Aquele lugar era confuso e irritante; Kanda queria voltar para o seu tempo, pegar missões decentes e treinar de verdade, já que Lenalee se virava sem ninguém e Allen sempre... trapaceava. O exorcista se permitiu um sorriso imperceptível para os outros quando se deu conta de como o apelido do Host Club fazia sentido.

Mas o mais estressante de tudo era a constante sensação de que alguém o estava seguindo o tempo todo; ele não se lembrava exatamente quando, mas nos últimos dias era como se estivesse sob os olhares dos Corvos da Ordem novamente.

E não duvidava que pudesse ser algo do gênero.

Lenalee por outro lado, estava plenamente acostumada com as pessoas de sua sala; falava bastante com as meninas, curtindo a sensação de pela primeira vez ter tantas amigas mulheres que regulam de idade com ela. Jamais diria algo assim na Ordem, para não magoar seus amigos e acima de tudo seu irmão, mas ela trocaria tudo por viver daquele modo para o resto de sua vida sem hesitar.

Apesar de estranhas, alienadas e exageradas, suas novas amigas eram gentis e bem animadas. Mas mesmo conhecendo a personalidade delas, estranhou quando vieram lhe preguntar a respeito do Kanda. “Justo ele?” ela pensou; era só Allen, Allen e Allen até o dia anterior.

-Mas, ele tem algum hobbie em particular? – perguntaram insistentes.

“Ameaçar a vida dos outros e comer sobá.” Era o que ela tinha em mente, mas se limitou a responder:

-Pode não parecer, mas ele é bem tradicional. Gosta de kendô.

-Sim! Ouvimos comentários de sobre como ele entrou ali  no Clube de Kendô para dar uma olhada e praticamente imploraram para ele entrar.... dizem que querem promove-lo a capitão da equipe nas competições!  - ela não fazia ideia de nada disso, mas tinha aprendido que a rede de informações dentro do Ouran era uma das forças mais poderosas e inquestionáveis.

-Vocês se conhecem há muito tempo?

-Desde que éramos pequenos. – não era assim no caso do Allen, mas o combinado era esse.

-E ele e Allen-kun sempre tiveram essa relação engraçada? – Lenalee se assustou, mas disfarçou bem; era aterrorizante o nível de informações que elas conseguiam, levando em conta que ambos estavam maneirando desde que chegaram ali.

-Brigando o tempo todo? Acho que sim; mas quando as coisas ficam tensas, eles são um time admirável. – era verdade, nenhuma combinação em batalha era mais eficaz que aqueles dois; mas se arrependeu quase que instantaneamente de não ter escolhido palavras melhores e se surpreendeu quando viu que elas pareciam... contentes com a informação.

-Porque afinal querem saber tantas coisas sobre ele? – a menina já não via com bons olhos o repentino interesse das milionárias.

-Só mais duas perguntas: ele já teve muitas namoradas e... há alguma chance de ele entrar para o Host Club? – agora fazia sentindo; ela não conseguia ver nenhum deles dessa forma, mas no geral as mulheres sempre achavam Kanda, Allen, Lavi e o General Cross bonitos nas missões. Ignorava o que os outros achavam dela mesma para não ficar paranoica.

-Não me lembro de nenhuma namorada dele, apesar de já terem criado vários boatos – era a mais pura verdade – e acho impossível ele entrar no Host Club; seu perfil não se encaixa. – seria no mínimo tenebroso imaginar ele respondendo o que passava no cabelo para deixa-lo longo e brilhante para um grupo de meninas histéricas.

As garotas agradeceram e se retiraram; a exorcista fez uma nota mental de investigar mais tarde o que elas pretendiam.

 Nem imaginava o que estava por vir.

...

Hikaru estava chateado. Seu irmão não demonstrava, mas ele sabia que o caçula também não estava feliz. Não que Walker não fosse legal ao seu modo mas... ele e Haruhi precisavam passar tanto tempo juntos? Estudavam juntos, faziam as atividades e trabalhos juntos, nenhum deles fazia educação física (a maldita condição frágil dele que não permitia nem que o menino tirasse as luvas que protegiam as mãos), Haruhi passou a ir almoçar na mesa lotada de meninas e comida dele e agora muitas vezes atendiam as clientes juntos.

Ele não sabia de onde vinha esse sentimento, que começou com um cutucar incômodo na consciência, passou para uma irritação sem motivo aparente e agora deixava seus dias mais cinzas e desanimadores.

Ele não conseguia deixar de se perguntar: e quando julgassem que era a hora do albino descobrir o segredo de Haruhi? Como as coisas ficariam?

Por um golpe de sorte, ele encontrou um grupo de clientes enquanto ia para o andar dos terceiros em busca da sabedoria de Mori-sempai e decidiu que iria se distrair para afastar esses pensamentos da sua mente.

-Olá princesas! – disse ele depois de chegar de fininho no grupo, assustando algumas delas.

-Hikaru-kun! – elas sempre ficavam contentes em vê-lo; de certa forma dividir o cabelo sempre para o mesmo lado era um alívio, pois não tinha graça nenhuma as pessoas confundirem ele e o irmão quando Kaoru não estava por perto. Era até deprimente.

-O que estão fazendo aí hein? Aprontando alguma coisa? – perguntou ele, com seu natural tom travesso.

-De modo algum! Acho que deixaríamos você de fora de alguma coisa divertida? – responderam rindo.

E aí ele sentiu.

Aquele odor.... somente perceptíveis para pessoas “sem volta” como os Hitachiin: elas estavam escondendo algo e não era boa coisa. Amadores achavam que escondiam o nervosismo, mas ele tinha certeza absoluta que tinha acabado de dar um pequeno flagrante; discretamente correu os olhos, mas não viu papel, tablet e nada que desse uma luz sobre o que estavam fazendo. O que só tornava tudo mais suspeito.

-Então o que estão fazendo?

-Apenas... apenas falando de como seria agradável se todas nós conseguíssemos passar um fim de semana na Suíça. – uma respondeu e as outras se apressaram a concordar, embora não convincente o suficiente para um profissional como ele.

-Sei... e conseguiram combinar alguma coisa? – ele sorriu, encorajando-as a se atrapalharem na mentira.

-Na verdade infelizmente nossas agendas não batem. – “droga, resolveram terminar o assunto; uma ou outra no fim das contas tem vocação para a coisa” pensou ele.

-É uma pena – respondeu ele – posso acompanha-las até sua sala?

-Claro! – responderam felizes.

E assim eles foram e Hikaru nem se deu conta de uma sempai ia na direção oposta, em direção ao andar dos primeiros e ali encontrou uma meninas do terceiro e... outra pessoa.

-Onde estão todas as outras?

-Nós fomos encurraladas por Hikaru-kun.

-E nós pelo Hani-sempai.

-Entendo; temos de tomar cuidado, Hani-sempai é mais sagaz do que aparenta e todos os Hitachiin, quando suspeitam de algo, se tornam caçadores vorazes.

-Entendido!

-Conseguiram informações válidas?

-Montar o dossiê de Kanda-sempai vai ser difícil, Lenalee-chan se mostrou evasiva em relação a ele e Allen-kun.

-O que só prova que existe algo de errado.

-Foi o que pensamos também e não desistiremos das buscas.

-Sim, esse é o espírito! E quanto a vocês, sempais?

-Ele tem uma boa convivência com Mori-sempai, mas não podemos perguntar qualquer coisa para ele; de resto é fechado com os colegas de classe, tem as melhores notas em tudo relacionado aos esportes, come sobá todo dia e não é de falar muito. Sua expressão é fria e afiada como uma navalha e dizem que ele irritado é assustador.

-Também já ouvi falar de seu comportamento introspectivo; mais alguma informação?

-Pelo visto ele e Allen-kun nunca conviveram pacificamente.

-E ele é realmente bom no kendô, fomos assistir um treino e filmamos.

-Bom trabalho todas vocês. Analisarei o material para darmos continuidade ao nosso Dossiê Yuu Kanda; lembre-se que é essencial terminarmos essa fase para irmos adiante com nosso objetivo.

As meninas concordaram e o trio se desfez rapidamente, sem que aluno nenhum tivesse visto aquela reunião no corredor.

...

Os dias se arrastavam, mas Kanda estava praticamente se resignando. Iria acabar com aquele Supervisor idiota quando voltasse, mas precisava encontrar o tal compatível antes disso, se é que ele existia.

Como achar um ser anormal num lugar como aquele, em que o estranho era ser normal?

Pelo menos nos treinos de kendô ele podia extravasar um pouco, ninguém ali era páreo para ele, mas também não havia espadachins decentes na Ordem e de certa forma o samurai gostava de treinar sem a Mugen, precisava aprimorar a técnica já que não conseguia cortar nada com aquela shinai.

No fim das atividades do clube naquele dia, ele ficou encarregado de arrumar as coisas. Odiava aquela parte, mas prezava a disciplina, pois sabia muito bem o que era ter de lidar com seres como o moyashi, o caolho e o vampiro, que mais o atrapalhavam do que qualquer coisa...

Ele ficou imóvel, um barulho mínimo, mas o suficiente para deixa-lo em alerta; ele não estava enganado quanto a ser observado por alguém.

Um estudante do colégio surgiu e ao ver a expressão do outro hesitou. Engoliu em seco e foi até Kanda:

-M-m-muito prazer, sou Hotaru Tomita e desejo entrar para o Clube de Kendô. – ele estava intimidado, mas tentava não demonstrar fraqueza, Kanda odiava esse tipinho fraco.

-Volte aqui amanhã. – respondeu ele ríspido.

-Er... ok, obrigado. Voltarei amanhã. – o garoto foi em direção à saída, mas deu meia-volta e perguntou:

-Com licença mas... você é o Kanda-sempai? Aquele de quem todos falam?

Kanda suspirou irritado, MAIS UM infeliz que vinha lhe bajular.

-Sou e daí? – qualquer um teria desistido ao ver a expressão homicida dele, mas o menino havia ficado determinado.

-Bom sempai... poderia me dar umas dicas? Eles testam os candidatos? Tem alguma coisa que possa me ensinar agora que vai me ajudaria amanhã?

O mais velho encarou o outro. Por um longo tempo, e então disse.

-Porque não diz logo o que quer para eu poder matar você, seu akuma nojento?!

O outro recuou claramente confuso e surpreso; mas então seus olhos saltaram com um brilho de insanidade e seu sorriso se abriu de modo bestial.

-O que eu quero: Há! QUERO MATAR VOCÊ!!!

A carcaça do que um dia foi Hotaru Tomita se transformou em um akuma preto e vermelho, sem olhos aparentes, uma forma humanoide e uma espada longa e de aspecto cruel.

O exorcista não se deixou intimidar pelo que via.

-Um mero nível dois. – disse ele – E eu achando que iria começar a me divertir.

-Não me subestime Exorcista, quem vai se divertir vendo você agonizar sou eu!

-É o que todos dizem, agora prove. – respondeu ele, jogando a shinai longe e tirando sua Mugen, estrategicamente escondida em seu uniforme em mais um dos truques da Divisão de Ciências. A máquina não deu tempo nem de ele se posicionar e atacou.

Ele tinha que admitir: o akuma tinha uma velocidade impressionante. Porém sua espada era espalhafatosa e não permitia golpes mais sofisticados, bastante parecida com a do moyashi e ele se aproveitou das brechas que ela dava para achar uma fraqueza.

Primeiro o nível dois deu um golpe de frente e Kanda facilmente desviou para a esquerda; mas a rajada de vento que se seguiu ao golpe fez com que ele fechasse os olhos, sentindo os cortes na roupa e no rosto. – “então sua espada não é gigante à toa” – pensou ele; agora que sabia que a técnica do oponente era de curto e longo alcance, as coisas começavam a se mostrar mais promissoras.

Logo a criatura começou uma sequência em girava a espada, provocando uma rajada de vento que o forçava a fechar os olhos, e se aproximava com sua velocidade surreal para ataca-lo diretamente; com a visão e a audição comprometidas, ele tinha apenas o instinto ao seu favor e isso não duraria muito tempo.

Por isso soltou seus vermes do limbo, pois precisava de ataques de longo alcance para vencê-lo; a estratégia deu certo e a criatura não conseguia criar o vórtice com sua espada, dando a chance de Kanda de aproximar e, com um chute, separa-la dele. Com um golpe da Mugen, a arma do inimigo se transformou em pó e agora ele só podia contar com a velocidade para vencer. Mas para sua surpresa, o akuma começou a rir, uma risada gélida e insana.

-Você é mais diversão do que eu esperava Exorcista! Mal vejo a hora de ouvir seus gritos de dor!

-Você não vê porque ela nunca vai chegar. – respondeu o samurai irritado, e atacou.

O akuma desviou da Mugen por milímetros e deu um chute na lateral esquerda do corpo dele, como ele armou uma defesa, o golpe acertou se braço e ele apenas foi um pouco para trás, tendo que usar a espada logo em seguida para se defender de um soco do monstro. Era hora de entrar na ofensiva e por isso deu um chute que foi mal defendido pelo akuma, que recuou com um salto e pôs se a analisar o oponente.

-Senhor Exorcista, acho que devemos acabar logo com isso! Você já está me irritando.

-Tsc! Irritantes são aqueles que fogem do combate.

-HÁHÁHÁHÁHÁ! Vai se arrepender de ter me chamado de covarde.

Kunais. Várias delas. O akuma as lançava com força e se movia bem mais rápido ao fazê-lo, de modo que elas vinham de todas as direções possíveis. Ele precisava de uma guarda maior, então liberou a Segunda Ilusão da Mugen e outra lâmina surgiu em sua mão esquerda a partir da primeira na direita.

Ele não conseguia prever a direção das kunais e muito menos para que lado ele iria em seguida, só restando desviar os golpes das lâminas com sua Innocence; mas logo outro problema surgiu: elas tinham algo corrosivo nelas e a substância já se espalhava pelo chão e em suas roupas, queimando inclusive alguns pontos em suas mãos e braços.

Ou ele atacava e terminava com aquilo, ou teria de chamar ajuda.

Por isso avançou na direção em que ele se encontrava agora, sem se importar com o ácido o queimando e com os cortes que ganhava. Mesmo quando uma delas se cravou em sua coxa esquerda, ele apenas a arrancou e seguiu em frente, ao akuma que havia parado em um só lugar e o esperava de propósito.

-Vai virar carne moída antes de encostar em mim Exorcista!

-Tsc!

Ele avançou e usou sua técnica Hakka Tourou, e nem toda a velocidade do akuma poderia fazê-lo evitar os oito golpes mortais lançados ao mesmo tempo. A luta tinha acabado.

Embora o corpo e as armas tivessem sumido a bagunça e princípios de incêndio permaneciam; o garoto suspirou cansado e usou seu golem para convocar os finders, ignorando propositalmente seus ferimentos que a esta altura já começavam a regenerar.

...

Dessa vez elas teriam de trazer informações relevantes para o dossiê, não podiam decepcionar aquela pessoa e por isso resolveram falar direto com a fonte: Yuu Kanda.

Ao chegarem ao Clube de Kendô, nada as preparou para aquilo; as paredes estavam destruídas e um cheiro muito forte de queimado empesteava o ar. Homens estranhos com roupas brancas que cobriam praticamente o corpo todo trabalhavam a tordo e a direito, removendo as coisas e fazendo anotações – no centro, estava o objeto da busca delas.

Com o cabelo solto e desgrenhado, ele usava diversas ataduras nos braços e pernas, bem como alguns curativos no rosto, quando se virou em direção à entrada, elas tiveram uma visão privilegiada do tórax definido do garoto, assim como da tatuagem que adornava o lado esquerdo de seu peitoral, logo acima do coração.

Seu olhar gélido estava particularmente vívido.

...

Ele as reconheceu imediatamente, eram as garotas que apareciam algumas vezes para ver os treinos e atrapalhavam a concentração de todos com suspiros e gritinhos histéricos, a maioria direcionados a ele, que por sua vez as ignorava totalmente; e agora elas surgiam no pior momento possível e ele não tinha vontade alguma de bolar uma desculpa para aquela cena.

-Kanda-sempai. – disse uma delas timidamente – Achamos que ainda estariam em treino... o que aconteceu aqui? – ele sabia que elas sabiam os horários dos treinos de cor, mas teve de admitir que admirou o descaramento das meninas.

-Estava apenas... treinando minhas habilidades. – respondeu ele com sua costumeira máscara de terror que tira o sono de muita gente na Ordem.

...

-Vocês tem certeza do que viram?

-Total certeza!

O grupo se separou, enquanto a figurava que aparentava liderar todas as outras anotava informações como “habilidades de luta elevadas”, “empregados suspeitos”, “tatuagem”.

Seria Yuu Kanda, a mais nova celebridade da turma 3A, um herdeiro da Yakuza?

...

As coisas estavam agitadas no clube; todos demoraram a se reunir, cada um dando uma desculpa, de modo que Allen, Haruhi e Kaoru foram os primeiros a chegar.

-Allen! Haruhi!

-Kaoru! Ué, cadê o Hikaru?

-Esperava encontra-lo aqui; tinha que pegar uns livros na biblioteca e nos separamos. E vocês, de onde estão vindo?

-O Clube de Degustação nos convidou para um especial de chocolates. – para o ruivo, a felicidade dos dois estava explicada.

Na verdade ele os achava muito parecidos. Gentis com as meninas, aplicados nas aulas, gulosos... e se davam muito bem. Kaoru só não sabia ainda o que sentia em relação a isso.

Quando Tamaki chegou (olhando estranhamente para o grupo a sua espera), eles entraram e começam a arrumar as coisas, mesmo que não tivessem de se fantasiar de nada naquele dia. Com a chegada das clientes, um burburinho aumentou e o Rei do Host Club pediu a atenção de todos os presentes.

-Meus caros companheiros! Minhas adoradas princesas! Como todos sabem, hoje sai o resultado da votação feita em nosso site com o tema “Produto Especial que gostariam de ter do Host Club”! – as meninas deram gritinhos.

-Tinha algo assim? – perguntou Allen de canto para Haruhi, que por sua vez deu de ombros.

-Não sei, mas relaxa, provavelmente vai ser só mais uma coletânea de fotos sem sentido da gente.

-E a opção escolhida foi.. – ele abriu um envelope rosa – um novo Live Action com a direção da Renge!

Allen fez cara de paisagem, os gêmeos e o Hani-sempai pareciam contentes com a escolha, Haruhi mostrou sua melhor expressão de desânimo e Mori-sempai e Kyoya-sempai não esboçaram nenhuma reação.

As meninas, é óbvio, aplaudiram animadamente por alguns minutos.

-Já tem ideia do que vai fazer dessa vez, Renge-chan?

-Ótima pergunta Hani-sempai! Na verdade, tenho a história toda pronta: é sobre a amizade entre dois garotos...

“Lá vai ela!” pensaram os membros do Host Club.

“Um deles, Allen, é doce e responsável, mas guarda uma solidão imensa em seu coração e engana os outros a sua volta, em uma tentativa de aliar a própria dor!”

As meninas suspiraram, os gêmeos seguraram o riso e tudo o que Allen conseguia pensar era “HEIN?!”

“E então” – continuou ela com sua voz dramática de narração – “eis que surge seu amigo de infância a muito distante, agora um membro de Yakuza, frio, cruel e violento. Mas justamente quem ele precisava para abrir seu coração e ajuda-lo a superar seus traumas!”.

Houveram aplausos emocionados. Allen queria apenas fugir dali.

-E naturalmente já escolhemos quem fará o papel de ‘amigo’ do Allen – um período de tensão, silêncio e expectativa se seguiu – será o... Yuu Kanda!

As meninas gritaram enlouquecidas ao mesmo tempo em que o garoto gritava:

-NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÕ!

-Ora Allen-kun, qual o problema?

-Ele não vai querer participar. – disse ele, agradecendo aos céus pelos modos rudes de Kanda.

-Não se preocupe, nós já o convencemos. – respondeu Renge.

-Como fizeram isso?!

-Nós... temos nossos próprios métodos. – Allen teve uma vida infernal ao lado de seu Mestre, mas além de se tornar uma pessoa um tanto quanto torta, ele sabia reconhecer um igual.

E naquele exato instante, a palavra ‘chantagem’ era a única que se aplicava a Renge.

-Esperem um pouco! – disse alguém; ele se virou para o lado e viu Haruhi em pé - Não podem ir decidindo assim com quem Allen deve ficar! Isso é errado!

O garoto agradeceu o apoio, mas aos olhos dos outros, a impressão era outra.

-H- Ha-Haruhi-kun não quer que... o Allen-kun fique com o Kanda-sempai? – perguntou Renge trêmula.

-Não é isso que Haruhi quis dizer... – apressou- se Tamaki a completar, mas foi interrompido.

-Então está decidido!! Com pequenas alterações no roteiro para encaixar Haruhi-kun teremos.... UM TRIÂNGULO AMOROSO!

As meninas tiveram um ataque Moe e saíram do controle. Um certo loiro, no entanto, estava passando do choque pra depressão profunda.