceramente achei incrível. Todos lhe deram os parabéns e depois já entramos para nossa seção.

O filme era muito bom, realmente. Estava meio difícil prestar atenção ao filme com o braço de Percy à minha volta, mas foi muito divertido.

Quando o filme acabou fomos direto para a praça de alimentação nos empanturrar de comida, eu e Percy estávamos melhores que nunca, Silena e Charles no maior amor.

Estávamos todos felizes e era assim que tinha que ser.

POV Nicolas di Ângelo

Acabei indo para um lugar onde esperava encontrar Thalia. Eu precisava contar tudo a ela.

x---x---x